O fato: o ministro da Justiça Tarso Genro encerrou um litígio de terras que se arrastava por vários anos. Deu a índios guaranis e tupiniquins a posse definitiva de uma área de 11 mil hectares, disputada com a empresa Aracruz Celulose. O fato foi noticiado pelo Jornal Nacional de terça-feira (28/8). Mas, no dia seguinte, os jornais capixabas brigaram com a notícia.
Vá lá que a imprensa seja parcial. Mas desinformar os leitores é inaceitável. Cogito até reivindicar um recall destas edições.
A Gazeta e A Tribuna deram o fato com pouco destaque na primeira página: uma nota reduzida na Gazeta, nada Tribuna.
Em silêncio
Na Gazeta, matéria no alto da página 8 foi escrita para ser decifrada pelos leitores informados e atentos. Um repórter da CBN ouviu Tarso Genro pouco depois de o ministro receber representantes da Aracruz. O título da página interna mente ao leitor: ‘Índios e Aracruz negociam acordo sobre posse de terra’.
A Tribuna segue na mesma linha: ‘Aracruz diz que quer negociar’. Ora, a disputa dependia de um parecer do ministro e, agora, da homologação da decisão pelo presidente Lula.
Caso encerrado. Os 11 mil hectares são dos guaranis e tupiniquins.
Os dois jornais ainda publicaram uma matéria paga assinada por entidades patronais, na qual ‘manifestam sua indignação contra a decisão do ministro da Justiça, Tarso Genro’.
Mas a matéria paga até que chega a ser esclarecedora: a Aracruz tem razão porque gera empregos, impostos e divisas.
A Aracruz Celulose não se manifestou.
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Jornalista, professor da Universidade Federal do Espírito Santo