Devo antes de mais nada confessar: até o estouro do caso Conjur/Paulo Henrique Amorim [remissões abaixo] jamais havia lido o blog do referido jornalista, o Conversa Afiada. Seja por desconhecimento ou por falta de fuçar, o fato é que jamais havia lido uma linha sequer de tal blog. Hoje, mais uma vez reitero, a ignorância é a chave da felicidade.
As supostas denúncias que implicam o jornalista no caso Brasil Telecom são realmente plausíveis? Digo que esse é o ponto que menos importa. O envolvimento de PHA no processo falimentar da imprensa politizada brasileira sim, é a verdadeira questão, quando penso com meus botões. Conversa Afiada a mim soa como uma Ilha da Fantasia petista, na qual todo e qualquer envolvimento de membros do governo com escândalos é reduzido a piadinhas pretensamente divertidas e contra-argumentadas com chavões ultrapassados e insossos do tipo ‘FHC já fez isso’.
Não creio no envolvimento de PHA com a divulgação de assuntos pró-PT, ainda mais mediante o recebimento de verbas compensatórias ilícitas para tal. Aliás, não quero crer. O jornalismo político brasileiro já está próximo demais de seu jazigo para passar por mais esta. Contudo, de todos os atuais exemplos de prática equivocada de jornalismo no Brasil, Conversa Afiada é um dos poucos a alcançar o nível de excelência. Tiradas tendenciosas. Pesquisas fabulosas com humor de mau gosto. Textos redigidos em tópicos que não levam a qualquer conclusão.
Duas coisas
Em entrevista à Folha de S.Paulo, PHA disse que o iG, portal onde está hospedado seu blog, é o mais democrático. Acusa a imprensa brasileira de antitrabalhista. Segundo ele, a imprensa quer derrubar o Lula e, sendo o Conversa Afiada em minha visão tão fiel ao Lula como Pancho a Don Quixote, seria então um exemplo de jornalismo democrático.
Essa é a democracia que PHA parece desejar para a imprensa brasileira: a de defender cegamente qualquer deslize do governo, buscando a justificativa em seu antagonista direto. Partindo desse pressuposto, teríamos de admitir que as imprensas mais democráticas do mundo estão em Cuba, China, Venezuela e Mianmar.
E por favor, PHA, não perca seu tempo contratando excelentes advogados para processar-me em razão de minhas críticas opiniões em relação a seu trabalho. Duas coisas: não tenho que gostar do seu trabalho, mas nem por isso sou ‘antitrabalhista’; e não ‘dobrei o meu salário quando eu saí da Globo’, portanto não possuo um real sequer para ser arrancado na justiça. Processe o Diogo Mainardi: ele sim é rico.
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Editor da Steel Business Briefing, São Paulo (SP)