Wednesday, 18 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1318

Microsoft tenta comprar
site de relacionamentos


Leia abaixo a seleção de terça-feira para a seção Entre Aspas.


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O Estado de S. Paulo


Terça-feira, 25 de setembro de 2007


INTERNET
O Estado de S. Paulo


Microsoft tenta comprar parte do site Facebook


‘A Microsoft está conversando com o Facebook para comprar uma participação minoritária na rede de relacionamentos sociais, segundo informações do Wall Street Journal. O Facebook cresce rapidamente e, a se julgar pela oferta feita pela Microsoft, já vale mais de US$ 10 bilhões.


Citando pessoas próximas às negociações, o Wall Street Journal disse que a Microsoft deseja comprar uma participação de até 5% do Facebook por algo entre US$ 300 milhões e US$ 500 milhões.


Liderado por seu criador, Mark Zuckerberg, de 23 anos, o Facebook pode insistir numa avaliação de até US$ 15 bilhões e considera obter um aporte de até US$ 500 milhões para expandir suas operações.


Um acordo como esse poderia ajudar a Microsoft a competir com o Google pelo mercado crescente de propagando pela internet e colocar um dos nomes mais quentes da web no campo da Microsoft.


O Google também manifestou seu interesse em investir no Facebook, disse o WSJ.


‘O negócio seria ótimo para a Microsoft, uma vez que ela não tem tido sucesso em criar serviços na web que agradem os jovens’, disse Kim Caughey, da Fort Pitt Capital.


O Facebook – que permite aos participantes procurar alguém do círculo de amigos – tem sido alvo de especulação cada vez maior na medida em que expande sua base de usuários e anunciantes. O Facebook atingiu 39 milhões de usuários e está ganhando terreno do seu maior rival, o MySpace, comprado pela News Corp., de Rupert Murdoch, em 2005.’


JORNALISMO ECONÔMICO
O Estado de S. Paulo


‘AE’ mostra ferramentas de investimento na Expomoney


‘Durante a Expomoney, evento de educação financeira voltado para pessoas físicas a ser realizado na capital de amanhã até sábado, a Agência Estado (AE) apresentará ferramentas de análise de investimentos, além de palestras diárias. A AE pertence ao Grupo Estado e distribui informações em tempo real e online. Do evento, organizado pela TradeNetwork , participarão também bancos, corretoras, administradoras de fundos, empresas de previdência privada, entre outros.


Segundo Regina Fogo, gerente de Comunicação da AE, ‘o objetivo é mostrar que se pode, sim, aplicar com menos risco e ter ganhos melhores na renda variável’. A AE é patrocinadora master da Expomoney, ao lado da Petrobrás, da Bovespa e da BM&F. ‘Vamos receber uma premiação por cinco anos de parceria, apoio e incentivo ao projeto’, antecipa Regina.


Uma das ferramentas da agência que estarão disponíveis na Expomoney é o AE Móvel, que permite que o investidor passe ordens para a Bolsa de Valores pelo celular. Será mostrada aos participantes também a revista Estadão Investimentos, edição bimestral que está em seu 16º número. O investidor poderá conhecer ainda o AE Broadcast Investidor Pessoal, ferramenta que permite acompanhar os investimentos e analisar condições do mercado por meio de gráficos e análises fundamentalistas.


Horário: de 4ª a 6ª-feira, das 13 às 21 horas; sábado, das 10 às 18 horas. Local: Centro de Convenções Frei Caneca, Rua Frei Caneca, 569, capital. Inscrições gratuitas: site www.expomoney.com.br/sp2007/.’


