Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Juiz proíbe publicação de matéria do Jornal da Tarde

Leia abaixo a seleção de quarta-feira para a seção Entre Aspas.


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Jornal da Tarde


Quarta-feira, 25 de junho de 2008


 


CENSURA
Felipe Grandin


Jornal da Tarde é censurado


‘Passados quase 40 anos da adoção do AI-5, que marcou o início do período mais duro do regime militar, o Jornal da Tarde volta a ser vítima de um ato de censura. Liminar concedida ontem pelo juiz-substituto Ricardo Geraldo Rezende Silveira, da 10ª Vara Federal Cível de São Paulo, proibiu a publicação de reportagem sobre supostas irregularidades cometidas pelo Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) – que estão sendo apuradas pelo Tribunal de Contas da União (TCU).


A liminar foi entregue ontem às 20h na redação do JT por Cláudia Costa, advogada do Cremesp. Sua autenticidade foi confirmada pela Assessoria de Imprensa do Tribunal de Justiça. O juiz não foi encontrado para comentar a decisão.


A reportagem estava apurando as denúncias quando foi surpreendida pela liminar. Primeiro, foi avisada por telefone pela assessoria de imprensa do órgão e, depois, a cópia do documento foi entregue pessoalmente pela advogada.


Ontem à tarde, em entrevista, o presidente do Cremesp, Henrique Carlos Gonçalves, insinuou que poderia processar o JT, caso as denúncias fossem publicadas. ‘Qualquer divulgação (…) que venha a macular a imagem da instituição, evidentemente, o difamador nós vamos processar e quem, evidentemente, fizer a propalação desta difamação. Com processo civil e com processo-crime.’ E justificou: ‘Não é nada pessoal. É uma instituição pública que tem que manter esse status.’


Horas depois, chegou o parecer do juiz. Silveira decidiu atender o pedido do Cremesp (veja ao lado). A alegação do órgão era de que ‘as supostas irregularidades não se sustentam’ e que havia ‘intuito político da reportagem, ante o processo eleitoral em que se encontra a autarquia’. A eleição da nova diretoria do conselho será em agosto.


O magistrado ainda intimou o Grupo Estado, do qual o JT faz parte, a ‘prestar esclarecimentos’ no prazo de 72 horas. E suspendeu a publicação da reportagem ‘até ulterior determinação deste Juízo’.


Repercussão


‘Teria que prestar esclarecimentos sobre o quê? Sobre o que vai publicar? Sobre a intenção? Isso é censura’, disse o jurista Dalmo Dallari, professor catedrático da USP. ‘Ele está se baseando em suposições. Não há nenhum dado objetivo que dê fundamento a essa decisão.’


‘A Constituição Federal, no artigo 220, proíbe a censura e especialmente a censura prévia’, afirma o presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Maurício Azêdo. ‘O grande inimigo da imprensa hoje é o Poder Judiciário, que, em decisões de juízes despreparados e com vocação totalitária, cerceia a liberdade de expressão e os direitos estabelecidos.’


Para a Federação Nacional dos Jornalistas, o ato é antidemocrática. ‘Lutamos muito pelo fim da censura, mas infelizmente isso tem se tornado freqüente’, disse o presidente do órgão, Sérgio Murillo de Andrade. Ele diz que o Conselho pode procurar a Justiça se informação inverídica for publicada. ‘O jornal é impedido de fazer o seu trabalho, o maior prejudicado é o cidadão.’


A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) condenou a decisão judicial. ‘A Justiça nunca deveria proceder dessa forma.Não podemos ter jornais censurados vivendo em uma democracia’, afirmou Plínio Bortolotti, diretor da Abraji para assuntos de liberdade de imprensa. ‘A Abraji defende o direito que qualquer pessoa tem de entrar na Justiça ao se sentir ofendida com um conteúdo publicado. Mas, nesse caso, a matéria sequer tinha sido publicada.’


O Sindicato dos Jornalistas do Estado reconhece que os mecanismos judiciais fazem parte da democracia, mas não devem ser usados em favor da censura. ‘Todo cidadão tem direito de recorrer à Justiça, mas quando tentam usar isso de modo escuso é condenável’, afirmou José Augusto Camargo, presidente do Sindicato.


A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) também condenou a atitude do Cremesp e do juiz. ‘O abuso é punido a posteriori. Jamais previamente, antes de expressado o pensamento’, diz o presidente da OAB, Cézar Britto. ‘A prática da censura prévia tem sido noticiada constantemente, o que deve acender o sinal de alerta da democracia.’’


 


 


 


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Folha de S. Paulo


Quarta-feira, 25 de junho de 2008


 


IMAGEM
Clóvis Rossi


O partido do biquinho


‘SÃO PAULO – O fotógrafo Joel Silva, desta Folha, capturou no domingo um raro instantâneo, o do cúmulo do cinismo na política. Refiro-me à foto de Joel em que Geraldo Alckmin e José Serra aparecem de mãos dadas, festejando a vitória de Alckmin na convenção do PSDB.


Quem sabe o que um diz do outro longe de câmeras, gravadores (e fotógrafos), sabe também do que estou falando. Se não fossem políticos, trocariam facadas, não abraços. Facadas verbais, talvez, porque se pretendem civilizados, mas facadas. Como são políticos, trocam abraços, um exercício de hipocrisia que só contribui para destroçar ainda mais a já baixa credibilidade do mundo político.


O pior é que não têm motivos políticos para trocar facadas. Afinal, até hoje, passados praticamente dois anos, ninguém do tucanato se animou a explicar por que Alckmin era melhor candidato à Presidência do que Serra. Agora tampouco há uma explicação política para que alguns tucanos prefiram Gilberto Kassab a Alckmin e outros tucanos prefiram Alckmin a Kassab. Tudo, como disse editorial de ontem desta Folha, se resume a projetos pessoais.


Tanto é assim que os tucanos ‘kassabistas’ insistiram, uma e outra vez, que Kassab é melhor candidato porque ajuda a candidatura Serra em 2010, não porque administra melhor que Alckmin. Se atacassem Alckmin diretamente, desqualificariam todo o partido, na medida em que Alckmin foi candidato presidencial do PSDB. Se era bom para tentar administrar o país, não poderia ser ruim para governar uma cidade.


A verdade é certos tucanos precisam afagar Kassab, porque são muitas as plumas que se aninham na prefeitura.


Só falta Anthony Garotinho dizer que é o ‘partido do biquinho’, contraponto ao ‘partido da boquinha’, tascado por ele no PT.’


 


 


DONA RUTH
Folha de S. Paulo


Ruth Cardoso morre aos 77 anos em SP


‘A antropóloga e ex-primeira-dama Ruth Corrêa Leite Cardoso, 77, mulher do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), morreu às 20h40 de ontem, na residência dela, em São Paulo, no bairro de Higienópolis, região central.


Segundo informe médico, divulgado ontem por meio de nota, em frente à casa do ex-presidente, Ruth morreu de arritmia grave decorrente de doença coronariana, que já havia sido revelada em dois cateterismos prévios feitos em 2004 e 2006.


A ex-primeira-dama havia sido internada no hospital Sírio-Libanês na última sexta-feira com angina (dores no peito). Chegou a passar pela UTI.


Na segunda-feira pela manhã, recebeu alta do hospital e, por recomendação do médico Artur Beltrame Ribeiro, se submeteu a um cateterismo no Hospital do Rim, da Unifesp (Universidade Federal do Estado de São Paulo). Recebeu alta no mesmo dia.


O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), amigo de Ruth, decretou luto oficial no Estado de três dias.


O velório será hoje, das 10h às 21h, na Sala São Paulo (centro). O enterro está previsto para amanhã pela manhã no cemitério da Consolação, na capital. A família quer esperar uma das filhas, que está na Espanha.


Segundo a reportagem apurou, a ex-primeira-dama estava na da cozinha, conversando com o filho Paulo Henrique, quando passou mal. Ao ver que a mãe iria cair, ele a segurou. O ex-presidente, que estava em seu escritório no Instituto Fernando Henrique Cardoso, no centro, foi avisado pelo filho.


O anúncio da morte chocou os amigos. Alguns disseram que haviam conversado com ela por telefone após a alta hospitalar e que Ruth se mostrava confiante no tratamento.


Hospital


Segundo o médico Ribeiro, Ruth deixou o Hospital Sírio-Libanês para se submeter a um cateterismo no Hospital do Rim, onde estão todos os exames anteriores realizados por ela. ‘O cardiologista, que já tinha feito a intervenção, também poderia ter feito no hospital Sírio, mas ficava mais prático para todos nós no Hospital do Rim. Era uma questão de usar o que tinha lá’, afirmou.


Na ocasião, os médicos afastaram a possibilidade de cirurgia cardíaca e de colocação de stent (espécie de malhinha de metal, inserida por cateter, que serve para filtrar placas de gordura e desbloquear artérias).


Segundo Ribeiro, o resultado do cateterismo foi igual ao anterior, feito há quatro anos. ‘E não precisava, portanto, nem colocar nada, nem stent nem cirurgia nem nada. Então, a equipe que tinha cuidado dela anteriormente, sob a chefia do dr. Walter Lima, falou: ‘Está tudo igual’. O dr. Edson [Stefanini] e eu concordamos. Dissemos: ‘Vai tratar clinicamente’. Ela teve alta e celebramos. Para os médicos, [a morte] foi uma triste surpresa’, afirmou.


