Tuesday, 26 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Ladrões se fingem de repórteres em evento da Petrobras

Leia abaixo a seleção de segunda-feira para a seção Entre Aspas.


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Comunique-se


Segunda-feira, 26 de maio de 2008


ROUBO
Comunique-se


Ladrões furtam equipamento do SBT e se fingem de repórteres em Niterói (RJ)


‘Um carro de reportagem do SBT foi furtado, e logo recuperado, durante o lançamento do Programa de Modernização de Embarcações da Petrobras – que contou com presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva – em Niterói (RJ), na segunda-feira (26/05). Dois ladrões se fingiram de manobristas e receberam as chaves do veículo, assim como as dos carros da Rede TV! e da Record.


Além do carro, os ladrões furtaram coletes à prova de bala e microfones do SBT. Algumas testemunhas disseram que viram os dois usarem o equipamento para fingir que entrevistavam pessoas durante o evento, e pediram outras tripés e microfones emprestados a profissionais de outras emissoras e da Petrobras.


Os criminosos foram detidos por policiais que faziam a segurança do evento e levados para a 76ª Delegacia de Polícia, no centro de Niterói. O equipamento furtado foi recuperado.


Com informações do G1′



 


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Folha de S. Paulo


Segunda-feira, 26 de maio de 2008


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


‘Déjà vu’


‘Venezuela e Colômbia brigam até pela cobertura da morte do líder das Farc. O vídeo foi enviado à Telesur de Hugo Chávez, mas o jornal ‘El Tiempo’, de Bogotá, colou no YouTube e deu as imagens, ‘embedded’, em sua home page, na manchete. Não demorou e o vídeo foi ‘removido por violação de uso’. Mas ele seguia no YouTube, em outras páginas, com o anúncio retumbante e esteticamente anacrônico da morte, por Timoleón Jiménez, jurando ‘diante da tumba de nosso comandante’ que a ‘luta prossegue’. E apresentando as novas lideranças, como o clone de Che da imagem acima.


O PAPEL DA ESPANHA


A ‘Economist’ saúda a volta do ‘El Espectador’, de uma rica família colombiana, e diz que ‘um pouco de diversidade é bom para a democracia colombiana’. É que o ‘El Tiempo’, alinhado ao presidente Alvaro Uribe, nem é mais de colombianos, mas do grupo espanhol Planeta. E não é o único a avançar na imprensa da região. O grupo Prisa tem três jornais e TV na Bolívia, onde seu ‘La Razón’ festeja o ‘fracasso’ do conselho de segurança (acima), e mais por Colômbia, Chile, Equador.


ENTRE AMERICANOS…


Sobre a Unasul, ‘New York Times’ e outros só deram, reduzido, o despacho da AP destacando as ‘diferenças’ entre os sul-americanos. O ‘NYT’ dedicou atenção bem maior ao esforço do presidente da Guiana, fora da Unasul, de entregar ‘40 milhões de acres da Amazônia’, 80% de seu país, aos EUA ou ‘quem der mais’.


E CHINESES


Já a mídia estatal chinesa deu maior atenção à Unasul, com enunciados de que vai ‘ampliar a auto-suficiência financeira na América do Sul’ e ‘buscar soluções para a crise global de alimentos’. Em longa reportagem, a agência Xinhua avalia que ‘a integração é necessária ao desenvolvimento sustentado’ da região.


‘BOOM TIMES’


O CNBC, canal financeiro da rede NBC, com vídeos postados no site do ‘NYT’, faz reportagens especiais e entrevistas sobre a economia do Brasil, que está ‘quente! quente! quente!’ -e vem permitindo até a ‘mobilidade das classes baixas para cima’


‘NOUVEAUX RICHES’


Prosseguem nos jornais de EUA e Europa, dia após dia, as reportagens sobre o Brasil em seu momento ‘histórico’ etc.


‘NYT’ e CNBC, em edição conjunta, assim como ‘Observer’, se concentram agora nos novos consumidores, que estariam comprando mais a crédito, ‘mas não demais’, avalia o jornal americano. O inglês tratou por ‘novos ricos’ os integrantes da emergente classe média que virou alvo para os vinhos franceses.


