Novos detalhes do escândalo de compra de títulos de nobreza no qual estariam envolvidos assessores do primeiro-ministro Tony Blair foram censurados na imprensa britânica, esta semana, a pedido do procurador-geral Lorde Peter Goldsmith, informam notas da AFP [4/3/07] e de Kate Kelland [Reuters, 6/3/07].
O tablóide Sun informou que Goldsmith teria solicitado ao jornal que não divulgasse um e-mail que supostamente havia sido trocado entre dois dos mais próximos aliados do primeiro-ministro: a diretora de relações governamentais Ruth Turner e seu enviado ao Oriente Médio Lorde Michael Levy. Os dois são suspeitos de nomear pessoas para honras de Estado – que dão acesso à Câmara dos Lordes – em troca de doações para partidos políticos.
Na semana passada, o governo havia obtido um mandado de segurança contra a BBC, impedindo a emissora de divulgar uma matéria sobre o mesmo assunto, temendo que isto prejudicasse a investigação sobre o caso. A rede conseguiu levar a matéria ao ar posteriormente. O Mail on Sunday também informou que o escritório de Goldsmith havia solicitado que a publicação não colocasse detalhes do caso em suas edições. O Times noticiou que Goldsmith e detetives da Scotland Yard vão continuar a evitar que a imprensa divulgue documentos da investigação.
Violação de lei
O Guardian, no entanto, conseguiu escapar do bloqueio. Um juiz da Alta Corte se negou, na terça-feira (6/3), a dar a Goldsmith um mandado para impedir a publicação de matéria sobre o caso. O jornal publicou então um artigo de capa acusando os principais assessores de Blair de terem tentado manipular evidências entregues à polícia na investigação.
Além da compra de títulos em si, é investigado se houve violação da lei, que requer que doações e empréstimos não comerciais aos partidos sejam publicamente declarados. A Scotland Yard entrevistou todos os membros do gabinete de Blair, e o próprio já foi interrogado duas vezes como testemunha. Ruth e Levy chegaram a ser presos por terem infringido o Código de Honra de 1925. Ambos foram interrogados sobre suposta conspiração para obstruir a Justiça e foram soltos após pagar fiança. Blair deve deixar o cargo em julho deste ano.