Será que os editoriais e as matérias marcadas pela parcialidade em questões que envolvem movimentos sociais e grandes corporações no Pará, publicados pelos jornais das Organizações Rômulo Maiorana (ORM), O Liberal e O Amazônia, já enchem uma enciclopédia? Caso seja editada, será ótima peça da parcialidade jornalística.
O editorial da edição de 32.214 do jornal O Liberal de sexta-feira (22/8), outrora o maior do Norte e Nordeste, flagrado pelo Instituto de Verificação de Circulação (IVC) por superdimensionar a tiragem, mais parece uma peça da Santa Inquisição. Intitulado ‘Pecadores e criminosos’, tem como alvo o MST e o segmento da Igreja católica a ele simpático.
O editorial exibe as vísceras pittbulescas do grupo ORM contra os segmentos populares que insistem em desqualificar e lançar acusações sem provas de uma suposta ocupação dos trilhos da Ferrovia de Carajás. Em matéria que não cumpriu o princípio basilar de ouvir as partes envolvidas, os jornais dos Maiorana acusam a Igreja católica de organizar ações contra a empresa Vale.
Reparos pelos impactos
A inspiração do editorial parte de uma evidência de uma dita fonte que espionou a reunião publicizada através de release de um conjunto de organizações dos movimentos sociais e religiosos mobilizado com o objetivo de aprofundar os conhecimentos sobre os impactos sociais e ambientais em torno da ferrovia.
O movimento recebeu o nome de ‘Justiça nos trilhos’ e mantém associação com setores das universidades federais do Pará e Maranhão, para a produção de base técnica que possa subsidiar um grande debate durante o Fórum Social Mundial, que tem Belém como sede, em janeiro de 2009. As informações do coletivo deixam isso claro. É nítido que o objetivo é propor reparos às pessoas e grupos impactados em torno da ferrovia. O coletivo mantém site com as informações.
Grandes projetos
A sanha do grupo Maiorana, na edição de sexta (22) de O Liberal, em mandar para a fogueira dirigentes dos movimentos sociais e seus simpatizantes, se completa com matéria sob a mesma bitola do editorial. E assim o jornal, que modestamente se autodenomina de ‘melhor do Norte e Nordeste’ após ser flagrado com tiragem não condizente com a verdade pelo IVC, do qual rasgou a ficha de filiação, mantém seu fôlego contra os movimentos sociais no Pará.
Será uma mera questão de classe, ou apenas o interesse em mais vendas de páginas de propaganda para o grupo Vale? Uma evidência não muito clara diz que mais propaganda vem por aí.
E que ninguém questione os grandes projetos de feições de enclave. Ora, pois, mas que povo é esse que não conhece o seu lugar?, replicam as entrelinhas e alguns jornais na bela Belém do Pará.
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Colaborador da rede www.forumcarajas.org.br, articulista do Ibase e Ecodebate