Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Fim da Lei de Imprensa deixou vácuo, diz Gilmar Mendes


Leia abaixo a seleção de quarta-feira para a seção Entre Aspas. 
 


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Folha de S. Paulo


Quarta-feira, 7 de outubro de 2009 


 


REGULAMENTAÇÃO


Folha de S. Paulo


Mendes defende regras para suprir vácuo do fim da Lei de Imprensa


‘O presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, defendeu que o Congresso crie novas regras para suprir o vácuo jurídico deixado pelo fim da Lei de Imprensa. Para ele, a falta de ‘normas de organização e procedimento’ gera situações de ‘perplexidade’.


No final de abril, o STF decidiu revogar toda a Lei de Imprensa (5.250/67), conjunto de regras criado no regime militar (1964-1985) que previa atos como a censura, a apreensão de publicações e a blindagem de autoridades da República contra o trabalho jornalístico.


Muitos dos casos relacionados à lei revogada são agora tratados pelos códigos Civil e Penal e pela Constituição de 1988.


‘O próprio episódio a propósito desse conflito com o ‘Estado de S. Paulo’ está a mostrar que há alguma perplexidade. Por exemplo: qual é a regra que disciplina a competência [onde o caso deve ser julgado]? É o local do dano, é o local de publicação do veículo? Em suma, são perplexidades que não existiam diante do quadro anterior, quando havia uma lei’, disse ontem, no seminário ‘Mídia e Liberdade de Expressão’, organizado pela TV Globo.


Uma decisão do desembargador Dácio Vieira proibiu, em julho, o ‘Estado de S. Paulo’ de publicar informações da Operação Boi Barrica (rebatizada de Faktor). A investigação da Polícia Federal tem entre os alvos Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Fernando é o autor do pedido à Justiça.


Vieira foi afastado do caso pelos colegas do Tribunal de Justiça do DF, por suspeição. Mas o mesmo tribunal declarou que o episódio deve ser julgado pela Justiça do Maranhão.


Mendes também citou especificamente o problema do direito de resposta, que não possui qualquer regulamentação desde o fim da Lei de Imprensa. ‘Entendo que temas específicos vão reclamar uma disciplina legislativa. Isso é inevitável.’


Ele comentou ainda o fato de o STF nunca ter condenado uma autoridade, ao dizer que muitas vezes as denúncias apresentadas não são suficientemente embasadas e que existe uma ‘excessiva criminalização da política’: ‘Não é verdade que o STF seja um cemitério das ações contra os políticos’.’


 


 


ELEIÇÕES


Folha de S. Paulo


Festa dos nanicos


‘ENGANA-SE quem imaginar que a disputa pela Presidência dos EUA, no ano passado, deu-se apenas entre o candidato democrata, Barack Obama, e o republicano, John McCain. Agremiações das mais diversas, como o Partido da Lei Seca, o Partido da Constituição, o Partido Libertário e o Partido Socialista dos Trabalhadores participaram do pleito.


Dificilmente atrairia apoio a ideia de que tais candidaturas devessem ter direito ao mesmo destaque obtido por Obama e McCain no rádio e na televisão. Seria na prática impossível atender a tal exigência -uma vez que, em qualquer democracia vigorosa, a tendência vai no sentido de se produzirem tantos partidos e candidatos quanto o desejar a imaginação humana.


Bem diversa, como se sabe, é a cultura política brasileira. A cada eleição, criam-se novas leis e regulamentações tratando de impor ao livre debate entre os candidatos uma lógica puramente cartorial e paternalista. Uma isonomia postiça se cria entre os chamados candidatos nanicos e os que possuem real representatividade no eleitorado.


Foi um notável progresso, dentro desse quadro cronicamente restritivo, o veto do presidente Lula a algumas determinações da minirreforma eleitoral aprovada no Congresso, que visavam a restringir a realização de debates na internet. Prevaleceu a convicção de que a rede, por não ser concessão do Estado, não pode ser enquadrada no regulamento do rádio e da TV -que ademais atuam numa banda eletromagnética restrita.


