Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Especialistas querem nova lei de imprensa


Leia abaixo a seleção de terça-feira para a seção Entre Aspas.


 


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Folha de S. Paulo


Terça-feira, 30 de junho de 2009


 


MICHAEL JACKSON
Carlos Heitor Cony


Modos e modas


‘RIO DE JANEIRO – Não se trata de faixa etária, mas de ouvido mesmo. Abrindo-se as exceções de praxe entre os admiradores de Michael Jackson, o gostar ou não gostar de suas músicas é uma questão de hábito -fica difícil classificá-lo como músico. Sobram-lhe as letras, algumas muito boas, e, sobretudo, a sua dança -e desde logo afirmo e reafirmo que ele é superior a Fred Astaire, até então o maior bailarino do audiovisual de nossa era.


Astaire era um romântico, quase sempre apoiado em partners estupendas, como Ginger Rogers, Cid Charisse e outras do mesmo naipe e das mesmas pernas. Era elegante e tinha humor. Gene Kelly era um coreógrafo de talento, musculoso demais para compor um bailarino nobre. Michael Jackson pertence à categoria dos ‘possuídos’ -e houve quem um dia chamou Nijinski de ‘possuído’. Inventou uma expressão corporal que transcende a expressão musical. Muitas vezes sobra-lhe apenas a silhueta, como em Chaplin -outro gênio da expressão corporal.


O detalhe da bengalinha, dos farrapos e do chapéu de coco, em Chaplin, tem equivalentes no mocassim e nas meias brancas de Michael Jackson -um detalhe que poderia parecer cafona, mas nele é marca de uma personalidade fora de série.


Quanto à música, repito que é uma questão de ouvido. Há gente incapaz de distinguir um Vivaldi de um Bach, um Debussy de um Ravel, um Verdi de um Puccini -embora sejam completamente distintos e, em alguns casos, antagônicos.


No meu caso, ainda adolescente, tive dificuldade para distinguir um canto gregoriano do quarto modo de um outro de modo diferente. Depois de Elvis Presley, com sua bela voz abaritonada, e dos Beatles, com seu assombroso repertório, raramente percebo as maravilhas que o rock e a música pop me oferecem à saciedade.’


 


 


IMPRENSA
Folha de S. Paulo


Extinção de lei é alvo de debate em São Paulo


‘Debatedores de evento sobre o fim da Lei de Imprensa no Instituto dos Advogados de SP, os advogados Walter Ceneviva e Manuel Alceu Affonso Ferreira, o juiz Enéas Garcia, Vinicius Mota, editor de Opinião da Folha, e Ricardo Gandour, diretor de conteúdo de ‘O Estado de S. Paulo’, mostraram preocupação em relação à aplicação da revogação -se para casos novos ou antigos- a ser definida pelo STF.’


 


 


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


Bananas


‘Os jornais americanos buscavam ontem entender a confusão de Barack Obama e sua secretária de Estado diante do golpe militar em Honduras.


O ‘New York Times’ registrou que Hillary Clinton pediu ‘restauração total da ordem democrática’ e até falou em ‘coup’ ou golpe, ‘mas, quando pressionada por repórter, ela se negou a dizer explicitamente que os EUA pediam a volta de Manuel Zelaya’. O trecho sumiu do post, depois.


Em ‘posição difícil’, diz o ‘NYT’, a Casa Branca tem que reagir à acusação de que fez ‘vista grossa’ para o golpe em gestação, dias antes, por ter ‘laços próximos com os militares hondurenhos’.


Um diplomata anônimo garantiu ao ‘Wall Street Journal’ que os EUA queriam conter o golpe, mas os militares se negaram a ouvir.


O jornal cita ‘analistas de América Latina’ para alertar que ‘o golpe complica o esforço de Obama de se ligar à região, onde floresce o antiamericanismo’. Para reagir à retórica chavista, ele teria que ‘defender agressivamente a volta de Zelaya’.


O ‘Washington Post’ evitou destacar a cobertura, mas deu em chamada que o ‘golpe’, como tratou, é ‘bem velha escola’, com presidente ‘tirado da cama e levado de avião à Costa Rica’.


Por outro lado e mais importante, à noite a home do ‘WP’ postou que Hillary já se negava a usar a palavra ‘golpe’, que obrigaria a cortar os ‘milhões de dólares em ajuda ao país’. Mas Obama usou.


‘CALLADITO’


Na manchete on-line do ‘El País’ e por outros europeus como o inglês ‘Guardian’, destaque para o ‘isolamento mundial’ do novo governo em Honduras. O jornal espanhol já postou editorial, dizendo que ‘uma coisa tem que ficar clara: que os problemas da política sejam resolvidos por políticos -e o exército fique caladinho nos quartéis’.