PRÊMIO REAL
O Estado de S. Paulo


Prêmio Banco Real escolhe mais 4


‘Estudantes se destacaram na Semana Estado e agora disputam bolsa de estudos na Universidade de Navarra


André Luiz Silva Oliveira, Flora Morena, Maykon William Florêncio e Felipe Augusto Bertolino Peroni, alunos dos cursos de Jornalismo das Universidades Sant’Anna, do Vale do Paraíba, de Taubaté e USP, autores dos textos desta página, recebem nesta semana os computadores que conquistaram ao se classificarem para a fase final do 2º Prêmio Banco Real Jovem Jornalista. Eles participaram da segunda Semana Estado de Jornalismo, de 22 a 25 de maio. Esse concurso, realizado em conjunto com as quatro etapas da Semana Estado, oferece ao vencedor, no fim do ano, uma bolsa de estudos na Faculdade de Comunicação da Universidade de Navarra, em Pamplona, na Espanha.


A entrega dos computadores será feita durante a terceira Semana Estado deste ano, que reúne, no auditório do Estado, alunos das universidades Barão de Mauá, Teresa D’Ávila, Salesiana de Lorena, Municipal de S. Caetano, Mackenzie, PUC/Campinas, Rio Branco, São Marcos, Unesp, de Guarulhos, Unimep, Santo Amaro e Sorocaba.


Durante toda a semana, os 300 alunos participantes do seminário terão encontros com jornalistas e estudiosos de desenvolvimento sustentável, tema do programa neste ano. A primeira Semana Estado, que ocorreu entre 24 e 27 de abril, classificou quatro estudantes. A quarta e última etapa, com 12 outras faculdades, está programada para 23 a 26 de outubro. Em seguida, haverá a escolha do vencedor do 2º Prêmio Banco Real Jovem Jornalista.’


TELEVISÃO
Cristina Padiglione


SBT volta a abalar


‘Com a estréia do game Você é Mais Esperto que um aluno da 5ª Série?, anteontem, Silvio Santos conseguiu assegurar a vice-liderança ao seu SBT. Fazia tempo que um programa do patrão não batia a Record. A nova atração, franquia de um formato da Fox, rendeu 10 pontos de média no Ibope – apenas 1 ponto a mais que a Record, vá lá, mas segundo lugar em audiência.


O que causa espanto é a média da Globo no horário (falamos aí das 16h23 às 17h26), trecho do, em tese, clássico Corinthians X Palmeiras, que rendeu 23 pontos nesse período. É a crise alvinegra refletida na audiência.


O resultado modesto parecia ser algo esperado pela Globo. Só isso explica o fato de Faustão ter aberto a segunda parte de seu Domingão com o superclose de nádegas alheias, e nem tão merecedoras de close assim. Era uma tal Dança da Bunda, cujo princípio se baseava no remexer dos glúteos de acordo com o ritmo. Foi de doer.


Outro explicação para a apelação do Domingão está na ressurreição de Gugu, que há mais de um mês trouxe de volta a vice-liderança ao SBT no horário: das 17h29 às 21h36, a edição de anteontem alcançou média de 12 pontos, ante 20 da Globo.


Moldura de 30


Em Desejo Proibido – ex- Milagre do Amor -, próxima novela das 6 da Globo, Roberto Bomfim será Dioclécio, um barbeiro vaidoso metido a fotógrafo. Formará um casal engraçado ao lado de Dona Guará (Jandira Martins). A trama se passa nos anos 30.


Entre- linhas


Mais duas possíveis pistas sobre o assassinato de Taís em Paraíso Tropical: a que o assassino matou Taís pensando ser Paula, e uma pista dada pelo próprio Gilberto Braga anteontem no Fantástico, que disse que o assassino vem da família de Marion.


Algumas das últimas cenas de Paraíso têm sido gravadas de madrugada para não atrair tantos curiosos. Na última semana, no entanto, em uma cena de Bebel que foi gravada até as 4h30, Copacabana ficou lotada.


A turma do Pânico está engordando seus cartões de milhagem. Depois da longa passagem de Vesgo e Silvio pela Europa, Cristian Pior (Evandro) e Robaldo Esper (Carioca) visitaram Ibiza. Motivos para boas piadas não faltaram.


Por falar em Pânico, Faustão citou a Dança do Siri anteontem em seu programa. Ao ver um participante do Se Vira nos 30 todo atrapalhado, o apresentador disse que iria chamar Ceará e Vesgo para participar do quadro.