O avanço nesse enfoque veio acompanhado, entretanto, de um grave retrocesso no que diz respeito à mídia eletrônica tradicional. A legislação já vinha limitando de forma excessiva a cobertura das campanhas eleitorais: determinava-se que o noticiário de rádio e TV concedesse igual tempo para todos os candidatos, mesmo os nanicos, nos três meses anteriores ao pleito.


Com a minirreforma, a regra terá de ser obedecida em qualquer ocasião, em qualquer período. A tutela ultrapassa, assim, qualquer limite.


Nada há de incorreto na preocupação de assegurar um mínimo de igualdade de condições entre candidatos a um cargo eletivo. Apesar de suas muitas distorções, a existência de um horário eleitoral gratuito no rádio e na TV não deixa de ser um mecanismo útil nesse sentido.


Mas a proteção paternalista a candidatos inexpressivos serve apenas para dificultar o acesso dos cidadãos às informações e às ideias que realmente o interessam em cada disputa eleitoral. A discussão política degenera num espetáculo constrangedor e paradoxal: uma formalidade caótica se instaura no lugar de um embate claro entre propostas alternativas de governo.


Legendas e candidaturas de aluguel surgem, assim, das próprias facilidades concedidas por uma legislação cartorial. A distorção se estende, agora, além dos três meses oficiais de campanha política: é a festa dos nanicos, em prejuízo do eleitor.’


 


 


Fernando Rodrigues


A maldição do PMDB


‘BRASíLIA – Faltam menos de 12 meses para a eleição de 3 de outubro de 2010. Todos os políticos já estão em seus partidos definitivos. Agora, as conversas sobre alianças vão se concentrar sobre o mais relevante: quem terá mais tempo de TV no horário eleitoral.


Quando Lula insiste no plano de ter o PMDB apoiando Dilma Rousseff para presidente, o interesse é o tempo de televisão que os peemedebistas podem oferecer. Nada mais. Até porque Michel Temer ou Henrique Meirelles, possíveis vices de Dilma, têm pouco a contribuir em termos de votos.


Essa é a razão do preço altíssimo pago por Lula até agora para manter viável essa possibilidade inédita de aliança no plano nacional entre PT e PMDB. Os peemedebistas dobram o tempo de Dilma na TV em 2010. Como poder atrai poder, outras siglas tendem a se animar a ingressar nesse condomínio. Nas contas otimistas do comando petista, a candidatura governista ao Planalto pode ficar com algo entre 50% e 70% de todos os comerciais na campanha televisiva em 2010.


Seria um rolo compressor difícil de ser superado, sejam quais forem os concorrentes. Na ponta pessimista dessa estratégia petista está a dificuldade histórica de o PMDB conseguir se acertar nacionalmente para apoiar algum candidato ao Planalto. Aliás, é necessário lembrar, toda vez que isso aconteceu deu errado.


Os dois únicos candidatos a presidente do PMDB até hoje foram derrotados -Ulysses Guimarães, em 1989, e Orestes Quércia, em 1994. Em 1998, o partido não participou da disputa. Em 2002, apoiou José Serra e perdeu. Em 2006, novamente não entrou no páreo. Ou seja, Lula tem dois desafios à frente. Primeiro, convencer o PMDB a bandear-se para o PT. Segundo, quebrar a maldição peemedebista de sempre colocar a sigla do lado derrotado em disputas presidenciais. Será algo inédito.’


 


 


SÃO PAULO


Folha de S. Paulo


Prioridade à propaganda


‘A PRETEXTO de ajustar seus gastos a um orçamento mais curto, a gestão Gilberto Kassab (DEM) deu seguidas demonstrações de desorientação em suas prioridades.


O prefeito de São Paulo chegou a determinar cortes na varrição e na coleta de lixo. Depois de expostas as imagens do entulho que se acumulava pelas vias -e após um temporal que alagou e paralisou a capital-, Kassab recuou. Antes disso, a administração já desistira de suprimir uma das cinco refeições diárias dos alunos das creches municipais.


