Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Falsos profetas

“Sentia a satisfação do profeta que vê o fogo e enxofre destruírem a cidade que não se corrigia com suas advertências.” A frase é do escritor W. Somerset Maugham no romance clássico Servidão Humana, acerca do vigário William Carey, o mais sórdido dos personagens. O mesmo tipo de profeta, entretanto, vem dominando a imprensa em geral do país e as oposições derrotadas nas últimas eleições presidenciais. O ex-ministro e reconhecido economista Delfim Netto, em recente entrevista ao programa Canal Livre, da TV Bandeirantes, teve que repetidamente dizer que o Brasil não vive um apocalipse ante o cerco de perguntas que lhe cobravam a condenação da atual “crise econômica”.

Delfim disse que o país vai voltar a crescer e a Petrobras não vai quebrar, já que ele aposta no ministro Joaquim Levy e na nova diretoria da estatal. Além disto, Delfim colocou em dúvida as previsões de uma inflação de 8% este ano, bem como a de uma variação negativa do PIB. Ainda assim não convenceu a bancada de jornalistas do programa.

Outro exemplo: o professor de Direito da Universidade de Columbia, em Nova York – Estados Unidos, James Fanto, declarou à Folha de S.Paulo, sobre os processos de acionistas contra a Petrobras naquele país: “São uma coisa tão comum aqui que não acho que vá afetar a imagem da companhia.” Ainda assim, os grandes jornais brasileiros, incluindo o único mais preponderante econômico, o Valor Econômico, não perdem oportunidade de manchetear qualquer análise ou dado negativo sobre a economia brasileira vindo do exterior. É a chamada torcida do contra.

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Zulcy Borges de Souza é jornalista