Para compensar a falta de divulgação da estréia da série Heroes na Record, a emissora realizou uma ação pelas ruas de São Paulo com modelos caracterizados como os principais personagens neste final de semana.


A estréia de Heroes marcou 14 pontos de média no ibope e share de 22%. No horário em que foi exibida, das 21h às 22h33, a Globo registrou 25 pontos e o SBT, 10 pontos.’


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Folha de S. Paulo


Terça-feira, 25 de setembro de 2007


CRÔNICA
Carlos Heitor Cony


Sem esperança


‘RIO DE JANEIRO – Estudantes de jornalismo, em Curitiba, aproveitando a pausa de uma palestra para os vestibulandos do curso Decisivo, me perguntam se há lugar para a esperança. Com Domingos Pellegrini e Miguel Sanches Neto, falávamos sobre os livros que irão cair no vestibular. O tema era exclusivamente literário, mas acima de todos nós estava aquela ‘nuvem que os ares escurece’ -tal como disse Camões no começo do episódio do Adamastor.


Na realidade, por mais redundante que seja, não há como evitar a situação nacional. Não se trata de um arroubo moralista, muito menos de um prejuízo material que coloque a nação em véspera de uma quebradeira econômica e financeira.


Embora distante de uma tranqüilidade nesses setores, o país atravessa um período relativamente estável. Não é por aí que o desânimo, e até mesmo a revolta, nos abate o ânimo e nos coloca numa das fossas mais prolongadas de nossa história.


Deus poupou-me o sentimento da esperança, de maneira que não precisei pensar muito para responder aos jovens. E, como Deus nunca tarda e quase sempre falha, no dia seguinte, li a declaração de Lula, afirmando que não há prova que justifique a cassação de seu homem forte, seu ex-chefe do Gabinete Civil, José Dirceu.


O mesmo Lula acha que não há provas contra o Renan Calheiros e conclamou a nação a respeitar a decisão do Senado que absolveu o presidente daquela Casa, na base do ‘causa finita’.


No caso de Dirceu, condenado, Lula discorda da decisão que o cassou. Declarava que não sabia de nada, mas ‘sabe’ que ele é inocente. No caso de Renan, diz que não há o que discutir sobre a decisão da maioria do Senado. Por essas e por outras, não há espaço para a virtude que nos dá o dom de suportar o mundo.’


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


Crise? Que crise?


‘Na manchete da Folha Online e demais desde o meio-dia, a bolsa ‘bate recorde e zera perdas’. Na Globo, do pregão, ‘é o 33º recorde do ano, mas o que chama a atenção é a rapidez com que o Brasil saiu da crise global’. Por Bloomberg, Reuters, ‘recorde’.


E o site do ‘Financial Times’, antes tão reticente com o país, deu enunciado para os Brics e abriu, no texto do editor de investimentos: ‘Crise? Que crise? Em alguns mercados, o aperto no crédito acabou. O índice MSCI Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) está no ponto mais alto de todos os tempos, apagando as perdas’. No final, ‘no ambiente atual, os corretores acreditam que ‘vôo para a segurança’ significa investir nos Brics. Vamos esperar que estejam certos’.


EUA PARA TRÁS


No site do ‘FT’, outro texto dizia que ‘Wall Street falhou em seguir a sessão exuberante das ações nos emergentes’. Enquanto ‘na Índia, China e Brasil, todas bateram novos recordes’, a bolsa nos EUA expressou ‘preocupação’ com crescimento e inflação -e o dólar bateu o ‘recorde’ negativo frente ao euro.


‘O MAIS POPULAR’


Jonathan Wheatley, ontem no ‘FT’, entregou os pontos. Num texto, disse que o ‘Brasil se livrou das preocupações’ com a crise. Em outro, abriu com a doméstica Noélia: ‘Sei que as coisas melhoraram’. E quem é responsável? ‘Isso vem do Lula.’ Para Wheatley, ‘é o presidente mais popular da história do Brasil’.


