Friday, 15 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

Madame ficou zangada



Um redator da ‘Ilustríssima’ pediu por e-mail a este observador uma crítica à primeira edição do novo caderno da Folha de S.Paulo para ser publicada no domingo (30/5). Foi atendido imediatamente porque no comentário sobre o redesenho do jornal (‘Novíssima, Ilustríssima e esquecidíssima‘) falou-se pouco sobre o ex-‘+Mais!’. O mesmo aconteceu na edição televisiva do Observatório da Imprensa (‘Os jornalões se renovam‘, TV Brasil, 25/5) quando os participantes discutiram as reformas dos jornalões brasileiros de forma ampla e conceitual. O programa transcorreu num clima altamente civilizado, estimulante e provocou grande número de comentários dos telespectadores.


A Folha é um jornal a serviço do Brasil, portanto sério e responsável – e se pede uma opinião sobre algo que lhe diz respeito, e este pedido é atendido, supõe-se que vá publicá-la. Não publicou. Significa que a Folha gasta uma fortuna para mostrar que é capaz de mudar e, no entanto, continua a mesma. Pede uma crítica mas não admite reparos, mesmo bem humorados. Encanzinada.


Abaixo o comentário recusado.


Ilustríssima: tomo a liberdade de dizer-lhe, com todo o respeito, que não gostei do seu nome. Entendo a intenção de fazer troça para liquidar qualquer pretensão acadêmica. Ficou satírico demais – a não ser que vocês queiram fazer um Pasquim engravatado. Neste caso para onde iriam as excelentes reportagens como a do crack e o Pamuk?


Nada contra você, Ilustríssima (aliás posso chamá-la Ilma.? Era assim que antigamente sobrescritávamos as cartas): o erro foi trocar o seu nome. O velho ‘+Mais!’ era um horror – lembrava sinal de trânsito – mas o leitor estava acostumado, todo nome novo é basicamente ruim. Por isso no meu tempo (aliás, no nosso tempo), os editores evitavam mudanças drásticas para que os leitores não levassem sustos nem se sentissem lesados. ‘Plus ça change, plus c´est la même chose’, você me entende. (Alberto Dines, Observatório da Imprensa)


(*) ‘Jornal da Cesta’ era o nome de uma coluna do Pasquim inaugurada em maio de 1980 com um texto que a Folha mandara para a cesta e não publicou.