Pekka-Eric Auvinen, estudante de 18 anos que na quarta-feira (7/11) abriu fogo em uma escola na Finlândia, matando sete pessoas e depois cometendo suicídio, postou um vídeo no YouTube um dia antes da tragédia para anunciar o que faria em breve. A atitude do jovem revela uma tendência para assassinos modernos, que tentam transmitir sua mensagem com eficiência. Com a instantaneidade da internet e das notícias 24 horas por dia, vídeos deste tipo conseguem atenção mundial muito mais rápido do que as antigas cartas.
O vídeo, intitulado ‘Massacre na escola Jokela – 7/11/07’, mostrava uma fotografia de um prédio que parecia ser a escola onde ocorreram os assassinatos. A imagem então se rompia e revelava outra, em vermelho, de um homem apontando uma arma para a câmera. O clipe foi postado no sítio por um usuário de nome Sturmgeist89. Em alemão, o termo sturmgeist significa espírito da tormenta. Em um comentário assinado pelo mesmo usuário, lê-se a mensagem ‘Eu estou preparado para morrer pela minha causa. Eu, como seletor natural, eliminarei todos os que não se adequam, desgraças da raça humana e falhas da seleção natural’.
Veículo moderno
‘Volte no tempo 50 ou 25 anos. [Os assassinos] escreviam cartas e agora mudaram para o YouTube’, afirma o professor de psicologia criminal Mike Berry. ‘Ele está apenas usando as facilidades modernas. Jovens usam o YouTube em vez de papel e caneta’, analisa. ‘Eu não acredito que isso irá produzir situações copiadas, mas acho que pessoas que querem expressar alguma mensagem irão ver aí um novo caminho’.
Para o pesquisador Ian Brown, do Instituto de Internet de Oxford, o uso do YouTube não foi um fator decisivo para os crimes na Finlândia. ‘As novas tecnologias, como a internet, são usadas por um enorme grupo de pessoas e, infelizmente, também em situações como esta’, diz. ‘Antigamente, muitas pessoas que cometiam crimes graves conseguiam sua publicidade através dos jornais. É assim que a mídia de massa funciona nos séculos 20 e 21’.
Virginia Tech
Há alguns meses, o universitário Cho Seung-Hui matou 32 pessoas e cometeu suicídio na universidade Virginia Tech, nos EUA. Entre as primeiras e as últimas mortes, Seung-Hui enviou para a emissora de TV NBC, por correio, um pacote com um vídeo explicando suas ações. Ao contrário do caso na Finlândia, onde o vídeo podia ser visto livremente em um sítio de compartilhamento de clipes, a emissora teve de escolher entre divulgar ou não a filmagem do assassino. A questão levantou um inflamado debate sobre dar espaço e atenção para criminosos – já que é exatamente isso que eles querem quando fazem um vídeo. Informações de Kate Holton [Reuters, 7/11/07].