Bacharel em ciências sociais pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP, a ex-primeira-dama se casou em 1953 com Fernando Henrique, com quem teve três filhos.


Em nota, o presidente do PSDB, Sérgio Guerra, informou o cancelamento da festa dos 20 anos do partido prevista para hoje. ‘O PSDB perdeu hoje uma parte de sua história no momento em que comemorava os 20 anos de sua fundação. Os brasileiros ficaram sem a presença de uma mulher generosa, forte e combativa, que sempre sonhou com um país mais solidário, rico e justo.’


Até as 22h de ontem, vários amigos continuavam na residência da família.’


 


 


Antropóloga estudou condição feminina e se projetou com Comunidade Solidária


‘Antes de se tornar nacionalmente conhecida como mulher do então presidente Fernando Henrique Cardoso, Ruth Corrêa Leite Cardoso, 77, já tinha uma longa carreira como antropóloga dedicada a estudos de gênero e de aculturação.


Contudo, ela só ganhou projeção nacional no governo FHC por implantar o programa Comunidade Solidária que, de 1995 a 2002, alfabetizou 3 milhões de jovens, capacitou outros 114 mil para o mercado de trabalho e estimulou a organização de mulheres artesãs em cooperativas de produção.


Apesar disso, o programa era criticado até mesmo por aliados do governo, como o senador baiano Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), e pelo ministro das Comunicações, Sérgio Motta, que declarou: ‘Essa masturbação sociológica me irrita’. FHC respondeu secamente: ‘Ministro não critica governo’. Motta silenciou.


Discreta, Ruth criticou várias vezes a imprensa por considerar que tinha sua vida privada invadida com freqüência.


Na área acadêmica, a antropóloga criou na USP o Núcleo de Estudos da Mulher e Relações Sociais de Gênero. Também se destacou por suas duas teses sobre aculturação dos japoneses no Brasil, que ganharam especial repercussão neste ano em razão do centenário da imigração japonesa.


Decidida a estudar filosofia, Ruth mudou-se de Araraquara (SP), sua cidade natal, onde nasceu em 19 de setembro de 1930, para São Paulo aos 19 anos. Na USP, conheceu FHC, um ano mais novo do que ela. Eles se formaram em 1952 e se casaram no ano seguinte. Mas, enquanto FHC se dedicava à carreira acadêmica, ela trabalhou também como assistente na área de recursos humanos da USP e cuidava dos três filhos do casal, o que fez com que sua produção científica progredisse mais lentamente que a dele.


Defendeu seu mestrado em 1970 com o ‘Papel das Associações Juvenis na Aculturação dos Japoneses’, e seu doutorado em 1972, com a tese ‘Estrutura Familiar e Mobilidade Social: estudo dos japoneses no Estado de São Paulo’. Fez pós-doutorado na Universidade Columbia (EUA). Publicou ainda ‘A Aventura Antropológica’.


Seus estudos não tiveram a mesma repercussão que os de FHC, conhecido internacionalmente pela teoria da dependência, mas a levaram a lecionar nas universidades de Berkeley (EUA) e Cambridge (Inglaterra). Quando seu marido foi aposentado compulsoriamente pelo AI-5 em 1968, Ruth permaneceu vinculada à USP, enquanto ele se dedicou a fundar o Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento). Em 1975, ela se tornou coordenadora da pós-graduação de ciência política -área onde atuou até sua morte. Ruth só entrou para o Cebrap depois que FHC deixou o instituto.’


 


 


PROPAGANDA ELEITORAL
Folha de S. Paulo


Folha não fez propaganda, diz procurador


‘A Procuradoria Regional Eleitoral de São Paulo pediu a anulação da sentença que multou a empresa Folha da Manhã S.A., que edita a Folha, por propaganda eleitoral antecipada após publicação de entrevista com a pré-candidata à prefeitura paulistana Marta Suplicy (PT), também condenada.


O parecer, assinado pelo procurador regional eleitoral substituto Pedro Barbosa Pereira Neto, será analisado pelos magistrados do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) de São Paulo.


‘A matéria veiculada está longe de configurar uma propaganda antecipada, havendo, no conjunto das questões formuladas à recorrente [Marta Suplicy], um espírito crítico próprio do bom jornalismo, como, por exemplo, a pergunta sobre a expressão ‘relaxa e goza’, que, como é de conhecimento público, marcou negativamente a imagem da recorrente’, informou Pereira Neto.


A representação contra a Folha e a ex-prefeita foi movida por quatro promotores eleitorais de primeira instância, que entenderam que a entrevista, publicada no dia 4, era irregular, pois abordava propostas de campanha da petista, o que a colocaria em posição de vantagem em relação aos demais pré-candidatos ao cargo.


Francisco Carlos Shintate, juiz auxiliar da 1ª Zona Eleitoral, concordou com os promotores Eduardo Rheingantz, Maria Amélia Nardy Pereira, Patrícia Aude e Yolanda Alves Serrano de Matos e condenou o jornal e a ex-prefeita ao pagamento de multa.


Para Pereira Neto, que atua na segunda instância do Ministério Público, a entrevista não fere o princípio da igualdade entre candidatos.


‘Bem examinada a questionada entrevista e o contexto em que foi concebida, não se pode dizer que seu teor desbordou para a propaganda eleitoral antecipada, não havendo nenhum propósito explícito de enaltecimento das qualidades da recorrente, sendo antes a cobertura jornalística de uma pessoa pública, cujas idéias a sociedade brasileira e, em especial, a paulistana tem o direito de conhecer, analisar e formular suas convicções.’


Pluralismo


Ainda de acordo com o procurador, o jornal publicou entrevistas com pré-candidatos de outros partidos, o que atende ao princípio do pluralismo e ‘contribui fortemente para a construção da informação qualificada imprescindível para o exercício do voto.’


Sobre Marta ter falado de plataforma política, principal argumento dos promotores para defender a existência de propaganda antecipada, ele disse que nem poderia ser diferente, já que Marta é pré-candidata.


‘A entrevista está relacionada com a mera informação jornalística de interesse público, de trazer a conhecimento da sociedade paulistana a existência de pessoas que pretendem submeter seus nomes ao escrutínio popular, não havendo qualquer preceito que estipule a obrigação da imprensa escrita de entrevistar todos os pré-candidatos, muitos dos quais não são sequer conhecidos.’


Com o parecer em mãos, o desembargador Walter de Almeida Guilherme, juiz do TRE e relator do caso, preparará seu voto, que será lido e discutido pelos colegas de plenário.


O tribunal julgará ainda a condenação da Editora Abril, responsável pela revista ‘Veja São Paulo’, também por conta de uma reportagem publicada com Marta.’


 


 


Juiz rejeita representação do Ministério Público contra ‘Estado’ e prefeito de SP


‘O juiz titular da 1ª Zona Eleitoral de São Paulo, Marco Antonio Martin Vargas, rejeitou a representação iniciada pelo Ministério Público contra o jornal ‘Estado de S. Paulo’ e contra o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), pré-candidato à reeleição.


Ao contrário do que sustentou a Promotoria, o juiz de primeira instância não viu na entrevista publicada no dia 14 de junho uma propaganda eleitoral antecipada.


‘A matéria e entrevista verificadas foram pautadas no momento político que se verificava, qual seja a discussão acerca de aliança com outro partido, e trouxeram respostas às críticas que sua gestão sofreu durante outras entrevistas realizadas com outros potenciais candidatos, mas, em momento algum, houve destaque de proposta de campanha de sua candidatura’, informou o magistrado.


Na sentença, o juiz ressaltou considerar que a entrevista do ‘Estado’ com Kassab é diferente das publicadas com Marta Suplicy, pré-candidata à Prefeitura de São Paulo pelo PT, na Folha e na revista ‘Veja São Paulo’ -a petista, o jornal e a revista foram condenados ao pagamento de multa por um juiz auxiliar de Vargas.


‘No entanto, no caso em questão e diferentemente dos outros, […] [a entrevista] não trouxe qualquer conteúdo de proposta de campanha, pois apenas houve o destaque de atos de governo realizados, inerentes à pessoa do entrevistado como gestor público’, informou o juiz.’


 


 


Felipe Seligman


TSE quer rever resolução sobre propaganda


‘O presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Carlos Ayres Britto, propôs ontem mudar o texto da resolução do tribunal que trata da propaganda eleitoral, com objetivo de impedir que a imprensa escrita seja punida pela Justiça Eleitoral ao publicar entrevistas com pré-candidatos. A idéia dividiu os ministros do tribunal, que decidiram adiar o debate para amanhã.


O presidente do TSE levou o assunto ao debate motivado pela decisão da 1ª Zona Eleitoral de São Paulo de multar a Empresa Folha da Manhã S.A. e a Editora Abril, por entrevistas com a pré-candidata à Prefeitura de São Paulo Marta Suplicy (PT) publicadas na Folha e na revista ‘Veja São Paulo’. O juiz considerou que as entrevistas equivaliam a propaganda antecipada.


Ontem, inicialmente, Britto sugeriu reescrever o artigo 24 da resolução 22.718 deste ano, que diz: ‘Os pré-candidatos poderão participar de entrevistas, debates e encontros antes de 6 de julho de 2008, desde que não exponham propostas de campanha’. Para ele, a limitação deveria ser retirada.


Para o ministro, ‘é bom que o candidato exponha sua opinião em época eleitoral, que é o clímax da democracia’, disse.


