Saturday, 30 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1316

Lula veta restrição à internet nas eleições


Leia abaixo a seleção de quarta-feira para a seção Entre Aspas. 
 


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Folha de S. Paulo


Quarta-feira, 30 de setembro de 2009 


 


REFORMA ELEITORAL


Folha de S. Paulo


Lula sanciona Lei Eleitoral e libera debate na internet


‘O presidente Lula sancionou ontem a minirreforma eleitoral aprovada pelo Congresso Nacional, mas anunciou vetos a três pontos, entre eles o que limitava a realização de debates eleitorais na internet.


Diferentemente do que se especulava, Lula manteve a possibilidade de o eleitor votar na eleição de presidente mesmo fora do domicílio eleitoral e a impressão do voto a partir de 2014. Com a nova lei, que valerá já em 2010, será livre ‘a manifestação do pensamento’ em portais, blogs, sites de relacionamento e em ferramentas como YouTube e Twitter.


No texto aprovado pelo Congresso, os debates teriam de obedecer às regras impostas a emissoras de rádio e TV -obrigadas a convidar todos os candidatos cujos partidos tenham representação na Câmara, além de submeterem a aprovação das regras a pelo menos dois terços dos candidatos.


Apesar disso, o texto que entra em vigor mantém algumas restrições, como a vedação ao anonimato ‘durante a campanha eleitoral’. Isso levanta dúvidas sobre como se dará o controle em relação a comentários deixados em blogs e sites.


As novas regras também criam possibilidade, hoje inexistente, de rádios e TVs serem obrigadas a dar ‘tratamento isonômico’ a pré-candidatos.


Lula também vetou uma nova regra criada pelo Congresso que mudava a dedução do Imposto de Renda pelas empresas de rádio e TV que cedem espaço para os partidos no período da propaganda eleitoral.


O terceiro veto corrige uma imperfeição técnica da Lei Eleitoral que permite o parcelamento de multas eleitorais. Os candidatos poderiam ser levados a recorrer à Receita para fazer o parcelamento que, na verdade, é feito junto à Procuradoria Geral da Fazenda Nacional.


A minirreforma também estabelece a possibilidade de que as doações sejam feitas pela internet, através de cartão, e institucionaliza a possibilidade de doação ‘oculta’, além de aumentar o limite que hoje pode ser doado por pessoas físicas -até então, 10% de sua renda.’


 


 


TODA MÍDIA


Nelson de Sá


General lava as mãos


‘Na manchete do ‘El País’, ‘El general se lava las manos’, com o questionamento de Romeo Vásquez, ‘chefe das Forças Armadas de Honduras no dia em que um comando militar sequestrou o presidente e o tirou do país de pijama’. Relata o jornal que, ‘sorriso na boca’, ele se negou a dizer ‘quem deu a ordem’, ‘quem tomou a decisão’, até ‘escapulir do assédio dos jornalistas, fortemente escoltado’.


Na manchete da BBC Brasil, ‘Deposição não partiu de nós, diz chefe das Forças Armadas’.


No editorial ‘Micheletti a descoberto’, o mesmo ‘El País’ atacou ‘as medidas do presidente golpista’ de ‘endurecimento’ interno e externo. Afirma que ele ‘se equivoca se pensa que seu desafio se limita à OEA, ao Brasil e à Espanha: o passo que deu isola ainda mais seu governo e permite ver o que havia por trás de seus argumentos jurídicos inverossímeis’.


Avisa que ‘os populistas ainda não capitalizaram a crise’ contra a ‘esquerda institucionalista’ na região, mas a situação pode ‘evoluir para o pior’.


Na manchete da Reuters Brasil, despacho postado também por ‘New York Times’ e ‘Washington Post’, ‘Cresce pressão por fim da crise em Honduras’, da ONU ao Departamento de Estado.


LULA SOB FOGO


Da mesma Reuters, ‘Lula enfrenta crítica no Brasil por papel em Honduras’. Ouve os senadores José Sarney e Eduardo Azeredo, presidente da Comissão de Relações Exteriores, e cita os editoriais dos principais jornais, sobre a ‘armadilha de Hugo Chávez’ e a perda da ‘capacidade de mediação’ do país.


OBAMA TAMBÉM


No ‘Wall Street Journal’, a colunista conservadora Mary O’Grady também questiona o ‘embaraçoso’ Barack Obama, dizendo que a ‘demanda pela volta de Zelaya é destrutiva’ para uma eleição que pode ‘restaurar paz e segurança’. Sobra para Lula, criticado por abandonar, em Honduras, o ‘não intervencionismo’.


OBAMA CONTRA LULA & PELÉ


No enunciado da Associated Press, de Copenhague, por ‘NYT’ e demais, ‘Rio põe Lula no coração da candidatura olímpica’, com a entrevista em que a comitiva brasileira ‘evitou perguntas sobre a influência de Obama junto aos votantes’. A presença do americano ‘pode ter impacto, mas o time do Rio nota que Lula tem 80% de aprovação’. A AP destacou que ‘Pelé não se intimida’ e diz, ‘se eles têm Obama, nós temos Lula, nós temos Pelé’.


