Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Lula diz que não lê jornal por ‘problema de azia’

Leia abaixo a seleção de quarta-feira para a seção Entre Aspas.


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O Estado de S. Paulo


Quarta-feira, 7 de janeiro de 2009


 


PRESIDENTE
Clarissa Oliveira


Lula diz que não lê jornal nem revista e critica mídia


‘O presidente Luiz Inácio Lula da Silva revelou que não faz parte de sua rotina ler jornais ou revistas, nem acompanhar o noticiário de sites e blogs na internet. Em entrevista à revista Piauí, o presidente justificou sua aversão à prática: ‘Porque tenho problema de azia.’


‘A imprensa brasileira tem um comportamento histórico em relação a mim’, disse o presidente. Destacou, porém, que sua chegada ao Palácio do Planalto é ‘produto direto da liberdade de imprensa’.


Lula disse ainda não se preocupar com a forma como é retratado, por confiar na ‘inteligência de quem assina uma revista ou um jornal, de quem vê televisão e escuta rádio’.


Para o presidente, os cidadãos têm hoje maior capacidade de interpretar os fatos. O motivo, segundo ele, é o avanço tecnológico, que trouxe mais pluralidade de fontes de informação. ‘Não tem mais apenas a informação de tal revista ou de tal jornal’, disse, citando a existência de inúmeros sites noticiosos na internet e ‘300 blogs com comentários diferentes’. ‘Isso democratiza a imprensa, aumenta a capacidade do cidadão em interpretar o que lê.’


Apesar de não ter o hábito de acompanhar o noticiário com frequência, Lula se considera bem informado. ‘Um homem que conversa com o tanto de pessoas que eu converso por dia deve ter uns 30 jornais na cabeça todo santo dia’, explicou, acrescentando que é avisado pelo ministro Franklin Martins (Comunicação Social) ou por Clara Ant, sua assessora especial, ‘quando sai alguma coisa importante’.


O presidente se mantém distante de jornais e revistas mesmo quando dispõe de tempo livre. ‘Recomendaria a qualquer presidente que se afaste dos políticos e da imprensa nos fins de semana’, afirmou.’


 


 


PARANÁ


Clarissa Oliveira


Requião usa TV estatal para atacar empresa


‘Um ano depois de protagonizar uma guerra judicial, sob acusação de fazer uso abusivo da Rádio e TV Educativa do Paraná (RTVE), o governador Roberto Requião (PMDB) transformou ontem a emissora em palco de um conflito com a operadora TIM, que administra os telefones celulares do governo. No ar, ele se queixou de cortes no serviço, ordenou a suspensão de contratos e prometeu processar a empresa.


O caso abriu uma guerra de versões. Requião alegou que a TIM desligou linhas da Casa Civil estadual em duas ocasiões, por causa de uma dívida de apenas R$ 34 que, por não ser reconhecida pelo governo, não foi paga. ‘Nós não queremos mais conversa com essa gente’, disse.


Já a TIM alegou não ter identificado um pagamento de R$ 12 mil. O débito, explicou a operadora, teria sido quitado por transferência bancária, modalidade não prevista em contrato. Por isso, o sistema teria bloqueado as linhas automaticamente, 30 dias após o vencimento. ‘O pagamento não foi feito de acordo com os padrões contratuais’, informou.


À tarde, a agência de notícias do governo veiculou nova versão. Disse que a conta com vencimento em 30 de novembro foi quitada em 4 de dezembro, pois a operadora não teria apresentado a documentação necessária. A assessoria do governador admitiu que a fatura em questão era de cerca de R$ 12 mil, não de R$ 34. Destacado pelo governador para processar judicialmente a TIM, o procurador-geral do Estado, Carlos Marés, resumiu a orientação: ‘Não vamos deixar isso passar em branco’.’