‘COUP D’ETAT’


A manchete do francês ‘Le Monde’ à noite levantou os editoriais já publicados na região sobre o ‘coup d’Etat’. Destaca o nicaraguense ‘La Prensa’, que questiona a ação e alerta ser ‘golpe de Estado de novo gênero’, apoiado pelo Judiciário. Cita editoriais de três jornais hondurenhos, que pedem ‘calma’ e evitam dar apoio direto ao golpe.


O PÃO E A CULPA


Nas manchetes dos portais ao ‘Jornal Nacional’, ontem, a prorrogação pelo governo da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados. O UOL sublinhou que o ‘pão fica isento até 2010’.


Agência Brasil, Valor Online, Reuters Brasil e a agência Bloomberg, esta em destaque no Yahoo News, ressaltaram que o governo também ‘reduz juros para investimento’.


Com imagem e chamada para vídeo no alto da home, o UOL ainda destacou ao longo de ontem, sobre o anúncio, que o ministro Guido ‘Mantega culpa governo Serra por redução menor do IPI’ (acima).


#CHUPA


Começou na tarde de domingo, com o ator Ashton Kutcher provocando brasileiros por Twitter (esq.) antes da final entre EUA e Brasil. O portal Terra destacou, a uma hora do jogo. Com os 2 a 0 no primeiro tempo, o ator foi além e causou as primeiras reações, em inglês. Fim de jogo e Christian Pior (esq.) postou ‘Galera, CHUPA nos trending topics, Já!’. O Kibeloco entrou pouco depois (esq.). Algumas horas e Kutcher, que conta 2,5 milhões de seguidores, postou ‘parabéns’: ‘Chupa é agora número 1, como o Brasil’ (esq.). Também sua mulher, Demi Moore, twitou sobre o ‘poder’ do Brasil. Ecoou por Globoesporte.com, Veja.com, até no exterior’


 


 


MARKETING
Daniel Bergamasco


Publicidade entra nas escolas com brindes, gincanas e teatrinhos


‘É terça-feira, são sete da manhã. À porta do colégio, uma modelo de pijamas se espreguiça sobre uma cama com cabeceira de coração e entrega aos alunos amostras do creme facial Clean Clear Morning Energy, da Johnson & Johnson, que promete acabar com aquela ‘cara de sono’ matinal.


‘É para vocês passarem nos rostinhos’, dizia, segundo testemunhas, a moça a crianças e adolescentes que chegavam às aulas, em ação de marketing em dez colégios, entre os quais os paulistanos Pueri Domus, Agostiniano Mendel e Batista Brasileiro.


Em tempos de cerco à publicidade infantil na TV -e da extinção de outdoors em São Paulo- as escolas da cidade são cada vez mais alvo do chamado ‘marketing de guerrilha’ de grandes anunciantes, interessados em promover ali produtos de apelo infanto-juvenil.


Muitos ultrapassam os portões do colégio, em ações como as palestras do ‘Dia Nutricional Sustagen Kids’, a gincana ‘Gatorade nas Escolas’ e um teatrinho sobre a dengue do repelente Off Kids. Em todas essas campanhas, as empresas distribuem brindes.


‘A publicidade tem buscado alternativas aos meios tradicionais. Nessas ações, a eficácia é grande, porque a marca está envolvida em uma experiência dentro da escola’, diz João Matta, consultor de publicidade infantil para empresas e professor do tema na ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing).


O próprio Matta, contudo, faz a ressalva: ‘Eticamente, acho as ações exageradas. Nada contra a criança participar do mundo das marcas, que é o mundo real, mas escola não é shopping center..’


O Instituto Alana, ONG que trata de consumo infantil, critica a tendência. ‘A escola é o primeiro ambiente de socialização depois do familiar. É como se esses produtos tivessem respaldo do professor. A criança assimila que é positivo consumir aquilo que é apresentado a ela no mesmo lugar onde assiste às aulas’, diz Lais Fontenelle Pereira, psicóloga que trabalha para a ONG e tem atividades focadas em educação.


‘É importante os pais ficarem atentos ao que acontece nas escolas’, afirma a psicóloga Rosely Sayão, colunista da Folha e autora de ‘Como Educar Meu Filho?’.