FAÇAM A COISA CERTA


Também da AP, em longa análise com a foto que vem simbolizando a candidatura , ‘A mensagem do Brasil: Estejam à altura dos princípios olímpicos’. Um em especial, ‘universalidade’, que justificaria levar os Jogos ‘a um novo continente’. Em outras palavras, ‘o Brasil é a coisa certa a fazer’


‘BRAZIL’S MOMENT’


‘NYT’ e outros apontaram que, ao ‘cruzar o oceano para um apelo pessoal dramático’, Obama se ‘arrisca a passar vergonha’ e soar insensível aos ‘desafios’ do país.


No ‘WP’, Eugene Robinson escreveu que ‘não iria’, até porque ‘a minha aposta é que o Rio fica com o ouro. Este é o momento do Brasil’.


PELA AMÉRICA


No racha político em torno da candidatura de Chicago, o republicano Michael Steele criticou ontem a viagem de Obama. Reação do porta-voz da Casa Branca: ‘Steele está torcendo pelo Rio?’.


Já Bill Kristol, na ‘Weekly Standard’, avisou que a Casa Branca ‘não é estúpida’ e tem carta política na manga.


VIRADA


O ‘Guardian’ proclama ‘A virada evangélica do Brasil’. Reporta que ‘as novas igrejas brasileiras vivem um boom, mas, com todo o seu marketing, ainda não têm o status do catolicismo’ e seus fiéis sofrem preconceito


ENFIM, DEBATES


Nas manchetes dos sites e portais, mas não telejornais, ‘Lula libera web para debates’. Agora eles podem seguir critério jornalístico, sem aluguel, mas só na TV pela web. Concessão pública, Globo, não.’


 


 


TELEVISÃO


Laura Mattos


Proibição à publicidade para criança tem ‘dia D’ na Câmara


‘Está marcada para hoje uma votação decisiva na Câmara do projeto de lei que proíbe a publicidade dirigida a crianças.


Uma ‘terceira via’ deverá entrar no embate que coloca de um lado o mercado publicitário e fabricantes de brinquedos -contrários à proibição- e de outro entidades ligadas ao direito da criança. O deputado José Guimarães (PT-CE) irá propor um texto que libera comerciais de produtos infantis, desde que dirigidos a adultos.


A proposta inicial, de Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR), proibia a publicidade de produtos infantis. Foi aprovada versão mais rígida, de Maria do Carmo Lara (PT-MG), com a proibição de qualquer comercial dirigido a crianças, mesmo o de produtos para adultos (por exemplo, quando um comercial mostra crianças pedindo para o pai comprar um celular). Uma nova sugestão de mudança,derrubando restrições à publicidade, foi feita pelo deputado Osório Adriano (DEM-DF), dono da fabricante da Coca em Brasília.


Hoje, a Comissão de Desenvolvimento Econômico deveria votar essa última modificação, mas a ‘terceira via’ do deputado José Guimarães deve aquecer o debate. ‘A proibição total tem poucas chances de ser aprovada, por isso tento a conciliação. É absurdo o que a publicidade faz com crianças. Eu mesmo fui ‘vítima’ de propagandas da Caloi. Sempre sonhei com a bicicleta,mas nunca pude comprar. Quando consegui o dinheiro, já estava na fase do Fusca’,diz Guimarães.


O instituto Alana, que estuda consumo infantil, entregará manifesto pela proibição da publicidade voltada à criança.


PRETO NO BRANCO


Monica Iozzi, que venceu o Concurso para ser a oitava integrante do’ CQC’, da Band, não tinha contrato assinado até a manhã de ontem. Ela também não sabe qual será o salário. ‘Imagino que seja o mesmo que Os meninos ganhavam no início. Tentei descobrir, mas não consegui’, conta. Afinal do concurso não mudou o Ibope do programa: seis de média.


FERNANDA E COLLOR


São duas as entrevistas dos sonhos de Monica,27, para o ‘CQC’: Fernanda Montenegro e Fernando Collor. ‘Para o Collor, ainda não me sinto preparada. Não sei se conseguiria tirar dele respostas sobre sua volta à política e até sobre coisas da época do impeachment.’


INFARTO


Fãs, anotem :vai ao ar no dia 14, na Warner,o episódio em que George Clooney volta à pele do Dr. Doug Ross, na ultima temporada de ‘ER’. Terá participação de Susan Sarandon.


MINUTO DE SABEDORIA


Amanhã, no ‘VMB’ (MTV), Marcelo Adnet, do’15Minutos’, entrega um prêmio como ex-paquito e ator Théo Becker, que ficou famoso ao desabafar comum cavalo no reality ‘A Fazenda’ (Record). Adnet estará travestido de…Théo Becker.


HORAS DE FAMA


E já que o namorado da Madonna disse’ não ‘ao ‘VMB’, só vai dar Adnet. Ele entregará cinco prêmios ,além de ser o apresentador do programa.’


 


 


Rodrigo Russo


Mulher vira loba para seguir noivo em série


‘Se você acredita que faz de tudo por amor, é melhor parar e repensar ao conhecer Hellen Jeffs. Noiva de Shaun Ellis, mais conhecido como ‘homem-lobo’, ela aceitou acompanhá-lo de perto em seu trabalho pouco convencional: fazer parte de uma alcateia.


É essa a história que o Animal Planet passa a exibir na próxima segunda-feira, às 22h, com a série ‘Uma Estranha Entre os Lobos’ (vivendo com o homem-lobo, no original). Uivar, latir e ser respeitada são algumas das tarefas que ela precisa aprender.