Britto disse que os jornais podem ‘inclusive revelar sua preferência por determinados candidatos’. Ao dizer isso, foi interrompido por seu colega Joaquim Barbosa, que chamou de ‘hipocrisia’ o fato de os jornais não revelarem suas preferências.


A proposta de Britto foi recebida com resistência por pelo menos três ministros: Ari Pargendler, Marcelo Ribeiro e Eros Grau.’


 


 


Lilian Christofoletti


Sou contra ‘qualquer restrição’ à imprensa, diz procurador-geral


‘O procurador-geral de Justiça do Estado de São Paulo, Fernando Grella Vieira, afirmou que discorda do entendimento de seus promotores eleitorais, que consideraram propaganda eleitoral antecipada as entrevistas com pré-candidatos. ‘Sou favorável à inexistência de qualquer restrição [à liberdade de imprensa]’, afirmou Grella, que ressaltou ser uma opinião pessoal dele.


Há 87 dias no cargo, Grella diminuiu o número de assessores do procurador-geral, de 67 para 42, ‘o que trouxe uma economia mensal de R$ 100 mil’, e quer criar novas vagas de procurador de Justiça. Leia abaixo trechos da entrevista à Folha:


FOLHA – A Promotoria eleitoral considerou algumas entrevistas com pré-candidatos uma propaganda eleitoral antecipada. Qual a opinião do sr. sobre isso?


GRELLA – A interpretação dada pelos quatro colegas que oficiam na 1ª Zona Eleitoral e que foi acolhida pelo juiz não é pioneira, já foi defendida em livro e em casos concretos e, acima de tudo, dá concretude a uma diretriz contida em resolução do TSE. O próprio presidente do TSE falou da possibilidade de rever essa norma. É um assunto extremamente polêmico, pois envolve confronto de princípios constitucionais de peso: a igualdade entre os candidatos e o direito à informação.


FOLHA – Qual o seu entendimento?


GRELLA – Pessoalmente sou favorável à inexistência de qualquer restrição, pessoalmente.


FOLHA – Por quê?


GRELLA – Porque não vejo muita utilidade nesse tipo de controle que o Estado quer se propor a fazer. Neste assunto, não deveria haver limitações ou restrições. Deveríamos reservar isso para situações em que houvesse um prejuízo demonstrado por um candidato. Mas é uma opinião pessoal minha, e acredito até que os colegas agiram corretamente, eles representam a concretização de uma norma do TSE.


FOLHA – Quando fala em norma do TSE, o sr. fala do artigo 24, que proíbe o candidato de falar de plataforma política em entrevistas para rádio e TV. O sr. entende que isso também se aplica a jornais e revistas?


GRELLA – É outro tema que o presidente do TSE entende que deveria haver uma distinção entre os meios de comunicação. Rádio e TV são concessões públicas, jornal, não.


FOLHA – Mas, na opinião do sr., o artigo 24 pode ser aplicado para jornais e revistas?


GRELLA – Não, acho que não, são meios distintos. Se tivesse de prevalecer uma linha, defenderia a ausência de restrições também para TV e rádio.


FOLHA – Um procurador disse que o sr. errou ao indicar as promotoras para a função eleitoral, pois elas não se enquadram nas normas fixadas pelo conselho do Ministério Público.


GRELLA – O critério que adotamos é o mesmo das últimas gestões do Ministério Público. Elas estão exercendo uma função temporária para auxiliar nos casos de propaganda eleitoral e vão continuar.


FOLHA – O sr. definiu que a prioridade do Gaeco, grupo de atuação especial do Ministério Público, será o crime articulado de dentro de presídios e que qualquer outro caso, inclusive os que envolvam agentes políticos, dependerá de ‘autorização expressa’ do senhor. Por quê?


GRELLA – Essa medida fortalece o grupo, que deve ter uma área de atuação definida e não se ocupar com assuntos variados, dispersando sua força. Não é autorização expressa para investigar, mas para dizer se o Gaeco vai assumir um caso ou se ficará com o promotor natural. O procurador-geral só entraria quando houvesse um conflito. O que não posso é tirar um caso do promotor natural para passar para o Gaeco.


FOLHA – Isso não cria uma concentração de poder nas mãos do procurador-geral, tornando possível interferências políticas?


GRELLA – Não. Primeiro, não vou dizer sobre o mérito. Segundo, ninguém vai tirar caso do promotor natural e passar para o Gaeco nem o contrário. Só vou designar quando o promotor natural quiser transferir um caso para o Gaeco. Ao contrário do que possa parecer, é uma ação muito mais protetiva do Gaeco e mais respeitosa à independência funcional dos promotores. O papel do procurador-geral será de expectador, atuará em caso de conflito.’


 


 


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


Dona Ruth


‘No que foi possível acompanhar, o Globo Online deu a notícia pouco antes das 21h, na internet, e a Record News pouco depois, na televisão. Ambos com informações do presidente do PSDB, Sérgio Guerra, que registrou ainda o cancelamento da festa pelos 20 anos do partido. Globo e as redes abertas deram depois, sem alterar programação. A Record News cobriu sem parar por duas horas, abrindo com entrevista ao vivo de Geraldo Alckmin, que lembrou a ‘companheira do partido’. Depois, também por sites, rádios e outros, falaram Arthur Virgílio, Paulo Renato, José Gregori, Marcos Mendonça, Alberto Goldman, que concentraram a memória de Ruth Cardoso no papel de primeira-dama, dona Ruth, como foi chamada na cobertura, e pouco na antropologia e em sua trajetória pessoal.


GLOBO VS. CRIVELLA


Entra Fátima Bernardes à tarde e anuncia que ‘Nelson Jobim decide tirar o Exército do morro’. Foi ordem de um juiz eleitoral que ‘recebeu denúncia anônima de que Marcelo Crivella estaria usando as obras como propaganda ilegal’. As ‘provas seriam a página do senador na internet e um folheto’ sobre o Cimento Social.


O ‘Jornal Nacional’, posteriormente, mostrou o próprio folheto, no processo, e fez uma entrevista com o juiz.


Dias atrás, o mesmo ‘JN’ passou a destacar, sobre o morro da Providência, que o ‘setor de inteligência’ do Exército descobriu que ‘pessoa que se apresentou como assessor do senador teria feito acordo com traficantes’.


GLOBO VS. DUNGA


Na sexta, em entrevista a Luciano Borges no Terra, o técnico Dunga saiu dizendo que ‘a poderosa manda’. Que ‘tinham a escalação, o time, as preferências, mas isso mudou’, daí a campanha contra ele. ‘Não digo que seja a TV Globo, mas alguns que trabalham lá.’ Aliás, ‘sei que vão fazer leitura labial comigo, mas eu não mudo’.


No domingo, o ‘Fantástico’ fez mais. Além da leitura labial, a Globo elevou o volume e abriu legenda para a torcida. Primeiro, dizendo ‘burro, burro’. Por fim, encerrando o quadro, ‘Adeus, Dunga’.


O VICE?


Uma semana atrás, o ‘Wall Street Journal’ deu que o governador Charlie Crist ‘mudou sua posição de muito tempo, contra explorar petróleo no mar’ da Flórida, em apoio a John McCain. Especulou-se que seria vice do republicano, mas a mudança provocou forte resistência no Estado. Crist, visto até então como conservador verde, reagiu ontem no ‘Miami Herald’ propondo a compra da U.S. Sugar para recuperar os Everglades, região pantanosa da Flórida. E já voltou a ser ‘festejado por grupos ambientalistas’, segundo o site do ‘New York Times’.


BRASIL AMEAÇA


No topo das buscas no Yahoo News, da Bloomberg, ‘Brasil pode tomar depósitos de fertilizantes’. O ministro da Agricultura diz que o país tem ‘minas com fosfato o bastante, mas as empresas não investem’ e o Brasil importa. Falou de Bunge, Cargill etc.


‘PERDIDA’, NÃO


Questionada no exterior, a Survival International negou ter ‘enganado a mídia’ com as fotos da tribo no Acre. Segundo a Reuters, a ONG afirma que não descreveu a tribo como ‘perdida’. Segundo denúncia do ‘Observer’, a tribo é conhecida há ‘cem anos’.


‘WINGS’


No alto da primeira página do ‘Miami Herald’, a Embraer ‘abre as asas’ nos EUA, com expansão da produção por lá’


 


 


TELEVISÃO
Daniel Castro


TV paga poderá ter limite de propaganda


‘Um dos principais motivos de desagrado com a TV por assinatura, a publicidade nos canais pagos poderá ter limite.


O assunto está sendo discutido na Câmara dos Deputados, onde tramita o PL-29, que visa reorganizar toda a legislação do setor, instituir a abertura desse mercado às teles e criar cotas de conteúdo nacional.


A fixação de um percentual de propaganda na TV paga rachou emissoras de TV aberta e programadoras de canais.


Inicialmente, o PL-29 propunha uma média de 25% de propaganda nos canais pagos, mesmo limite da TV aberta, com tolerância de até 30% nos horários de pico. Parece muito, e é, mas 25%, ou 15 minutos por hora, é menos do que alguns canais praticam atualmente. Anteontem, por exemplo, o Sony exibiu 20 minutos (33%) de propaganda e chamadas durante uma hora de ‘Grey’s Anatomy’. Há canais que exibem mais publicidade ainda.


A Abert (associação das redes) protestou contra os 25% na TV paga. As emissoras abertas temem perder publicidade para os canais pagos, principalmente os controlados pela Globo. Algumas querem limitar a no máximo 15% o tempo.