Prova e perfume


No Batista Brasileiro, em Perdizes (zona oeste), uma mãe de alunos pequenos protestou contra a ação da modelo no edredon, em outubro do ano passado. ‘A empresa tinha pedido autorização para fazer algo do outro lado da rua. Mas acabaram vindo para a porta da escola’, afirma a diretora, Maria Martinez de Lima.


Já a Johnson & Johnson diz que ‘a ação de Clean & Clear aconteceu nas ruas próximas às escolas (…) e terminava na porta das mesmas, sempre com o consentimento da diretoria’.


Em São Mateus (ES), um pai se queixou à Escola Alternativa Coopresma por ter distribuído a crianças da terceira série do Ensino Fundamental catálogos da perfumaria L’acqua di Fiori em uma prova de matemática.


‘Suponhamos que Bianca tenha R$ 50. Qual produto que ela poderia comprar na L’acqua di Fiori [?]’, questionava a prova, aplicada às vésperas do Dia das Mães de 2007. Em outro tópico, dizia: ‘Desenhe o [produto] que você escolheu para presentear sua mãe do seu jeitinho e escreva um bilhete bem carinhoso para ela.’


Segundo a diretora Lúcia Mattos, a prova não foi encomendada. ‘A professora precisava de algum encarte para a prova e escolheu o da L’acqua di Fiori. Não houve intenção de vender nada’, diz. A perfumaria diz que não faz esse tipo de ação e que, devido a mudança de dono na franquia, não pode saber se foi uma iniciativa local.


O juiz de direito Leandro Silveira, pai de alunos, não gostou. ‘As crianças são inocentes e legitimam essas ações, porque confiam na escola. Em outra ocasião, a escola permitiu a entrada de um palhaço enviado por uma concessionária que prometia dar um cachorrinho para o pai que comprasse um carro naquele fim de semana. Achei péssimo’, diz ele.’


 


 


STREET VIEW
Vinícius Queiroz Galvão


Google traz polêmica com fotos das casas e pessoas de São Paulo


‘Uma parceria entre a montadora Fiat e o Google deve levar às ruas paulistanas nos próximos dias a versão brasileira do ‘Street View’. Inédito no Brasil, o serviço de internet mostra fotos panorâmicas das ruas em 360 e levou controvérsia aos lugares por onde passou.


A Fiat confirma a proposta, diz que ‘o negócio está bem adiantado e que vai divulgar a parceria nesta semana’. O Google Brasil não confirma o acordo, mas também não nega.


As imagens que vão à internet têm detalhes que vão desde a captura de pessoas até as fachadas e os números das casas.


‘Não confirmamos nem negamos. Quando for para divulgar, vamos fazer em grande estilo’, diz Félix Ximenes, um dos diretores do Google no Brasil.


O ‘Street View’ já causou polêmica em outras cidades onde foi lançado por ser considerado invasivo à privacidade e à segurança da população local.


‘Tirar fotos de lugares públicos é legal e a proteção dos direitos de imagem é muito importante para a garantia dos direitos civis. As imagem que o Google faz são iguais às que qualquer pessoa poderia fazer se estivesse dirigindo pela mesma rua’, diz Lauren Weinstein, especialista em privacidade do People for Internet Responsability, grupo que discute regulamentações da internet.


‘Isso expõe a privacidade das pessoas, mas as próprias câmeras de segurança pública instaladas hoje na cidade de São Paulo já tiram a intimidade dos cidadãos. Por outro lado, esse serviço do Google torna-se também uma ferramenta para o crime’, afirma Sérgio Roque, presidente da associação dos delegados de São Paulo.


Big Brother


O ‘Big Brother’ do Google funciona assim: uma câmera fornece imagens ao ‘Street View’, que faz a reconstituição fotográfica em 360 de paisagens reais nos mapas do site na internet. Para fazê-lo, a câmera captura milhares de fotos, que são rearranjadas para que o internauta consiga ver e girar com o mouse de um lado a outro dos espaços públicos.


No Reino Unido, moradores revoltados impediram a circulação do carro do Google, que tem uma câmera fotográfica instalada no teto. A polícia foi acionada.


Entre algumas imagens constrangedoras do ‘Street View’ divulgadas pelo Google, logo depois retiradas do ar, estão a de um homem abordando uma prostituta numa calçada da Espanha e a de um pedestre britânico vomitando na rua.


Na Holanda, um jovem roubado em setembro do ano passado identificou os ladrões depois de ter se reconhecido em março deste ano na foto capturada pelo carro do Google.’


 


 


TELEVISÃO
Daniel Castro


‘TV Xuxa’ vai à internet para compensar ausência na Globo


‘O ‘TV Xuxa’ ganhará edições exclusivas na internet nos próximos dias 18 e 25 de julho e 1º de agosto, quando não irá ao ar na Globo, que dará preferência a transmissões de vôlei.