Versão moderna e mais realista do personagem Mogli (o menino-lobo criado pelo escritor Rudyard Kipling no século 19), o britânico Shaun Ellis, 43, é ex-fuzileiro-naval e trabalha com lobos desde 1990. Entre seus principais projetos, destaque para o que fez em 2005, quando viveu por 18 meses em cativeiro com três filhotes abandonados. Ellis os educou a agir como se fossem lobos selvagens e até assumiu o papel de macho-alfa da alcateia.


Com essa experiência, Ellis foi capaz de oferecer a Helen as principais dicas de convivência lupina. Por exemplo, a dieta deve ser rica em proteínas, sem açúcar e laticínios, para não perturbar o faro dos animais e mandar um cheiro adequado a eles – sem se expor a mais perigos além da convivência.


Perfumes, sabão e detergentes devem ser esquecidos. As roupas para conviver com os animais não podem ser lavadas, pois precisam ter cheiro mais natural. Se essas são tarefas difíceis para muitos, que dirá regurgitar fígado cozido na boca dos lobos, para demonstrar boa vontade e obter respeito.


Shaun também aprendeu, depois de muitos cortes e ferimentos, que a saliva dos animais é a forma mais eficiente de curativo em seu caso. Isso porque os lobos sempre arrancavam os pontos que tomava em hospitais para lamber – e para eles, limpar-as feridas.


Além de todas essas dificuldades, o desafio de Helen é ser uma boa babá de lobos no parque Combe Martin (próximo à cidade inglesa de Devon), pois Cheyenne -uma das lobas- estava esperando filhotes.


Complicado como provas de um reality show, mas sem os prêmios milionários ao final da competição. Pelo menos, o relacionamento segue firme.


UMA ESTRANHA ENTRE OS LOBOS


Quando: estreia dia 5/10, às 22h


Onde: Animal Planet


Classificação: 14 anos’


 


 


LITERATURA


Raquel Cozer


Moacyr Scliar leva Jabuti de romance


‘‘Manual da Paixão Solitária’, de Moacyr Scliar, ficou em primeiro lugar na categoria romance da 51ª edição do Prêmio Jabuti, uma das mais prestigiosas honrarias literárias do país.


Os três vencedores em cada uma das 21 categorias foram anunciados ontem pela Câmara Brasileira do Livro (CBL) -os primeiros colocados receberão R$ 3.000 cada um; os demais levarão somente troféus.


O livro premiado, do colunista da Folha e imortal da ABL, romanceia o episódio bíblico em que o patriarca Judá tenta dar continuidade à sua linhagem. O gaúcho já foi agraciado três outras vezes com o Jabuti, em 1988, 1993 e 2000.


O romance saiu pela Companhia das Letras, que também faturou o segundo e o terceiro lugares na categoria -respectivamente, ‘Órfãos do Eldorado’, de Milton Hatoum, e ‘Cordilheira’, de Daniel Galera.


Em contos e crônicas, o primeiro lugar ficou com Fabricio Carpinejar, por ‘Canalha!’ (Bertrand). Em segundo, ficou o também colunista da Folha Rubem Alves, por ‘Ostra Feliz Não Faz Pérola’ (Planeta) e, em terceiro, Déa Rodrigues da Cunha Rocha, por ‘Os Comes e Bebes nos Velórios das Gerais e Outras Histórias’ (Auana).


‘É uma senhora que caiu no choro lá na CBL, quando saiu o resultado’, disse José Luiz Goldfarb, curador do Jabuti, referindo-se à mineira de 76 anos, que, ao começar a levantar receitas, reuniu uma série de causos do interior de Minas.


Para Goldfarb, uma característica desta edição foi justamente o fato de autores desconhecidos e editoras pequenas terem sido selecionados. ‘A diversidade de editoras está enorme. Teve algumas que eu, há 19 anos curador do Jabuti, não conhecia. Passou a época em que poucas editoras monopolizavam os prêmios.’


As mais premiadas foram a Companhia das Letras (nove dentre os 66 selecionados) e a Cosac Naify (seis). Neste ano, foram inscritas 2.573 obras, 20% a mais que em 2008.


Outros destaques


O carioca Rodrigo Lacerda ficou em primeiro lugar em duas categorias -juvenil, por ‘O Fazedor de Velhos’ (Cosac Naify), e tradução francês-português, junto com André Telles, por ‘O Conde de Monte Cristo’ (Zahar). Esta última categoria foi criada em homenagem ao Ano da França no Brasil, e renderá à dupla um prêmio de R$ 6.000, em vez dos habituais R$ 3.000.


‘O Livro Amarelo do Terminal’ (Cosac Naify), de Vanessa Barbara, já premiado pela Associação Paulista de Críticos de Arte e finalista do Portugal Telecom, venceu em reportagem.


Entre os prêmios unânimes -ou seja, que levaram a nota mais alta dos três jurados de cada categoria-, Goldfarb destaca ‘O Sol do Brasil’ (Companhia das Letras), de Lilia Moritz Schwarcz, em biografia, ‘Dois em Um’ (Iluminuras), de Alice Ruiz, em poesia, e ‘Moby Dick’ (Cosac Naify), pela capa.


