Centenas de jornalistas paquistaneses participaram, no início desta semana, de manifestações na capital e em outras cidades em protesto ao assassinato do jornalista Hayatullah Khan. Eles exigem que o governo investigue a morte, com base em alegações de que Khan, 30 anos, teria sido seqüestrado por agências secretas de inteligência.
O corpo do repórter foi encontrado com sinais de espancamento e algemado na sexta-feira (16/6) nos arredores de Mir Ali, cidade onde vivia, próximo à fronteira com o Afeganistão. Khan foi seqüestrado há mais de seis meses na conturbada área tribal do Wasiristan do Norte, onde tropas paquistanesas combatem militantes do talibã e da al-Qaeda.
Denúncia
Khan, que era repórter do diário Ausaf e fotógrafo da European Pressphoto Agency, desapareceu dias depois de noticiar um controverso ataque a um esconderijo terrorista. A ação culminou na morte do membro da al-Qaeda Abu Hamza Rabia. O governo paquistanês havia afirmado, inicialmente, que o terrorista havia morrido em um acidente quando produzia bombas, mas Khan publicou fotografias de fragmentos de um míssil americano no local e sugeriu que forças militares americanas teriam conduzido o ataque do Afeganistão.
A denúncia levou a protestos contra os EUA e contra a administração de Pervez Musharraf em todo o Paquistão. O governo nega que alguma agência de inteligência nacional tenha relação com o assassinato do jornalista.
Resposta fraca
O ministro do Interior, Aftab Sherpao, afirma que será conduzida uma investigação oficial sobre o crime, mas ressalta que é provável que Khan tenha sido morto por militantes locais, completando que diversos soldados do governo e aliados tribais foram mortos da mesma forma nos últimos meses.
Os jornalistas paquistaneses, por outro lado, reclamam da resposta do governo, que dizem ser ineficaz. Eles dizem que as autoridades falharam em proteger Kahn, falharam em conseguir sua libertação, e agora não buscam os assassinos com todo o seu empenho. A imprensa quer que o caso seja entregue para a Suprema Corte, tem boicotado coletivas governamentais e se recusado a cobrir eventos oficiais até que seus pedidos sejam atendidos. Informações da BBC News [18/6/06] e de Benjamin Sand [Voice of America, 19/6/06].