Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Falta de informação ou oportunismo?

Nunca ouvi falar em Milton Blay. Sei agora que é dado ao ti-ti-ti que tanto agrada a quem não tem o que fazer. Basta ler seu artigo ‘Corrupção ou pragmatismo político?’ [remissão abaixo], publicado neste Observatório, no qual tenta arranhar a minha honra em tom de ironia e sarcasmo. Se ele tinha a ‘impressão de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva falava pela boca de Frei Betto etc.’, isso é problema psicológico que foge inteiramente às normas do bom jornalismo. Este não se faz de impressões, juízos maliciosos e ilações.

Blay diz que depois que deixei o governo meu discurso mudou. Em quê? Com certeza nunca leu nenhum dos artigos que publico todas as semanas nos principais jornais brasileiros. Sim, continuo amigo do presidente. Mas que ‘festas juninas e outras’ andei freqüentando? Mentira. No dia da festa junina do Torto eu estava na França, participando do ano cultural França-Brasil, e fiquei naquele país de 25 de junho a 15 de julho. Hospedei-me em Paris no hotel Sevigne, no Le Marais, por conta da Abong (Associação Brasileira de ONGs), ocupando um apartamento de 63 euros a diária. Nas últimas duas noites fui convidado por um familiar a ficar no hotel Meurice, com todas as despesas pagas. Blay deve ter morrido de inveja…

Política de alianças

Blay tem razão: defendo Lula das atuais denúncias de corrupção e deixo ao jornalista o ônus da prova se me julga errado. E também defendo o PT, que não pode ser confundido com aqueles que praticaram atos ilícitos.

O articulista é tão mal informado que julga ter eu ido à França para lançar Hotel Brasil (e não ‘Brésil’, como escreveu), editado pela Éditions de L’Aube em 2004. Como os entrevistadores da Rádio France Culture tinham um exemplar em mãos, é claro que falei do livro. Tenho todo interesse em divulgar minha obra literária e, nesse sentido, agradeço a modesta contribuição do Sr. Blay.

Quanto ao meu entendimento de Brasil, felizmente prescindo – à larga – do juízo de Blay. Tenho uma história e sou respeitado por ela. Participei dos principais eventos políticos dos últimos 40 anos e ajudei a fundar os principais movimentos sociais. E o Sr. Blay, entende de quê? De fofocas e intrigas?

Quanto às referências que fiz a Fidel Castro, Hugo Chávez e João Paulo II, o Sr. Blay está correto. E fico aliviado em saber que ele arrancou os cabelos ao ouvir minhas opiniões. Pois se com elas não concorda, eu me sentiria no mínimo constrangido de ser elogiado por sua pena. Quanto às supostas opiniões que eu teria emitido sobre o PMDB no governo Lula, o Sr. Blay deturpa. Todos sabem – e meus artigos e entrevistas comprovam – que sempre critiquei a política de alianças do atual governo.

Lamento que a Rádio France Internacional tenha em seus quadros um profissional tão amador em matéria de jornalismo.

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Escritor