Dentro das especificações de um universo tão complexo quanto o jornalismo, há o chamado jornalismo interpretativo. O conceito geral, formulado por Luiz Beltrão, explica essa modalidade como sendo aquela em que o jornalista apresenta os diversos aspectos da problemática, trazendo suas causas e consequências, ou seja, interpreta os fatos ocorridos para que o leitor possa entender e compreender o acontecimento. Porém, por diversas vezes, essa interpretação se confunde com a opinião do jornalista, não sabendo o leitor/telespectador/ouvinte diferenciá-las. Portanto, reflete-se: quais os limites entre a interpretação e a opinião?
Nos últimos dias, um acontecimento invadiu os noticiários em todos os horários e emissoras (como sempre acontece): um levante popular no Egito que reivindicava a renúncia do presidente Hosni Mubarak, que há 30 anos comandava o país. Diversas reportagens foram realizadas e o mundo e os jornalistas se posicionaram diante dessa questão. Quando a história de Hosni Mubarak presidindo o Egito é contada até que se chegue aos dias atuais, apresentando as causas da revolta da população, se mostrando os por quês e os para quês, é possível afirmar que esteja sendo praticado um jornalismo interpretativo. Todavia, quando um jornalista escreve ou se apresenta diante das câmeras e afirma: ‘A população está certa, pois este governo é ruim’ em uma reportagem, o jornalista não está utilizando os dados e as informações para que o público conclua de acordo com as suas próprias ideias. Para afirmações deste tipo, existem gêneros específicos, como o artigo, onde fica claro que tudo que está sendo dito são as conclusões e pensamentos da pessoa jornalista em concordância com a sua visão de mundo.
É possível de forma clara e objetiva – mas teórica – definir as diferenças que existem entre o jornalismo interpretativo e o opinativo. De forma direta, jornalismo interpretativo ‘tem a função de ampliar a informação dada pela notícia, recuperando sua historicidade e impactos provocados na sociedade. Luiz Beltrão o chama de reportagem em profundidade’.
Diferenças e exemplos
Já o jornalismo opinativo: ‘Os textos desse gênero têm a função de difundir opiniões. Têm objetivo persuasivo.’
É notório e sabido que a notícia pura e seca, pertencente ao jornalismo informativo não é mais suficiente para satisfazer o público sedento por informação e conhecimento. Logo, se faz necessário estabelecer as diferenças e nuances básicas e fundamentais entre essas vertentes importantes para o jornalismo atual, para que dessa forma o público saiba se munir das informações corretas e necessárias para a formulação da sua opinião, e não fazer uso da opinião do jornalista como se fosse informação. A complexidade da comunicação social, ás vezes, apresenta esses pontos que se cruzam e se confundem, para que os pensadores dessa ciência possam se debruçar sobre eles e consigam desatar esses nós.
Alguns exemplos:
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Jornalismo interpretativo: ‘A primeira surpresa veio no segundo dia de trabalho. Na terça-feira 7, ao chegar ao seu suntuoso gabinete no 23º andar da sede da Petrobras, na Avenida Chile, no Rio de Janeiro, José Eduardo Dutra, novo comandante da maior empresa nacional, recebeu uma carta do presidente da siderúrgica Cosipa, Marcus Tambasco’ (trecho da reportagem ‘A nova cara da Petrobrás’, disponível aqui).**
Jornalismo opinativo: ‘O Deus desse século não quer cair e busca a todo custo se manter de pé. Cada vez mais podemos ver isso acontecer, pois ele usa as consideradas mentes brilhantes dos cientistas e estudiosos inclusive de alguns teólogos para fomentar um descrédito no Deus único e verdadeiro’ (trecho extraído do artigo ‘O Deus desse século não quer cair’, disponível aqui).Ficando claras as devidas diferenças e os limites, cabe aos profissionais da comunicação realizar o verdadeiro jornalismo.
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Estudante de Comunicação Social e Administração, Campina Grande, PB