Que lógica, afinal, haveria por trás dos cortes anunciados? À primeira vista, obedeceriam a uma ação organizada de redução de custos, como consequência da crise econômica. Se a tesoura ameaçou cortar até a comida das creches, supõe-se que não haveria mais gordura para queimar. Aí começam as contradições.


A verba para publicidade oficial não sofreu cortes. Ao contrário, a previsão no início do ano era gastar R$ 31 milhões. Após sucessivos aportes, a despesa prevista até dezembro mais que dobrou e atingiu R$ 80 milhões. A título de comparação, a economia com a varrição e a coleta de lixo seria de R$ 3,5 milhões.


Agora Kassab anuncia gasto de R$ 105 milhões em propaganda em 2010, quantia recorde. É mais do que pretende destinar à construção e à reforma de corredores de ônibus. A administração alega que a verba publicitária atende a programas de interesse da população. Ampliar e melhorar corredores de ônibus, imprimir mais velocidade à limpeza das vias e das bocas de lobo, treinar professores e agentes de saúde…, há uma lista de despesas bem mais interessantes e prioritárias para os paulistanos.


É de estranhar, aliás, tamanho impulso nos gastos de propaganda quando o prefeito afirma que não será candidato no ano que vem. Se parece difícil vislumbrar o que Kassab ganhará com a operação, o certo é que a população paulistana sairá perdendo.’


 


 


FÓRMULA


Ruy Castro


Títulos


‘RIO DE JANEIRO – Na bolsa de títulos mais repetitivos da imprensa brasileira, ‘Um olhar sobre…’ começa enfim a ser aposentado. E já não era sem tempo. Adotado por nós com grande atraso, sua matriz francesa, ‘Un regard sur…’, está fora de moda em Paris desde 1970. Mas, até outro dia, era uma doença por aqui: nove em dez artigos nos cadernos culturais eram intitulados ‘Um olhar sobre…’. Aí seguia-se aquilo sobre o que alguém estava lançando ‘um olhar’: o rock grunge, a Revolução de 1932, os filmes do Mazzaropi.


Nós, da imprensa, somos assim. Quando adotamos uma fórmula, entregamo-nos a ela com fervor. Por exemplo, desde que passamos a usar títulos de filmes para criar títulos de matérias, nunca mais paramos. O auge desse macete foi na revista ‘Manchete’, nos anos 60 e 70, porque seu diretor, o querido Justino Martins, o achava divertido.


Daí que, de repente, tudo se tornou ‘A hora e a vez de…’ ou ‘Quem tem medo de…?’, tirados de ‘A Hora e a Vez de Augusto Matraga’, conto de Guimarães Rosa, e de ‘Quem Tem Medo de Virginia Woolf?’, peça de Edward Albee, ambos filmados com enorme sucesso. Precisávamos ficar atentos para que cada título, ou suas variações, só saísse uma vez por edição.


Eu próprio, redator da ‘Manchete’ em 1972, cometi um, e infame. Era o apogeu dos faroestes italianos, com títulos tipo ‘Django não perdoa. Mata!’. Caiu-me à mesa uma matéria sobre o duelo mundial de xadrez entre o americano Bobby Fischer e o russo Boris Spassky, disputado em Reykjavík, na Islândia.


Fischer estava ganhando todas e, na hora de titular, nem titubeei: ‘Fischer não perdoa. Mate!’. Justino adorou. Nem ele nem eu sabíamos que, no xadrez de alto nível (no de baixo nível também), o mate não chega a acontecer. O perdedor tomba o rei muito antes.’


 


 


TODA MÍDIA


Nelson de Sá


Dólar, a fuga


‘‘Wall Street Journal’ e ‘Financial Times’ deram manchete para o tombo do dólar e para a alta do ouro. Creditaram ao aumento nos juros australianos, o que confirmou a retomada global, fora dos EUA.


‘New York Times’ e outros, como Drudge Report, também deram manchete para o tombo do dólar, mas creditaram ao ‘Independent’, que relatou encontros de países produtores e consumidores de petróleo, em busca de alternativas à moeda americana.