A POTÊNCIA


E tem mais petróleo. No título do ‘Wall Street Journal’ para a descoberta da semana passada, ‘Novo achado estimula especulação de que Brasil será potência em petróleo’.


OS PODERES


O ‘WSJ’ também deu o recuo sobre o fundo soberano, dizendo que ‘os poderes vigentes’ (the powers that be) estariam reagindo e freando a idéia do Brasil de seguir o modelo de outros emergentes.


A VELHA INIMIGA


A revista ‘Economist’, que no final do ano passado já abriu capa para ‘o fim da comida barata’, avisa agora que a ‘velha inimiga’ levanta sua cabeça em lugar inusitado -e avisa aos emergentes, mais precisamente, aos Brics, Brasil inclusive, que são eles o alvo da inflação renovada.


E eles ‘correm o risco de repetir os mesmos erros que o mundo desenvolvido cometeu nos inflacionários anos 70’.’


 


TELEVISÃO
Daniel Castro


Novelas da Globo perdem mais jovens e mais pobres


‘O público das novelas da Globo encolheu, envelheceu e ‘enriqueceu’ nos últimos anos. Dados do Ibope obtidos com exclusividade pela Folha permitem concluir que a queda de audiência das novelas da emissora está relacionada ao maior acesso de jovens a novas mídias, como a internet, e ao crescimento econômico.


Em 2004, a novela das oito da Globo, ‘Senhora do Destino’, tinha média de 50,4 pontos no Ibope da Grande São Paulo. O atual título do horário, ‘Duas Caras’, do mesmo autor, Aguinaldo Silva, terminará nesta semana com média de 41. Em 2004, a novela das seis, ‘Cabocla’, marcava 34,6 pontos. Em 2008, ‘Ciranda de Pedra’ sofre com 22 pontos.


Em comum, as duas faixas registram a mesma mudança no perfil de audiência.


De cada cem telespectadores de ‘Senhora do Destino’, 11 tinham de 12 a 17 anos. Em ‘Duas Caras’, de cada cem telespectadores, só oito estão nessa faixa etária. Por outro lado, as pessoas com mais de 50 anos representavam 24% da audiência de ‘Senhora’. Hoje, elas são 32% de ‘Duas Caras’.


Isso quer dizer que as pessoas mais ‘idosas’ permaneceram fiéis ao gênero, diferentemente dos mais jovens.


Mais surpreendente é a mudança no perfil econômico.


De cada cem telespectadores de ‘Senhora do Destino’, 30 eram das classes A e B, 43 da C e 28 das D e E. Hoje, de cada cem telespectadores de ‘Duas Caras’, 35 são A e B, 50, C e 15, D e E. Ou seja, aumentou o peso dos telespectadores A, B e C. Já a importância dos mais pobres (D e E) caiu quase à metade, de 28% para 15%.


Segundo a Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (Abep), o crescimento econômico fez parte da classe D migrar para a C, mas não em proporção tão grande quanto à registrada nas novelas. Em 2003, 28% da população da Grande SP eram D e E. Em 2008, os mais pobres são 21,4%.


Uma das explicações para o êxodo dos mais pobres na audiência da Globo pode ser a de Aguinaldo Silva. Ele acredita que parte do público trocou as novelas por DVDs piratas.


TESOURADA


As gravações da novela das sete da Globo, ‘Beleza Pura’, estão atrasadas. O motivo são as mudanças no texto.


AGENDA


O Warner Channel estréia no dia 23, às 17h, o talk-show ‘The Ellen DeGeneres Show’. No dia 28, às 19h, coloca no ar ‘MTZ’, sobre celebridades.


EXPORTAÇÃO


Primeiro canal gay da TV paga brasileira, o For Man está sendo exportado para a América Latina. Acaba de estrear na Argentina, México e Peru.


DOCUMENTÁRIO


Afiliada da Globo em Campinas, a EPTV estréia hoje documentário sobre a Revolução Liberal de São Paulo, de 1842. Na internet, é possível vê-lo em www.eptv.com.’


 


Thiago Ney


B-52’s e Dave Gahan ganham especiais


‘Dois expoentes da música dos anos 80 serão retratados na TV brasileira entre hoje e amanhã. Na madrugada de amanhã, a MTV dedica programa à banda B-52s, enquanto o Eurochannel traz um especial com Dave Gahan, vocalista do Depeche Mode. Com ‘Funplex’, lançado neste ano, o B-52s voltou com um disco de inéditas, coisa que a banda não fazia desde 1992.


