Por que jornalista não pode ser partidário? Quem disse que jornalista não deve ter partido político? Será que foram os mesmos que disseram que tais profissionais não precisavam de diplomas? De onde será que vem tal discurso repetido em tudo que é faculdade de jornalismo? Será que foram os mesmos que ainda acreditam na imparcialidade? Ora, sem essa de acreditar no apartidarismo. Vivemos em uma sociedade partida. Os jornalistas pertencem a uma classe específica e, até onde consigo lembrar, não são, na maioria, pertencentes a elites. O salário esta aí para provar.
O repórter de tal jornal não pode ser filiado, mas o seu chefe, dono do jornal, é deputado! Que coisa, não? Anular o desejo de militar em uma legenda, qualquer que seja ela, é tornar o profissional cada vez mais alienado, submerso a seus superiores. Que o partidarismo sirva, pelo menos, como uma forma de resistência à dominação ideológica dos seus contratantes.
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Envio por aqui algo que acho que interessaria a vocês, que visualizei e não sabia com quem comentar. Veja, abaixo, que interessante a mudança total de sentido da manchete de capa indicada pelo seta no site G1 e a manchete interna, mostrada na outra imagem.
Na capa você lê ‘Avião cai no Amazonas e cinco sobrevivem’. Em tempos de desastres aéreos logo imaginamos que houve uma tragédia e apenas cinco sobreviveram. Na manchete interna é explicado: ‘Avião com cinco pessoas cai no Amazonas’. (Mateus Donato Amorim, estudante de Ciências Sociais na UFRJ, Rio de Janeiro, RJ)
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O programa Observatório da Imprensa na TV pulou para a hora dos notívagos… altas horas! Opinar através do 0800 2166 89 é algo até agora para mim impossível… sempre ocupado. Já nesta última edição via TVE foi sobre o vazamento das sigilosas informações sobre a tragédia do Airbus da TAM, fica aqui uma pergunta bem pertinente: desvendem para mim o segredo dessa caixa-preta do poder público na TVE, que não permite que o programa Observatório da Imprensa possa ser exibido em horário mais saudável – ou seja, salutar, humano. A TVE não tem as concorrências próprias de novelas, pois ela não exibe tais entretenimentos. (Jorge Ferreira de Oliveira, aposentado, Contagem das Abóboras, MG)
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Menos de sete meses após a tragédia na construção da Linha 4 – Amarela do metrô de São Paulo, quando um desmoronamento matou sete pessoas nas obras da Estação Pinheiros, novo problema: um buraco de dois metros na Rua dos Pinheiros, Zona Oeste da capital. Desta vez, não houve nada grave. ‘Tudo normal, sem importância’, diz a grande imprensa, citando apenas fontes oficiais: o metrô e o consórcio responsável. Mas esse não é o primeiro, nem o segundo, é o quinto acidente da obra. Normal?
Gostaria de ouvir a resposta do governador José Serra (PSDB). Impossível. Na grande imprensa não há qualquer menção ao nome de Serra quando são noticiados os problemas da Linha 4. Parece que o governo do estado de São Paulo nada tem a ver com o assunto. Serra ainda não falou sobre a tragédia do início do ano, ou qualquer um dos outros acidentes relacionados à obra, e nem é cobrado por isso.
Talvez meus companheiros escribas temam por seus empregos. Segundo o jornalista Paulo Henrique Amorim, o governador liga para os donos dos grandes jornais, de quem tem apoio incondicional, e ‘pede a cabeça’ dos repórteres que lhe incomodam. Democrático, não? Deve ser por isso também que Serra não é questionado quanto às dezenas de CPIs arquivadas na Assembléia, sobre a péssima qualidade da educação nas escolas estaduais e os hospitais estaduais (que, na periferia, são carinhosamente chamados de ‘Jesus chama’ e ‘açougue’). O governo tucano afunda cada vez mais o estado. Literalmente. (Leandro Conceição, estudante de Jornalismo, São Paulo, SP)
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Em sua estréia, na segunda-feira (6/8), na Band News FM, Marcelo Tas e Dora Kramer manipularam os dados da última pesquisa Datafolha sobre o governo Lula. Eles disseram que se 48% dos brasileiros aprovam o governo Lula, é por que 52% o desaprovam. Ocorre os dados da pesquisa são os seguintes: a) 48% é o índice dos que consideram o governo ‘bom ou ótimo’; b) 32%, os que o consideram regular; c) e só 17% o consideram ‘ruim ou péssimo’. Dora deixou de mostrar esses dados e junto com o Marcelo Tas concluíram que 52% dos brasileiros desaprova o governo Lula. Por favor, respondam: isso é incompetência ou má-fé? (Antonio Caetano, advogado, Brasília, DF)
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Leitor assíduo e admirador deste Observatório, estou surpreso com a ausência de comentário sobre o absurdo cometido pela Rede Globo no Jornal Nacional, edição de sábado (4/8) ao misturar o movimento popular contra o governo Lula e a comoção causada pelo acidente da TAM. Pôs no ar um pai inconformado com a perda do corpo da filha, com ares de ‘atitude sensata’, e em seguida mostrou imagens do protesto que teve lugar em diversas capitais do país, tomando o cuidado de editá-las para que só aparecessem mulheres com aspecto de ‘dona-de-casa’. Isso sim é que é afronta à concessão que se faz à informação. Nem sei por que ainda me dou ao trabalho de assistir a esse deplorável Jornal Nacional… Deve ser para fazer o papel de ‘lobo do lobo do homem’, como diz Caetano Veloso na canção Língua. (Renato Martins Lazzari, analista de sistemas, São Paulo, SP)