A ÚLTIMA CHANCE


Lula e George W. Bush apareceram nos telejornais na clássica ‘photo-op’ -e, pelo pouco que vazou e pelo que declararam, o foco da conversa foi um só: a Rodada Doha. A palavra usada por ambos, no final, foi ‘flexibilidade’.


Já o site do ‘FT’ deu, na manchete, que ‘Êxito de Doha ‘depende de um novo presidente’. É o aviso do democrata que dirige a comissão que segue o tema, Charles Rangel. Por ‘novo presidente’ ele entende ‘presidente Clinton’.


Registre-se que artigo do ‘Washington Post’ avaliou ser ‘a última chance para evitar o desastre na Rodada Doha’.


AO FUNDO, PROTECIONISMO


Em dia de discutir aquecimento na ONU, Lula falou no ‘Café com o Presidente’ e ecoou por agências como a AP que o país ‘está fazendo sua parte’. Já Bush, deu o ‘New York Times’, evitou o debate com ‘dúzias de líderes’ e só apareceria para jantar. Só quer saber da própria cúpula, na quinta, quando vai cobrar teto de emissão dos Brics. Não está sozinho. O francês ‘Le Monde’ deu entrevista com o ministro de meio ambiente de Nicholas Sarkozy, que fala até em tarifas européias sobre importações dos ‘principais países emissoras’. Cita ‘Índia, China e Brasil’.


BROWN Do rapper Mano Brown, sobre a periferia, ontem no ‘Roda Viva’: ‘Eu me recuso a dizer que melhorou. Mas mudar, mudou’. E ‘eu gosto do Lula’. Mas a entrevista só foi pegar quando a política foi deixada de lado.


‘STRIKE’ Na manchete do site do ‘WSJ’, em letras grandes e com foto, e também nas manchetes de ‘Washington Post’ e demais, a greve nacional dos metalúrgicos da GM, nos EUA. A primeira desde 1970, segundo o ‘New York Times’.


COMPRE ‘PEQUENO’


O ‘WSJ’ não tira os olhos do etanol de cana do Brasil, dado por arcaico. Dias após a manchete sobre empecilhos para a compra de usinas hoje sob capital familiar, o enviado postou no blog de energia, ontem, a alternativa: usinas menores, com problemas, que estão ‘abaixo do radar’.


Com ou sem empecilhos, a Reuters deu que a ‘Fatia de estrangeiros no setor de cana do Brasil dobrou’ para 12%.


LUDISMO DA CANA


E tome ‘WSJ’. Um outro correspondente tratou de ‘Uma questão que queima o açúcar do Brasil’. Perguntou se os fazendeiros ‘deveriam seguir usando queimadas ou introduzir máquinas’. Falou das ‘grandes chamas’ visíveis da via dos Bandeirantes.


E lamentou que ‘entidades ambientais e governo federal’ querem o fim da prática, mas pelo interior ainda é forte a resistência ‘às máquinas’.’


TODA MÍDIA
Daniel Castro


Propaganda rompe tabu e aposta em vilão


‘O mundo está mudando. Intérprete do vilão Olavo de ‘Paraíso Tropical’ e de um policial violento no filme ‘Tropa de Elite’, o ator Wagner Moura está no ar desde o último dia 19 em um comercial de uma operadora de telefonia móvel, veiculado nas principais cidades do país.


Segundo o pesquisador Mauro Alencar, é a primeira vez que um ator que interpreta vilão protagoniza campanha. As agências sempre evitaram vilões por temeram rejeição do público ao produto anunciado.


Na propaganda que rompe esse tabu, Wagner Moura oferece uma promoção da operadora TIM. Antes de colocá-la no ar, a empresa realizou pesquisas para medir a recepção do comercial. ‘Não houve rejeição. O pessoal separa muito bem o ator do personagem’, diz José Luiz Liberato, diretor de imagem e publicidade da TIM.