O especial da MTV resume a trajetória da banda americana, que ajudou a colorir o pop com hits como ‘Love Shack’, ‘Roam’ e ‘Private Idaho’.


Não tão festeiro quanto o B-52s, mas não menos influente, o Depeche Mode forneceu alguns dos alicerces para o synth-pop dos anos 1980. Se o cérebro da banda inglesa sempre foi o produtor Martin Gore, o carismático (e problemático) vocalista Dave Gahan é quem dava corpo e sentido a canções como ‘Never Let Me Down Again’ e ‘Personal Jesus’.


O programa do Eurochannel foca, porém, na carreira solo do cantor, particularmente no (fraco) disco ‘Hourglass’, que ele lançou no ano passado. Fica claro que Gahan é um tremendo vocalista, mas que precisa de alguém que lhe mostre alguns caminhos.


B-52S


Quando: hoje, à 0h15


Onde: MTV


DAVE GAHAN


Quando: hoje, às 13h


Onde: Eurochannel’


 


CINEMA
Silvana Arantes e Lucas Neves


Brasileira Sandra Corveloni é a melhor atriz em Cannes


‘O 61º Festival de Cannes terminou ontem com o prêmio de melhor atriz para a brasileira Sandra Corveloni, protagonista do longa ‘Linha de Passe’, de Walter Salles e Daniela Thomas. A Palma de Ouro ficou com o filme francês ‘Entre les Murs’ (entre os muros), de Laurent Cantet.


‘Estou me sentindo como uma atleta que ganhou medalha de ouro na Olimpíada. É um prêmio para todo mundo, porque brasileiro batalha tanto para conseguir as coisas’, disse a atriz à Folha por telefone, de sua casa, em São Paulo.


Os diretores receberam o prêmio em nome de Sandra, que não viajou a Cannes porque se recupera de um aborto espontâneo.


‘Estava aqui brincando com o meu filho [Orlando, 6] quando a assessora do filme me ligou dizendo que o Walter e a Daniela estavam recebendo o prêmio por mim. Falei: ‘Meu Deus, como é que é?’. Esperava um prêmio pelo conjunto dos atores; a gente fez um trabalho muito homogêneo. Jamais ia imaginar algo assim [o prêmio de melhor atriz]. Está uma loucura’, comentou, sobre o assédio repentino da mídia.


Sandra, cujo currículo cinematográfico até então se resumia a dois curtas (‘Flores Ímpares’ e ‘Amor’), afirmou que suas atenções se voltam agora para o lançamento de ‘Linha de Passe’, previsto para o segundo semestre deste ano: ‘Quero cuidar da divulgação do filme, para que tenha uma carreira linda. Vou continuar trabalhando no teatro [é atriz e diretora do grupo Tapa], como sempre trabalhei. Não sei o que vai acontecer. Quero viver este momento’, diz ela, 22 anos depois de Fernanda Torres ganhar o prêmio de atriz em Cannes por ‘Eu Sei que Vou te Amar’, de Arnaldo Jabor.


‘Reflexo de uma nação’


Em Cannes, Salles disse se orgulhar ‘de fazer parte de uma profissão que é, antes de tudo, o reflexo de uma nação que se projeta na tela do cinema. Tenho um pouco mais de orgulho desse prêmio para uma atriz que debuta no cinema e que fez de tudo para tornar inesquecível essa experiência [das filmagens] coletiva’.


Thomas agradeceu o prêmio em inglês e, em seguida, pediu licença para dirigir algumas palavras à atriz, em português: ‘Querida, você não esteve aqui conosco em carne e osso, mas a sua personalidade incrível, que nos trouxe para essa viagem de puro prazer que foi fazer este filme, está aqui com a gente’.


Sandra foi selecionada para o papel da doméstica Cleuza, fã do Corinthians, mãe de quatro filhos e grávida do quinto, por meio de testes. ‘Depois que a vimos pela primeira vez, foi difícil ver outras pessoas. Ela realmente é extraordinária’, afirmou Thomas. Salles, que define a atuação de Sandra como ‘ao mesmo tempo forte e contida’, disse que ‘você vê, tanto com a Sandra como com esses jovens atores [do filme] que estréiam aqui, o quanto há de talento no Brasil que a gente não conhece’.


