Um dos meios efetivos de interação do leitor com o jornal são as conhecidas cartas dos leitores, onde criticam tudo e opinam sobre qualquer coisa, e onde, enfim, desfrutam do direito de opinião, respeitadas as normas legais e éticas. Quando um jornal comete um erro ou cochilo e o leitor adverte, o silêncio do jornal pode ser interpretado como impertinência do leitor, que não merece resposta, ou seja: censura nele. Indefeso, o leitor procura outros meios de defender sua opinião. Procurei o Observatório da Imprensa por ser do ramo e apto a avaliar melhor as razões do leitor.
O caso: em fins de março deste ano, como leitor-assinante do jornal O Globo, do Rio de Janeiro, através da seção de cartas dos leitores, critiquei o jornal por, sistematicamente, acentuar a palavra latina hábeas corpus (assim, com acento agudo). O jornal silenciou (embora compreenda a dificuldade de se justificar uma erronia) e, dias depois, a seção Autocrítica do Globo, assinada pelo jornalista Luiz Garcia, corrigindo um dos seus confrades que escrevera ‘In dúbio pró réu’ (assim, tudo acentuado), sentenciou: ‘Não há acentos em latim’.
Ora, ante a paradoxal resposta da Autocrítica, fiz nova carta criticando o acento em hábeas corpus. Permaneceu o silêncio do jornal. É sabido que a imprensa faculta aos leitores observarem seus erros e omissões, praxe corriqueira e comum pelos leitores. Levei a minha crítica ao presidente das Organizações Globo, que também se fechou. Demonstrada a censura ao meu direito de opinião, recorro ao apreciado Observatório da Imprensa, por entender ser o foro adequado a julgar o caso com a devida isenção.
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Volta Redonda, RJ