Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Festival de baixarias. Em inglês

Quem considerou de mau gosto certas jogadas dos marqueteiros nas campanhas municipais recentemente concluídas no Brasil, deveria prestar mais atenção ao que se desenrola na política americana, a menos de uma semana da conclusão do processo de escolha do presidente da nação mais poderosa do planeta.


A coleção de baixezas parece não ter limites e envolve interesses multibilionários.


Um grupo de apoiadores do republicano John McCain gastou alguns milhões de dólares para imprimir e distribuir cópias de um vídeo contra o candidato democrata Barack Obama, que foram encartadas em cinco jornais de grande circulação. E o comando da campanha republicana acusa publicamente o jornal Los Angeles Times de omitir o conteúdo de outro vídeo que, segundo dizem, demonstraria o envolvimento de Obama com um controverso acadêmico e ativista palestino.


Rashidi Khalidi, professor da Universidade de Chicago, é apresentado pelos republicanos como um radical islamita e anti-semita. E antes que possa provar que não é nada disso, sua má-fama se espalha pelo país.


Fora de controle


Ao mesmo tempo em que as insinuações ganham repercussão na grande imprensa, os adeptos de um lado e de outro postam milhares de vídeos no site Youtube, radicalizando a disputa e colocando ainda mais lenha na fogueira.


Jornalistas engajados nas campanhas entram explicitamente em cena dando validade a boatos e destacando detalhes de notícias que favorecem um ou outro candidato.


O mais notório desses franco-atiradores da imprensa é o polêmico editor de um jornal da internet, Martin Drudge, aquele que descobriu o caso da estagiária Monica Lewinski com o ex-presidente Bill Clinton.


Segundo o Estado de S.Paulo, o Drudge Report reproduz desde quarta-feira (29/10) um vídeo de uma emissora da Flórida dando conta de que a venda de armas cresceu 30% no estado, por causa de boatos de que, se eleito, Barack Obama vai aumentar as restrições ao comércio de armas de fogo.


Com a consolidação da internet como o grande meio de comunicação do nosso tempo, a divulgação de boatos e a manipulação de informações sai do controle da chamada grande imprensa. E importantes decisões coletivas podem ser tomadas com base na desinformação.