Sandra concorreu em Cannes com atrizes como as norte-americanas Angelina Jolie (‘Changeling’, de Clint Eastwood), Julianne Moore (‘Ensaio sobre a Cegueira’, de Fernando Meirelles, não lembrado pelo júri), e a francesa Catherine Deneuve (‘Un Conte de Noël’, de Arnaud Desplechin).


A Folha apurou que, entre os nove membros do júri, oito votaram na brasileira para o prêmio. O presidente do júri, o ator e diretor norte-americano Sean Penn, declarou que foram decididos por unanimidade a Palma de Ouro e o prêmio de ator, para o norte-americano de origem porto-riquenha Benicio Del Toro, pelo papel de Ernesto Che Guevara em ‘Che’, de Steven Soderbergh.


O diretor mexicano Alfonso Cuarón, integrante do júri, disse que ‘Che’ e ‘Linha de Passe’ são ‘filmes relevantes hoje’ e que o júri reconheceu ‘o poder de interpretação desses personagens [Che e Cleuza], que levam os filmes adiante’. Entre a crítica, as apostas para melhor atriz ignoravam Sandra e citavam a argentina Martina Gusmán, de ‘Leonera’, de Pablo Trapero, dentre as prováveis ganhadoras.


‘Sandra é muito sensitiva. Imagino que, se estivesse aqui, ela dividiria esse prêmio com outras atrizes latino-americanas espetaculares, como Martina Gusmán’, observou Salles, em entrevista coletiva após a premiação. Os cineastas dizem que é preciso também ‘aplaudir e agradecer’ o trabalho de Fátima Toledo, preparadora de elenco de ‘Linha de Passe’.’


 


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Francês leva Palma por unanimidade


‘Penúltimo dos 22 filmes em competição pela Palma de Ouro a ser exibido no 61º Festival de Cannes, o vencedor ‘Entre les Murs’ (entre os muros), do francês Laurent Cantet, arrebatou os jurados.


‘Ele tem tudo o que você quer de um filme’, disse o ator e cineasta norte-americano Sean Penn, presidente do júri.


‘É um desses raros filmes em que o alto cinema pode tocar a todas as pessoas’, disse o diretor mexicano Alfonso Cuarón.


‘Foi a nossa paixão. Ele vai além do tema da escola, do tema da periferia e põe a verdadeira questão, que é a democracia’, afirmou a quadrinista e diretora franco-iraniana Marjane Satrapi.


O impacto no público do festival também foi notório. Reconhecidos na rua, Cantet e sua equipe foram espontaneamente aplaudidos ontem, quando seguiam rumo ao Palácio dos Festivais.


Diante da ovação intensa que seguiu ao anúncio da Palma de Ouro, o diretor premiado e o presidente do júri se esforçavam para conter as lágrimas.


‘O filme que queríamos fazer deveria ser múltiplo, complexo e com fricções, tal como a sociedade francesa. Espero não ter errado’, disse Cantet.


Com a decisão -unânime, segundo Penn- de premiar esse quarto filme de Cantet (‘A Agenda’, ‘Em Direção ao Sul’), que competiu pela primeira vez em Cannes, a França quebrou um jejum de duas décadas sem vencer a Palma de Ouro -desde ‘Sob o Sol de Satã’ (1987), de Maurice Pialat.


Imigrantes


‘Entre les Murs’ é baseado no livro homônimo de François Bégaudeau sobre sua experiência como professor numa escola da periferia de Paris.


Os alunos, invariavelmente pobres, são filhos de imigrantes de diversas etnias, cujas línguas maternas vão do mandarim aos idiomas africanos. Nas aulas de francês, os conflitos envolvendo o aprendizado -e também a identidade, a cidadania, a ética, as regras, os julgamentos, a culpa, o castigo- brotam a toda hora entre professor e turma.


É o próprio Bégaudeau quem interpreta o papel do educador, ou seja, o dele mesmo.