O ‘TV Xuxa Web’ terá três blocos de cinco minutos cada um. O material será todo inédito. Parte dele, produzido especialmente para a internet.


A versão on-line é uma forma de a Globo compensar o fã e a própria Xuxa Meneghel pela ausência do programa na TV. No último sábado, Xuxa reclamou no ar por ter ficado sem programa duas vezes recentemente. Em uma dessas ocasiões, no dia 20, a Globo fez um teste com um miniprograma inédito na web. ‘Foi um sucesso, gerou um bochicho enorme’, diz Luiz Gleiser, diretor de núcleo do ‘TV Xuxa’.


O ‘TV Xuxa Web’ é tendência. A Globo pretende explorar cada vez mais a internet. Mas a rede de computadores, por enquanto, terá apenas um papel complementar à televisão.


‘Malhação’, primeira novela a aderir ao Twitter, também terá conteúdo exclusivo na internet. Passará a exibir em seu site, ao vivo, o quinzenal ‘Domingas às Quartas’, um talk-show de Domingas (Caroline Figueiredo). ‘Ela vai responder cartas e consultas de telespectadores na linha ‘Você gosta de Fulano?’, explica Marcos Paulo, diretor de núcleo da atração, que já planeja um segundo subproduto para a rede: uma história em quadrinhos com movimento (não é animação) da personagem Fenômena.


‘A gente está fazendo o máximo para linkar o programa com a internet. Esse é um caminho sem volta’, afirma o diretor.


PANTERA 1


O canal GNT fechou ontem a compra do documentário ‘Farrah’, que mostra a luta de Farrah Fawcett, morta na última quinta-feira, contra o câncer. O programa foi ideia da própria atriz e apresenta suas jornadas por hospitais, além de um encontro com o filho, Redmond, preso por porte de drogas.


PANTERA 2


O GNT apresentará ‘Farrah’ no próximo dia 10, às 21h.


SALDO POSITIVO


Silvio Santos quis punir Gugu Liberato, que assinou com a Record, mas a mudança do ‘Domingo Legal’ para as 12h fez bem ao SBT. Das 12h às 16h, horário de Gugu, a emissora marcou 10,3 pontos, quase o dobro do domingo anterior.


BRIGA VIRTUAL 1


Internautas brasileiros conseguiram anteontem colocar ‘chupa’ como a palavra mais citada no Twitter. Foi uma resposta ao ator americano Ashton Kutcher, que torceu muito pelos EUA na final da Copa das Confederações.


BRIGA VIRTUAL 2


O mais curioso é que teve disputa pela primazia da ideia. Bruno Gagliasso festejou como ‘primeira ação dos piratas Os Caveiras’, que inclui o próprio ator e Júnior (irmão de Sandy). Christian Pior (um falso perfil de Evandro Santo) reclamou. Acredita que foi ele o pioneiro.


SIBUTRAMINA


Sem Theo Becker, ‘A Fazenda’ perdeu três pontos domingo. Deu 17 de média.’


 


 


Bruna Bittencourt


Ex-VJ, Gastão comanda série ‘Moda e Música’


‘Um dos principais VJs da MTV nos anos 90, Gastão Moreira volta à TV depois de quase seis anos longe dela. ‘Não chega a ser um retorno’, como ele frisa, mas uma ‘participação’.


Gastão, 42, apresenta no canal pago Fashion TV a série de 13 episódios ‘Moda e Música’.


A cada capítulo, quinzenal, repassa um gênero musical -do punk à música sertaneja- e sua influência na moda.


‘Sempre pintam uns convites. Geralmente, eu não faço. Zelo muito pelas minhas esporádicas aparições na TV, mas achei que esse programa seria um bom motivo para voltar à telinha’, diz o ex-VJ.


No seu programa de estreia, com reapresentação hoje à noite, ‘Moda e Música’ se debruça sobre o rock e o heavy metal.


Para isso, ouve nomes como o baterista Iggor Cavalera e o estilista Marcelo Sommer, que falam da estética rockabilly às camisetas de bandas de rock, entre imagens de arquivo.


O ex-VJ conta que teve liberdade para alterar e dar sua interpretação -articulada e por vezes cheia de caretas- ao texto do programa, que evoca seus tempos de MTV.


Gastão chegou ao canal musical um mês antes de ele estrear no Brasil, em 1990. Em oito anos, passou por quase todos os programas da emissora, mas ficou conhecido principalmente por apresentar clipes de rock no ‘Fúria’ e no ‘Gás Total’.