A cerimônia de entrega será em 4 de novembro, na Sala São Paulo, quando serão anunciados os vencedores do livro do ano de ficção e de não ficção. Cada um deles levará R$ 30 mil.’


 


 


 


 


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O Estado de S. Paulo


Quarta-feira, 30 de setembro de 2009 


 


REFORMA ELEITORAL


Tânia Monteiro


Lula veta restrição à internet na eleição


‘Contra a vontade do Congresso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva derrubou ontem as restrições a debates na internet durante a campanha de 2010. Ao sancionar, com três vetos, a minirreforma eleitoral, Lula aboliu a exigência de que a web tivesse que seguir as mesmas regras estabelecidas para TVs e rádios.


Em votação final, a Câmara havia aprovado, no último dia 16, limitações para realizar debates eleitorais nas web TV, como a TV Estadão, determinando que fosse obrigatória a participação de todos os candidatos às eleições majoritárias com representante na Câmara. Agora, de acordo com a lei sancionada, apenas as emissoras de rádio e de TV, que são concessões públicas, ficam obrigadas a seguir essa regra.


Os artigos que criaram o voto impresso e o voto em trânsito nas capitais não foram vetados pelo Palácio do Planalto. Lula preferiu manter o texto aprovado pelo Congresso, sem levar em conta pedidos do ministro da Defesa, Nelson Jobim, e do ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Carlos Ayres Britto, que classificaram o voto impresso como retrocesso.


DOAÇÕES OCULTAS


A lei sancionada legaliza também as chamadas doações ocultas, ao deixar explícito que as empresas podem contribuir para os diretórios de partidos, que repassam os recursos aos comitês financeiros ou mesmo diretamente aos candidatos. Isso evita que o político fique carimbado pela doação de determinada empresa.


A minirreforma manteve a proibição de propaganda eleitoral em outdoors, em pintura de muros, paredes e em placas. É permitida apenas a publicidade em faixas e cartazes não colantes, que não excedam a quatro metros quadrados.


Pela nova lei, qualquer candidato ficará proibido de comparecer a inaugurações de obras públicas nos três meses que antecedem as eleições. Já os programas sociais, como o Bolsa Família, ficaram sem nenhum tipo restrição.


Foi vetado também o artigo que instituía tabela de dedução do Imposto de Renda para as empresas de rádio em relação à propaganda eleitoral. Com isso, permanece em vigor a regra que permite a dedução do valor da publicidade conforme a média dos últimos 30 dias.


DECISÃO TÉCNICA


O último veto foi meramente técnico. Trata-se do artigo referente ao parcelamento de multas eleitorais, que devem ser pagas à Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, e não à Receita Federal, como foi redigido no texto aprovado pelo Congresso.


Sob o argumento de que era inconstitucional, a Câmara dos Deputados – última escala da minirreforma antes de ser sancionada ontem por Lula – já havia derrubado uma emenda do senador Pedro Simon (PMDB-RS), que vetava a concessão de registro aos políticos que não comprovassem idoneidade moral e reputação ilibada. O objetivo dessa proposta era impedir a candidatura dos ‘fichas sujas’ ‘’.


 


 


LIBERDADE DE IMPRENSA


O Estado de S. Paulo


Após 61 dias, TJ decide hoje se derruba censura


‘Os desembargadores que compõem a 5ª Turma Cível do Tribunal de Justiça do Distrito Federal deverão decidir hoje um recurso do Estado para que seja derrubada a censura que o impede de publicar reportagem sobre a Operação Boi Barrica, da Polícia Federal, que investigou o empresário Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).


O novo relator do caso no TJ, desembargador Lecir Manoel da Luz, pediu que o processo fosse incluído na pauta de julgamentos de hoje. Em meados deste mês, Lecir substituiu Dácio Vieira na relatoria do caso.


Vieira foi afastado do processo por decisão do Conselho Especial do TJ. De acordo com o conselho, ele não tinha mais isenção para continuar no caso porque fez críticas ao Estado. Vieira atribuíra ao jornal e à mídia ‘ação orquestrada mediante acirrada campanha com o nítido propósito de intimidação’.


O desembargador criticou o Estado ao rejeitar um primeiro recurso contra sua atuação no processo por manter relações com a família Sarney. Reportagem publicada em agosto mostrou que Vieira, que determinou a censura ao jornal, era do convívio social da família do senador e do ex-diretor-geral do Senado Agaciel Maia.


Depois dessa primeira recusa, o Estado protocolou novo pedido, baseado nas críticas do desembargador ao jornal, que foi aceito pelo Conselho Especial. A censura completou 61 dias. Entidades de defesa da liberdade de imprensa e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) pedem a derrubada da decisão que impede a publicação da reportagem sobre a Operação Boi Barrica. Ministros do STF também criticaram a medida.’


 


 


HONDURAS


Denise Chrispim Marin


Da missão, líder pede protesto por emissoras


‘Depredada na segunda-feira pelo Exército, a Rádio Globo de Honduras voltou a funcionar ontem, via internet, em ato de desobediência ao governo de facto. Temeroso das sanções e dos riscos de perseguição de órgãos oficiais, o Canal 36 (Cholusat Sur) não buscou meios alternativos para suas transmissões. O prédio da rede de TV está fechado, guardado por um segurança e pelo apresentador do programa Histórias de Hospitais, Richard Casula.