Os 24 alunos da classe que ‘Entre les Murs’ acompanha durante um ano letivo são estudantes de uma escola da periferia, escolhidos por Cantet, após oferecer-lhes uma oficina de interpretação durante um ano. Pais e mestres também interpretam no filme situações de sua vida real.


Todas as cenas se passam na escola, intramuros portanto. Embora seja decalcado da vida real, ‘Entre les Murs’ é cinema de ficção. ‘Não saberia fazer um documentário, ficar esperando que as coisas acontecessem. E acho que os atores são mais sinceros do que as pessoas filmadas para um documentário’, disse Cantet após a sessão do filme, anteontem.


Foi também quando o diretor afirmou: ‘O filme não é politicamente neutro. Trata de uma das questões mais vivas da hora [a educação]. Não podíamos tratá-la de forma fria. O que tentamos foi evacuar ao máximo a ideologia, mesmo sabendo que ela iria nos agarrar’.


Política


Uma premiação de teor político era o que se esperava do júri presidido por Sean Penn, notório por seu engajamento. E foi o que ocorreu.


Além da Palma de Ouro para um filme no qual confluem vidas privadas e política pública, o júri deu o Grande Prêmio (espécie de segundo lugar) ao italiano ‘Gomorra’ (Camorra), de Matteo Garrone, que desvenda os mecanismos da máfia napolitana. O jornalista Roberto Saviano, autor do livro no qual o filme se baseia, foi ameaçado de morte após a publicação.


Lembrado com o Prêmio do Júri, o italiano ‘Il Divo’ (o ilustre), de Paolo Sorrentino, expõe os meandros da política de seu país nas últimas décadas, com um perfil impiedoso do ex-premiê Giulio Andreotti.


‘Che’, que foi produzido com dinheiro europeu, já que o projeto -de US$ 60 milhões (R$ 98,9 milhões)- não atraiu investidores americanos, teve o prêmio para o intérprete do papel-título, Benicio del Toro.


O troféu de roteiro dado aos irmãos Luc e Jean-Pierre Dardenne por ‘Le Silence de Lorna’ (o silêncio de Lorna) reconheceu uma história sobre o submundo de imigrantes ilegais na União Européia.


O melhor diretor foi Nuri Bilge Ceylan (‘Üç Maymun’), da Turquia, ainda não-admitida na União Européia, que disse: ‘Quero dedicar esse prêmio ao meu belo e solitário país, que eu amo apaixonadamente’.’


 


 


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O Estado de S. Paulo


Segunda-feira, 26 de maio de 2008


VENEZUELA
O Estado de S. Paulo


Milhares marcham por volta da RCTV


‘Milhares de venezuelanos saíram às ruas de Caracas para pedir que a volta da transmissão da emissora Rádio Caracas Televisão (RCTV) – que teve a renovação de concessão para emitir em canal aberto negada pelo governo de Hugo Chávez e saiu do ar em 27 de maio de 2007.


‘Um ano após o fechamento injusto e reconhecido por todo o mundo como contrário à Constituição, nós continuamos lutando para que a Venezuela tenha acesso à RCTV gratuitamente e para que seus equipamentos sejam devolvidos’, disse Elías Bittar, advogado da emissora.


O governo confiscou os equipamentos de transmissão da rede, avaliados em US$ 140 milhões. No lugar da RCTV – hoje transmitida por cabo -, entrou no ar a rede estatal Tves.


A marcha percorreu cerca de 25 quarteirões até chegar à sede do canal, no centro da capital.’


 


INTERNET
O Estado de S. Paulo


Alemã põe filho em leilão na internet


‘Um casal alemão pôs seu filho de 7 meses à venda no site de leilões eBay, com lance inicial de 1. A polícia da cidade de Krumbach, a leste de Munique, foi avisada e o casal perdeu a guarda do filho. A mãe disse que era uma brincadeira. ‘Queria ver se faziam ofertas. Levaram o meu filho e agora terei de fazer testes psiquiátricos’. Há suspeita de tráfico de menores.’


 


PUBLICIDADE
Marili Ribeiro


Ações prometem qualidade. Ou o dinheiro de volta


‘Na era do recall até de brinquedos, reter a confiança do consumidor tornou-se um oportuno instrumento de marketing. Algumas empresas, capazes de bancar a qualidade de seus produtos e serviços, estão investindo em mensagens publicitárias na linha do tenha satisfação com o que adquiriu, ou pegue seu dinheiro de volta.


