Os serviços de inteligência do Afeganistão convocaram, na semana passada, um grupo de jornalistas afegãos para distribuir a eles uma carta com restrições ao seu trabalho. Nesta terça-feira (20/6), outros jornalistas receberam o documento nas empresas de comunicação das quais fazem parte – o que causou revolta nos profissionais de imprensa locais, como informa Alastair Leithead [BBC News, 19/6/06].
Segundo o documento de duas páginas, os jornalistas não podem classificar as forças armadas afegãs como fracas, criticar a coalizão com os EUA ou a missão da OTAN, e entrevistar, filmar ou fotografar líderes terroristas. Radiodifusores também foram aconselhados a não divulgar atividades militares. O chefe de redação de uma agência de notícias afirmou que 95% das matérias seriam cortadas caso as regras virem lei.
As restrições não se aplicam a jornalistas estrangeiros e são vistas por críticos como uma tentativa de censura à imprensa. O porta-voz do presidente Hamid Karzai negou que o governo as tenha ordenado, e afirmou que se trata apenas de um pedido à imprensa para não ‘glorificar o terrorismo’. ‘O pedido é inteiramente consistente com os princípios de liberdade da imprensa e de expressão asseguradas pela Constituição’, completou.