A dimensão da palavra escrita é rica em possibilidades. Mas os brasileiros parecem que ainda são pouco ousados neste sentido. Não é preciso ser sábio para saber que o universo de escritores é menor do que o de leitores. Com isso, é evidente que a cidadania plena continua a ser um grande desafio nacional.
Assim, os espaços dos jornais impressos, da mídia eletrônica, das editoras, dos e-mails, enfim, dos mais diversos veículos de comunicação da palavra escrita, têm sido ainda pouco explorados. Quantos conhecimentos são possíveis de ser mais bem transmitidos se as pessoas passarem a adquirir o hábito da escrita?
O desencanto maior acontece nos lançamentos dos livros. Costuma-se encontrar as mesmas pessoas, um número geralmente bastante reduzido. O espaço do saber literário, que deveria ser de orgulho para toda a sociedade, fica restrito praticamente ao anonimato. Quem conhece os escritores nacionais? Os regionais? Os locais, por exemplo?
Com isso, o Brasil é um país subdesenvolvido cuja culpa também pertence a uma população desinformada. Incapaz de transformar o quanto poderia com o uso das palavras. Vergonhosamente, sabe-se da existência de políticos que, tanto pela falta de leitura quanto de escrita, mandam os assessores escreverem os artigos que publicam nos jornais. E pior: não é de hoje que se observam também alguns, inclusive, com dificuldade para ler nas tribunas o discurso que outros escreveram.
Contribui-se, assim, para uma sociedade que tende a despertar os cidadãos para valores demais egoísticos e que não conduzem à felicidade coletiva. Talvez a falta de mais políticas públicas de incentivo à escrita e à leitura em nosso país seja um bom parâmetro para se medir o grau do nosso desenvolvimento.
Construir um Brasil aqui de baixo
Não é preciso ir muito longe para verificar que em termos de acesso ao saber escrito, o Brasil deixa a desejar. Conforme o escritor Wilson Gordon Parker: ‘ Quando o Lula fala em alto e bom som que não gosta de ler, ficamos com a sensação de que ele faz parte do grupo de brasileiros que não sabem ouvir, pensar, falar ou escrever corretamente. São vários os motivos pelos quais estas coisas acontecem no Brasil. Grande parte das crianças brasileiras começa a trabalhar bem cedo e não tem tempo para estudar. Quando podem frequentar as escolas públicas, estas não têm a capacidade necessária para estimular os alunos a praticarem tais coisas. As crianças só aprendem, e muito mal, a ler e rabiscar algumas palavras. Não entendem nada do que estão lendo, ouvindo ou vendo. Não sabem pensar. Mas o caso de Lula é diferente. Ele diz que sabe ler, mas a leitura lhe dá azia. É sinal que o seu estômago está intimamente conectado ao cérebro. Tudo o que aprende deve ser de ouvido mesmo. Mas parece que ouvir também lhe provoca uma profunda gastrite. E quem não sabe ouvir, não sabe pensar. É neste ambiente estomacal que explodem os seus improvisos. Lula sente muito orgulho quando diz que não costuma ler nada. Mas é um mestre na arte de sobreviver. Todo o dia de manhã ele deve dizer: eu sou um gênio. Diante desta fantástica azia eleitoral vai ser muito difícil a eleição de um presidente que saiba ouvir, pensar, falar e escrever corretamente.’
Dessa forma, diante deste ‘belo quadro’, leitor, sugere-se que você comece a escrever. Se no início encontrar dificuldades (exemplos comuns: falta de idéias, de estilo, de coerência, correção gramatical, seleção vocabular etc.), com o tempo elas certamente diminuirão. Será um estímulo, um desafio à sua capacidade cognitiva.
A comunidade agradecerá! O país agradecerá! E você poderá ainda entrar para um ‘seleto time’, que ainda está incompleto, em pleno ‘país do futebol’. Afinal, é bem melhor começar a construção de um novo Brasil aqui de baixo, na ‘luta com as palavras’, no exercício cotidiano da cidadania, do que prestar um desserviço à nação e fazer afirmações, nada democráticas, lá de cima.
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Advogado, formado em Letras e Direito