Nos últimos meses, só no Brasil, três campanhas publicitárias apelaram para o recurso. Duas delas são da multinacional de produtos de higiene e limpeza Unilever. A companhia criou uma peça para o autobronzeador Summer Tone, que esteve em cartaz nos mesmos moldes na Rússia, Chile, Colômbia, Venezuela e Peru, e outra para o xampu Dove Brilho Therapy, que acaba de entrar no ar garantindo o tão ambicionado brilho para os cabelos perseguido pelas mulheres.


O terceiro anúncio a recorrer ao apelo conhecido como money back é da série criada para o iogurte Activia, da indústria de alimentos Danone. Intercalado pela propaganda convencional de estímulo às vendas, ele vem sendo veiculado desde 2006 sob o lema ‘desafio Activia’. O último da série tem como garota-propaganda a atriz Patrícia Pillar propondo aos consumidores obter o dinheiro de volta, se iogurte não ajudar a regularizar o intestino.


‘Apelar para a tática do money back requer absoluta confiança na eficiência do produto’, considera Mariangela Silvani, diretora de criação da agência Young & Rubicam, responsável pela campanha do Activia. ‘Trata-se de um produto de uma nova categoria, a de alimentos funcionais, que depende do controle da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). É impensável correr o risco de comprometimento público com algo que não se comprove’, acrescenta.


TELEFONEMAS


No caso do autobronzeador, embora nesse caso sofra interferência do órgão de controle sanitário, a situação de inovação é reproduzida. E, mais um vez, a certeza do resultado efetivo em tornar a pele mais morena fez a Unilever apostar na devolução do dinheiro diante de qualquer insatisfação.


‘Foram mais de quatro mil telefonemas ao SAC em apenas um mês, quando o normal é em torno de 200’, conta a gerente de marketing de Dove, Daniela Cachich. ‘As consumidoras estavam atrás de informações sobre o produto. Os reembolsos foram de apenas 0,2% das vendas’, festeja.


O pequeno nível de reclamações, em especial no caso de produtos de baixo valor unitário, poderia ser apontado como um fator favorável para as empresas adotarem o money back. Afinal, é uma ação que confere prestígio à marca e, ao mesmo tempo, não teria risco de grandes prejuízos diante do fato de o consumidor não se dar ao trabalho de cobrar resultados.


‘Não acredito nessa variável’, diz a publicitária da área de planejamento, Laura Chiavone, da Limo Inc. ‘Não vale o risco de apostar no comodismo do público e acabar cutucando os consumidores proativos, os quais, em tempos de internet, podem causar sérios problemas para a marca, difundindo informações negativas por meio das redes sociais.’


Para Laura, o motivador é outro. A nova onda de propagandas do gênero ressurgiu porque os anunciantes nunca tiveram de ser tão transparentes em suas mensagens como agora. A era digital obriga a comunicação a ficar mais real e verdadeira. ‘A rapidez de difusão da informação considera os estudos que apontam que se fala menos de experiências positivas do que das negativas. Basta ver a repercussão produzidas por situações constrangedoras ou trágicas na web’, avalia.


Sob o mesmo ponto de vista, a vice-presidente de planejamento da Fischer América, Isabelle Perelmuter, acredita que essas campanhas conferem segurança em um mercado cada vez mais competitivo. ‘É uma estratégia poderosa que deve ser usada com parcimônia’, acredita ela. ‘No lançamento de categoria, como no caso dos alimentos funcionais da Danone, ou então em situações em que a empresa precisa recuperar sua imagem’.


No segundo caso, Isabelle cita a campanha do money back lançada há algum tempo pela companhia americana de entregas rápidas Fedex. ‘Imagino que pesquisas internas detectaram falhas crescentes no serviço de entregas e eles, pressionados pela acirrada concorrência da UPS e DHL, recorreram ao recurso’.


No filme, que fez sucesso por lá, enquanto um usuário ainda reclamava ao telefone do aparelho quebrado, a Fedex já entregava o substituto. E, em matéria de reclamar direitos, o consumidor americano não se acomoda. Costuma pôr a boca no trombone. E lá funciona.’


