O FBI suspeita ter perdido 22 arquivos que pertencem a investigações recentes de vazamento de informações confidenciais. Diante de um pedido de um jornalista, um juiz federal da Califórnia ordenou, no mês passado, que o FBI e outras agências americanas entregassem informações sobre a freqüência e os resultados de casos de vazamento.
O pedido foi feito após a constatação de um grande número de investigações recentes sobre vazamentos de informações confidenciais para a imprensa. Entre os casos que chamaram mais atenção do público estão o da revelação da identidade secreta da agente da CIA Valerie Plame e o em que dois lobistas pró-Israel e um analista do Departamento de Defesa foram indiciados por traficar informações confidenciais.
O prazo dado para a entrega das informações sobre as investigações terminaria na semana passada, mas tanto o FBI quanto o Departamento de Justiça, a CIA e o Departamento de Defesa alegaram que precisariam de mais 120 dias para conseguir cumprir a ordem.
Sumiu!
No caso do FBI, uma funcionária da divisão de registros do bureau declarou, há duas semanas, que foram identificadas 94 investigações de vazamentos desde 2001, mas que os arquivos de 22 casos estavam ‘desaparecidos’ e não havia sido possível rastreá-los. Ela afirmou, entretanto, que os arquivos sumidos fazem parte dos casos já encerrados, e não dos sinalizados como pendentes. Ainda assim, o acadêmico Athan Theorasis, da Universidade Marquette, que estuda os procedimentos de arquivamento de dados do FBI, afirmou que se trata de ‘um número espantoso’. ‘Estas são investigações muito sensíveis, e estes são documentos que deveriam ser bem cuidados’, completa.
Na última década, o FBI tentou informatizar e automatizar seus sistemas de registros. A agência, entretanto, abandonou um projeto de ‘arquivamento virtual’ de US$ 170 milhões no ano passado depois que anos de audiências no Congresso e avaliações críticas concluíram que o sistema nunca seria implementado com sucesso absoluto.
Teoria da conspiração
Theoharis não descarta a possibilidade de que o desaparecimento de arquivos seja algo planejado, e não uma simples falta de organização da agência. O estudioso conta que, na década de 60, o FBI usava procedimentos conhecidos como ‘não arquivar’ e ‘memorando sumário’ para evitar que arquivos fossem colocados no sistema central de registros. Como resultado disso, o bureau podia dizer a juizes ou membros do Congresso que informações requisitadas não haviam sido encontradas, quando, na verdade, os arquivos eram mantidos em um sistema secundário.
‘Não há razão para pensar que eles não fariam a mesma coisa hoje’, diz Theoharis. ‘Eu não quero soar conspiratório, mas eu não descartaria isso’. Informações de Josh Gerstein [The New York Sun, 27/12/06].