Um fato inusitado aconteceu recentemente e me deixou perplexo: a guerra acirrada entre a Globo e a Record, com direito a documentários de um lado, denúncias de outro e acusações cabeludas de ambos as partes. Mas meu espanto se deu não somente pela baixaria exposta, mas pela sutileza com que Edir Macedo, dono da Record e da Universal, tentou passar para o público evangélico de que essa briga era deles também! Nada mais falso do que isso. E vou explicar por que.
A Rede Record é propriedade de Edir Macedo, logo ela é uma rede de televisão intrinsecamente ligada à Igreja Universal do Reino de Deus, da qual o mesmo Edir Macedo é o bispo presidente. Então era de se esperar que uma rede de TV ligada a um bispo e a uma igreja supostamente evangélica, deveria, no mínimo, favorecer o povo evangélico. Mas infelizmente não é isso o que acontece. Em qual horário se apresenta algum pastor de outra denominação cristã que não seja da Universal? Alguma igreja evangélica do Brasil tem programa na Record? O que não falta lá é tempo disponível para isso, pois o que eles gastam de tempo com o besteirol exibido é de dar calo nas vistas!
A Record não permite que pastores de outras igrejas comprem horário em sua grade. Por que será? E mais ainda: o que eles querem é comprar horário nas outras emissoras e tirar os pastores que lá estão!
E isso não fica somente no âmbito da TV, mas também nas inúmeras emissoras de rádio que eles possuem e em seus púlpitos. Trocando em miúdos, a IURD não tem comunhão com nenhuma Igreja Evangélica e é por esta e outras razões que a disputa por audiência e lucro entre as duas emissoras não tem nada a ver com o povo evangélico. Repito: a guerra entre Record e a Globo não é a guerra dos evangélicos. É a guerra da Record e de Edir Macedo somente.
Esta guerra não interessa aos evangélicos e, portanto, eles estão fora dela!
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Pastor anglicano e jornalista