Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Governo afrouxa bloqueio a enciclopédia online

O governo chinês parece ter afrouxado seu bloqueio à versão em língua inglesa da enciclopédia online Wikipedia. O acesso ao sítio havia sido negado há um ano. O fundador da Wikipedia, Jimmy Wales, disse ter ficado satisfeito com a mudança, mas reclamou: as restrições à versão em chinês da enciclopédia continuam.


‘Nós gostaríamos de ver a versão chinesa desbloqueada também’, afirmou Wales. ‘Não sabemos o que levou ao bloqueio e não sabemos o que levou ao desbloqueio [do sítio em inglês]’, completou.


Ainda assim, não se sabe ao certo se o suposto desbloqueio se deu por inteiro. Dias após a notícia, colaboradores da Wikipedia na China afirmaram que alguns artigos continuam proibidos. O blogueiro Andrew Lih, que pesquisa a enciclopédia virtual, disse ter conseguido acesso a textos de temas controversos, mas não conseguiu ler o artigo sobre a repressão ao movimento pró-democracia na Praça da Paz Celestial, em 1989.


Mercado promissor – e controlado


A China é um dos países com mais restrições ao uso da rede. O governo considera que a internet é um importante meio para educar, mas não deve se tornar um ‘território livre’. Ao mesmo tempo, a enorme população chinesa representa um atraente público em potencial para companhias estrangeiras. Por esta razão, empresas online e páginas sem fins lucrativos, como é o caso da Wikipedia, têm sido forçadas a escolher entre cooperar com as autoridades do país ou perder o acesso à crescente comunidade online local.


Organizações em defesa da liberdade de expressão, como os Repórteres Sem Fronteiras, têm feito duras críticas às grandes Yahoo!, Google e MSN, que acusam de aceitar as ordens de censura do governo chinês.


Colaboração


A Wikipedia é uma enciclopédia construída com a colaboração dos internautas. A versão chinesa possui mais de 90 mil artigos e, segundo um antigo colaborador, 40% dos ‘autores’ estão em território chinês. O colaborador, que não quis ser identificado por medo de represália do governo, afirmou que o número de pessoas que contribuem com o sítio na China caiu desde as proibições, no ano passado, e da criação da mais controlada Baidupedia, enciclopédia da Baidu, maior sistema de busca online da China. Ainda assim, conclui ele, ‘algum acesso é melhor do que acesso nenhum’. Informações de artigo de Noam Cohen [The New York Times, 16/10/06].