 


 


TECNOLOGIA
O Estado de S. Paulo


Sem Steve Jobs, Macworld decepciona


‘A Apple Inc. informou ontem que vai eliminar a proteção contra cópias das canções digitais vendidas pela internet e apresentou seu primeiro laptop com tela fina de 17 polegadas. Mas, com essas novidades, consideradas fracas, ou a presença de sua principal celebridade, Steve Jobs, a abertura do evento Macworld desapontou quem esperava alguma novidade mais empolgante.


‘Houve alguns produtos inovadores, mas nenhum verdadeiro blockbuster’, disse Robert Francello, chefe da empresa de equity Apex Capital, em San Francisco.


As novidades da Apple foram apresentadas pelo principal executivo de marketing da empresa, Philip Schiller.


A Apple informou que sua loja de músicas iTunes, que já vendeu 6 bilhões de canções no formato digital até o momento, vai oferecer seu acervo de 10 milhões de músicas livres do software de proteção a cópias no fim do trimestre, por preços que vão variar entre US$ 0,69 e US$ 1,29.


As canções poderão ser compradas por meio do iPhone, em vez de somente pelo computador.


O evento de ontem produziu poucas surpresas. A Apple anunciou também um um laptop de 17 polegadas que é o mais fino da marca MacBook Pro, ao custo de US$ 2,8 mil. A bateria também terá uma duração maior, segundo a fabricante: de sete a oito horas, além de suportar um maior número de recargas. A desvantagem é que ela fica instalada na parte interna do computador, e o usuário não consegue removê-la caso precise de reposição.


A empresa também anunciou softwares para filmes domésticos e fotografias. O software iPhoto?09, por exemplo, consegue reconhecer as pessoas fotografadas e fazer buscas de fotos baseadas em quem aparece nelas.


A companhia decidiu não usar o Macworld deste ano para fazer um grande lançamento de produto, como fez nos anos anteriores, quando apresentou produtos inovadores, como o iPhone.


Em anos passados, os lançamentos apresentados pela Apple no Macworld chegaram a ofuscar gigantesca feira de eletrônicos de consumo Consumer Electronics Show (CES). A edição de 2009 da CES ocorre a partir de hoje, em Las Vegas.


Jobs lamentou que sua decisão de não participar do evento tenha desencadeado ‘outra onda de rumores de que estaria no leito de morte’. Anteontem, o presidente da Apple – que já fez tratamento para um câncer no pâncreas – informou que está sofrendo de um desequilíbrio hormonal, que causou a excessiva magreza que apresenta nos últimos meses.


Oficialmente, a Apple disse que Jobs não subiria ao palco porque este ano a companhia faz seu último comparecimento na mostra, que é realizada por outra companhia, o IDG, grupo de tecnologia de mídia.’


 


 


EUA
Jotabê Medeiros


Obama em quadrinhos


‘O mito do Super-Obama também colou nos quadrinhos. O livro Presidential Material – Barack Obama, biografia em quadrinhos do presidente americano eleito, foi lançado em outubro nos Estados Unidos pela editora IDW e teve sua primeira edição rapidamente esgotada. Está esgotando também a segunda edição, que chegou às lojas no dia 3 de dezembro, agora com um selo presidencial prateado na capa. Nas lojas Midtown Comics de Nova York, os escaninhos que vendem a HQ só têm uma ou outra revista à disposição.


‘A procura pelo álbum de Obama ultrapassou as expectativas por uma larga margem. Embora tenha tido uma edição alentada, está esgotada agora e estamos voltando à gráfica. Isso tem sido muito excitante para nós e estamos deliciados que o álbum tenha conseguido capturar a imaginação do público’, comemorou Scott Dunbier, editor de projetos especiais da IDW.


O gibi tem um tom patriótico e se baseia nas biografias e entrevistas de Obama e tem texto de Jeff Mariotte, desenhos de Tom Morgan e capa de J. Scott Campbell. Em seu blog, o escritor Jeff Mariotte denunciou, em tom de desabafo, que sua ideia de fazer um gibi sobre Obama tinha sido plagiada por duas outras editoras pequenas.


