Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Explica? Injustifica e não esclarece

Novamente o homem público brasileiro, no caso o ministro Antonio Palocci, em entrevista à Rede Globo (sexta-feira, 3/6), ao sentir que ao se passar mais um dia o abismo se abriria sob seus pés e o paraquedas da explicação não se abriria – e assim, sem até então ter apresentado ao povo desta nação qualquer justificativa para seu veloz enriquecimento, olhou para a sociedade verde e amarela e enxergou massa de bobalhões –, abriu seus compêndios de consultoria e tentou justificar com arrazoados inconsistente e ilações esfarrapadas como se fossem inseticidas prescritos por um médico sanitarista sobre a inteligência de mosquitos ávidos por uma explicação verdadeira, robusta e convincente.

Disse ele que, ao ter sido convidado à ocupar a pasta ministerial da Casa Civil – uma espécie de primeiro-ministro – a partir de janeiro deste exercício e portanto, sob a Presidência de Dilma Rousseff, simplesmente encerrou contratos que só terminariam lá pelo mês de outubro ou novembro de 2011 e, assim, cumprindo cláusulas acordadas, os encerrou por iniciativa do contratado.

Ora vejam o que o ministro afirma no entre declarações à imprensa de sua entrevista: ser ele detentor do dom da premonição, adivinho ou mago, sem opção de equívoco, e por que?

Como ele declina também que só os 10 milhões de reais recebidos em dezembro foram ganhos já realizados, e que seriam recebidos ao longo deste exercício, implícito fica que os contratos tiveram início nos primeiros meses de 2010 ou anteriores e, portanto, se havia cláusula de rescisão ou distrato, e que nessa época – a da elaboração da contratação da consultoria – nem mesmo sabíamos quem seria efetivamente o/a candidato/a do PT ao pleito presidencial, pois sequer as convenções partidárias haviam sido realizadas. Nessa cláusula, o então deputado já previa a hipótese ou a realidade de ser ministro no governo em 2011 – implícito está que, além de médico e consultor, é também visitante do futuro. E além do mais, graças a Deus, as empresas contratantes, todas estão muito bem, obrigado! Pois havia uma previsão de desencaixe de valor considerável em fim de 2011 e ele teve de ser antecipado, por rescisão unilateral em pelo menos 11 meses.

Atos condenáveis

Não obstante, ele ainda deixa no ar e sem resposta, a não ser o pessoal de infinito amor à pátria, ter Palocci encerrado sua empresa altamente rentável contando com clientela robusta econômica e financeiramente e, assim, excelentemente lucrativa, a seguinte pergunta: qual a razão de trocar sua empresa com esse porte de faturamento para ter uma cadeira no Planalto e ter em seu encalço uma oposição querendo “comer seu fígado” e ao fim do mês ter nas mãos um contracheque de servidor da União?

Quando ele invadiu a privacidade e o segredo bancário do caseiro Francenildo, com certeza ainda não detinha os dons mediúnicos e especiais aqui mencionados, pois se já os tivesse não teria sido necessário descumprir absurda e concretamente a Constituição Federal, mas apenas virtualmente, e assim não teria sido apeado da função de ministro do governo Lula, o que lhe deu todo o cacife de consultor e hoje, sem dúvida, a história seria outra.

Logo, hoje se pode concluir que desde que o PT assumiu as rédeas de poderes da República, vem mudando o curso da história drasticamente a custo de atos inexplicáveis, injustificáveis e, portanto, condenáveis.