Ecoou na cobertura de Brasil, com os sites de busca destacando a alta do real frente ao dólar.


A DEPOSIÇÃO?


Anunciando a morte do dólar, o correspondente Robert Fisk descreve encontros de China, Japão, França e outros países consumidores de petróleo com produtores como Arábia Saudita, em ‘movimentos secretos para parar de usar a moeda dos EUA no comércio’. Chega a destacar que ‘ilustra a nova ordem mundial’


‘ULTRA, ULTRA HOT’


Jim Cramer, folclórico âncora da CNBC, principal canal financeiro dos EUA, fez festa para o Brasil e o IPO do banco Santander (leia mais à pág. B1). ‘O Brasil está ultra, ultra quente. O PIB deve crescer 5%, 6%. Os serviços financeiros vivem boom. Os Jogos de 2016 eles acabam de vencer’


‘WORLD’S BEST’


No alto da Folha Online, a Petrobras entrou para as 40 melhores empresas do mundo, na lista da ‘BusinessWeek’.


Em 22º lugar, surge à frente das privadas ExxonMobil e ConocoPhilips, dos EUA, e atrás da chinesa CNOOC. Nos primeiros lugares, Nintendo, Google e Apple. A revista descreve a Petrobras como ‘a maior empresa do Hemisfério Sul’ e sublinha seu crescimento.


CONFIANÇA


Em extenso material sobre os emergentes, o ‘FT’ publicou que ‘Ásia e Brasil lideram a alta na confiança dos consumidores’, segundo pesquisa Nielsen. O jornal avalia que os resultados ‘sublinham a divergência de sentimento entre países em desenvolvimento e desenvolvidos’.


LUZ EMERGENTE


Também no ‘FT’, ‘Para muita gente o futuro dos investimentos pode ser resumido em duas palavras: mercados emergentes’. No título da reportagem, com investidores, ‘Emergentes iluminam tempos de escuridão’.


DE PONTA-CABEÇA


Também no ‘FT’, ‘Como competir num mundo de ponta-cabeça’. Dá o modelo IBM, ‘integrada globalmente’: fábrica em Nova York, finanças no Rio, aquisições na China e entregas na Índia.


EUA, ÍNDIA VÊM AÍ


No ‘Chicago Tribune’, ‘Empresas americanas focam consumidores no exterior’, ressaltando o Brasil e a vitória do Rio sobre Chicago, na disputa pelos Jogos.


No ‘Business Standard’ e outros indianos, a montadora Bajaj Auto anunciou uma fábrica ‘num lugar chamado Manaus, no Brasil’.


ROCKY?


Abrindo a seção Internacional do ‘Los Angeles Times’, o filme ‘Lula, Son of Brazil’, que sai no fim deste ano, sobre a juventude de Lula, comparada à ‘história de Rocky Balboa’


O BRASIL DEPOIS DE LULA


Em meio ao louvor global na mídia, nos dias seguintes à escolha do Rio para sediar os Jogos, o colunista de política externa do ‘FT’, Gideon Rachman, escreveu que ‘o Brasil nunca esteve tão na moda’, com Jogos, Copa, Brics, G20, pré-sal: ‘Em Lula, o Brasil finalmente tem um líder que é uma figura reconhecida globalmente’.


Ontem em longo perfil postado por todo lado, a agência Associated Press descreveu como ele ‘levanta louvores de Havana a Wall Street’, faz amigos de Ahmadinejad a Bush e Obama. No final, questiona ‘como será a vida do Brasil depois de Lula’. Ouve uma secretária do Rio, 23 anos, que faz faculdade à noite: ‘Lula nos deu um papel global, mas nossa imagem de nação vitoriosa não vai mudar quando ele sair. Nós chegamos e não vamos sair daqui’.’


