Antes mesmo de ser publicado em português, um autor norte-americano já era mencionado em determinadas matérias e artigos como autoridade educacional que poderá ajudar o Brasil a superar o desempenho preocupante de nossos alunos. Chama-se Doug Lemov. Foi citado, por exemplo, no artigo ‘Aula cronometrada’, na revista Veja (edição de 23 de junho de 2010):
‘Das visitas que fez a escolas nos Estados Unidos, o pedagogo Doug Lemov depreendeu algo que a breve experiência brasileira sinaliza: `Os professores perdem tempo demais com assuntos irrelevantes e se revelam incapazes de atrair a atenção de alunos repletos de estímulos e inseridos na era digital´.’
Antes, em abril de 2010, a revista Época o entrevistou. A mensagem é simples: os professores precisam de menos pedagogia e mais treinamento. Em 16 de agosto de 2010, na Folha de S.Paulo, Antônio Gois assinou uma reportagem sobre Doug Lemov. Já se anunciava ali a publicação em português do livro Teach like a champion. Ainda bem que não se traduziu o título literalmente, naquele tom triunfalista dos ‘campeões’. Aula nota 10 é um título menos agressivo, mas a chamada (ver abaixo) insinua que os professores não têm recebido formação adequada e não há muitos lugares onde possam obtê-la:
O sucesso é padronizar
O livro sai com o selo editorial Virgília; para editar esta obra, recebeu o apoio da Fundação Lemann. Por isso o preço é mais acessível. Um livro com 336 páginas dificilmente custaria apenas R$ 29,90.
Na revista Veja desta semana (edição de 12 de janeiro de 2011), o autor é citado de novo, agora por Claudio de Moura Castro, no artigo ‘A arte da improvisação’:
‘Para seu livro (Aula nota 10), Doug Lemov observou metodicamente como agem os professores americanos mais eficazes do ensino básico. Concluiu que os mestres geniais preparam minuciosamente as suas aulas. Relatos de bons professores brasileiros mostram o mesmo. Esses exemplos contradizem uma seita pedagógica que prega um ensino cujas aulas são `criadas´ pelos professores e vocifera contra os livros-texto, passo a passo, que escravizariam o mestre a um script pré-empacotado.’
Temos, assim, um guru na medida certa. Purificado de ideologias críticas (leia-se influência de Paulo Freire ou coisa que o valha), preocupado apenas em transmitir conhecimentos, eficaz, aplicando as 49 técnicas descritas por Lemov, o professor-campeão, padronizado, conseguirá resultados padronizados, padronizando corretamente os seus alunos.
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Doutor em Educação pela USP e escritor; www.perisse.com.br