Da embaixada do Brasil, de onde continua a fazer pronunciamentos políticos, o presidente deposto Manuel Zelaya, convocou a população a protestar contra o fechamento das emissoras. ‘Chamo a resistência às ruas para que exijam a liberação dos meios comunicação fechados’, declarou Zelaya, ciente de que o estado de sítio, ainda em vigor, impede manifestações públicas.


Fiscais da promotoria pública estiveram ontem nas duas emissoras para fazer o inventário dos equipamentos danificados e dos que foram confiscados pelas forças do Exército na segunda-feira, sob o argumento de que suas linhas editoriais incitavam um levante popular para a restituição de Zelaya na presidência.


Os proprietários das emissoras, Alejandro Villatoro, da Rádio Globo, e Esdras Amado López, do Canal 36, disseram ao Estado que entraram com ações na Justiça contra o confisco do material e esperam a devolução. Com ou sem sucesso na empreitada, ambos precisarão da autorização do governo de facto para dar continuidade ao trabalho de suas empresas.


Enquanto conduzia um programa, Gustavo Blanco, coordenador do noticiário da Rádio Globo, explicou que as transmissões via satélite (www.radioglobohonduras.com) somente foram possíveis porque os soldados deixaram ilesa uma pequena mesa de operação de som.


Sem anúncios, Villatoro não sabe por quanto tempo poderá manter os 80 funcionários da rádio. ‘Não temos ajuda externa. A Frente Nacional de Resistência passa muita fome. Como vai nos ajudar?’, afirmou. Amado, que emprega 50 pessoas no Canal 36 e na Rádio La Catracha, que funcionam no mesmo prédio, planeja manter os funcionários até dezembro, valendo-se de fundos de emergência de sua empresa, dos anúncios que não foram cancelados e do acesso a linhas de financiamento.


Amigo e aliado político de Zelaya, Amado não pretende buscar meios alternativos e espera a autorização oficial para retomar as atividades, que poderá simplesmente não sair. Conforme insistiu, sua preocupação não está centrada apenas na devolução dos caros equipamentos de rádio e TV que foram confiscados, mas no retorno da liberdade de imprensa a Honduras e nas garantias de que esse princípio será respeitado.


‘Não vou montar uma rádio clandestina. Prefiro esperar que as coisas voltem ao normal. Temos de seguir a lei e mostrar que, quem a descumpre, não somos nós’, completou.’


 


 


INTERNET


Renato Cruz


Naspers compra o site Buscapé


‘O grupo de mídia sul-africano Naspers anunciou ontem a aquisição de 91% das ações da companhia de comércio eletrônico Buscapé, por US$ 342 milhões. A companhia – que, no País, tem participações na Editora Abril (30%)e na empresa de tecnologia Compera nTime – comprou a fatia do fundo Great Hill Partners, então sócio majoritário do Buscapé, e de cinco dos nove sócios minoritários. Três dos fundadores do site, além do criador do Bondfaro, concorrente adquirida há três anos, permanecem como sócios e executivos do negócio por um prazo de cinco anos.


Em comunicado, a Naspers informou que a aquisição será financiada com recursos próprios e que a equipe administrativa do Buscapé será mantida. Além do site de comparação de preços, o grupo nacional tem outras quatro marcas, como a rede de classificados QueBarato! e a consultoria do setor eletrônico e-bit. Suas receitas vêm de publicidade, venda de plataformas de comércio eletrônico e ferramentas de busca utilizadas em mais de cem portais e websites, como Americanas, Microsoft, Globo e Abril, e mais de 320 mil lojas físicas e virtuais.


Para a Naspers, que tem feito aquisições em mercados emergentes, o negócio será uma forma de avançar na área de comércio eletrônico na América Latina, onde, avalia a empresa, a penetração da internet ainda é baixa.’A Buscapé nos dá operações em rápido crescimento, em linha com nosso foco em e-commerce e com atuação nos mercados mais importantes da região’, afirmou o diretor de Internet da Naspers, Antonie Roux.


O grupo sul-africano, que tem negócios em mídia impressa e eletrônica, comprou recentemente operações de comércio eletrônico no Leste Europeu. Também atua na China, Rússia, Índia e África subsaariana. Hein Brand, presidente da Naspers para a América Latina, comentou que ‘após os investimentos na Abril e na Compera nTime, a Naspers desenvolveu um bom entendimento do crescente mercado brasileiro. O BuscaPé é um dos poucos grupos estabelecidos nesta indústria, e pode crescer ainda mais’, informou o executivo, em comunicado.


O presidente e um dos fundadores do Buscapé, Romero Rodrigues, afirmou que a aproximação entre as empresas começou há dois anos. Segundo ele, a marca continuará a existir e a empresa não será incorporada por outra do grupo Naspers. ‘Estamos estudando sinergias com outras empresas do grupo que fazem a mesma coisa.’


Criada há dez anos por estudantes da Universidade de São Paulo e da Fundação Getúlio Vargas, a companhia começou com 35 lojas cadastradas e 55 mil visitas ao mês. Este ano, o grupo deve fechar com 600 mil lojas cadastradas e 62 milhões de usuários.


A empresa não revela o faturamento. Em 2006, após a fusão com o Bondfaro, as receitas anuais eram de cerca de R$ 30 milhões. A companhia tem operações em 28 países da América Latina.