 


 


TELEVISÃO


Rodrigo Russo


‘CQC’ tem versões adaptadas para televisões no Metrô


‘Com a Globo investindo em criação de conteúdo para mídias digitais no sistema de ônibus de São Paulo, a TV Minuto (empresa do grupo Bandeirantes), responsável pela programação do sistema de TVs do Metrô, apresenta uma resposta: a versão adaptada do ‘CQC’, primeiro programa da Band a ser veiculado nesse formato.


Iniciado no mês passado, o projeto -com patrocínio da Pepsi, que também apoia a versão ‘tradicional’ deTV-prevê dez programetes semanais de 30 segundos com os melhores momentos do que foi exibido pela televisão em versão com letreiro – a legislação impede a transmissão de áudio. De acordo com Daniel Simões, diretor comercial da TV Minuto, o projeto atinge público diário de cerca de 3 milhões de pessoas. Cada um dos 109 trens que transmitem conteúdo tem 48 monitores, em um total de 5.232 equipamentos.


Em comparação, cada ônibus tem 2 monitores, em um total de 600 equipamentos nos 300 veículos em que a Globo – através da Bus Mídia-está presente, com público diário estimado em 240 mil pessoas. Jorge Rosa, diretor de multiplataformas e promoções da Globo, diz que até o fim do mês 30 ônibus passarão a circular com TVs digitais de alta definição, com possibilidade de o usuário escutar os programas por meio de um canal FM de baixa frequência. Nas duas formas de transporte coletivo, o formato das programações mescla conteúdo, publicidade e cerca de 30% do espaço voltado a comunicação institucional – do Metrô ou da SPTrans.


ANÔNIMA?


O Multishow estréia em novembro a série ‘Quase Anônimos’, que mostra a vida de dois atores em busca do estrelato. Malu, a protagonista, será interpretada pela ‘anônima’ Nina Morena, filha de ninguém menos que Marília Pêra e Nelson Motta.


PCC


Depois do filme baseado em fatos reais ‘Salve Geral’, o Discovery Channel estreia no mês que vem o documentário ‘São Paulo sob Ataque’, sobre os ataques de maio de 2006 comandados pela facção criminosa. A jornalista Fátima de Souza, autora do livro ‘PCC – A Facção’, é consultora do projeto e participa do filme com depoimentos.


NOR…MAL


A estreiado novo programa da atriz Denise Fraga, ‘Norma’, exibido aos domingos após o ‘Fantástico’, teve 13 pontos de média no Ibope. Em comparação, a pior final de uma edição do reality show ‘No Limite’, na semana anterior, atingiu 17 pontos.


NOVELA TEEN


Com estreia na Band marcada para o dia 19, ‘Isa TKM’ foi a líder de audiência do canal pago infantil Nickelodeon nos últimos seis meses. A série também foi responsável por um crescimento de 475% da audiência no horário em que é exibida (das 19 h às 20 h, de segunda a sexta), na faixa de 12 a 17 anos, em comparação com o ano anterior.’


 


 


Audrey Furlaneto


‘Não estou voltando’, diz ator Fábio Assunção


‘Aos 38 anos, Fábio Assunção trabalha como ator de televisão há pelo menos 19 -mas, agora, havia quase um ano estava fora dela. Afastou-se da Globo em 2008 para se tratar de dependência química, passou cinco meses em clínicas dos Estados Unidos e recusou convites para duas peças, uma minissérie e alguns filmes.


No entanto, não gosta de dizer que está ‘de volta’ à TV com a série de época ‘Dalva’, de Maria Adelaide Amaral, que contará a vida da cantora do rádio em cinco capítulos a partir de janeiro de 2010.


‘Então, essa coisa de voltar… Eu, na verdade, não voltei. A gente vai em linha reta, entendeu? Eu continuo a minha trajetória, não estou voltando de lugar nenhum. Estou indo. Estamos todos indo para algum lugar’, diz.


Fábio viverá o compositor Herivelto Martins, casado com Dalva de Oliveira (Adriana Esteves) e depois com Lurdes (Maria Fernanda Cândido). Ele preenche a rotina com gravações ‘todo santo dia e, inclusive, todo dia santo’, faz aulas de violão e voz e ‘nada’ de exercício físico.


