Foram árduas as investigações, as estratégias bem arquitetadas, e a execução do plano, bem-sucedida. Assim terminou a “mega-operação militar” que culminou com a derrubada do mais perigoso “terrorista” que há algum tempo causava “pânico” entre os brasileiros. “A caçada” contou com a espetacular participação dos Seals (no nosso caso, deputados opositores ao atual governo), homens bem treinados na arte da lábia, extorsão, conchavos e negociatas. A operação foi eficiente, mas demorou alguns dias para resultar em algo concreto. Sedentos por justiça (Nota: exclusivamente neste texto, o vocábulo justiça é sinônimo de inveja e vingança), os Seals brasileiros (que nada têm a ver com os super soldados americanos) agiram utilizando-se de toda a parafernália necessária para dar cabo desse tão perigoso “agente do mal” em ação no nosso país. Investigaram e revelaram suas atividades secretas, já que não estavam partilhando dos rendimentos obtidos com os negócios ilícitos mantidos pela “atividade terrorista”.
Tudo foi acompanhado em tempo real através de telões por nossos governantes e ministros, que, longe da visão jornalística, também traçavam suas estratégias para que a repercussão não resvalasse mais ainda na já combalida imagem dos políticos petistas. Entre eles, a presidente Dilma Rousseff que, mesmo à distância, foi à responsável pela canetada certeira, bem no meio do espaço reservado à sua assinatura, que pôs fim às atividades criminosas deste temido homem que se aproveitava do seu influente cargo de ministro-chefe da Casa Civil para facilitar seus negócios, no mínimo, duvidosos.
O clima ainda é de temor
Após a derrubada de Antônio Palocci, foram anunciadas pelo porta-voz governamental as medidas necessárias para que o devido respeito ao “terrorista” de colarinho branco fosse, segundo a sua fé, garantida: seu santificado corpo será perfumado e envolto num Armaniconfeccionado sob medida; não será lançado numa prisão, nem mesmo numa cela especial; seu nome será lavado e mantido intocável até que toda a história se evapore e caia no esquecimento; será afastado de suas funções, mas com rendimentos garantidos e suas atividades empresariais – tão rentáveis quanto as do mitológico rei Midas – continuarão ativas e inabaláveis.
Dessa forma, as nossas lideranças esperam não enfurecer ainda mais os intolerantes seguidores da religião Sociedade da Imunidade Parlamentar, já que seu comandante acabou de perder a sua, podendo agora acabar sendo julgado, inclusive por “infiéis”.
Mesmo após essas declarações, o clima ainda é de temor, já que os seguidores do “líder terrorista”, infiltrados no governo, prometeram vingança, em vídeos divulgados pela internet.
Que Allah nos proteja!
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[Cláudio Alexandre Pereira de Sousa é funcionário público estadual, Salvador, BA]