O tema divide a própria Globo. Sua programadora, a Globosat, defende 25%. Mas executivos da rede querem 10%.


Pressionado, o relator do PL-29, Jorge Bittar (PT-RJ), deve recuar dos 25%. Já tem uma proposta alterando o limite para 10% de média diária, com até 15% nas horas de pico. Mas esse percentual deve ser alterado. A tendência são os 25%.


CORRERIA 1 Quadro de sucesso do ‘Caldeirão do Huck’, o ‘Pulsação’ vai voltar. Daqui a três semanas, reestréia em uma versão em que motoboys irão responder a perguntas baseadas no Código Nacional de Trânsito. No quadro, cada concorrente tem o limite de seu batimento cardíaco transformado em segundos para as respostas.


CORRERIA 2 ‘Achei que seria instrutivo para crianças e bom para a imagem dos motoboys, vistos como os terrores das capitais’, analisa Luciano Huck. O vencedor levará R$ 50 mil.


NAMORO Estão avançando as negociações entre a Record e a mexicana Televisa, para intercâmbio de textos de novelas. As partes já trocam minutas de contrato.


VALORIZAÇÃO A Record está assediando Giovanna Antonelli. Mas executivos da rede acham que a atriz só quer conseguir aumento salarial na Globo.


QUEM DIRIA O ‘Domingo Legal’ foi indiretamente responsável pela baixa audiência do último ‘Fantástico’ (23,7 pontos). No ar até as 22h44, o programa de Gugu Liberato deu 18,2 pontos de média, sua maior em 2008, e liderou durante 13 minutos.


ENGANOSA O SBT está anunciando que o ‘SBT Realidade’, que exibe hoje à noite, foi o primeiro programa da TV brasileira a entrar em Cuba após a ‘renúncia’ de Fidel Castro. Globo, em novembro de 2006, e Record, em março de 2007, estiveram na ilha após o adoecimento de Castro.’


 


 


Folha de S. Paulo


Mineiras contam história de libertação


‘O documentário ‘Noivas do Cordeiro’, de Alfredo Alves, não tem a ambição do distanciamento. A narração é feita na primeira pessoa do plural pela escritora Lya Luft, como se as ‘noivas’ contassem sua própria história; e, quando se fala do preconceito que sofriam até pouco tempo atrás por habitantes do município mineiro de Belo Vale, não há ninguém que assuma o papel de vilão.


É difícil mesmo. A história começa nos idos de 1890, quando Maria Senhorinha de Lima largou um casamento infeliz para viver com o solteiro Chico Fernandes. A Igreja Católica excomungou o casal, que gerou e criou sua enorme família no povoado que, nos anos 40, ganharia o nome de Cordeiro.


O batismo veio em função da Igreja Evangélica Noiva de Cordeiro, criada pelo rígido pastor Anísio Pereira.


Nos anos 80, as mulheres começaram a se libertar desses grilhões e da fama de prostitutas -legado do caso Senhorinha e pelo fato de seus namorados e maridos trabalharem em Belo Horizonte.


Acabaram com as obrigações religiosas, organizaram sua agricultura de subsistência, trouxeram a informática para a região e criaram uma fábrica de roupas e tapetes, entre outras conquistas.


Pode não ser tão idílico quanto mostra o filme, mas é uma bela história.


NOIVAS DO CORDEIRO


Quando: amanhã, às 21h; livre


Onde: no GNT’


 


 


FLIP
Eduardo Simões


‘Minha ficção se debruça sobre medos e desejos’


‘O mestre dos sonhos Neil Gaiman, 47, vem ao Brasil pela terceira vez na próxima semana, quando participa da mesa ‘A Mão e a Luva’ (5/7), na sexta edição da Festa Literária Internacional de Parati.


Com Gaiman, a Flip se volta pela primeira vez ao universo das histórias em quadrinhos, formato que ele ajudou a revolucionar com a série ‘Sandman’, publicada nos EUA entre 1988 e 1996, e cuja primeira tradução foi brasileira.


‘Desde então, os quadrinhos vêm sendo reconhecidos como literatura, e isso, de certa forma, aconteceu no Brasil antes de muitos países’, diz Gaiman em entrevista à Folha.


O escritor lembra que há 22 anos era jornalista e tentava escrever sobre quadrinhos em Londres, mas não conseguia fazer com que seus editores se interessassem. Isso, apesar de artistas como Frank Miller e Alan Moore já estarem lançando marcos como ‘O Cavaleiro das Trevas’ e ‘Watchmen’.


‘Já havia um corpo de trabalhos sem paralelo no meio, em língua inglesa. Houve, então, uma geração que, como eu, cresceu lendo aquelas histórias. E há cerca de oito anos essas pessoas se tornaram editoras e passaram a encomendar as ‘graphic novels’. Hoje, estamos num mundo em que a revista ‘Entertainment Weekly’ lista, entre os cem mais importantes livros dos últimos 25 anos, títulos como ‘Watchmen’, ‘Maus’ e ‘Sandman’.’


Recorde de autógrafos


Gaiman esteve no Brasil em 1996 e em 2001. Na segunda vez, bateu seu recorde de autógrafos numa livraria em São Paulo, assinando exemplares de ‘Sandman – Os Caçadores de Sonhos’ para cerca de 1.200 fãs. ‘Autografei até as 2h da manhã e, ao final, não tinha mais voz. No dia seguinte, fiz uma coletiva de imprensa completamente afônico. Como meu intérprete vinha ouvindo muitas daquelas mesmas perguntas, eu cochichava para ele: ‘Você pode responder essa, né?’.’


A tirar pela troca de mensagens de fãs no fórum do site www.sonhar.net, dedicado à obra de Gaiman, é de se esperar que uma nova horda de ‘gaimaníacos’ vá a Paraty atrás de autógrafos nas cópias de dois livros que estão saindo no Brasil por conta da Flip: ‘O Mistério da Estrela – Stardust’, cuja adaptação para o cinema foi lançada no ano passado; e ‘Coisas Frágeis’, livro com nove contos, entre eles ‘Golias’, que explora o universo do filme ‘Matrix’.


‘Stardust’ é um conto de fadas intencionalmente leve, alegre e mágico, e foi bem filmado, em minha opinião. ‘Coisas Frágeis’ é uma coletânea de contos muitas vezes sombrios. Provavelmente muito longa. Eu deveria pensar numa ‘director’s cut’ [versão do diretor], que teria apenas dois terços do tamanho’, diz o escritor.


Gaiman ressalta que sua obra se debruça quase invariavelmente sobre os medos e os desejos primais. No caso de ‘Os Lobos Dentro das Paredes’, livro infantil lançado no Brasil em 2006, a história da menina assombrada por lobos em sua casa é tanto uma fábula sobre o medo quanto sobre a coragem para dominá-lo.


‘O mais importante não é dizer que os dragões existem, e, sim, que eles podem ser derrotados. Você pode lutar e vencer os dragões que tem em si. E isso é algo especialmente relevante em histórias infanto-juvenis, porque você está dizendo para as crianças e os adolescentes que há esperança. Assim é em toda a minha ficção, seja ela triste ou alegre’, afirma.


Punk


Há 16 anos vivendo nos Estados Unidos, Gaiman se aproximou da indústria cinematográfica e vem escrevendo roteiros como o do longa ‘Beowulf’ (2007), ou as versões de seus livros ‘Coraline’ e ‘Os Filhos de Anansi’, ambos editados no Brasil. Seu nome também tem aparecido associado ao do diretor mexicano Guillermo del Toro (‘O Labirinto do Fauno’), na adaptação de ‘Doutor Estranho’, do quadrinista americano Steve Ditko, um dos criadores de ‘Homem-Aranha’.


O envolvimento de Gaiman com o cinema faz parte do que o autor chama de estética e ética herdadas do movimento punk, que o escritor diz ter vivido de perto, durante a sua adolescência, na Inglaterra.


‘A maior influência que tive do punk foi a idéia de que você não precisava de nenhuma qualificação para fazer determinada coisa. Simplesmente tinha de fazê-lo. O movimento me ajudou a ser um escritor que faz tudo. Sua ética tem sido extremamente forte e poderosa para mim.’’


 


 


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Brasileiros comentam influência


‘A dupla de quadrinistas Fábio Moon e Gabriel Bá, indicada ao prestigiado prêmio Eisner por ‘De-Tales’, diz que seus trabalhos são tributários da obra de Neil Gaiman. Moon conta que leu a série ‘Sandman’ em 1994.


‘Vi ali, pela primeira vez, uma história em quadrinhos que misturava mitologia e fantasia com aspectos do cotidiano, conceitos filosóficos, conhecimento popular etc.’, afirma Moon.


‘Foi um lembrete do que se podia fazer no gênero. Que dava para colocar várias camadas de significados numa mesma história. E cada vez que você lê, vê uma coisa diferente. Antes eu só tinha essa relação com os livros.’


‘Deuses Americanos’ é o ‘Gaiman’ favorito da dupla Moon e Bá. Segundo Fábio, o conto de fadas ‘Meu Coração, Não Sei por Quê’ e a história ‘Feliz Aniversário, Meu Amigo’ são, entre as obras da dupla, as que mais guardam influências do trabalho de Gaiman. ‘O segundo parte de uma coisa absurda e mórbida, que é a comemoração do aniversário de um amigo que já morreu. Mas não é disso que a história realmente trata. E sim das várias formas de amizade.’