‘Não, nada. Estou comendo muito chocolate, aproveitando meus horários para relaxar’, diz, rindo, após uma cena na praia Vermelha, na Urca, zona sul do Rio.


Cantor


Ator de novelas como ‘Meu Bem, Meu Mal’ (1990), ‘O Rei do Gado’ (1996) e ‘Celebridade’ (2003), Fábio chegou a desmaiar em cena e foi afastado de ‘Negócios da China’ (2008). Em setembro deste ano, em entrevista ao ‘Fantástico’, assumiu ser viciado em drogas.


‘Não, tudo bem. Minha vida é essa’, diz, quando repórteres pedem desculpas por tocar no assunto da dependência química. ‘Neste ano, chegaram alguns convites. Para todos, eu pensei, menos para o Herivelto [Martins]. Não sei por que eu não fiz os outros, por que fiz esse. É uma questão de afinidade com o trabalho, com as pessoas envolvidas.’


O ator é amigo de toda a equipe de trabalho: Adriana Esteves, protagonista da série, é madrinha de seu filho João, 6; Dennis Carvalho o dirige desde ‘Pátria Minha’ (1994); Maria Adelaide Amaral já trabalhou com ele em ‘Os Maias’ (2001).


Para ‘Dalva’, além de cantar em cena (sem dublagem, como fará Adriana Esteves), Fábio raspou parte do cabelo desenhando ‘entradas’, tem as unhas compridas para dedilhar o violão, entrevistou filhos de Herivelto Martins e usa sua ‘intuição’ para interpretá-lo.


‘Eu me considero um ator intuitivo. Me sinto muito artificial se começo a fazer composições, trejeitos e tipos. Prefiro mostrar a humanidade que estou captando do papel do que ser igual a ele, entendeu?’’


 


 


 


 


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O Estado de S. Paulo


Quarta-feira, 7 de outubro de 2009 


 


LIBERDADE DE IMPRENSA


Moacir Assunção


‘Não pode haver censura prévia’, diz Ayres Britto


‘O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Carlos Ayres Britto, fez ontem um ataque direto à censura prévia e às tentativas de calar a imprensa, ao discutir a democracia brasileira no Encontro Nacional de Procuradores Municipais, em São Paulo.


‘Não pode haver censura prévia. Nenhum juiz pode fazer isso. Não existe meia liberdade de imprensa, assim como não há mulher mais ou menos grávida’, comentou o ministro.


Ayres Britto não citou diretamente o caso do Estado, censurado desde 31 de julho pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJ-DF) após uma ação do empresário Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), mas ele deixou clara a sua opinião. ‘Basta ver os meus votos no Supremo, assim como dos demais ministros. É sempre contra qualquer tentativa de cercear a imprensa’, afirmou.


O ministro afirmou não ter dúvidas de que ao se chocarem o direito à opinião e à expressão e o direito à privacidade e à proteção da vida pessoal, ambos garantias constitucionais, o primeiro deve prevalecer. A tese integra a defesa do Estado no caso da mordaça, que dura 68 dias, proibindo a publicação de dados sobre a Operação Boi Barrica, da Polícia Federal, que investigou a família Sarney.


FICHA LIMPA


No evento, o ministro apoiou o projeto de iniciativa popular em defesa da ficha limpa, apresentado ao Congresso para impedir a candidatura a cargos públicos de pessoas condenadas pela Justiça. ‘O projeto é bom, mas deve receber ajustes para que a inelegibilidade venha após condenação de algum tribunal, não somente após a denúncia pelo Ministério Público’, declarou.’


 


 


Mariângela Gallucci


Mendes cobra ação do Congresso


‘O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, disse ontem que o Congresso precisa aprovar regras para disciplinar as ações relacionadas à liberdade de imprensa e citou o caso do Estado. ‘Esse episódio, agora, a propósito desse conflito com O Estado de S. Paulo, está a mostrar que há alguma perplexidade’, afirmou. ‘Qual é a regra que disciplina a competência?’