Segundo dados da consultoria e-bit, que também pertence ao grupo Buscapé, o comércio eletrônico brasileiro movimentou R$ 3,8 bilhões no primeiro semestre. No terceiro trimestre, o crescimento em relação ao ano passado foi de 30%.


COLABOROU MARIANNA ARAGÃO


NÚMEROS


US$ 342 mi é quanto o Naspers pagou pelo controle do Buscapé


91% das açõesfoi a participação adquirida pelo Naspers


R$ 3,8 bilhões é quanto movimentou o comércio eletrônico no Brasil primeiro semestre de 2009


R$ 30 milhões foi o faturamento do grupo Buscapé em 2006. A empresa não revela seu faturamento atual


28 é o número de países em que o grupo atua’


 


 


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Estudantes criaram site investindo R$ 100 por mês


‘O Buscapé foi criado por quatro universitários em 1999. Três deles – Romero Rodrigues, Rodrigo Borges e Ronaldo Takahashi – estudavam engenharia na Escola Politécnica da USP e o outro – Mario Letelier – administração na Fundação Getúlio Vargas. ‘Nossos nomes começam com ‘Ro’ porque estudávamos na mesma classe e a Poli dividia as turmas em ordem alfabética’, explica Rodrigues, 31 anos, presidente da empresa.


A ideia surgiu depois de os estudantes analisarem os negócios existentes na internet na época. O comércio eletrônico crescia, mas eles viram que era muito difícil saber onde estavam os melhores preços. O dinheiro para criar a empresa veio do estágio que faziam na universidade. ‘Cada um colocava R$ 50, R$ 100 por mês para pagar a hospedagem e a conta de um telefone celular’, diz Rodrigues. ‘Em um ano e meio, investimos uns R$ 3 mil.’


Os primeiros investidores do Buscapé foram a Merrill Lynch, o Unibanco e a Brazil Warrant, holding da família Moreira Salles. Em 2005, esses investidores venderam suas participações para o fundo Great Hill.


Romero conta que o momento mais difícil da empresa foi em 2001, depois do estouro da bolha da internet. ‘Estávamos cumprindo o plano de negócios, que previa que alcançaríamos o ponto de equilíbrio em 2002, mas os investidores nos fizeram antecipar em um ano.’


Outro momento difícil foi no início da empresa. Eles começaram com 35 grandes varejistas listados. ‘Tínhamos acabado de comprar um celular, que naquela época era uma coisa cara, e me ligaram.’ O diretor de uma rede varejista não gostou de ter seus preços comparados com os de outras lojas e ameaçou processar o Buscapé. ‘Argumentamos que o que estávamos fazendo era legal e não tiramos os preços dele do ar’, lembra. ‘Depois disso, esse diretor não atendeu mais as nossas ligações.’ Dois anos depois, o Buscapé começou a cobrar das empresas que entram no site. ‘Eu tentava ligar para esse diretor e ele continuava a não atender. Aí resolvemos tirar os preços deles do site. Recebi uma ligação e era ele, ameaçando nos processar se não colocássemos os preços de volta.’’


 


 


CINEMA


Roberta Pennafort


Todos unidos contra a pirataria de filmes


‘A pirataria macula o bom momento do cinema brasileiro e, diante dessa constatação, é preciso agir para reduzir os prejuízos. Para discutir medidas de combate à prática, foi realizada anteontem uma reunião do Conselho Nacional de Combate à Pirataria (CNPC) do Ministério da Justiça, da Agência Nacional de Cinema (Ancine) e integrantes do setor.


Agora em outubro, um plano de ação conjunto será colocado em prática, visando aos lançamentos de filmes nacionais entre novembro e julho de 2010. Uma nova campanha contra pirataria será preparada – mais do que explicar que se trata de um crime, esta mostrará que o pirata prejudica o desenvolvimento do cinema brasileiro.


Outra frente é a da coibição da entrada de filmadoras nas salas de exibição. Por exemplo, com a instalação de câmeras que captem imagens no escuro – assim, a pessoa seria apanhada na hora. ‘Já há exibidores brasileiros testando um dispositivo sensível ao acionamento de equipamentos’, disse Manoel Rangel, presidente da Ancine.


Luiz Paulo Barreto, presidente do CNPC, lembrou que também é preciso evitar o vazamento dos filmes antes da estreia, aumentando o controle do acesso às cópias nas produtoras.


No caso de Tropa de Elite, de José Padilha, o filme nacional mais pirateado até hoje, cópias feitas por técnicos da empresa de legendagem se multiplicaram muito rapidamente e chegaram a camelôs de todo o País.


O ministério já vem mobilizando a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal e a Receita Federal contra a pirataria (as apreensões de DVDs virgens e com cópias piratas se sucedem). A iniciativa foi aplaudida por integrantes do setor. Paula Barreto, produtora de Lula – O Filho do Brasil, lembrou que os filmes nacionais já venderam até 500 mil DVDs (caso de Dois Filhos de Francisco); hoje, ficam em 25 mil.


Com o esperado Lula, os cuidados são muitos: funcionários que manuseiam as cópias assinaram termo de confidencialidade. E os DVDs são marcados com o nome do dono.’