O projeto de Mariotte foi anunciado publicamente na Comic-Con, a convenção de comics, em julho. Depois, ele falou sobre a revistinha na CNN e na Fox News, e detalhou o projeto. Não demorou muito e uma editora menor anunciou projeto idêntico, mas com Hillary Clinton como a biografada, com uma capa exatamente igual à da IDW. Em outubro, outra editora pequena anunciou duas biografias desenhadas de Obama e seu adversário político John McCain. Batizaram os livros de Obama: The Comic Book e McCain: The Comic Book, para assegurar algum tipo de exclusividade.


‘Se a imitação é verdadeiramente uma ?sincera forma de lisonja?, então a IDW tem alguns dos maiores admiradores entre as pequenas editoras de quadrinhos’, disse o escritor Mariotte. ‘O gibi Presidential Material ganhou uma das maiores coberturas de um comic book em anos, algo que somente A Morte do Capitão América conseguiu chegar perto’, gabou-se.


Jeff Mariotte escreveu mais de 20 romances, incluindo histórias de horror como River Runs Red e Missing White Girl. Também colabora nas séries Supernatural, CSI: Miami, Buffy the Vampire Slayer, Angel, Las Vegas, Conan, 30 Days of Night, Charmed, Star Trek e Andromeda.


A histórica começa com a Superterça em que Obama enfrentou nas urnas sua oponente no Partido Democrata, Hillary Clinton. Então, voa para o início de sua história, a infância no Havaí, criado pela mãe, Ann Stanley, após ter sido abandonado pelo pai queniano, Barack Obama. De lá, a história segue para Jacarta, onde ele viveu com a mãe, e onde ela casou com Lolo Soetoro, da Universidade do Havaí.


Com a instabilidade política em Jacarta, Ann manda o jovem Obama de volta para o Havaí, onde ele viverá com seus avós e sentirá os primeiros preconceitos de raça. Zombado pelos colegas de classe, que quiseram até saber se seus ancestrais comiam gente na África, Obama se torna um jovem um tanto rebelde, com sua perspectiva de futuro marcada por incerteza e frustração. Um jovem que, na adolescência, vai experimentar ‘cigarro, álcool, maconha e cocaína’, e sente na pele qual é a diferença entre ser branco e ser negro na América.


Tudo isso está no gibi. Obama escreveria mais tarde: ‘Eu escolhi meus amigos cuidadosamente. Os mais ativos estudantes negros. Os estudantes estrangeiros. Os chicanos. Os professores marxistas e as feministas estruturalistas e os poetas que faziam performance de punk rock. Nós fumávamos e vestíamos jaquetas de couro. À noite, nos dormitórios, nós discutíamos neocolonialismo, Frantz Fanon, eurocentrismo, e patriarcalismo. Quando jogávamos bitucas de cigarro no carpete ou elevávamos tão alto o toca-discos que as paredes tremiam, nós estávamos resistindo às convenções da sociedade burguesa. Nós não éramos indiferentes ou temerosos ou inseguros. Nós éramos alienados.’


Depois da faculdade, um adulto Obama teve de ganhar a vida, e marchou para Chicago, onde trabalhou no Developing Communities Project, organizando demandas sociais. Foi ali que ele conheceu o controverso reverendo Jeremiah Wright, que o levou a integrar a Trinity United Church of Christ.


O gibi narra o retorno de Obama ao Quênia, após a morte dos seus pais. Os autores narram essa passagem como um verdadeiro comic book, com Obama tomando sua decisão de combater a desigualdade social como um Fantasma, de Lee Falk, jurando com a caveira na mão que iria devotar sua vida ao combate de toda injustiça.


É uma forma leve e romanceada de se apresentar o grande personagem político do momento. Como qualquer outro herói de papel americano, Obama soube construir seu mito com cuidado e até com certa sinceridade. O selo prateado na capa e o tratamento gráfico fazem pensar que isso foi produzido na Casa Branca. Não foi. Mas poderia perfeitamente ter sido.’


