Em crise financeira causada pela migração do público (e dos anunciantes) para a internet, jornais de todo o mundo procuram maneiras de conquistar leitores. Muitos, como noticia Katharine Q. Seelye [The New York Times, 12/10/06], contrataram consultores para tal tarefa. Na contramão desta tendência, o Los Angeles Times busca mapear seu futuro usando seus próprios repórteres e editores.
Para tanto, o título encarregou três jornalistas investigativos e seis editores de encontrar idéias, nos EUA e no exterior, para reconquistar os leitores. O editor Dean Baquet e o novo publisher David Hiller realizaram um encontro na semana passada para expor o novo projeto, chamado de Manhattan Project. Em um prazo de dois meses será concluído o primeiro relatório sobre os esforços da caça aos leitores. ‘A redação está motivada para inovar’, observa Hiller. ‘E o nome Manhattan Project dá um sentido de importância e urgência ao projeto. O nome remete ao esforço americano de desenvolver uma bomba atômica durante a Segunda Guerra Mundial, que se assemelha ao esforço exagerado de enfrentar os problemas atuais da indústria jornalística: declínio na circulação, custos elevados e lucros estagnados’.
Embora a audiência online dos jornais esteja crescendo, ela é responsável apenas por parte do lucro das empresas e não atrai anúncios o suficiente para cobrir os custos operacionais da redação. Em setembro, Baquet e o então publisher Jeffrey M. Johnson anunciaram, nas páginas do jornal, que não concordavam com os cortes pedidos pela empresa proprietária da publicação, a Tribune Company. O grupo demitiu mais de 20% dos seus 1.200 empregados desde que comprou o Los Angeles Times, em 2000.
Aposta no futuro
Na semana passada, Johnson foi forçado a deixar o posto. Baquet afirmou que concordaria em ficar por estar convencido de que teria a chance de dar a volta por cima com o mesmo orçamento e a mesma equipe – que estaria empolgada com a idéia. ‘Não devemos ficar esperando por terceiros para virem com idéias para o nosso futuro’, opina Marc Duvoisin, chefe de redação assistente do jornal, que coordenará o projeto. ‘Conscientizamo-nos de que tínhamos que agir rápido’, conta Vernon Loeb, um dos idealizadores.
Os envolvidos no Manhattan Project afirmaram que já têm algumas idéias em mente para o futuro do jornal, como a criação de novas seções, a entrada de novos colunistas e a participação do público na cobertura de eventos locais. O grupo Tribune afirmou, no entanto, que os planos de cortes no Los Angeles Times não estão totalmente descartados.