Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Maio vem aí

O mês de maio está próximo, e a data ‘comemorativa’ mais significativa, após o Primeirão, é o 13, da Lei Áurea. Gostaria de que o Observatório enfocasse a questão do negro na imprensa brasileira, e como as editoras de revistas femininas ignoram a presença da população negra em seu conteúdo, a começar pelas capas. Tem um livro, de um professor de Economia da USP, Hélio Santos, que é bastante interessante (comecei a ler estes dias), e que mostra o quanto de prejuízos os negros tiveram após a Abolição. Ele faz uma relação muito interessante, mostrando que grande parte dos problemas sociais vividos hoje em nosso país começaram no 14 de maio, com o racismo, e a completa falta de preocupação em estruturar a vida de quem representava a maior parte da população brasileira naquele distante final do século 19.

Nana Guimarães, jornalista, São Paulo



Síndrome de vampiro

Sou morena e curso superior em Comunicação Social. Na classe, de 140 alunos, há apenas um negro e alguns morenos. Nunca falamos sobre o assunto em classe, mas há, às vezes, certo constrangimento, preconceito, sim, mas felizmente de uma minoria. Um fato que aconteceu comigo há algum tempo: fui até a banca comprar a recém-lançada Raça, revista especializada em negros, e o dono da banca me tratou com desprezo, disse que aquilo era coisa de pobre, de preto, que era muito melhor eu levar uma outra revista (que tinha na capa uma adolescente loira).

Isso exemplifica a chamada ‘síndrome de vampiro’ citada. Será que a população não cobra nada da mídia, simplesmente porque ela não quer ver a realidade? E, sim, o sonho?

Neli Marques, arte-finalista, São Paulo

Uma comunicação multiétnica é possível – Paulo Rogério Nunes



A ignorância do Faustão

No programa do Faustão de domingo 4/4 o apresentador desfilou todo o seu preconceito contra pobres, negros e analfabetos. A forma como tripudiou da big brother Solange foi mais uma demonstração da discriminação burguesa e de que programas desse tipo servem apenas para legitimar as desigualdades sociais e a falta de acesso de pobres e negros à cultura. A jovem inebriada pela fama e o sucesso a qualquer custo não se deu conta da humilhação que o apresentador lhe estava impingindo, criticando seu modo de falar, sua maneira de agir e seu inglês. Cabe aos ativistas de direitos humanos exigir uma retratação, pois foi um espetáculo deprimente. A produção do programa ainda acompanhava com legendas os erros da jovem. Falar errado não é privilégio da jovem frentista, o povo fala errado porque não tem educação de qualidade. Sugiro que, em vez de humilhar os outros, lute pelo fim da ignorância que aflige o maltratado povo brasileiro.

Francisco Djacyr Silva de Souza, professor, Fortaleza