 


CINEMA
Luiz Carlos Merten


Empregada seduz Cannes


‘Walter Salles e Daniela Thomas olharam-se no palco do Grand Théâtre Lumière com cara de quem se pergunta – ‘Será que ouvimos direito?’ – quando Jean Reno, chamado a apresentar o prêmio para a melhor atriz do 61º Festival de Cannes, anunciou que o troféu ia para Sandra Corveloni, por Linha de Passe. O filme que o diretor tantas vezes chamou carinhosamente de ‘pequeno’ já havia sido muito bem recebido pela crítica internacional, mas faltava o aval do júri presidido por Sean Penn, e ele veio sob a forma de um prêmio para a atriz de teatro que faz sua estréia no cinema interpretando a mãe de quatro filhos (grávida do quinto). Salles e Daniela subiram ao palco, ambos muito emocionados. Salles agradeceu a contribuição de Sandra, dizendo que ela foi realmente uma mãe para os quatro jovens atores. Daniela, falando em português, disse que a atriz vencedora não pôde vir a Cannes por causa de uma gravidez interrompida, mas seria muito importante, num momento destes, receber reconhecimento por uma entrega que foi tão visceral.


Em 1986, a jovem Fernanda Torres recebeu esse mesmo prêmio, pela participação em Eu Sei Que Vou Te Amar, de Arnaldo Jabor. O momento do Brasil ocorreu logo no começo da cerimônia de premiação, e foi comovente pela felicidade da dupla de diretores, mas a apoteose veio no fim, quando Robert De Niro, chamado para entregar a Palma de Ouro, perguntou ao presidente do júri qual era o vencedor e Sean Penn disse que, por unanimidade, o prêmio ia para… Entre les Murs (The Class), de Laurent Cantet. Foi o último filme exibido na competição. Passou no sábado pela manhã, para a imprensa, e à tarde teve a sessão de gala, coroada por mais de dez minutos de aplausos que foram ficando ritmados. A decisão do júri foi muito bem recebida no palais e na Sala Debussy, de onde a imprensa acompanhava a cerimônia. Na própria sala de imprensa, os que ali haviam ficado para garantir o acesso aos computadores aplaudiram vivamente.


Cantet subiu ao palco com seu ator, o professor François Gégaudeau, que relatou a própria experiência na sala de aula no livro que o cineasta usou como ponto de partida. Com eles foram os garotos e garotas que formam a turma da sala, todos adolescentes. Por volta do meio-dia, o repórter do Estado entrevistou ambos, o ator e o diretor. Cantet estava tranqüilo, nem um pouco ansioso, mas foi sucinto para explicar por que quis fazer a adaptação. ‘Meu filme não é conceitual. É um filme realista, feito no nervoso desse elenco jovem e entusiasmado. Instalei-me com a câmera na escola, e na sala de aula. Dali não precisei sair porque a verdade é que o mundo inteiro coube nesse espaço.’’


 


Beth Néspoli


O mundo descobre a atriz Sandra


‘‘Estou muito feliz, nem sei o que dizer.’ Sandra Corveloni atende o telefone na sua casa em Vila Mariana. Mas logo tem de desligar. A França a chama na outra linha. A premiação em Cannes, subitamente, transforma o seu domingo. Jornais e televisões de todos o Brasil, e de muitos outros países, a procuram. É preciso esperar mais alguns minutos para conseguir conversar com ela. Atriz de longa experiência no Grupo Tapa, fala de sua personagem em Linha de Passe, de Walter Salles e Daniela Thomas, seu primeiro longa-metragem. ‘Fiz dois curtas experimentais antes, mas esse trabalho é bem diferente, pois teve um tempo de preparação muito longo, três meses de ensaio, improvisações no set depois do elenco definido, dois meses de filmagens’, diz. Os curtas foram Flores Ímpares (1992), de Sung Sfai, e Amor (1993), de José Roberto Torero.


Seu personagem é Cleuza, um empregada doméstica com quatro filhos grávida do quinto. ‘O filme fala da ausência de pai, das oportunidades escassas, da violência sempre rodando, um tipo de realidade que é a de muitas famílias brasileiras’, diz Sandra. ‘Apesar de todas as dificuldades, a família vive momentos legais. Ela é uma mãe que se importa com os filhos e luta muito para que tenham uma vida digna, escapem dos caminhos que levam à violência. Ela é o refúgio moral da família.’


