O assunto deste texto é a matéria ‘Bebê de Eliza Samudio está há dois meses com a avó em Anhanduí (MS)‘. Confesso que procurei muito no texto, mas não encontrei um valor-notícia essencial: relevância. Além da pauta (que importa aos leitores da Folha saber se o bebê está com a avó ou com qualquer outro parente?), o texto ainda tem pérolas como ‘a Folha encontrou avó e neto depois de falar com dois moradores parados aleatoriamente na rua asfaltada que margeia a rodovia que cruza o distrito’; ou ‘A notoriedade parece não atrapalhar a rotina do bebê (…)’.
Ora, num distrito de 3.400 habitantes, não seria esperado que os moradores se conheçam e que seja fácil localizar alguém que mora lá há pouco tempo? E que tipo de alteração de rotina um bebê de sete meses de idade poderia ter por causa da ‘notoriedade’ alcançada com o crime, ainda mais em uma cidade pequena?
Será que não valeria a pena, na inexistência de qualquer fato novo em relação ao caso, investigar os motivos pelos quais ele ainda não foi solucionado? Será que esse não poderia ser o gancho para uma matéria falando como é tratada a questão da tutela em casos como este?
É triste pensar que, mesmo ainda sendo um estudante de Jornalismo, essas coisas me saltem aos olhos em uma matéria publicada em um dos jornais mais importantes do pais.
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Estudante de Jornalismo, UFSC