É incrível a frieza e o distanciamento com que a chamada grande imprensa recebeu a notícia da interrupção das atividades da Tribuna da Imprensa. Mesmo que a interrupção seja superada e o jornal volte a circular, o fato em si merecia ser examinado e analisado com atenção.
Em primeiro lugar porque o jornal parou como sempre viveu – atirando. É grave, gravíssima, a denúncia do editor da Tribuna, Hélio Fernandes, contra o ministro do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa.
A rapidez com que o STF concede um habeas corpus ao banqueiro Daniel Dantas contrasta dramaticamente com a acusação de que o pedido de indenização requerido pelo jornal está há três anos parado nas mãos do ministro, um dos magistrados mais respeitados da suprema corte. Só isto já mereceria um pouco de atenção da imprensa.
Direito de saber
É fato histórico, público, notório que o jornal foi o mais perseguido e o mais prejudicado durante os 21 anos da ditadura militar. Esse pedido de indenização – independente dos valores e das alegações – está intimamente relacionado com um dos períodos mais sombrios da história republicana.
Convém não esquecer que daqui a poucos dias a imprensa estará lembrando os 40 anos do nefasto AI-5 – e a Tribuna foi uma das suas maiores vítimas.
Uma imprensa que não trata da imprensa não pode pretender a qualificação de isenta, objetiva nem inteligente. Os quase 60 anos da Tribuna não podem ser soterrados com registros de algumas linhas.
O leitor, sobretudo o leitor jovem, tem o direito de saber o que aconteceu e o que vai acontecer com o jornal fundado por Carlos Lacerda para combater o getulismo e tinha a lanterna de Diógenes como seu símbolo e inspiração.
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