Sob o título “Leitores inconfiáveis”, publicou-se neste Observatório da Imprensa um tópico que tratava de comentadores de textos que falseiam a realidade do que está escrito e, talvez não apenas por coincidência, costumam escrever agressivamente, às vezes deslizando para o pântano da injúria, da calúnia e da difamação – os três crimes contra a honra previstos no Código Civil.
Sob o entretítulo “Santos e canalhas”, lia-se que o leitor Dante Caleffi abrira um comentário sobre o texto “Denúncias e reflexões de Cid Benjamin” com a frase “Cada época produz seu ‘Cabo Anselmo’”, a meu ver infamemente injuriosa. Escrevi-lhe duas vezes para saber se minha interpretação estava correta – se seria uma injúria contra Cid Benjamin. Caleffi levou semanas para responder. Sua resposta veio nos seguintes termos (sem copidesque):
“Somente hoje, tomei conhecimento do seu email e do seguinte,reiterando. Cid Benajamin, decepcionou-me,não apenas a quem lhe tinha alguma admiração,mas seus próximos e ex-companheiros de militância.
Como deve recordar,afirmou o autor, em revelações inéditas ,que durante sua estada na cadeia,em São Paulo, Lula teria investido sexualmente contra um colega de cela.A mídia, repercurtiu a ‘ revelação’ com a intensidade de praxe.
Seguiram-se manifestações indignação por parte de pessoas de várias origens ideológicas e nenhuma confirmação ou testemunha que ratificasse o que Cid Benjamim afirmara como verdadeira.
Hoje,o autor do livro, encontra-se num limbo, em que com raras exceções, e v.sa., é uma delas ,lembram-se de mencionar seu nome, seus atributos e digamos, sua contribuições democráticas.”
Cid e César
Caleffi é irresponsável. Confundiu Cid com César Benjamin, seu irmão, autor do artigo, publicado na Folha de S.Paulo, que Caleffi tentou mencionar (“Os filhos do Brasil”, 27/11/2009). O relato de César, por sinal uma das pessoas mais honestas que circulam na política brasileira – como o é também Cid –, não contém nada que pudesse fazer dele um “Cabo Anselmo”.
Cabo Anselmo foi um infiltrado que delatou muita gente, inclusive a própria mulher, grávida. O que Caleffi está dizendo, sem querer, é que César Benjamin revelou [obrigado, leitor Wallace Lima] um segredo que deveria ter sido preservado. Não é isso que um “Cabo Anselmo” faz?
Com a resposta acima transcrita, Caleffi transformou uma agressão estúpida numa confissão de leviandade.
Visto que muitos leitores honestos não o sabem, cabe informar, de resto, que Cid e César Benjamin não só não caíram “no limbo” como estão ativos na política, na cultura e na defesa dos direitos humanos. Mais uma confusão de Caleffi: sim, anos atrás eles saíram do PT. É muito diferente de cair no limbo, a não ser, talvez, para quem acha que o PT, ou Lula, é “tudo”, é Deus.
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