Monday, 23 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Ex-ombudsman do NYT abre o jogo em livro

Livre de qualquer compromisso com o New York Times, Daniel Okrent, primeiro corajoso a assumir o posto de ombudsman do jornalão, em 2003, lança este mês (15/5) nos EUA um livro sobre seus 18 meses no cargo. Public Editor # 1 é, basicamente, uma compilação das colunas quinzenais de Okrent enquanto editor-público, com algumas atualizações nos textos. O livro inclui também, para desespero de alguns executivos, editores e repórteres do Times, um longo prefácio onde o jornalista descreve os bastidores de sua experiência como ombudsman e oferece aos leitores análises sobre colegas de trabalho e sobre a cultura da redação.


Okrent conta que seu maior orgulho é ver que o Times decidiu dar continuidade ao posto de editor-público, que deixou há um ano. Ele revela, entretanto, que nem tudo foram flores durante seu reinado. Okrent cita alguns membros da equipe do diário que faziam de sua vida algo muito difícil sempre que podiam. O ex-ombudsman fala sobre a competição entre os jornalistas e conta casos em que repórteres o procuravam para reclamar de editores, e colegas de trabalho se deduravam.


Comentários


Os funcionários do alto-escalão também não escapam dos comentários. O editor-executivo, Bill Keller, é definido como ‘combativo’, mas também o apoiava, diz Okrent. O comportamento do publisher Arthur Sulzberger Jr. ‘pode ser descrito por vezes como um tipo de informalidade agressiva’. Al Siegal, subeditor de qualidade, tinha reputação de grosseiro, mas também era um ‘mentor generoso’. O editor da seção metropolitana, Joe Sexton, é analisado como cordial, mas alguém determinado a ‘não cooperar’.


O ex-ombudsman conta também algumas brigas pessoais – entre elas um caso em que ele teria sido sabotado –, cita pessoas que o odiavam no início do cargo e descreve conflitos com grupos externos críticos ao jornal.


Em entrevista a Carl Swanson [New York Magazine, 8/5/06], Okrent diz que decidiu publicar o livro porque alguns professores de jornalismo o procuravam para dizer que não havia nenhum relato a respeito deste outro lado do jornalismo, o ‘lado desagradável’. Curiosamente, metade do dinheiro do livro irá para o Times. Com informações de Greg Mitchell [Editor & Publisher, 2/5/06].