Os jornais americanos Philadelphia Inquirer e Philadelphia Daily News parecem ter ultrapassado um novo limite ético na semana passada, ao publicar anúncios publicitários de uma companhia aérea inexistente com o objetivo de medir o alcance e o poder das peças.
‘Os anúncios da Derrie-Air, uma companhia fictícia amiga do meio ambiente que oferecia o preço da passagem de acordo com o peso do passageiro, apareceram 21 vezes nas seções do Inquirer, 15 vezes no Daily News, e na home page do sítio Philly.com’, explicava um artigo publicado no Inquirer, completando que, para medir o alcance na versão online, foi analisado o número de pessoas que clicavam no banner do anúncio fictício; a taxa de ‘cliques’ chegou a 1,25%, quando a média nacional é de 0,05%. ‘Os anúncios não continham retratação, mas uma explicação aparece no sítio indicado aos os leitores. Ela diz, em parte, que a campanha da Derrie-Air é uma peça de ficção criada pela Philadelphia Media Holdings para testar os resultados da publicidade em seus produtos impressos e online e para estimular a discussão de um tópico ambiental de interesse de todos os cidadãos’.
Ainda assim, a falta de explicação na maioria dos anúncios gerou críticas de jornalistas e acadêmicos. ‘É claramente uma fraude’, diz Bob Steele, estudioso de Valores Jornalísticos do Poynter Institute, na Flórida. ‘Os jornais não deveriam se envolver no negócio da enganação’, defende. Kelly McBride, do grupo de ética do Poynter, diz que ‘toda vez que você engana seu público, corre o risco de comprometer a confiança que ele tem em você’. ‘A pesquisa de mercado é um bom método para compreender como a publicidade atua’, afirma, questionando se há um jeito de fazê-la sem que o público seja enganado. ‘Existe algo que você pode criar para medir a resposta das pessoas sem traí-las?’. Informações de Joe Strupp [Editor & Publisher, 9/6/08].