Para Mendes, é preciso regulamentar o tema, sem parâmetros desde a derrubada da Lei de Imprensa.’


 


 


CONSUMO


Marianna Aragão


Pesquisa mostra consumidor de mídia exigente


‘Cada vez mais conectados, os brasileiros também estão mais exigentes quanto à qualidade da informação que consomem, segundo pesquisa do Ibope Mídia, divulgada ontem. O estudo, que tentou mapear os hábitos de consumo de mídia da população e ouviu cerca de 800 pessoas na região metropolitana de São Paulo, mostrou que para 81% dos entrevistados, a qualidade da informação é mais importante que a plataforma onde ela é veiculada.


Segundo os pesquisadores, a exposição recente dos leitores/espectadores a um número maior de meios, como a internet e o celular, tornou-os mais seletivos em relação ao conteúdo consumido. ‘O conteúdo é o grande protagonista e, por isso, o desafio da era de convergência é transformar a quantidade de informação em qualidade’, diz a gerente de marketing do Ibope Mídia, Juliana Sawaia.


Apesar do aumento da convergência de mídias, boa parte das pessoas ainda costuma utilizar um meio de cada vez, constata a pesquisa. Pelo menos 83% da população paulistana usa uma plataforma de forma exclusiva, seja ela jornal, revista, rádio, internet ou televisão. O consumo simultâneo, porém, cresce à medida em que a idade diminui. Praticamente metade dos jovens de 18 a 24 anos acessam a internet enquanto assistem à TV, por exemplo. ‘O consumo simultâneo de mídia é inevitável e já faz parte da rotina de parcela considerável da população. A sinergia entre os meios de comunicação é fundamental’, diz a diretora comercial da Ibope Mídia, Dora Câmara.


Apesar disso, dois terços da população afirmam conseguir absorver toda a informação e tecnologia disponíveis, segundo o estudo. Por outro lado, o volume e a velocidade de informação estão deixando as pessoas angustiadas. Pelo menos 53% dos entrevistados dizem se sentir pressionados com a quantidade de informação disponível nos dias atuais. Entre as mulheres, o índice sobe para 56%.


A falta de tempo é outra preocupação decorrente dessa nova realidade. Para 46% das pessoas, o tempo será um dos elementos mais escassos num horizonte de dez anos. A instantaneidade da informação também provocou alterações no padrão de consumo.


De acordo com o estudo do Ibope, 70% dos entrevistados elegeram o telefone celular como o item mais importante do dia a dia, à frente do computador com acesso a internet (58% das indicações). A televisão impera, com 77% das indicações.


A pesquisa mapeou ainda a adesão dos brasileiros às redes sociais. Elas fazem parte da rotina de 45% dos entrevistados. Entre os jovens, o índice sobe para 72%.’


 


 


TELEVISÃO


Keila Jimenez


O lado B do sexo


‘O lado exótico e bizarro do mundo do sexo na noite de São Paulo é o alvo de uma nova produção do Multishow. Batizada de Lado B, a atração é a sétima produção da Conspiração Filmes a emplacar no canal pago este ano. A ideia é mostrar a história de personagens reais e os locais obscuros ligados ao sexo. Sex shops, casas de sadomasoquismo, de suingue, boates e profissionais do sexo fazem parte da série que terá entre sete e dez episódios.


A apresentadora do Lado B já foi escolhida: a modelo Gizelle Maritan, participante do reality show Casa Bonita, também do Multishow.


O curioso é que o Casa Bonita segue no ar, e Gizelle ainda não foi eliminada. Só um detalhe.


Com previsão de estreia para novembro, Lado B começa a ser gravado ainda este mês.


Também da Conspiração, o Multishow estreia no dia 20 a série Em Busca da Balada Perfeita, sobre um grupo de jovens que sai por aí em busca, claro, da balada perfeita.


Procurado, o Multishow, por meio de sua assessoria, não confirma a produção de Lado B, por se tratar de uma produção independente e envolver uma parceria.’


 


 


 


 


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