Depois de ficar seis anos na prisão de Evin, em Teerã, Akbar Ganji, principal jornalista investigativo do Irã, foi libertado no último sábado (18/3). As autoridades judiciais do país concederam-lhe liberdade condicional para o Ano Novo iraniano, com comemorações entre os dias 21/3 e 3/4. Como sua sentença termina oficialmente no dia 30/3, Ganji dificilmente voltará à prisão. O jornalista afirmou estar ‘aliviado’ pela liberdade, mas ressaltou que, fisicamente, está ‘muito debilitado’. Ele pesa agora apenas 48 kg e sofre de dores no joelho e nas costas – e precisará passar por cirurgia em breve. Após ser solto, Ganji agradeceu a ‘todos aqueles que lhe deram apoio durante os últimos seis anos’.
‘Estamos muito felizes com a libertação de Ganji e agradecemos a todos no Irã e em todo o mundo que defenderam sua causa. A campanha internacional em nome dele não foi em vão. No entanto, há ainda quatro jornalistas e dois blogueiros presos no Irã’, lembrou em seu sítio [18/3/06] a organização Repórteres Sem Fronteiras, que fez diversas campanhas pela libertação do jornalista.
Em defesa da liberdade da imprensa
Ganji foi preso em abril de 2000 ao voltar de uma conferência em Berlim sobre o movimento reformista no Irã, considerada por autoridades como uma reunião anti-islâmica. O jornalista escrevia para os jornais pró-reforma Sobh-e-Emrouz e Neshat e Asr-e-Azadegan, além de ter sido editor do semanário Rah-e-No. Ele assinou diversos artigos acusando autoridades do primeiro escalão do regime, como o ex-presidente Hashemi Rafsandjani, de envolvimento com assassinatos de escritores e intelectuais dissidentes do regime em 1998.
Em janeiro de 2001, o jornalista foi condenado a 10 anos de prisão por ‘agir contra a segurança nacional’, por ‘insultar o fundador da República Islâmica e os valores sagrados do regime’ e também por ‘propaganda contra a República Islâmica’. Sua sentença foi reduzida para seis meses em maio de 2001, mas, dois meses depois, a Suprema Corte aumentou este tempo para seis anos, com base em irregularidades durante o processo de apelação.
Em 2005, Ganji passou por dois longos períodos de greve de fome e chegou a perder 25 kg. O presidente americano George Bush, a União Européia e muitas organizações de defesa dos direitos humanos pediram diversas vezes por sua libertação. O jornalista virou símbolo de resistência e foi indicado ao Golden Pen of Freedom de 2006, prêmio anual entregue pela Associação Mundial de Jornais a profissionais que lutam pela liberdade de imprensa.