 


 


TELEVISÃO
Keila Jimenez


Estreias concorrentes em alta


‘Globo e Record abriram 2009 armando estratégias de guerrilha para suas estreias e se deram bem. Tanto Maysa, minissérie da Globo, como A Lei e o Crime, da Record, registraram boas audiências em seu primeiro dia no ar, anteontem, mesmo com o contra-ataque da concorrência.


Para não esbarrar na trama policial da Record e fisgar o público já sintonizado em A Favorita, a Globo mexeu no horário de sua programação. Espremeu jornalísticos e novelas e colocou a trama das 9 mais cedo no ar. A Favorita, que nas últimas semanas foi exibida por volta das 21h30, começou às 21 h na segunda-feira, registrando 47 pontos de ibope.


Na sequência, veio a estreia de Maysa, que registrou média de 30 pontos de ibope no horário, com 46% de share (participação no total de TVs ligadas). Ótimo índice de estreia se comparado aos das últimas minisséries da casa: Queridos Amigos (2008, 23 pontos) e Amazônia (2006, 34 pontos).


A Lei e o Crime entrou no ar 12 minutos antes de terminar Maysa, às 23h11, registrando média de 18 pontos e share de 31%, segundo medição do Ibope na Grande São Paulo.


No Rio, onde a produção ganhou gravações em ruas e na favela Tavares Bastos, na zona sul, a série foi melhor. Segundo a Record, a atração alcançou a liderança em ibope por lá, registrando média consolidada de 23 pontos de audiência no horário, diante dos 21 pontos da Globo.


Para combater a aposta da Record, a Globo exibiu estrategicamente no horário o filme Piratas do Caribe, que obteve média de 22 pontos na Grande São Paulo.


Na Globo, Maysa deve permanecer até amanhã no mesmo horário, após A Favorita. Só na sexta-feira, a minissérie será exibida mais tarde, depois do Globo Repórter.’


 


 


 


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Jornal do Brasil


Quarta-feira, 7 de janeiro de 2009


 


RODA VIVA
Augusto Nunes


Coisas da Política – Um ombudsman é candidato a censor


‘A abrangência e a complexidade da missão confiada ao ombudsman da TV Cultura de São Paulo avisam que o cargo, decididamente, não é para qualquer um. ‘O conceito básico da atuação do ombudsman é a defesa e o aprimoramento integral do homem, tendo em vista sua capacitação para o pleno exercício da cidadania’, resume o site da emissora. É coisa para gente contemplada pela graça da onisciência alcançar um objetivo que não será atingido sem ‘a defesa de uma programação de televisão aberta que tenha qualidade, diversidade e integridade cultural e editorial’.


Redigido pelo próprio ombudsman, o texto de apresentação sugere que Ernesto Rodrigues, jornalista, escritor e professor da PUC do Rio, pertence a essa tribo poupada por Deus do sentimento da dúvida. O atual ocupante do posto não revela a idade, mas viveu o suficiente para ‘avaliar os conteúdos transmitidos pela emissora levando em conta os seguintes parâmetros: relevância para o exercício da cidadania, importância cultural e artística, credibilidade e interesse público das informações, equilíbrio e independência jornalística, potencial de entretenimento, utilidade comunitária, virtuosismo técnico e adequação dos formatos à linguagem de televisão aberta’.


Até a transmissão do programa Roda viva que entrevistou o ministro Gilmar Mendes, presidente do Supremo Tribunal Federal, estava claro que, em matéria de televisão, o ombudsman da Cultura sabe todas as respostas. Sabe também todas as perguntas, descobriu-se depois de divulgado o texto em que Rodrigues avalia o programa e o desempenho dos participantes. Ele achou o conjunto da obra ‘interessante, pertinente, fiel à sua tradição de debater e discutir questões relevantes para o cidadão telespectador de São Paulo e do Brasil’. Mas escapou por pouco de não passar de ano, ressalva o julgador, inconformado com a ‘escolha infeliz de parte da bancada’.