O quadrinista Rafael Grampá, cuja antologia ‘5’ também foi indicada ao Eisner, diz que não é profundo conhecedor da obra de Gaiman, mas reconhece que o escritor é ‘um dos pilares da revolução literária nas HQs’.


‘Sempre vinculei o ‘Sandman’ a um personagem da era ‘dark’, meio influenciado pelo The Cure e essa onda. Eu não gostava disso na época [anos 80/90] e acabei deixando esse personagem de lado. Eu era grunge! Mas venho comprando todos os encadernados do ‘Sandman’, pus na pilha e não vejo a hora de ler’, conta Grampá, que, de Gaiman, já leu ‘Morte: O Preço da Vida’ e ‘Coraline’.


‘Eu gostei porque era muito diferente dos quadrinhos que eu lia na época. Eu era um adolescente e adorava super-heróis, Laerte e Moebius. Nessa mesma época eu havia recém-descoberto Edgar Allan Poe e me pareceu que ‘Morte’ tinha uma pitada daquilo que eu estava gostando em literatura na época.’’


 


 


CINEMA
Mônica Bergamo


Procura-se


‘Lula à procura de um ator: João Miguel, premiado pelo filme ‘Estômago’, reluta em interpretar o presidente no longa ‘Lula, o Filho do Brasil’. O diretor Fábio Barreto já pensa em alternativas. ‘O Lula é ídolo do João Miguel e ele teme que isso o atrapalhe na interpretação’, diz Luiz Carlos Barreto, produtor do filme. Leandra Leal deve ser Marisa Letícia. E Cléo Pires, Lourdes, a primeira mulher de Lula.


ORÇAMENTO


O filme sobre Lula deve custar R$ 15 milhões. Os produtores decidiram não captar por meio de leis de incentivo.’


 


 


Folha de S. Paulo


Oscar convida Walter Salles para Academia


‘O brasileiro Walter Salles (‘Central do Brasil’, ‘Diários de Motocicleta’) foi convidado anteontem a integrar a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, que organiza o Oscar. Também foram convidados Marion Cotillard, de ‘Piaf – Um Hino ao Amor’, o britânico Sacha Baron Cohen, conhecido pelo personagem Borat, e a roteirista Diablo Cody (‘Juno’).’


 


 


TEATRO
Sérgio Salvia Coelho


Moura faz o Hamlet da sua geração


‘Wagner Moura lançou-se na empreitada iniciática de ‘fazer seu Hamlet’ com a intenção que fosse apenas mais uma montagem. Falhou: é o Hamlet emblemático da sua geração.


Espelho inesgotável, mas que reflete apenas o que se põe na sua frente, a obra-prima de Shakespeare, síntese do teatro, já teve o rosto compenetrado de Sérgio Cardoso, que assumia o papel de construir o moderno teatro brasileiro; e, em oposição, um Marcelo Drummond se estraçalhando como um camicase nos caóticos anos 90, na montagem do Oficina.


Moura, Hamlet do milênio, tem pela frente um país que se reergue praticamente de ruínas, mas tendo aprendido importantes lições. Vestindo o personagem como uma armadura, consciente da batalha, Moura precisa primeiro exorcizar o fantasma da grandiloqüência com o humor adolescente que tanto o marcou.


Não é pela melancolia, mas pelo deboche exasperado que ele rejeita a podridão de seu reino e ganha a platéia nos trocadilhos e na marcação frenética. Mas há método nessa loucura: quando é preciso, triunfa pela simplicidade, e inesquecíveis monólogos marcam sua entrada definitiva no mundo adulto.


Com uma preciosa tradução dividida entre ele, Bárbara Harrington e o diretor Aderbal Freire-Filho, se faz compreender sem perder o frescor nem a beleza sonora. O ‘ser ou não ser’ tem seu peso devido, ou seja, um devaneio entre parênteses, quando o mais importante está em suas considerações sobre o próprio teatro.


Para isso, é preciso um diretor que ponha seu currículo inteiro em cena, como faz Freire-Filho. Não pode ser menos, com ‘Hamlet’: tudo o que o diretor já fez soa como uma preparação para o que se vê aqui. No cenário, retoma com Fernando Mello da Costa a experiência do ‘Púcaro Búlgaro’: coxias abertas, abarrotadas, com atores atentos, em contraste com o palco nu. Há o vídeo em cena, que esfriava ‘O Que Diz Molero’, e que agora acompanha passo a passo o texto, desdobrando suas leituras com grande impacto visual.


Rei coletivo


Em uma metalinguagem, o pai de Hamlet, rei destronado por um canastrão, é uma entidade coletiva, feita pelo elenco de apoio que se reveza na armadura: a verdadeira majestade é da trupe, não do indivíduo. Mas cada peça desse quebra-cabeças é precisamente ajustada.


Tonico Pereira, com sua bonomia que remeteria mais a Polônio, faz um Cláudio extremamente simpático, e por isso perigoso. Humano em sua fraqueza, Pereira atinge a maturidade como ator encontrando a dor no centro do cômico.


Georgiana Góes é uma adolescente que se estraçalha na dor, por sambas e frevos que parecem improvisados na hora, façanha de Rodrigo Amarante.


Fábio Lago faz um Laertes transfigurado pelo ódio, que recobra a integridade no final. Já Gillray Coutinho aproveita tudo o que Polônio pode lhe oferecer, na sua técnica espantosa. Marcelo Flores e Cláudio Mendes, clowns meticulosos, sabem honrar seus solos, enquanto coveiros e atores. Carla Ribas tem grande dignidade como Gertrudes, mas fica um pouco deslocada quando o desvario triunfa. Caio Junqueira (Horácio) e Felipe Kouri completam um elenco no qual ninguém faz sombra a ninguém, e é a história que prevalece.


Esse ‘Hamlet’ é indispensável e antológico por sua essencialidade. Não busca ser original, mas eficiente, e faz um apelo contagiante pela própria grandeza do teatro. Na ratoeira de ‘Hamlet’, o que fica preso é o coração da platéia, com os olhos abertos para se ver refletido nesse espelho infinito.


HAMLET


Quando: sex. e sáb., às 20h; dom., às 18h; até 28/9


Onde: teatro Faap (r. Alagoas, 903, São Paulo, tel. 0/xx/11/3662-7233; classificação: 14 anos)


Quanto: R$ 80


Avaliação: ótimo’


 


 


Mulher de Moura dirige filme sobre encenação


‘A fotógrafa Sandra Delgado, mulher do ator Wagner Moura, prepara um documentário sobre a encenação de ‘Hamlet’. A estréia do filme, com 46 min. de duração, será no próximo dia 4, no canal Multishow. É provável que Delgado edite outra versão, mais longa, de seu trabalho.’


 


 


INTERNET
Folha de S. Paulo


Revista Vanity Fair faz diagrama da blogosfera


‘A revista ‘Vanity Fair’ criou um gráfico para classificar alguns dos blogs mais influentes da rede: o Blogopticon (vfdaily.com/culture/2008/blogopticon).


Nos extremos do eixo vertical, estão os termos ‘opinião’ e ‘notícias’. Nos do eixo horizontal, ‘grosseiro’ e ‘sério’. O posicionamento de cada blog no diagrama define suas características de acordo com esses critérios.


O Blogopticon traz links para os blogs e um breve comentário sobre cada um deles.


Estão lá sites populares como Boing Boing (www.boingboing.net), Perez Hilton (www.perezhilton.com), Crooks and Liars (www.crooksandliars.com) e Valleywag (www.valleywag.com).


O SCOTUSblog (www.scotusblog.com), da Suprema Corte dos EUA, aparece como o mais sério entre os noticiosos.


Já no extremo da ‘grosseria opinativa’ fica o mordaz Go Fug Yourself (gofugyourself.celebuzz.com), que comenta deslizes fashion de celebridades.’


 


 


Cristiane Barbieri


Web conquista Festival de Cannes


‘A internet já conquistou posto de honra no mundo publicitário, como mostram as campanhas que tiveram destaque no Festival Internacional de Publicidade de Cannes, realizado na semana passada.


A campanha Uniqlock, que ganhou o prêmio máximo do festival, o chamado Titanium Grand Prix, por exemplo, foi criada para a rede de lojas de roupas japonesa Uniqlo. Começou como um ícone do site, que usa bailarinas com roupas da marca como partes de um relógio. A coreografia e os modelos mudam a cada cinco segundos, para marcar as horas da região do mundo que se queira.


A campanha, que já tinha levado um Grand Prix para internet em Cannes, ganhou tamanha popularidade, com mais de 27 mil widgets colocados em blogs em 68 países diferentes, que a marca tornou-se popular mesmo onde não tem lojas.


Numa campanha para o canal HBO, uma projeção feita numa parede lisa de um prédio mostrava a vida dentro de apartamentos de ficção, como no filme ‘Janela Indiscreta’. Nova-iorquinos começaram a seguir as vidas dos personagens com binóculos, acompanhá-las na internet, discutir em blogs e comunidades virtuais e, finalmente, puderam assistir ao programa ‘Voyeur’, no HBO.


Outra tendência da comunicação trazida pela tecnologia é o maior poder dado ao consumidor. O jornal ‘The India Times’ conclamou os indianos, num anúncio impresso em sua capa, a agir para mudar o país durante as comemorações dos 60 anos da independência. As sugestões deveriam ser mandadas para o site do jornal.