Em 1998, passou a comandar o ‘Musikaos’, na TV Cultura.


‘Levamos todo mundo para o programa: Skank, Jota Quest e nomes que nem tinham gravado nada. Foi a primeira apresentação do Cachorro Grande e do CPM 22’, lembra.


Quatro anos depois, cansado da vida em São Paulo, trocou a cidade por Florianópolis. Lá, passou a apresentar o ‘Gasômetro’, um programa de rádio ‘extremamente caótico’. ‘Eu tocava um reggae roots e, em seguida, uma banda eletrônica de 2000 e um funk de 1972’, conta. Só parou de fazer o programa para abrir sua casa de shows na cidade.


Nesse meio tempo, dirigiu ‘na raça’ o documentário ‘Botinada! A Origem do Punk no Brasil!’, hoje disponível em DVD. ‘Foi um projeto emergencial. As fotos estavam indo e as pessoas, morrendo. Quem tentasse fazer um documentário sobre punk brasileiro daqui a dez anos não ia encontrar nada. Se eu fosse esperar aprovação de verba, não o teria feito.’


Gastão conta que tem planos para outros dois filmes de música, dos quais ainda não revela os temas. ‘Dessa vez, só faço se for devidamente financiado.’


MODA E MÚSICA


Quando: hoje, às 11h e às 20h; sextas, às 21h30


Onde: Fashion TV (Sky)


Classificação indicativa: não informada pelo canal’


 


 


NA JUSTIÇA
Mônica Bergamo


Paradigma


‘E o neto de Sarney, José Adriano Sarney, estuda abrir processo contra jornalistas que fizeram matérias sobre sua atuação na área de empréstimos consignados no Senado. A família resiste. O ex-presidente se orgulha de não ter movido processos contra jornalistas em sua longa carreira política.’


 


 


INTERNET
Raquel Cozer


Twitter espreme e divulga romances


‘Em tempos de Twitter, o sistema on-line de troca de mensagens de até 140 caracteres, um romance como ‘Orgulho e Preconceito’ poderia ficar assim: ‘Mulher encontra homem chamado Darcy que parece horrível. Ele mostra ser realmente legal. Eles ficam juntos.’


A sinopse bem-humorada da obra de Jane Austen está em ‘The Little Book of Twitter’, compilação recém-lançada de mensagens ‘tuitadas’ na rede. Os resumos são feitos a título de piada, mas alguns usuários têm levado a sério as possibilidades literárias do sistema.


Na semana passada, dois estudantes americanos anunciaram que lançarão neste ano, pela Penguin, o livro ‘Twitterature’, com versões de romances no estilo do Twitter -a meta é que nenhum deles passe de 20 trechos com 140 caracteres ou menos cada um. A lista inclui de Shakespeare a J.K. Rowling.


O projeto recebeu destaque em sites do mundo todo. Mas o criador do mais famoso evento literário do Twitter -a performance ‘Twittering Rocks’, que leva ao sistema, uma vez por ano, um capítulo de ‘Ulysses’, de James Joyce- acredita que o ‘Twitterature’ não explora as possibilidades do serviço.


‘Eles vão abordar só a extensão dos textos, não a temporalidade’, desdenha Ian Bogost, 32, professor do Instituto Georgia de Tecnologia (EUA).


Em 2007, Bogost e um colega resolveram refazer, no Bloomsday (feriado irlandês de 16 de junho que celebra a obra de Joyce), o capítulo dez do romance. ‘Entusiastas pensam várias formas de refazer os passos dos personagens nesse dia, mas mesmo novas tecnologias não capturam a complexidade da escrita’, diz. Os dois refizeram o capítulo em uma série de trechos com 140 caracteres ou menos. Registraram 54 personagens como usuários do Twitter e criaram um programa para ‘tuitar’ cada uma das falas na mesma sequência do livro.


Bogost não é fã do Twitter, que avalia como um ‘serviço selvagemente e ingenuamente considerado uma ferramenta de comunicação’. Mas acredita que seu projeto ajuda a ‘passar da egomania para a reflexão.’


Romance original


O americano Nick Belardes, 40, chama para si o mérito de ter criado o primeiro ‘romance literário original’ do Twitter dentre uma série que existe na rede. Iniciou ‘Small Places’, misto de história de amor e paródia corporativa, em abril de 2008. ‘A construção linha a linha da trama é um desafio’, diz.