 


 


BIOGRAFIA


Jotabê Medeiros


Kika, ex de Raulzito, adverte biógrafo


‘Falando a uma plateia na Bienal do Livro do Rio, há uma semana, o escritor Ruy Castro afirmou que, no Brasil, ‘o biografado ideal tem que ser órfão, solteirão, filho único, estéril e brocha’. A piada do autor não é só uma jogada de efeito para impressionar caçadores de autógrafos: Ruy Castro comeu o pão que o diabo amassou para ver publicado o best-seller Estrela Solitária – Um Brasileiro Chamado Garrincha, encurralado na Justiça pelas filhas do jogador.


Mas o fogo cerrado contra as biografias intensificou-se após 2007, quando foi ordenada pela Justiça o recolhimento de Roberto Carlos em Detalhes, inventário da vida do cantor capixaba pelo autor baiano Paulo César Araújo. Esta semana, mais um caso vem somar-se à lista de biografias ameaçadas de extinção: Kika Seixas, quarta das cinco ex-mulheres de Raul Seixas, enviou duro telegrama ao jornalista Edmundo Oliveira Leite Júnior, que escreve há cinco anos um livro sobre a vida do ‘maluco beleza’ do rock nacional.


‘Caso o senhor insista na realização irregular de tal biografia, serão tomadas as medidas judiciais cabíveis’, adverte o telegrama. A mensagem explícita foi o ponto culminante de uma série de pequenas advertências de Kika Seixas ao biógrafo. No dia 26, Kika deu entrevista a uma coluna social de um jornal carioca alertando que, no Brasil, escrever biografias sem autorização seria ‘suicídio’.


‘Estranhei porque mantenho contato com ela desde 2004, sendo uma das primeiras pessoas que procurei para comunicar o projeto do livro’, diz o biógrafo. Edmundo Leite questiona a legitimidade da condição de Kika Seixas como mantenedora do patrimônio de Raul Seixas. Kika é mãe da terceira e última filha do artista, que morreu sozinho num apartamento na Rua Frei Caneca em São Paulo, cerca de um ano após se separar de sua última esposa: Lena Coutinho.


‘Fiz duas longas entrevistas com Kika, que deu informações fundamentais e não se negou a responder sobre qualquer assunto, além de fazer uma declaração pública sobre o fato de que ainda falta uma biografia de qualidade do ex-marido’, ponderou o autor.


Contatada pela reportagem, Kika Seixas designou a filha, Vivian, para explicar a ação contra Edmundo Leite. ‘Fui eu quem notificou o Edmundo Leite porque durante as quatro horas de entrevista que ele fez na casa da minha mãe, Kika, ele só perguntou sobre drogas e foi assim com outras pessoas que ele entrevistou’, afirmou Vivian, por e-mail, que disse sua atitude não é de censura, mas de foro íntimo – e também disse que a primeira filha de Raul, Simone, concorda consigo. ‘Há 28 anos que só ouço falar que meu pai era drogado, toxicômano e alcoólatra e isto cria um enorme constrangimento para mim que moro no Brasil e tenho que conviver com todos os tipos de insinuações e preconceitos’.


A novidade no affair Kika Seixas é que, nesse caso específico, a censura às biografias está começando agora antes mesmo de sua realização efetiva, ou de sua publicação. Edmundo Leite Jr., que trabalha como editor assistente no portal Estadao.com, está perplexo. Ele diz que, quando procurou Kika e Vivian Seixas, tinha em mente tornar sua pesquisa mais ampla e transparente possível. ‘Mas eu não as procurei para pedir autorização, e sim por respeito. E também porque são fonte importante’.


No debate na Bienal do Rio, Ruy Castro mostrou que vê com ironia a situação atual do biógrafo. ‘É muito melhor biografar morto do que vivo. Porque o biografado vivo vai mentir para você, e ainda vai atrás de outras pessoas para fazerem elas mentirem para você também. Os mortos não mentem, você só tem que lidar com os herdeiros dele.’


De fato, embasada por decisões judiciais, a censura parece estar se reinstalando no cotidiano da vida cultural brasileira. Especialmente no ramo das biografias, que está se tornando insalubre para os escritores. Paulo César Araújo, o autor da biografia proibida Roberto Carlos em Detalhes (Editora Planeta) considera que o precedente aberto pela Justiça em seu caso complica a vida dos biógrafos no Brasil.


‘A Constituição brasileira garante o direito à liberdade de expressão, e meu livro é um fato histórico. A obra de Roberto é pessoal, biográfica. Todas as suas canções se referem a fatos de sua vida. É impossível falar de sua obra sem falar de sua vida pessoal’, disse. Quando o livro foi recolhido, em maio de 2007, Paulo César advertiu: ‘Eu vou atravessar o resto dos meus dias falando sobre a obra de Roberto Carlos.’ É exatamente o que ele faz. Já debateu o livro até no Exterior, e os fatos que narra viraram referência e são frequentemente citados.


Edmundo Leite ressalta que sua proposta sempre foi fazer uma biografia de Raul Seixas imparcial, de qualidade. Desde 2004, já entrevistou mais de 100 pessoas, algumas nunca ouvidas, como as duas primeiras mulheres do cantor (Edith e Gloria), ambas americanas e que vivem nos Estados Unidos. Também falou com as três ex-mulheres brasileiras (Tânia, Kika e Lena)


Também entrevistou, nos Estados Unidos, Suíça, Argentina e Alemanha, gente como o maestro Miguel Cidras, arranjador da maior parte das músicas de Raul, e amigos de diversas fases de seus 44 anos de vida (produtores, empresários, executivos de gravadoras, parentes, ex-namoradas, empregados, desafetos, artistas). ‘Ano passado passei três dias em Genebra com o Paulo Coelho, que além de me dar entrevistas permitiu acesso ao seu arquivo particular.


