Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

Inflação, congestionamento e voto

Os jornais do fim de semana destacaram os soluços da inflação e a nova lei de combate aos acidentes automobilísticos provocados pela ingestão de álcool. As reportagens publicadas no domingo (29/6) já mostram mudanças no comportamento da população, por conta do rigor no uso do bafômetro nas principais cidades do país. Na segunda-feira (30), os dois temas voltam às primeiras páginas, junto com as convenções que definiram novas candidaturas a prefeitos.


De certa forma, são três temas que vão acabar se encontrando no noticiário dos próximos meses, porque as questões do trânsito devem dominar os debates municipais entre os candidatos e porque a ameaça da volta da inflação é o principal ponto de fragilidade na popularidade do grande eleitor deste ano, o presidente Lula da Silva.


A rigor, Lula não tem muito a ver com os problemas que os candidatos a prefeito se habilitam a resolver, mas sua figura deve pesar nas escolhas dos eleitores.


No noticiário sobre o lançamento da candidatura da ex-ministra Marta Suplicy à prefeitura de São Paulo, os jornais destacam que, embora não tenha comparecido à convenção do PT, Lula estava presente em grandes cartazes e no discurso da candidata.


Preocupação real


Não se pode saber quanto vai durar o ímpeto das autoridades contra os motoristas que tomam um gole a mais antes de assumir o volante. Os jornais, de modo geral, já estão contestando indiretamente o conceito de ‘álcool zero’, ao publicar casos de pessoas apanhadas no bafômetro após tomar doses muito baixas. Mas, ao mesmo tempo, os fatos insistem em aconselhar muito rigor contra os que abusam. Nas edições de segunda-feira, os jornais trazem pelo menos mais duas notícias de motoristas embriagados que provocaram acidentes com mortes no fim de semana.


Em São Paulo e outras cidades, o grande tema da campanha será o eterno congestionamento do tráfego. A rigor, como no caso dos acidentes causados por motoristas embriagados, não há solução que não passe por mudanças nos hábitos dos cidadãos, e a imprensa não tem como checar a eficácia das propostas que os candidatos começam a oferecer.


Da mesma forma, não é fácil concluir se o noticiário sobre a inflação contém elementos para uma preocupação real quanto aos riscos de volta do descontrole monetário. Em tempos eleitorais, como os leitores estão cansados de saber, nem tudo é o que parece.