O ombudsman considerou certas as perguntas feitas pela apresentadora Lillian Witte Fibe (‘que cumpriu de forma competente a função de garantir que todos os assuntos fossem abordados’) e pela jornalista Eliane Cantanhêde (‘que chegou a provocar incontida irritação e frases de censura no entrevistado’). Gostou do que disse o jornalista Carlos Marchi. ‘Mas sua atuação foi apática e contrastante com o empenho de Eliane’, ressalvou.


Sumariamente reprovados foram os entrevistadores Márcio Chaer e Reinaldo Azevedo, que ‘instrumentalizaram o programa para expor suas ‘teses’ e fazer ataques’. Reinaldo Azevedo, concede, ‘fez algumas perguntas que precisavam ser feitas’. Márcio Chaer, nem isso. Por não terem encurralado um convidado que o professor de perguntas e respostas gostaria de reduzir a escombros, ambos ‘conspiraram contra a qualidade e o equilíbrio jornalístico do Roda viva, o que sugere uma cuidadosa reflexão da direção do programa sobre os critérios de seleção dos entrevistadores’. Torturado na forma, ultrajante no conteúdo, o texto ao menos serviu para atestar que o suposto defensor dos espectadores é apenas mais um liberticida.


Acompanhei a gestação do programa concebido por Roberto de Oliveira em 1987. Apresentei-o durante dois anos. Participei da bancada centenas de vezes. E compreendi desde sempre que o sucesso do Roda viva se ampara na celebração da pluralidade, do convívio dos contrários, da liberdade de expressão. Nenhum personagem pode ser proibido de sentar-se no centro da arena. Nenhum jornalista pode ser excluído do time de entrevistadores. Seja qual for o tema, seja quem for o entrevistado, todos estão livres para dizer o que pensam.


Tenho criticado Gilmar Mendes, com frequência e aspereza, desde que a dupla libertação de Daniel Dantas apresentou ao Brasil o sacador de habeas corpus mais rápido do Planalto Central. Insistiria nas críticas se estivesse na bancada, mas seria um privilégio ter ao lado cabeças brilhantes com opiniões diferentes. É o caso de Reinaldo Azevedo. Só cretinos fundamentais ignoram o que pensa o protagonista do blog mais movimentado do país. Como os demais, Reinaldo estava lá para dizer o que quisesse. Se ficassem faltando perguntas, a apresentadora saberia fazê-las. Foi o que Lillian fez. Há espaço para todos naquela roda. Menos para um candidato a censor fantasiado de ombudsman.’


 


 


 


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Folha de S. Paulo


Quarta-feira, 7 de janeiro de 2009


 


GRAMPO
Felipe Seligman


Após escândalo, STF compra 55 telefones criptografados


‘Quase meio ano depois de ocorrido o suposto grampo ilegal envolvendo o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes, o STF comprou no final do ano passado 55 aparelhos criptografados capazes de codificar conversas telefônicas, tornando-as imunes a interceptações.


Serão 20 celulares, da marca HCT, e 35 aparelhos Phonecrypt Prestige, desenvolvidos pela empresa alemã SecurStar, que podem ser acoplados a qualquer telefone, seja fixo ou móvel, num custo total de R$ 380 mil.


As informações fazem parte de levantamento feito pelo portal Contas Abertas no Siafi (Sistema Integrado de Administração Financeira).


O pregão eletrônico para a compra dos equipamentos, no dia 29 de dezembro de 2008, teve como vencedora a TLS Informática, de São Paulo. Cada celular custou R$ 5.000, e os demais custaram R$ 8.000 a unidade. Mas os aparelhos só funcionam quando a ligação for realizada entre dois telefones criptografados. Ou seja, um ministro do STF não estará protegido quando fizer ligações para telefones comuns.