Desafio também é ler os mais de 600 trechos que ele já postou, já que o Twitter prioriza as últimas mensagens, escondendo as primeiras -é preciso voltar várias páginas no link ‘more’ até chegar ao começo. ‘Para quem pega do meio, há dificuldades perceptíveis’, ele admite.


No Brasil, o escritor Marcelino Freire, 42, organizador de obras como ‘Os Cem Menores Contos Brasileiros do Século’, entrou no Twitter neste mês com o projeto de chegar aos mil ‘contos nanicos’. Por enquanto, só ‘tuitou’ 12, como ‘-O que é iiiisssssoooooo, Padre? / -O pecado, meu filho’. Mas diz que já tem uns 200 escritos.


‘Sempre fui ligado em microformatos, eles são ideais para o mundo atropelado em que vivemos. O Twitter tem um formato que, de alguma forma, representa o que toda boa literatura deve ser: enxuta’, diz.’


 


 


 


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O Estado de S. Paulo


Terça-feira, 30 de junho de 2009


 


APAGÃO JURÍDICO
O Estado de S. Paulo


Especialistas querem nova lei de imprensa


‘É importante a manutenção de alguns aspectos da Lei de Imprensa – que teve inconstitucionalidade declarada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) – para evitar uma situação de ‘apagão jurídico’. A tese, defendida pelo advogado do Estado, Manuel Alceu Affonso Ferreira, foi apoiada pelos participantes do debate sobre o tema promovido, ontem, pelo Instituto dos Advogados de São Paulo (IASP). Também integraram a mesa o diretor de Conteúdo do Grupo Estado, Ricardo Gandour, o editor de Opinião da Folha de S. Paulo, Vinícius Mota, o jurista Walter Ceneviva e o juiz Enéas Costa Garcia.


Liberdade de imprensa integral livre de censura prévia, responsabilidade da empresa jornalística no que diz respeito à questão econômica da demanda e do jornalista no aspecto penal, e questionamento das matérias sempre a posteriori são, na opinião de Ceneviva, alguns dos principais pontos a serem levados em conta em uma futura lei que regule o tema.


Manuel Alceu fez questão de lembrar no evento um aspecto que não tem sido levado em consideração por juízes que têm suspendido ou deixado de julgar ações por conta do fim da lei de imprensa: ainda não há uma decisão final porque o acórdão não foi publicado pelo STF, apesar do julgamento ter ocorrido dia 30 de abril.


BLECAUTE


‘Vivemos mais que um apagão jurídico, uma situação de blecaute jurídico’, disse ele. O advogado, que é conselheiro do IASP, fez questão de lembrar, também, que a arguição do PDT, por meio do seu presidente o deputado federal Miro Teixeira, pedia a declaração de inconstitucionalidade de apenas alguns aspectos da Lei 5.250/67, conhecida como a Lei de Imprensa, mas não de sua totalidade.


O relator, o ministro Carlos Ayres Brito, acabou extinguindo toda a legislação, sem nada para colocar no lugar.


No debate, Ceneviva criticou a principal argumentação do ministro do STF para a extinção da lei – o fato de a legislação ter sido editada durante o regime militar.


‘Ninguém cogitou mudar o nome da Avenida Getúlio Vargas por esse motivo’, brincou Ceneviva.’


 


 


NO TRIBUNAL
O Estado de S. Paulo


ANJ defende jornal condenado a pagar R$ 593 mil para juiz


‘A Associação Nacional de Jornais (ANJ) divulgou nota ontem na qual lamenta que o jornal Debate, de Santa Cruz do Rio Pardo (SP), e o seu dono, Sérgio Fleury Moraes, podem ser vítimas ‘da intolerância ao exercício da liberdade de expressão, no caso por parte do juiz Antônio José Madalena, da 2.ª Vara de Justiça’.


O Debate informa que foi condenado a pagar R$ 593 mil em danos morais ao juiz, em ação ajuizada em 1995, após haver denunciado irregularidades na gestão do então prefeito, Adilson Donizeti Mira (PSDB). Madalena havia sido citado como suposto beneficiário de irregularidades.


‘É inaceitável que um jornal seja inviabilizado pela desproporcional condenação’, diz a nota, assinada pelo vice-presidente da ANJ, Júlio César Mesquita, do Comitê de Liberdade de Expressão. O texto aponta, ainda, possível violação de direitos humanos – Moraes quase ficou preso em um canil – e cobra reação de instâncias superiores da Justiça.’