Paulistana de 43 anos, Sandra fez sua formação de atriz na PUC e integra o elenco do Grupo Tapa, dirigido por Eduardo Tolentino, desde 1998. Como atriz, atuou em dezenas de peças, como No Fundo do Lago Escuro, de Domingos de Oliveira, na qual contracenou com Beatriz Segall, Moço em Estado de Sítio, de Oduvaldo Viana, Major Bárbara, de Bernard Shaw, Contos de Sedução, de Guy de Maupassant, entre outras. Dirigiu, também no Tapa, As Viúvas de Artur, espetáculo que unia peças curtas de Artur de Azevedo, e co-dirigiu, com Tolentino, Amargo Siciliano, de Pirandello, ainda em cartaz no Viga Espaço Cênico.


Nem sempre atores teatrais conseguem se adequar tão bem, já no seu primeiro filme, à linguagem do cinema, que pede intensidade na mesma proporção da contenção de gestos. ‘Sempre trabalhei com Tolentino e na linguagem realista do Tapa, em que se busca a verdade em pequenos gestos, na delicadeza de um olhar’, argumenta Sandra. ‘Mas também foi muito importante o trabalho da preparadora de elenco Fátima Toledo, que nos ajudou com a realidade dos personagens, de sua aridez. Quando chegamos no set, estávamos muito bem preparados, física e emocionalmente, para interpretar os personagens.’


Ela destaca ainda a orientação dos diretores Walter Salles e Daniela Thomas. ‘Eles sabiam exatamente o que estavam buscando. Sua segurança foi fundamental. Ninguém sentia medo no set, nem se estressava. Eles nos deixaram muito seguros. Foi um trabalho feito mesmo em equipe. Eu tinha a curiosidade da primeira vez e podia tê-la, pois tudo foi feito num clima de alegria, viramos mesmo uma família. Por isso eu esperava um prêmio de conjunto, não individual. Mas sinceramente acho que ele só vem pelo clima de trabalho em equipe.’


Sandra prefere não falar do aborto sofrido aos cinco meses de gravidez, com conseqüências bastante graves – segundo amigos, ela correu risco de vida -, que a impediu de estar em Cannes. ‘Foi terrível, tudo está muito recente, ainda não tenho condições de falar sobre isso.’


Antes mesmo de o filme estrear no Brasil, tanto os fãs que ela já tem no teatro, como os que ainda não a conhecem, vão poder conferir sua interpretação na telinha. Ela atua no programa de teledramaturgia da TV Cultura, a série Direções, que vai ao ar no domingo. Sob direção de Eduardo Tolentino, ela vive Leila em O Telescópio, peça de Jorge Andrade. Ela é quem detona o conflito em família, ao voltar da cidade para o campo interessada na sua parte na herança da família.’


 


TELEVISÃO
Alline Dauroiz


Marcos Palmeira leva índios para a TV


‘Longe da polêmica da demarcação de terras na reserva Raposa Terra do Sol, em Roraima, a Cultura estréia no próximo domingo, às 18 horas, a série A?uwe (lê-se ‘auê’, que significa ‘povo indígena’). Apresentada pelo ator Marcos Palmeira, que teve imagem cedida pela Globo, a atração de 26 capítulos ‘é uma janela para tudo o que está sendo feito em relação aos índios no País’, explica o ator.


O nome de Palmeira não foi escolhido ao acaso. A idéia surgiu do documentário Expedição A?uwe – A Volta de Tsiwari, que mostra a viagem dele à aldeia dos índios Xavantes, no Mato Grosso, em 2005. Assim, o convite foi natural, ainda mais após Carlos Wagner La-Bella, produtor-executivo do documentário, assumir, no ano passado, a vaga de diretor de Prestação de Serviços da Cultura, que cuida dos documentários da casa. A direção do programa é de Laine Milan, diretora do filme.


Nos dois primeiros episódios, A?uwe mostrará partes do filme de Palmeira. ‘Lá se explica minha relação com a causa indígena.’ Depois, trará documentários feitos por índios, além da interação com o público, que poderá mandar imagens captadas nas tribos do País.’


 


 


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