Segundo José Antonio Luz, da TLS, os celulares poderão continuar sendo usados de forma a não codificar as conversas. A cada ligação, o usuário poderá escolher se vai criptografar os diálogos.


Quando criptografada, a conversa é protegida por um sistema desenvolvido na Alemanha, que verifica a cada cinco segundos se existe algum risco de interceptação.


A assessoria de imprensa do STF disse que a compra foi feita por ‘motivos de segurança’, mas não informou quem irá utiliza-los. A Folha apurou que o tribunal busca proteger a comunicação entre ministros e assessores.


No ano passado, Gilmar Mendes criticou por diversas vezes o que chamou de ‘estado policialesco’ e o descontrole de interceptações telefônicas no Brasil. A compra, porém, foi vista com ressalvas pelo ministro Marco Aurélio Mello, que criticou os gastos: ‘Temos que preservar é o sigilo do voto. Nossas conversas são abertas. Aquele que tem alguma coisa a esconder não deve assumir um cargo público’, disse.’


 


 


ACORDO ORTOGRÁFICO
Pasquale Cipro Neto


O hífen é grande vilão do (Des)Acordo Ortográfico


‘Feitas para descomplicar, as novas regras do uso do hífen acabaram criando labirintos até agora indecifráveis.


Em tese, o critério adotado é simplificador. Com boa parte dos prefixos (‘auto’, ‘semi’, ‘anti’ etc.) e com elementos de composição (‘mega’, ‘multi’, ‘micro’ etc.), emprega-se hífen basicamente em duas situações: quando o segundo elemento começa por ‘h’ ou por letra igual à que encerra o prefixo ou elemento de composição.


Tradução: em ‘anti-inflamatório’ e ‘mega-hotel’, há hífen; em ‘antiaéreo’ e ‘megaempresa’, não. Nesses casos, se o segundo elemento começa por ‘r’ ou ‘s’, dobram-se essas letras: ‘antissocial’, ‘megarraio’.


É claro que a questão não se limita ao visto no parágrafo anterior. A ‘Base XVI’ (‘Do hífen nas formações por prefixação, recomposição e sufixação’) do texto oficial do Acordo não é precisa o bastante para deixar claro o que ocorre, por exemplo, com o prefixo ‘re-’: aplica-se ao pé da letra a orientação vista acima e coloca-se hífen em ‘re-educar’ e ‘re-eleger’ ou se dá um ‘jeitinho’ e se encaixa esse caso (e outros) numa interpretação particular e se preserva a grafia atual (‘reeducar’, ‘reeleger’), mais palatáveis?


O ‘Vocabulário Ortográfico’ (prometido para o mês que vem) deve desfazer (espera-se) esse e muitos outros nós, que não cabem neste espaço. É isso.’


 


 


TELEVISÃO
Cássio Starling Carlos


Série inconsistente fica presa a estereótipos


‘O empenho da Record em ocupar um espaço vago na ficção de TV ficou ainda mais evidente na noite de anteontem, com a estreia de ‘A Lei e o Crime’. A apresentação do episódio-piloto, com uma hora e dez minutos, sem intervalos comerciais foi uma estratégia de riscos, sobretudo comerciais, salutares para uma emissora aberta. Infelizmente, a ousadia começa e termina aí.


Do ponto de vista de conteúdo, dramatização, encenação e atuações, o resultado que se viu foi pífio para um investimento, como divulgado, de R$ 500 mil para cada um dos 16 episódios.


Da temática ‘favela movie’, o que o seriado conseguiu alcançar já se viu muito e melhor em nossos filmes. O que fez de diferente foi ignorar o conteúdo social que mal ou bem justificava o mostrado em ‘Cidade de Deus’ e de modo mais didático, coerente e simpático na série de TV ‘Cidade dos Homens’.


Do viés entretenimento do ‘filme de favela’, a adrenalina e a hemoglobina concentradas no final do episódio foram de fazer rir qualquer adolescente que se divirta com videogames.