O movimento foi tamanho que surgiram blogs, programas de TV, anúncios espontâneos com celebridades e candidatos que se voluntariavam a virar líderes políticos do país. Houve até uma eleição com mais de 100 milhões de votos por SMS para escolher esses líderes. Um deles pode vir a ser o próximo primeiro-ministro da Índia.


Outra campanha que só foi feita por causa da tecnologia atual foi a criada para o fundo de pensão sueco AMF. Atuando numa área árida, num país onde o Estado garante a sobrevivência na velhice, a empresa queria conquistar os jovens.


Para isso, fez filmes de TV com pessoas famosas que eram envelhecidas por computador. Criou depois um endereço digital no qual recebia fotos do rosto das pessoas comuns. Alguns minutos depois, mandava-as de volta por computador ou celular, só que, agora, envelhecidas em imagens de alta qualidade. Mais de 300 mil pessoas mandaram suas fotos.


A produção de conteúdo e a interação com o consumidor também ganharam outra dimensão a partir dos banners publicados pelo jornal norueguês ‘Scandinavia Online’.


Redatores entram nos banners e destacam alguns pontos das notícias -geralmente de maneira mais leve e bem-humorada- em um formato pouco usual. Os comentários aparecem com próprias letras e desenhos, porque são feitos num tablet PC.


Havia ainda inúmeros painéis, workshops e anúncios feitos para os países onde a internet por celular também já é uma realidade.


Uma delas mostrava o dia de um telefone celular na Coréia do Sul: de despertador a rádio para embalar o sono, funcionando também como TV, computador e até companheiro.’


 


 


 


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O Estado de S. Paulo


Quarta-feira, 25 de junho de 2008


 


CENSURA
Felipe Grandin


Reportagem do ‘JT’ é censurada pela Justiça


‘Liminar concedida ontem pelo juiz substituto Ricardo Geraldo Resende Silveira, da 10ª Vara Federal Cível de São Paulo, proibiu a publicação de uma reportagem na edição de hoje do Jornal da Tarde sobre supostas irregularidades cometidas pelo Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) que estão sendo apuradas pelo Tribunal de Contas da União (TCU).


A liminar foi entregue ontem à noite à Redação do JT por Cláudia Costa, advogada do Cremesp. Sua autenticidade foi confirmada pela assessoria do imprensa do Tribunal de Justiça de São Paulo.


A decisão judicial foi considerada uma afronta à liberdade de imprensa por dirigentes de entidades ligadas ao jornalismo. ‘A decisão é absolutamente inconstitucional, pois a Constituição, no seu artigo 220, proíbe a censura e especialmente a censura prévia’, afirmou o presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Maurício Azêdo. ‘O grande inimigo da imprensa hoje é o Poder Judiciário, que, em decisões de juízes despreparados e com vocação totalitária, cerceia a liberdade de expressão e os direitos estabelecidos.’


Para a Federação Nacional dos Jornalistas, a atitude do Cremesp é antidemocrática e configura censura prévia. ‘Lutamos muito pelo fim da censura, mas infelizmente isso tem se tornado freqüente’, disse o presidente da entidade, Sérgio Murillo de Andrade. Segundo ele, o conselho tem todo o direito de procurar a Justiça caso alguma informação inverídica seja publicada. ‘A Redação é impedida de fazer o seu trabalho, mas o maior prejudicado é o cidadão.’


A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) também condenou a atitude do Cremesp e do juiz Ricardo Geraldo Resende Silveira. ‘O abuso é punido a posteriori. Jamais previamente, antes que expressado o pensamento’, ressaltou o presidente da OAB, Cézar Britto. ‘O estabelecimento da censura prévia tem sido noticiado constantemente, o que deve acender o sinal de alerta da democracia.’’


 


 


PROPAGANDA POLÍTICA
Gabriel Manzano Filho


Juiz arquiva representação contra ‘Estado’ e Kassab


‘O juiz eleitoral Marco Antonio Martin Vargas, da 1ª Zona Eleitoral da Capital, julgou ontem improcedente a representação do Ministério Público Eleitoral contra o Estado e o prefeito Gilberto Kassab, por entrevista publicada no dia 14 de junho. Examinada a defesa do jornal, feita por seu advogado Manuel Alceu Affonso Ferreira, o juiz conclui desta forma seu relatório de 22 laudas: ‘Assim, não verificada a propaganda eleitoral antecipada por intermédio de proposta de campanha realizada pelo primeiro representado, não há como ser aplicada a multa prevista.’ O Ministério Público pode recorrer ao TRE.


Em seu relatório, Martin Vargas faz detalhado histórico das análises da Justiça Eleitoral a respeito de propaganda eleitoral antecipada, citando nada menos que sete ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). E afirma que ‘a matéria e entrevista verificada, portanto, foram pautadas no momento político em que se verificava, qual seja a discussão acerca de aliança com outro partido, e trouxeram respostas às críticas que sua gestão sofreu durante outras entrevistas realizadas com outros potenciais candidatos’. E mais adiante: ‘O veículo de comunicação não pode ser responsabilizado por ato que não violou a norma eleitoral.’


Em seu argumento, Martin Vargas ressalta que ‘não há como ser possível a tese de que uma violação fática à norma vigente possa ser interpretada como de caráter restrito a uma garantia constitucional absoluta (princípio da liberdade de informação).’ Sobre a possível propaganda antecipada, afirma que a reportagem ‘não trouxe qualquer conteúdo de proposta de campanha, pois houve apenas o destaque de atos de governo realizados, inerentes à pessoa do entrevistado como gesto público’.


FOLHA E VEJA


Também ontem, o procurador substituto Pedro Barbosa Pereira Neto, do Ministério Público Eleitoral, acolheu os recursos da Folha de S. Paulo, da Editora Abril e da pré-candidata Marta Suplicy (PT), que haviam sido multados pela publicação de entrevista da candidata. Essa decisão, que diverge de outra que o próprio Ministério Público Eleitoral havia tomado antes – na representação do promotor Eduardo Rheingantz -, vai agora a julgamento no TRE.


Pereira Neto faz, em seu relatório, detalhada defesa das alegações de Rheingantz e do juiz Francisco Carlos Shintate, que aplicaram a pena, lembrando que ‘algumas das críticas dirigidas aos promotores eleitorais e ao juiz eleitoral de 1º grau olvidaram o marco legal posto pelo direito brasileiro, que estabelece limitações ao direito de comunicação e expressão’. Para ele, ‘(Rheingantz e Shintate) não podem ser colocados na berlinda por cumprirem suas obrigações constitucionais’. Pereira Neto relembra vários casos em que ‘a jurisprudência do TSE não se afasta da idéia nuclear que presidiu a decisão do juiz da 1ª Zona Eleitoral’.


‘Bem examinada a questionada entrevista e o contexto em que foi concebida’ – afirma Pereira Neto – ‘não se pode dizer que seu teor desbordou para a propaganda eleitoral antecipada, não havendo nenhum propósito explícito de enaltecimento das qualidades da recorrente’.’


 


 


Felipe Recondo


Proposta que libera entrevistas divide TSE


‘A proposta de liberar entrevistas em jornais e revistas com pré-candidatos dividiu os ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O presidente da corte, Carlos Ayres Britto, sugeriu alterar a resolução do tribunal para que não houvesse limites na mídia impressa. Para rádios e TVs, a nova regra liberaria entrevistas desde que haja tratamento igualitário.


Hoje, a resolução diz que os pré-candidatos podem ser entrevistados, desde que não exponham propostas de campanha. ‘Quando se trata de entrevista e debate pela mídia impressa não há de se falar de propaganda antecipada. Pelo contrário, é bom que o pré-candidato exponha seu plano de trabalho’, defendeu Britto.


A proposta gerou resistências. O ministro Ari Pargendler considerou ‘inoportuno’ e ‘contraproducente’ alterar a norma a dez dias do início da campanha. ‘A regra existe. Se o juiz aplicou bem ou mal, isso é objeto de recurso.’ Eros Grau defendeu que o tema só seja analisado quando a pressão da opinião pública diminuir: ‘Nós devemos ser serenos, devemos ser prudentes.’


O assunto volta à pauta do TSE amanhã. Três ministros indicaram ser contrários à alteração, dois sinalizaram pela liberação das entrevistas e os demais não se manifestaram.’


 


 


DONA RUTH
Emilio SantAnna e Eduardo Reina


Ruth Cardoso morre em S. Paulo


‘A ex-primeira-dama Ruth Cardoso, de 77 anos, morreu ontem às 20h40, no apartamento da família, em São Paulo. Um enfarte fulminante foi apontado pelos médicos como a causa da morte. Ruth tinha problemas cardíacos havia mais de dez anos e já passara por duas cirurgias para a implantação de stents – próteses metálicas colocadas no interior das artérias coronarianas para a desobstrução do fluxo sanguíneo.


Ela fora internada na quinta-feira passada no Hospital Sírio Libanês com fortes dores no peito, diagnosticadas como crise de angina – falta de irrigação sanguínea nos músculos cardíacos. Ruth permaneceu internada até segunda-feira de manhã, quando recebeu alta.


No mesmo dia foi internada no Hospital do Rim e Hipertensão (ligado ao Hospital São Paulo, da Universidade Federal de São Paulo), na zona sul de São Paulo, onde passou por um cateterismo – procedimento invasivo que serve para diagnosticar ou corrigir problemas cardíacos. Dessa vez, Ruth passou menos de 24 horas internada no hospital e foi liberada pelos médicos para ir para casa.


