Albert Santiago du Bouchet Hernández, repórter da agência de notícias Havana Press libertado em agosto de 2006 após ficar um ano preso por desacato a um chefe de polícia, recebeu nova sentença de prisão. Desta vez, ele foi condenado pela suposta ‘apropriação ilícita’ de um lenço autografado por Fidel Castro.
No dia 15/8, uma corte municipal de Havana ordenou dois anos de prisão a Hernández, seguido por dois anos de trabalho em um presídio e ainda dois anos de liberdade sob supervisão da justiça. O lenço que lhe rendeu seis anos de pena foi autografado em 1957 pelo líder cubano e pertencia a Maria Encarnación González Guerra, ex-líder do Movimento 26 de Julho, que lutou na Revolução Cubana. O repórter alega que Maria lhe deu o lenço e que a polícia a pressionou para testemunhar contra ele. ‘Neste momento, estou no processo de apelação contra a decisão, então não tenho que ir imediatamente para a prisão. Mas, dos comunistas, espero tudo’, confessou.
Censura
A organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) classificou o caso como ‘grotesco e ofensivo’. ‘Estamos escandalizados pelo modo como as autoridades continuam a perseguir Hernández’, afirmou a RSF. ‘Impor uma sentença tão pesada pelo suposto roubo de um lenço é algo grotesco. Seu julgamento foi tão breve quanto o de 2005, sem advogado de defesa e baseado em evidências que podem ter sido obtidas sob ameaça. Pedimos que [o jornalista] seja absolvido na apelação’.
O repórter teria irritado as autoridades cubanas ao cobrir o congresso da Assembléia para a Promoção da Sociedade Civil em Cuba (APSC), em maio de 2005, cujo objetivo foi debater estratégias para criar uma sociedade democrática na ilha. Informações de Mark Fitzgerald [Editor & Publisher, 22/8/07].