O embaixador da China no Reino Unido, Zha Peixin, cancelou de última hora, na segunda-feira (16/1), sua participação em um evento organizado pela Reuters destinado a promover um debate sobre assuntos globais. Ele teria desistido depois que os organizadores recusaram seu pedido de barrar dois jornalistas do jornal chinês Epoch Times, que vem criticando o regime comunista desde 2000, informa Philip Thornton [The Independent, 17/1/06]. A atitude desapontou diplomatas, analistas e jornalistas que esperavam ansiosos por declarações de Peixin.
A Reuters informou que nunca impediu a participação de jornalistas ou diplomatas em nenhum de seus eventos e que não aceitaria o pedido do embaixador. Tom Glocer, executivo-chefe da agência de notícias, disse estar profundamente desapontado com o cancelamento da participação de Peixin. Porta-voz da Reuters afirmou que a embaixada não especificou os motivos para impedir a participação dos jornalistas. A agência também não quis revelar o nome dos repórteres.
O embaixador do Irã, cujo presidente, Mahmoud Ahmadinejad, recentemente questionou a existência do Holocausto, concordou em participar do evento e respondeu a questões do público – inclusive de um diplomata israelense. Ironicamente, o evento aconteceu no mesmo dia em que o Irã impediu a CNN de operar no país depois de a emissora ter traduzido erroneamente uma afirmação de Ahmadinejad, dizendo que ele havia falado sobre ‘armas nucleares’, quando na verdade havia apenas dito o termo ‘tecnologia nuclear’. Depois da CNN ter se desculpado pelo erro de tradução, o Irã suspendeu a proibição.
O Epoch Times é considerado o maior jornal em língua chinesa fora da China e de Taiwan. Alguns anos atrás, foram lançadas edições do jornal em Nova York e em Londres. O jornal lançou um livro que critica o atual regime da China, classificado como ‘um desastre para o povo chinês’.