Segundo o cardiologista Arthur Beltrame, médico que fazia o acompanhamento da ex-primeira-dama, o procedimento foi considerado ‘bem-sucedido’ pela equipe clínica. ‘Ela tinha problemas coronarianos havia mais de seis anos e hoje teve uma morte súbita.’


Beltrame explicou que não havia motivo para mantê-la internada. ‘O cateterismo foi considerado normal e os médicos estavam contentes com o resultado. No entanto, a medicina não é uma ciência exata, não é onipotente’, afirmou.


Em nota do Hospital do Rim e Hipertensão, que foi lida ontem à noite em frente ao prédio em que mora a família, os médicos afirmaram que o problema arterial encontrado durante a realização do cateterismo foi o mesmo que já havia sido diagnosticado em 2004. De acordo com a nota, Ruth teve uma forte arritmia cardíaca antes de morrer. O comunicado é assinado pelos cardiologistas do Hospital do Rim e Hipertensão e da Unifesp, Arthur Beltrame, Valter Lima e Edson Stefanini.


Ruth tinha um histórico de problemas cardíacos. Em 1998, ainda como primeira-dama, foi levada ao Hospital das Forças Armadas, em Brasília, com crise causada por uma arritmia cardíaca. Na ocasião, o mal-estar foi atribuído ao clima quente e seco do Distrito Federal.


O governador José Serra decretou luto oficial de três dias no Estado. O velório será realizado na Sala São Paulo, no centro, a partir das 11 horas.’


 


 


FRANÇA
Maureen Dowd


‘Efeito Carla’ faz imagem do presidente melhorar


‘Os franceses são diferentes de vocês e de mim. Sim, eles têm Sarkozy. E têm Carla. E têm o ‘efeito Carla’, como ele é conhecido em Paris. Se uma primeira-dama americana, ou pretendente a primeira-dama, se descrevesse como ‘domadora de homens’ e tivesse um passado de ‘devoradora de homens’, com fotos em que aparece nua, Mick Jagger, Eric Clapton, capas de CD tórridas e casamentos rompidos – bravateando que acredita mais em poligamia e poliandria do que em monogamia e tendo um filho com um filósofo casado que, por sua vez, é filho de um homem com quem ela teve um caso – , seria preciso mais que a ida a um talk-show de TV para suavizar sua imagem.


É difícil imaginar o nível de decibéis na Fox News se Michelle Obama lançasse um CD neste verão, como Carla Bruni-Sarkozy fez, com canções com letras como: ‘Sou uma criança/apesar de meus 40 anos/apesar de meus 30 amantes/uma criança’. Ou como esta canção, Ma came: ‘Você é minha droga/mais mortífera que heroína afegã/ mais perigosa que a branca colombiana…/Meu homem, eu o enrolo e fumo.’


Ou se Michelle desse uma entrevista, como Carla fez no livro La Véritable Histoire de Carla et Nicolas (A verdadeira história de Carla e Nicolas), revelando que se apaixonou pelo marido por seus muitos cérebros férteis. ‘Eu não esperava alguém tão engraçado e tão cheio de vida’, disse ela, recordando o encontro armado para eles num jantar. ‘Fui seduzida por sua aparência física, seu charme e sua inteligência. Ele tem cinco ou seis cérebros que são maravilhosamente irrigados.’


Um capítulo do livro é intitulado ‘O diabo veste Carla’. E a anedota mais repetida é aquela em que Carla maliciosamente provoca a ministra francesa da Justiça, Rachida Duti, uma protegida de Sarkozy, quando elas passam por uma cama no Palácio do Eliseu: ‘Você adoraria ocupá-la, não?’ Mas, de algum modo, os franceses ficaram tão enamorados de sua nova primeira-dama que estão começando a gostar mais do marido dela.


No início do mês, no funeral de Yves Saint Laurent, Sarkozy recebeu algumas vaias, enquanto Carla, uma ex-modelo do estilista, que se considera ‘nada mais que uma cantora folk’, recebeu aplausos e suspiros.


‘Precedida por uma reputação sulfurosa’, noticiou Le Journal de Dimanche, ‘Carla Bruni alcançou um sucesso improvável num país tão tradicionalmente apegado a convenções: em menos de seis meses, a terceira esposa de Sarko conquistou o coração dos franceses: 68% deles, segundo nossa pesquisa, apreciam sua nova primeira-dama.’ Numa pesquisa recente de Le Figaro, o presidente teve uma aprovação de 37%, depois de amargar um nível mínimo de 32% em maio.


‘O presidente está melhor’, disse um consultor próximo do temperamental Sarko a um repórter. ‘Existe definitivamente uma serenidade em sua vida agora’, contou-me o escritor francês Olivier Royant. ‘Ele parou de se comportar como um avoado desde o casamento’, concordou um veterano observador da política européia. A revista Le Point trouxe uma capa com o rosto radiante de Carla e a manchete ‘La Présidente’.


Carla encantou George e Laura Bush na visita que eles fizeram este mês à França, convidando-a para um tête-à-tête e depois sentando-se ao lado do presidente americano e entretendo-o com uma conversa espirituosa em inglês, uma das três línguas dela, e meio que a única dele. No dia seguinte, Bush disse sorridente a Sarkozy: ‘Foi um grande prazer ter conhecido sua esposa. É uma mulher realmente inteligente e capaz, e posso ver por que você se casou com ela. E posso ver por que ela se casou com você, também.’


Maureen Dowd é colunista do jornal The New York Times’


 


 


LITERATURA
Ubiratan Brasil


Um novo sentimento do tempo


‘Em Moçambique, um ditado diz que cada velho que morre é uma biblioteca que arde. Assim, em um país carente de recursos, a tradição oral é um tesouro, pois carrega a trajetória de todo um povo. Em meio a crises e guerras intermitentes, a África é um continente que resiste. É o que defende o escritor moçambicano Mia Couto, cuja mais recente obra, Venenos de Deus, Remédios do Diabo (Companhia das Letras, 192 páginas, R$ 38), une tanto as tradições de seu país como a vida cotidiana do Moçambique contemporâneo.


Trata-se da história de Bartolomeu Sozinho, um velho mecânico naval da era colonial, que vive um momento singular – aposentado e já tendo vivido em uma nação que se tornou independente de Portugal e ainda enfrentado os 30 anos de uma devastadora guerra civil, ele está doente e convicto de que vai morrer. Uma certeza que atrapalha a ação de Sidónio Rosa, médico português enviado para aquele lugar, Vila Caçimba, encarregado de tratar de uma terrível epidemia e que o atende em sua casa, buscando, em vão, injetar-lhe esperança.


Fraco, Sozinho é tomado por lembranças e desejos, que tomam forma em palavras desencontradas, mas que se traduzem em histórias emblemáticas de seu povo. Verdadeiras ou não, elas carregam, na verdade, a sabedoria da tradicional cultura oral africana. Desconfiado da veracidade do que ouve, o médico tem, no entanto, outro desejo que não apenas o de curar o velho: reencontrar Deolinda, antiga paixão, filha declarada de Sozinho e pivô de uma espetacular história de amores e falsidades.


Ao se debruçar sobre a mentira e sobre a solidão, Mia Couto trata de temas que lhe são caros. ‘Aos completar 50 anos, ganhei o sentimento do tempo e isso foi algo novo na minha vida’, comenta o escritor que, nascido em 1955, também é biólogo e cujo trabalho, traduzido para diversas línguas, tem a questão da identidade como essência. Dono de uma especial prosa poética e ainda firme na ambição de escrever um livro que fluísse como a oralidade, Mia Couto respondeu, por e-mail, às seguintes perguntas.


O passar do tempo é um elemento importante em sua obra, especialmente nesse livro. Por quê?


Acontece-nos, por vezes, haver tempo; acontece-nos, outras vezes, tropeçar na idade. A mim aconteceu-me aos 50 anos ganhar o sentimento do tempo e isso foi algo novo na minha vida. O tempo é – como diz o provérbio da minha terra – um ovo: se não se segura bem, cai; se se aperta com força, quebra. A única forma de lidar com ele é desvalorizar. E o modo mais leve de desvalorizar o tempo é convertê-lo em história. Foi o que fiz.


Também a mentira , parece, é uma condição essencial para o existir. É correto isso?


Toda a literatura é uma mentira que não mente. Neste caso, a narrativa desse romance se constrói como uma caixa de ilusões e fala de lugares e pessoas que sabem que, para se sentirem existentes, devem recorrer à mentira. Nessa construção pecaminosa, Deus e Diabo, por vezes, trocam de função.


Esperar pela pessoa amada é um ato que exige paciência. Até que ponto tal persistência ainda é comum na sociedade moderna?


A pessoa amada nunca se encontrou. Ela se construiu, numa paciente obra a dois. No caso deste romance, essa procura exige que as pessoas mudem de continente, mudem de nome e mudem para outra vidas.


Os segredos familiares são fonte benéfica de inspiração, tanto para a literatura como para o cinema e o teatro – Nelson Rodrigues, por exemplo, é um dos mestres em apresentar o apodrecimento familiar. O que mais te atrai nesse assunto?


Escutei o escritor Amos Oz, em Paraty, no ano passado, durante a Flip, dizendo que há mais mistério oculto numa família que numa viagem a Marte. A família não é apenas uma constelação de pessoas, é a nossa primeira narrativa, uma teia em que nos construímos como personagens. Essa revelação de ocultas mentiras sobre a nossa própria identidade é, por exemplo, um tema constante nas novelas. Mais que um velho arquétipo literário é um receio nosso, profundo, de sermos estranhos e intrusos numa família que nos acolhe e que inventa o nosso pertenceralgo pessoal por via deferida, nós nos reinventamos nos personagens que nascem dos nossos fantasmas.


