O jornal iraniano Tehran Emrooz teve sua licença de funcionamento revogada pelo governo, no sábado (21/6), depois de publicar artigos críticos às políticas econômicas do presidente Mahmoud Ahmadinejad. Lançado há 18 meses, o jornal era visto como aliado do político conservador Baqer Qalibaf, prefeito de Teerã – que analistas políticos dizem se tratar de um potencial rival para Ahmadinejad nas eleições presidenciais de 2009.
O publisher do Tehran Emrooz foi intimado a comparecer ao tribunal no domingo (22/6) para responder a acusações de ‘publicar imagens e material editorial com insultos ao presidente’ e ‘propagar mentiras com a intenção de perturbar a opinião pública’. Na semana passada, o diário publicou uma edição especial por conta do terceiro aniversário da eleição de Ahmadinejad, com direito a artigos críticos à economia iraniana.
Desculpas
Depois do fechamento do jornal e da intimação do publisher, o conselho editorial admitiu, em declaração, ter passado dos limites. ‘Nós declaramos [que a edição especial] foi destituída de um ponto de vista justo e equilibrado, e o conselho editorial do diário pede desculpas aos membros do governo’. O fato foi noticiado pela agência de notícias estatal Irna.
Ahmadinejad assumiu a presidência em 2005 e, desde então, enfrenta críticas contundentes do parlamento, da mídia e do público. Ainda que o governo diga que a imprensa é livre no país, jornalistas alegam que precisam exercer a autocensura para que seus veículos não sejam repreendidos. Desde 2000, o Irã fechou mais de 100 publicações de mídia, muitas delas acusadas de ‘fantoches do Ocidente’. Informações de Hashem Kalantari e Fredrik Dahl [Reuters, 22/6/08].