Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Informação de qualidade não tem preço

‘Uma experiência bem sucedida’ (Jornal da Associação Nacional de Jornais – abril/2007; ‘Jornais gratuitos são febre na Europa‘, Observatório da Imprensa – agosto/2007; ‘Circulação de jornais gratuitos deve superar jornais pagos em Portugal’, revista Imprensa – agosto/2007)


Como o leitor pôde perceber pelas chamadas acima, este artigo aborda um assunto que, em 2007, ganha grande atenção e visibilidade na mídia especializada do Brasil e do exterior: a expansão e importância dos jornais gratuitos.


Estima-se que, atualmente, mais de 20 milhões de exemplares de jornais impressos circulem diariamente pelo mundo – há muita gente que ainda imagina que jornais gratuitos são algo exclusivamente brasileiro.


Primeiro, eles invadiram a Europa. A precursora foi a Suécia. Logo se alastraram, principalmente por países como Portugal, Inglaterra e Alemanha. Caíram no gosto do povo, pessoas de todas as idades e classes sociais. Agora, o mais resistente de todos os países em relação a estes veículos, a França, também cedeu à nova tendência. Le Monde – um dos maiores jornais franceses – acaba de lançar o seu vespertino gratuito, com distribuição e logística calcada apenas nas cotas publicitárias, sem assinaturas. Um detalhe é que nenhum dos principais veículos impressos gratuitos da Europa utiliza mais que 40% de suas páginas para anúncios. Traduzindo: a maioria do espaço é dedicada à parte editorial, à produção jornalística.


Referências jornalísticas


E o conceito de que ‘o que é de graça ou muito barato não serve’ vai caindo por terra. De forma bastante rápida e consistente, essa máxima está sendo substituída pela expressão ‘notícia de qualidade não tem preço’. Com esse novo mote, os periódicos gratuitos, que têm grande importância política e social nas regiões em que atuam, além da própria sociedade, começam a tomar consciência da importância desses veículos, que por alguns anos foram ofuscados por grandes conglomerados de comunicação, na tentativa de preservar negócios milionários, cujo objetivo maior é perpetuar o monopólio da grande mídia.


Agora, os números falam por si só. Apenas na Associação Brasileira de Revistas e Jornais (Abrarj), à qual vários jornais tocantinenses são associados, há quase três mil jornais e revistas regionais credenciados, a maioria deles distribuída de forma gratuita. Os jornais paulistas Metrô News e o Destak, que circulam gratuitamente na maior cidade do país, têm tiragem diária acima de 100 mil exemplares, quantidade esta muito superior aos chamados ‘grandes’ jornais diários de diferentes regiões do país, inclusive Goiás e Tocantins.


Em outras capitais, como Brasília, Belo Horizonte e Porto Alegre, periódicos gratuitos já estão em avançado processo de consolidação e são referências jornalísticas locais.


Democratização e descentralização


Por trás desses jornais, diferentemente do que alguns setores que se sentem ameaçados propalam, há uma gama de profissionais, como jornalistas, publicitários, revisores, artefinalistas e fotógrafos incumbidos de produzir matérias e reportagens – além de espaço para o mercado publicitário – com alto teor profissional, para atender diferentes perfis de leitores. A questão é simples: quem se interessaria em anunciar num veículo sem as mínimas prerrogativas editoriais?


Jornais gratuitos geram empregos no até então saturado mercado de comunicação, aproximam à leitura dos que não podem comprar periódicos, informam a sociedade e, muitas vezes, representam de fato os interesses coletivos, por estarem desnudos da aura de elitistas, já que podem ser acessados por todos. Assim como acontece com a TV aberta, que é gratuita, é por meio do jornal impresso gratuito que a democratização e descentralização da comunicação têm o seu maior pilar. Doa a quem doer.

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Editor-executivo do jornal O Girassol, especialista em Comunicação, Educação e Novas Tecnologias, Palmas, TO