Wednesday, 25 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Liberdade aos estrangeiros, censura aos locais

A International PEN, organização mundial de escritores que se classifica como o grupo de defesa de direitos humanos mais antigo do mundo, denunciou esta semana que a polícia chinesa impediu 20 escritores de participar de uma conferência em Hong Kong no último final de semana. Alguns chegaram a ser alertados a não ir, enquanto outros que tinham permissão para ir a Hong Kong – que é um território chinês com administração separada – tiveram seus documentos confiscados na fronteira. Apenas 15 escritores conseguiram efetivamente comparecer ao evento.


As restrições ocorreram depois de uma recente proibição de oito livros na China, a maior parte deles obras de história, incluindo um sobre o surgimento da SARS (síndrome respiratória aguda grave) em 2003. O governo chinês foi criticado por ter agido muito devagar para combater o novo vírus mortal.


Espeto de pau


Contraditoriamente, a censura acontece pouco tempo após o governo afrouxar as restrições à mídia estrangeira que existiam há décadas no país, dando às empresas de mídia do exterior maior liberdade para trabalhar nas Olimpíadas de Pequim, em 2008. Recentemente, os sítios de dois diários de Taiwan, que haviam sido bloqueados por anos pelo governo chinês por medo de que pudessem espalhar propaganda anticomunista, foram liberados para acesso ao público no país. A China considera Taiwan parte do seu território e Pequim freqüentemente bloqueia sítios que vão contra a visão do governo em assuntos polêmicos.


Segundo os escritores chineses, no entanto, a tolerância dada aos estrangeiros não se aplica aos profissionais chineses. ‘É tudo para aparecer’, diz Yu Jie, escritor que não consegue publicar nada com seu nome há dois anos. Para Kristin Jones, do Comitê para a Proteção dos Jornalistas, não apenas os jornalistas domésticos estão sofrendo maior censura, como também sofrem mais ameaças e ataques que os estrangeiros no país. Informações de Audra Ang [Associated Press, 5/2/07] e de Ralph Jennings [Reuters, 5/2/07].