 


 


POLÍTICA NA REDE
Alexandre Rodrigues


Prefeito do Rio cria ‘gabinete interativo’ na internet


‘Depois de suceder a Cesar Maia (DEM) e seu inseparável laptop no Palácio da Cidade, o peemedebista Eduardo Paes (PMDB) reabilitou a internet como instrumento político da Prefeitura do Rio de Janeiro. Ele pôs no ar ontem um portal de comunicação no qual pretende interagir pessoalmente com os cariocas. No site www.palaciodacidade.rio.rj.gov.br, o prefeito apresenta um ‘gabinete interativo’ e promete respostas da equipe da prefeitura a e-mails com sugestões e queixas em até 48 horas.


No fim de sua administração, Maia foi muito criticado por Paes e por outros candidatos por supostamente dedicar mais tempo à internet e ao seu ‘ex-blog’ – boletim que até hoje envia por e-mail a cadastrados – do que à cidade. O ex-prefeito fez do e-mail sua forma preferencial de comunicação com secretários, assessores, jornalistas e até com cidadãos, que recebiam respostas rápidas dele.


‘Esse canal online vem reforçar meu compromisso de fazer a prefeitura presente na vida da cidade e próxima das pessoas’, diz Paes no primeiro vídeo veiculado no portal. O prefeito pretende publicar vídeos e fotos tiradas de seu próprio celular, o que também poderá ser feito por cidadãos em busca de providências. No portal, a TV Palácio transmitirá ao vivo eventos de Paes, que também entrevistará personalidades do Rio num programa mensal.’


 


 


HONDURAS
João Paulo Charleaux e EFE


Diplomatas denunciam ‘blecaute midiático’


‘Fontes diplomáticas disseram ao ‘Estado’ que a capital hondurenha enfrenta cortes intermitentes nos serviços de água e energia elétrica e canais estrangeiros de TV estariam sofrendo interferência sempre que apresentam reportagens sobre o golpe.


Pelo menos quatro emissoras de TV, três de rádio e a sede de dois jornais foram ocupadas por militares, de acordo com o porta-voz do governo deposto, Guillermo Paz Manuelles. ‘Foi uma ação muito violenta. Eles entraram nos edifícios, bateram em funcionários, prenderam pessoas e fecharam as instalações’, disse Manuelles.


O porta-voz disse ainda que ‘95% das emissoras hondurenhas ignoraram o golpe e o Canal 6 transmitiu uma programação infantil durante o dia todo’.


De acordo com relatos da emissora Telesur, que tem no governo venezuelano sua principal fonte de financiamento, uma de suas equipes de reportagem chegou a ser detida ontem em Tegucigalpa. Segundo a enviada especial da emissora a Honduras, Adriana Sívori, ela e outro integrante da equipe foram ‘sequestrados e agredidos’ por militares quando cobriam uma manifestação nas proximidades do palácio presidencial. Os dois detidos foram liberados pouco depois de terem sido levados ao serviço de imigração.’


 


 


FOTOGRAFIA
Antonio Gonçalves Filho


A memória dos esquecidos


‘Quem vê o portfólio do checo Jindrich Streit, um nome que se destaca num país de grandes fotógrafos (Josef Koudelka, Jan Saudek, Václav Jíru), pensa automaticamente no norte-americano Walker Evans – e a referência, mais que um elogio, é a constatação da excelência de suas imagens. Pena que Streit seja pouco conhecido por aqui. Seu nome significa para a Checoslováquia o que Evans (1903-1975)representou para a América, acompanhando as mudanças sociais e políticas dos EUA desde a época da Grande Depressão. Streit inaugura hoje, no Instituto Moreira Salles, em São Paulo sua primeira exposição no Brasil, trazendo 55 imagens registradas em diferentes épocas desde os anos 1970, quando começou a expor – e já são mais de 600 mostras desde então.


Aos 63 anos, Streit é o herdeiro de uma tradição. De Václav Jíru aprendeu que a abordagem documental fria é um desrespeito aos modelos involuntariamente colocados diante da câmera. De Koudelka, nascido na Morávia, como Streit, herdou a solidariedade pelo homem das ruas. E da combinação de ambos surgiu o desejo de percorrer vilarejos e cidades da Morávia como Bruntál, perto da fronteira polonesa, registrando o cotidiano de camponeses esquecidos pela história.


Streit, hoje professor de fotografia criativa na Universidade Silesiana, nem sempre teve seu talento respeitado em seu país. Durante o regime comunista, seu trabalho foi visto com desconfiança pelas autoridades governamentais, que identificavam nesses registros tentativas de difamar a política estatal. Seu testemunho das condições de vida nos vilarejos da Morávia lhe rendeu o confisco de negativos e uma passagem pela prisão. Trágica miopia totalitária. Imagens suas de aldeias e vilarejos como Topolany ou Mladec, na região de Haná, Morávia, não são manifestos políticos, mas fragmentos de uma crônica amorosa da vida dos camponeses locais.