Já o esforço por um suporte suplementar de realismo esteve visível nos espaços, posturas e linguajares. Há, no entanto, um fundo falso de telenovela que insiste em denunciar a inconsistência do projeto. Pobres só bebem pinga, se drogam e se matam em chacinas da periferia, enquanto ricos jogam golfe, bebem daiquiri e, alguns, morrem nas mãos daqueles.


O problema nem é insistir em estereótipos, mas não conseguir se livrar deles quando a meta é um suplemento de verismo. Não basta sujar um galã e jogá-lo na favela ou colocar a atriz negra como secretária da madame. É preciso extirpar a descendência da nobreza europeia que distingue a moça rica e, com ela, as fantasias das quais a Globo se livrou e criou um padrão realista ao eliminar as improbabilidades romanescas de Gloria Magadan.


Luzes e posições de câmera também são problemas irritantes na produção, tornando os diálogos intimistas uma atração de trem-fantasma e transformando qualquer personagem em gigante e poderoso sem justificativa dramática.


Não se trata de comparar a produção da Record às da Globo, cujo ‘padrão de qualidade’ aquela tem buscado emular em suas novelas. O padrão exigido pelo espectador é o dos seriados da TV americana, que hoje só é menos popularizado (ainda) do que nossas telenovelas.


Faz sentido, portanto, que a Record invista pesado no filão, por causa das características aparentemente superiores do velho gênero seriado, depois que este ganhou roupa nova e vem sendo aclamado. No entanto, pelo que se viu neste piloto, falta muito feijão com arroz para alcançarmos resultado satisfatório, distante do inferno da audiência decadente das novelas e dos encantos literários das microsséries.


A LEI E O CRIME


Quando: às segundas, às 23h15


Onde: na Record


Classificação: não indicada a menores de 14 anos


Avaliação: ruim’


 


 


Folha de S. Paulo


Programas de Globo e Record vão bem no ibope


‘‘Maysa’ e ‘A Lei e o Crime’ estrearam com bom ibope (dados preliminares da Grande SP, onde cada ponto equivale a 57 mil domicílios). A minissérie da Globo, exibida após ‘A Favorita’, teve 30 pontos de média. ‘Tela Quente’, titular do horário, marca 28. Já o seriado da Record, veiculado das 23h11 à 0h27, fez 18 pontos. O ‘Repórter Record’, que ia ao ar em horário similar, tem média de até 14 pontos.’


 


 


Fernanda Ezabella


‘Bastidores’ exibe making of de ‘Maysa’


‘A transformação da atriz Larissa Maciel para interpretar a cantora Maysa na TV é contada no programa do Multishow ‘Bastidores’ de hoje, às 21h45, antes da exibição da minissérie da Globo, às 22h10.


O programa do canal a cabo, que acompanhou as etapas da produção desde maio de 2008, traz entrevistas e imagens de Larissa se preparando para o papel, além de depoimentos do autor Manoel Carlos e do diretor Jayme Monjardim. ‘No mínimo, achei que ia chamá-la de mamãe e, quando vi, não tinha nada a ver’, conta brincando Monjardim, filho de Maysa. ‘Mas alguma coisa me dizia que era ela [para o papel].’


Manoel Carlos diz que uma das coisas mais difíceis foi encontrar a atriz certa para interpretar a cantora, que fez sucesso e causou polêmicas entre os anos 50 e 70 cantando músicas de fossa e sendo mulher independente para sua época. ‘Queria que fosse alguém que nascesse a partir da Maysa, e não uma atriz da novela das oito’, diz Manoel Carlos.


O especial do Multishow aproveita para gravar a festa de lançamento da minissérie e conversar com outros atores.


Mais interessante que tudo isso, no entanto, são as imagens e fotografias de arquivo da Maysa de verdade, que também canta um trecho de ‘Ne Me Quitte Pas’.


BASTIDORES – ‘MAYSA’


Quando:hoje, às 21h45


Onde:no Multishow


Classificação: não informada’


 


 


 


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