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No domingo (5/8), na assexuada revista do Globo, uma matéria deve ter chamado a atenção dos jornalistas, pois tratava dos correspondentes estrangeiros no Brasil. E, gravíssimo, o novo correspondente do New York Times não quis ser fotografado, nem entrevistado, sob a justa alegação de que jornalista deve produzir notícia, nunca ser – ele próprio – a notícia. O tema vale infindáveis reportagens, mas o silêncio é sempre mais interessante. (Roberto Salgado, jornalista, Rio de Janeiro, RJ)
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Assistindo na terça-feira (7/8) ao Jornal das 10, da Globonews, pude observar um comentário do Merval Pereira a respeito do que teria dito o presidente da República em entrevista em Honduras. Segundo Merval, o presidente falou que o caso Renan não poderia atrasar a votação da CPMF. Ao que me consta, o presidente pronunciou a seguinte frase: ‘Nenhum caso individual, por mais importante que seja, pode atrapalhar a votação de coisas de interesse do nosso país’. Se ‘coisas de interesse do nosso país’ na interpretação do Merval Pereira é a votação da CPMF, creio que ele deveria deixar claro que isto é uma opinião, concordam? Senão fica parecendo que o que ele falou tratava-se da realidade objetiva. (Cristóvão Melo, servidor público, Brasília, DF)
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Ao acompanhar a cobertura de três jornais – Folha de S.Paulo, O Estado de S.Paulo e A Notícia (Joinville) – sobre o último dia das competições dos Jogos Pan-Americanos verifiquei o descaso para com as maratonistas mulheres. Não foi feita nenhuma citação a elas, como se não tivessem participado da maratona. No caso de A Notícia, nem mesmo citou que a joinvilense Marcia Narloch ganhou a medalha de prata da competição feminina. É muita discriminação. (Domingos Miranda, jornalista, Joinville, SC)
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No caso da divulgação, pela Folha de S.Paulo, das gravações da caixa-preta do Airbus da TAM acidentado em Congonhas, a imprensa precisa entender que o povo não quer a condenação por condenação, mas a condenação dos verdadeiros responsáveis para que esses fatos não voltem a acontecer, pois as vidas perdidas não voltarão mais. O que se vê é uma total falta de respeito para com as pessoas, inclusive os familiares das vítimas que têm que assistir a esta novela da vida real. Cada dia é um capitulo, capítulos esses que parecem não ter mais fim: é um capítulo desmentindo o outro, deixando todos atordoados. É a imprensa ajudando a desinformar. E o Congresso Nacional tem que entender que não tem capacidade técnica para investigar esse tipo de assunto, ou qualquer outro tipo de assunto – sequer sabe fazer leis boas; no máximo poderia acompanhar sem direito a palpite. Não precisa nem ser uma investigação transparente, basta ser séria. Cria-se CPI e acaba em politicagem, pois só serve para palanque. Para que servem as instituições Polícia e Ministério Público? Se essas instituições não sabem investigar, será que CPI sabe? (Ricardo Alves de Araújo, funcionário público, Fortaleza, CE)
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Por iniciativa de mentes equivocadas e desrespeitosas foi criado no rádio cearense a mania de rotular alguns ouvintes de rádio de ‘mala’ – um termo que desrespeita , humilha e provoca a quem não comete nenhum tipo de crime a não ser emitir sua opinião. Hoje corre no rádio cearense uma lista de nomes que segundo algumas mentes doentias seriam os ‘malas do rádio’. Como imaginar que radialistas ainda pensem nos seus ouvintes como ‘malas’? Por que não respeitam os seus colaboradores? Por que nosso rádio tem se transformado num espetáculo de desrespeito e desconsideração para quem, por meio de sua audiência e participação, contribui para o engrandecimento deste meio de comunicação?
Não podemos aceitar este tipo de ação de mau gosto, pois ao chamar seus ouvintes de ‘mala’ o radialista prova que não tem compromisso com o que faz e nem respeita a quem participa de seus programas. Claro que alguns ouvintes podem cometer excessos, mas isto só ocorre quando o radialista não põe limites no seu programa nem tem o organiza corretamente. Chamar ouvinte de ‘mala’ prova que alguns radialistas precisam aprender o que é cidadania, o que é respeito, o que é consideração. O radialista que tem seu ouvinte como ‘mala’ é um doente terminal que não acredita no que faz nem sabe a importância do meio do qual faz parte. Ou não aprendeu a ser ético no exercício de uma profissão das mais importantes da sociedade moderna. (Francisco Djacyr Silva de Souza, presidente da Associação de Ouvintes de Rádio do Ceará, Fortaleza, CE)
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Estudante, Juazeiro, BA