Como nas fotos de Walker Evans, conta-se uma história em cada foto sem que se perceba a contaminação da sintaxe literária – que, no caso de Jindrich Streit poderia evocar o drama dos humilhados e ofendidos de Jan Trefulka, escritor igualmente interessado no chamado ‘homem comum’. Trefulka tem uma novela em que o protagonista sexagenário, um conformista operário, pula de função e função até virar fazendeiro, vendendo a alma ao Estado. Streit, como Trefulka, parece estar atrás da identidade desses camponeses que afundam nas cinzas de uma experiência existencial ordinária, sem perspectivas.


A curadora do IMS responsável pela exposição, Heloísa Espada, observa que em muitas dessas fotos esses camponeses olham abestalhados a televisão. ‘Não são imagens idílicas do mundo rural’, diz, concluindo que existe ‘uma certa brutalidade nisso’. De fato, se alguém comparar o ‘tolo’ de Trefulka retratado na novela O Bláznech jen dobré (Homenagem aos Tolos) aos camponeses de Streit, verá a crueza de um mundo de desiludidos muito semelhante ao do protagonista do livro, Cyril Dusa.


No entanto, a exemplo de Evans, Streit solidariza-se com esses trabalhadores esquecidos às margens do progresso. Seu registro da vida camponesa em vilarejos como Bruntál, parafraseando o que Geoff Dyer disse do americano, faz do documental um gênero inseparável do lírico. Reforça esse parentesco com Evans o fato de Streit também preferir o preto-e-branco (o americano considerava a foto em cores ‘vulgar’, a despeito de ter usado uma Polaroid no fim da vida). ‘Ele une essa tradição documental da Magnum com uma abordagem mais íntima, mas nem por isso leve’, analisa a curadora da mostra, fornecendo exemplos dos registros ‘pesados’ do fotógrafo checo – crianças aprendendo a cortar carne ou brincando com armas em regiões pobres da Morávia.


Essa tendência ao trágico, reforçada pela tonalidade espectral de seus personagens, é deixada de lado em alguns fotos, como a do encontro de um velho e uma criança com um homem vestido como um astronauta em Bruntál, registrado em 2005 (veja foto ao lado). É um violento contraste com a solidão do jovem que se banha num bebedouro de Pardubice (região central da Boêmia) ou a reunião de operários de uma fábrica de cal no vilarejo de Mladec (fotos nesta página). Em cenas como essa, comenta a curadora, o estado de embriaguez traduz uma atitude escapista daqueles reprimidos pelos invasores estrangeiros. Se Evans buscou ‘representar as coisas em relação a si mesmas’ sem intervenção ou tendência à idealização, é possível dizer o mesmo de Jindrich Streit, que vai viajar pelo Brasil em busca dos imigrantes tchecos aqui instalados. E eles não são poucos: 500 mil tchecos e descendentes, espalhados principalmente pelos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.


Serviço


Jindrich Streit. IMS. Rua Piauí, 844, 3825-2560. 13 h/19 h (sáb. e dom. até 18 h; fecha 2.ª). Grátis. Até 16/8. Abertura hoje, 19 h, para convidados’


 


 


TELEVISÃO
Cristina Padiglione


NET amplia pacotes


‘É de olho na Copa de 2010 que a NET amplia o número de canais em alta definição (High Definition, o tal HD). Como Copa sempre gera boom na venda de televisores, e o consumidor só pode receber imagens em HD se possuir um televisor compatível, o futebol, representado pelo canal PFC HD, reforça seu papel de protagonista na campanha do HD na NET.


Para dar um empurrãozinho à indústria de eletroeletrônicos, a operadora estuda até fazer uma parceria com fabricantes de televisores.


O menu de filmes ocupa segundo lugar na isca ao consumidor. Agora há o Telecine HD (até então, os filmes ocupavam uma faixa do canal GloboSat HD).


A Fox, com um canal composto por programas da Fox e do Net Geo, é o primeiro grupo estrangeiro a aderir aos novos pacotes, que ainda aguardam a adesão da HBO.


Os canais abertos estão representados com alguns programas da Globo, da Band e com 100% da RedeTV!


O preço? R$ 20 a mais para quem já tinha as seleções digitais (de R$ 119,90 a R$ 244,90. O pacote mais caro do Combo (Net HD Max + Net fone + Virtua 12 mega) vai a R$ 419,90 mensais.’


 


 


 


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