Nos últimos anos, com o advento da chamada imprensa virtual, tornou-se comum a circulação de notícias irreais fabricadas e/ou manipuladas que, uma vez postas ao conhecimento do público, eram aceitas sem que houvesse contestações. Ao longo da década, uma personalidade bastante hostilizada por segmentos variados da sociedade foi o ex-presidente americano George W. Bush (2001-2009), representante do Partido Republicano e admirado pelos setores conservadores dos Estados Unidos da América. Desde o segundo mandato de Bush, a mídia de esquerda nos EUA passou a tratar os fatos com claras distorções, atendo-se mais a boatos contra o presidente e a análises que transcendiam a verdade.
Embora muitos tentem esconder, é evidente que os ditos liberais e socialistas ianques contam com apoio de grupos empresariais poderosos, como o New York Times e a CNN, esta de propriedade do magnata Ted Turner. Também se tornou claro o apoio entusiasmado do bilionário George Soros, proprietário de um império midiático considerado ‘progressista’, ao candidato democrata Barack Obama nas eleições de 2008. Daí vermos grandes investimentos encomendados para caluniar a ala conservadora, já que esta representa um perigo aos interesses maléficos simbolizados pelo novo presidente. É necessário desfazer-se de ilusões e de pré-conceitos para entender os motivos reais que levaram Bush a tomar muitas das decisões que marcaram seu governo, pois o mesmo coincidiu em um período turbulento da História.
Um erro de proporção
Quando se fala nas invasões militares ao território iraquiano, muitos acreditam na tese absurda levantada pelos jornais estrangeiros de que as tropas dirigiram-se para lá visando a embargar ilegalmente o petróleo da região, acusando os EUA de fabricarem como pretexto a acusação de que o país estaria produzindo armas de destruição em massa. Na realidade, os ataques terroristas ao Pentágono e às Torres Gêmeas despertaram na população o medo de que isso realmente ocorresse, o que posteriormente foi negado pelo próprio Bush. Os conflitos continuaram tendo como base a questão petrolífera, de fato. Porém, ao contrário do que se imagina, não eram os norte-americanos que desejavam se apropriar do petróleo iraquiano, mas os iraquianos, através do ditador Saddam Hussein, visavam ao lucro barrando as exportações para o Ocidente sem aumento de preços acima da inflação. Caso isso ocorresse, seria provocada nova crise mundial similar à de 1973. Aliás, vale ressaltar que a Guerra do Iraque iniciada em 2003 era apenas uma sequência da Guerra do Golfo brilhantemente conduzida por George H. W. Bush, pai do ex-presidente, em 1990-1991.
A chamada Guerra ao Terror, como Bush a definiu a partir de 2002, foi motivada diretamente pelo atentado ao World Trade Center, datado de 11 de setembro de 2001. Desde o início era óbvia a atuação das milícias talibãs lideradas por Osama bin Laden, responsável por um regime fundamentalista que promoveu duros ataques contra adeptos do cristianismo, entre eles um à embaixada americana na África, em 1998. A única ressalva que faço foi o de não invadir também o Paquistão, refúgio da Al-Qaida onde podem atacar sem ser atacados. Apesar de as manchetes insistirem no fracasso e nas consequências da guerra, ela foi extremamente ideal para evitar sérios colapsos. A BBC News e a ONU apresentam uma visão derrotista a respeito, mas o fato é que as bases militares na área que compreende o Afeganistão fazem um trabalho correto. O aumento da violência e das drogas é uma verdade incontestável, porém o erro não foi dos EUA. Ou melhor, foi um erro de proporção. Em outras palavras: a miséria e a corrupção afegãs não são causadas porque os Estados Unidos tomaram o local, mas por que tomaram pouco.
A graciosa Sarah Palin
Criticar Bush por ter cortado impostos é o mesmo que satanizar FHC por ter privatizado estatais e modernizado a economia brasileira, ou matar abelhas oferecendo-lhes mel. A escolha correta e oportuna do ex-presidente evocava o modelo liberal instituído por Ronald Reagan (1981-1989) e pela primeira-ministra britânica Margareth Thatcher (1979-1990), comprovadamente vitoriosos. Ao reduzir tributos dos mais ricos, permitia-se que eles investissem no mercado e gerassem empregos. A inflação cairia, os salários aumentariam e as pessoas estariam livres para consumir livremente. Logicamente, tudo tem suas consequências e leva algum tempo para se concretizar, o que dá espaço para qualquer medíocre se vangloriar de realizações feitas por seus antecessores. Não é à toa que a saúde, a educação e a segurança dos oito anos em que Bush esteve na Casa Branca obtiveram índices espetaculares. O Estado ofereceu programas sociais como Medicare e No Children Left Behind Act, respectivamente uma garantia de atendimento para idosos nos hospitais e um modelo de avaliação para alunos que transcende a frequência e preocupa-se também com a qualidade do aprendizado.
Há também outros tópicos que merecem ser lembrados, mas que não me vêm à memória no momento. Todos eles julgando o passado sob uma perspectiva diferente da que estamos habituados, não correndo o risco de ser atemporais (ver o passado com os olhos de hoje) e etnocêntricos (ver algo alheio à nossa cultura com uma interpretação discriminatória).
Não podemos nos ater a uma única versão dos fatos ocorridos, nem sempre a mais confiável para relatá-los. É inaceitável colocar a internet – a maior revolução cultural de todos os tempos, pois nos permite conhecer todas as outras em segundos – à disposição de velhos costumes. É como se desfazer dos anéis para salvar os dedos. Foi isso que os redatores do famigerado new journalism tentaram fazer com George W. Bush e, temendo uma reviravolta republicana no Congresso, já se preparam para repetir o feito com a provável candidata do partido em 2012, a graciosa Sarah Palin.
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Estudante, Praia Grande, SP