‘Desde o início não foram poucos os que me perguntavam ‘É autorizada?’, ao que eu respondia: não é autorizada e tampouco não autorizada. É independente’, afirma. ‘E creio que essa independência, o fato de não estar diretamente ligado a ninguém que conviveu com Raul Seixas, é fundamental para a qualidade desse livro. Não me agradaria nem um pouco que o meu livro fosse chamado de ‘biografia não autorizada’, termo que ganhou contornos marqueteiros e que infelizmente está na cabeça das pessoas. Mas também não me agradaria se fosse uma biografia autorizada. Como disse, é independente.’


Mesmo com a ameaça, Edmundo diz que não pretende parar o trabalho e vai lutar para lançar o livro no próximo ano, quando Raul completaria 65 anos. ‘Além da convicção, respaldada pela Constituição, de que não preciso de autorização para escrever sobre uma personalidade pública, espero que o livro faça valer as palavras do próprio Raul: ‘Todo homem tem direito de pensar o que ele quiser, de escrever o que quiser. De desenhar, de pintar, de cantar, de compor o que quiser…’


CENSURADOS


ESTRELA SOLITÁRIA: Em 1996, o livro Garrincha, de Ruy Castro (Companhia das Letras), é recolhido das livrarias por ordem judicial, após ação movida pelas filhas do ex-jogador, que diziam defender a ‘integridade moral’ do pai (mas pediam indenização).


NA TOCA DOS LEÕES: Em outubro de 2005, o Tribunal de Justiça de Goiás cassou liminar que impedia venda do livro Na Toca dos Leões, de Fernando Morais. O livro fora apreendido por ordem do juiz Jeová Sardinha, da 7.ª Vara Cível de Goiânia.


SINFONIA: Em 2008, a filha de Guimarães Rosa, Vilma, conseguiu na 24.ª Vara Civel do Rio o recolhimento de Sinfonia Minas Gerais: a Vida e a Literatura de João Guimarães Rosa (LGE, 2008), de Alaor Barbosa, alegando ‘plágio, lesão de direitos’ e falta de autorização.


VINIL: André Midani, autor de Música, Ídolos e Poder – Do Vinil ao Download (Nova Fronteira), sua autobiografia, foi notificado pela família do nonagenário Enrique Lebendiger, ex-dono da RGE. Midani o descreve, no livro, como ‘figura exótica que não tinha capacidade nem seriedade profissional’ para acompanhar Chico Buarque.


EM DETALHES: O caso mais rumoroso de censura recente foi o do livro Roberto Carlos em Detalhes (Planeta, 2006), de Paulo César Araújo – Roberto viu invasão de privacidade no livro.’


 


 


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Projeto de lei muda código civil para contornar situação


‘PLENÁRIO: O deputado federal Antonio Palocci Filho apresentou, no ano passado, um projeto de lei para modificar o artigo 20 do Código Civil, que embasa as decisões recentes de censura a livros. O texto do projeto estabelece em parágrafo único que ‘é livre a divulgação da imagem e de informações biográficas sobre pessoas de notoriedade pública ou cuja trajetória pessoal ou profissional tenha dimensão pública (…)’. Ao Estado, o deputado disse ontem que o projeto foi fruto de um debate no blog Observatório do Livro e da Leitura. ‘A grande preocupação é com o risco que o gênero e a sociedade correm de ver histórias fundamentais simplesmente se perderem’, disse. Segundo Palocci, o projeto tem parecer favorável do relator e tramita em regime conclusivo. Ou seja, não precisará ir a plenário. ‘Se aprovado, irá ao Senado e, sendo aprovado lá na Comissão similar, segue imediatamente para a sanção do presidente. Há boas chances de ser aprovado nas duas casas, em prazo razoável.’’


 


 


TELEVISÃO


Keila Jimenez


Por trás das câmeras


‘As diretoras Marlene Mattos e Cininha de Paula pretendem abrir uma escola de TV juntas. Vontade antiga da dupla, Marlene planeja retomar o projeto no ano que vem, assim que se desligar do Show da Gente, de Netinho, dirigido por ela no SBT. O apresentador, que sairá candidato em 2010, deixará a atração até março.


A escola de TV formará mão de obra técnica para TV e rádio: editores de imagem, sonoplastas, operadores de áudio e som, assistentes de direção, diretores e até roteiristas.


‘Precisamos de mais um tempo para acertarmos detalhes e atualizarmos algumas matérias’, fala Marlene Mattos.


Cininha de Paula, que já tem uma escola de artes cênicas no Rio, pretende atender o público de baixa renda em sua nova empreitada. ‘Sem descriminar as classes A e B, queremos aproveitar os adolescentes de baixa renda para formar profissionais’, fala Cininha, que não imaginava que Marlene retomaria o projeto tão rápido. ‘Quero atender os cadeirantes, que podem ser ótimos editores de imagem e de videografismo. O que se torna cansativo para alguns, que é ficar o tempo todo sentado, para eles é a realidade.’’


 


 


 


 


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