A angústia de Bartolomeu Sozinho diante do passar do tempo e da proximidade da morte também é sua?


Sim. Não chamaria, no meu caso, de angústia. Mas existe a sensação que estamos no limiar de um abismo e, nesse abismo, vão desabando e se extinguindo os nossos pais e os da geração deles. A consciência da finitude é uma aprendizagem impossível. Talvez essa impossibilidade resulte de que não existe fim. Carecemos, sim, aprender a recomeçar em outras vidas, outros seres.


As palavras fazem mover as coisas? São perigosas as palavras?


Os pensamentos e as sensibilidades fazem mover as coisas. As palavras que movem e que constituem perigo são as palavras que não podem ser ditas em nenhuma língua: as palavras do sonho.


O mal é um aliado da literatura?


Sim. Mas não sei o que é o mal. E, assim posta a questão, a literatura pode ser uma poderosa construtora do Bem.


Trecho


Sidónio alisa a areia com os pés. É como se as palavras da mulher tivessem tombado no chão, escavando, sob os seus pés, fundos precipícios. Munda encosta-se no corpo do português e assenta um dedo sobre os lábios dele.


‘Não tem que falar nada, Doutor. Apenas me prometa uma coisa.’


Ele ergue o rosto e, de repente, não sabe que mulher lhe surge por detrás dessa voz que lhe pergunta:


‘Se o meu marido não despertar, amanhã, se ele adormecer de vez, promete que espera por mim?’


Pareceu-lhe que ela tinha acrescentado: ‘Você espera, meu anjo-da-guarda?’ Pareceu-lhe. Quem pode saber? Afinal, tudo começa num erro. E tudo termina de mentira.


‘Suacelência me contou muita coisa.’


‘Imagino.’’


 


 


TELEVISÃO
Patrícia Villalba


O que o mundo fez com Betty, a feia…


‘Não é nenhum exagero dizer que a telenovela une a nós, latinos, ao mesmo tempo em que, curiosamente, traduz as particularidades de cada um dos povos da América. Em tempos de pulverização de audiência e da oferta avassaladora de conteúdos audiovisuais, o pesquisador espanhol Jesús Martín-Barbero, da Universidad Javeriana, de Bogotá, diz que é impossível prever o futuro do gênero que encanta multidões desde os anos 70. ‘Hoje, você tem a opção de ver três telenovelas, mas logo serão 300’, observa ele, que abriu na segunda o 4º Semniário Internacional Obitel (Observatorio Iberoamericano de la Ficción Televisiva), realizado no Rio em parceria entre a USP e o projeto Globo Universidade. A despeito da representação das diversidades, Martín-Barbero faz um alerta, nesta entrevista ao Estado, sobre um aspecto perverso da globalização da televisão: ‘Em sociedades frágeis, como as latino-americanas, é importante ter algo que promova a socialização, como as telenovelas.’


Na sua palestra, o senhor chamou a novela colombiana Betty, a Feia de ‘mutante’, porque ela teria perdido a identidade quando foi adaptada em outros países . Mas não vê êxito nisso para a produção colombiana?


Betty, a Feia, em termos de público ou audiência, é um êxito maravilhoso. Mas o problema é que com essa telenovela não estamos falando com latino-americanos, mas usando a genialidade de um roteirista de usar um tema-chave, como é o de Branca de Neve. Nas versões de Betty, o único aspecto que resta do original é o núcleo arquetípico da beleza oculta. É diferente, por exemplo, de novelas como Roque Santeiro e Terra Nostra, que apresentam uma visão brasileira sobre as diferentes situações. Betty é um modelo que pode ser feito pelos alemães, basta mudar as tramas. Isso não tem nada a ver com a Colômbia, nem com a América Latina. De alguma forma, essa novela é o modelo que a globalização da TV está buscando: não é remake, é transformação, que permite que Betty seja alemã, norte-americana, espanhola…


A versão americana, Ugly Betty, tem colorido latino caricato, como um Almodóvar colombiano, não?


Sim, é uma representação dos latinos como um todo, não especificamente dos colombianos. É curioso: os norte-americanos fizeram, à sua maneira, uma caricatura que os permite seguir nos tratando como exóticos, não como interlocutores.


Não é, então, como se os EUA tivessem se rendido a Betty, mas como se tivessem deglutido a Betty…


Claro, se apropriaram e construíram o estereótipo latino. Porque Betty, a Feia se presta a isso. É uma tradução perversa porque o original colombiano não é caricatura. A globalização da televisão não é um processo de internacionalização, de exportar conteúdo de um país a outro, não é isso. É algo mais complexo, não é a invasão de um país por produtos estrangeiros, mas uma mudança das condições em que sentimos a cultura própria.


Isso será acentuado pela TV digital? Pois, com a explosão de canais, vai surgir demanda por conteúdo.


Sim. Globo já faz parcerias com produtoras independentes. Logo a demanda de conteúdos vai ser tão grande que nenhuma emissora será capaz de produzir tanto. Não sabemos como serão configurados os gostos das diversas classes sociais quando tiverem a liberdade de escolher não uma faixa de programação, mas produtos audiovisuais.


O que seria uma boa telenovela?


Não avalio assim, boa ou má. Eu me liguei a esse tema pensando nas pessoas que assistem à telenovela. Por que a América Latina escolheu a telenovela como seu gênero preferido? Isso me interessou. Viajei pela América formando grupos de pesquisa. Descobri, por exemplo, que as pessoas desfrutam mais da telenovela quando alguém conta o que se passou do que quando assistem. A maior felicidade para uma amiga sua é quando você diz que não pôde ver o capítulo de ontem e ela pode lhe contar tudo. E, quando começa a contar, já não se sabe o que é a telenovela e o que é a sua própria vida. A novela é um gênero cuja identificação, de alguma forma, anula a representação e o que as pessoas acabam vendo é a si mesmas.


Esse aspecto que une as pessoas não fica ameaçado pela pulverização da audiência?


Duvido que as pessoas possam prescindir da novela. O que vai acontecer é que vai haver muito mais tipos de telenovela. Nossas sociedades são frágeis, temos muitos conflitos. Ter em comum o que vemos na TV é importante para nossa socialização.’


 


 


Keila Jimenez


Muniz vence Santiago


‘Lauro César Muniz venceu a queda-de-braço com Tiago Santiago na Record. Segundo o autor, o personagem principal de sua próxima trama na emissora, Vendetta, Tony Castellamare, terá duas faces, uma mistura de herói e vilão, perfil que Santiago, consultor de novelas na rede, queria impedir.


Santiago chegou a determinar que Muniz deixasse a trama mais maniqueísta, mas o autor se negou a modificar a história, que é baseada em um livro homônimo de Silvio Lancellotti.


‘Não fiz nenhuma alteração no personagem do Tony. Continua exatamente como no livro, ou seja, tem um comportamento ambíguo: é um herói ou um bandido?’, fala Muniz.


Brigas à parte, o fato é que Vendetta, que substituirá Chamas da Vida na faixa das 22 horas, começa a ser gravada em setembro, com pinta de superprodução. A novela terá gravações em Palermo (Sicília), na Itália.


Ainda sem nomes definidos no elenco, Muniz quer ninguém menos que Rodrigo Santoro – contratado da Globo – como protagonista. ‘Rodrigo pode se fascinar pelo personagem de Tony. Estou aguardando o momento certo para convidá-lo para o papel’, fala o autor.’


 


 


CULTURA
Beth Néspoli


Secretaria de Cultura investe R$ 30 milhões no apoio à arte


‘A Secretaria de Estado da Cultura anunciou ontem a destinação de uma verba de R$ 30 milhões para ser distribuída entre os diversos programas culturais de sua iniciativa: Programa de Ação Cultural (PAC), Programa de Fomento ao Cinema Paulista e os recém-criados Programa de Incentivo à Dança e Programa de Incentivo ao Teatro. Os editais serão publicados a partir de julho, quando os interessados em participar podem consultar as datas de lançamento e critérios de inscrição e seleção no site www.cultural.sp.gov.br.


Segundo informação da coordenadoria da Unidade de Fomento e Difusão de Produção Cultural (Ufdpc) da Secretaria Estadual de Cultura, houve um acréscimo de R$ 18 milhões em relação à verba de fomento cultural do ano passado. Na área teatral, por exemplo, o PAC reservará um montante de R$ 3,2 milhões para produções inéditas e circulação de montagens pelo Estado; R$ 1,8 milhão para pesquisa, produção e circulação de espetáculos de dança; e R$ 1,2 milhão para produções de linguagem circense.


Além disso, os novos programas de incentivo anunciados terão editais específicos – independentes do PAC – e, nesse caso só o cinema, por exemplo, terá uma verba de R$ 8,5 milhões. André Sturm, coordenador da Ufpdc, informa que os recursos serão distribuídos por meio de editais públicos e os projetos selecionados por membros de comissões escolhidos entre profissionais com conhecimento da área artística que deverá ser contemplada pelo programa.


Também em julho, a secretaria promete abrir editais para festivais de arte (R$ 3 milhões), culturas tradicionais e indígenas (R$ 1,1 milhão) e produção de filmes para a televisão (R$ 2,6 milhões). Em agosto, para literatura, hip-hop, artes visuais e quadrinhos.’


 


 


 


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