Segundo Liberato, as pesquisas não ‘apontaram nenhum traço preocupante contra ele’. Pelo contrário, os telespectadores demonstraram simpatia por Olavo, reforçando a percepção de que o público torce para um final feliz dele com Bebel (Camila Pitanga).


Liberato afirma que sua empresa tem um histórico de publicidade não convencional. ‘A gente tende a evitar o óbvio’, diz. ‘O Wagner Moura é um ótimo ator. Ele transfere uma personalidade para o personagem maior do que o autor do roteiro pensa. É essa personalidade que a gente queria dele’.


ALEMÃO Atriz que mora em Berlim, Aída Lerner aceitou o convite da Globo e irá atuar em ‘Queridos Amigos’, minissérie de Maria Adelaide Amaral. Aída, que se destacou em ‘Carandiru – O Filme’ (era a mulher negra de Ailton Graça), fará Flora, uma professora de alemão, ex-mulher do protagonista Léo (Dan Stulbach) e mãe do filho dele.


LUNETA Diretora de ‘Queridos Amigos’, Denise Saraceni está fazendo testes para encontrar uma jovem atriz.


VIA SATÉLITE O Ministério das Comunicações concedeu ontem um canal para a Rede TV! retransmitir o sinal que gera em São Paulo na cidade de Campo Novo do Parecis (MT), que fica a 384,5 km a noroeste de Cuiabá.


SUBIU Depois de registrar só 22,7 pontos na semana passada, o ‘Fantástico’ melhorou anteontem: marcou 25,4 pontos. Para enfrentar a estréia de ‘Heroes’ na Record, entre 21h01 e 21h42 o programa da Globo engatou seqüência de quatro quadros (‘Planeta Terra’, ‘Central da Periferia’, ‘Etiqueta Urbana’ e ‘É Muita História’).


SUPERPODER ‘Heroes’ rendeu 13,8 pontos à Record. Na semana anterior, a emissora tinha dado 11,7 pontos no mesmo horário (21h/ 22h33). O SBT e a Rede TV! perderam audiência na disputa com o seriado.


GINÁSIO Outra estréia do domingo, o ‘Você É Mais Esperto do que um Aluno da 5ª Série?’, no SBT, deu 9,6 pontos e foi vice.’


TELEVISÃO
Lucas Neves


‘24 Horas’ vira disciplina universitária


‘Estudantes de direito e juristas, tremei: Jack Bauer, o protagonista linha-dura da série de TV ‘24 Horas’, está prestes a trocar os pouco ortodoxos interrogatórios da fictícia Unidade Contraterrorista da CIA por uma beca.


Ou quase isso. A partir de janeiro de 2008, ele bate ponto no campus da Universidade Georgetown, em Washington, como principal referência bibliográfica (ou videográfica, se preferir) da disciplina-seminário ‘A Lei de ‘24 Horas’, oferecida no programa de mestrado da faculdade de direito da instituição de ensino.


Depois de lidar com explosões nucleares, atentados contra políticos e a liberação de vírus letais e gases tóxicos em Los Angeles (e, de quebra, faturar dois Globos de Ouro e 17 Emmys, o principal prêmio da televisão norte-americana), o personagem interpretado por Kiefer Sutherland chega à academia pelas mãos do professor Gary Sharp.


Em entrevista por e-mail à Folha, ele conta como teve a idéia de levar ‘24 Horas’ para Georgetown, por onde já passaram nomes como o ex-presidente dos EUA Bill Clinton e o atual presidente da Comissão Européia, o português José Manuel Durão Barroso.


‘Certa noite, assistindo ao programa, percebi que ensinar o direito contraterrorista no contexto dos temas levantados por ‘24 Horas’ seria uma forma maravilhosa, singular e divertida de abordar as questões sérias e sombrias que todas as democracias enfrentam na batalha contra a ameaça global de terrorismo.’


Sharp diz que os assuntos discutidos em classe com o apoio das tramas do seriado incluirão ‘as implicações legais, nos EUA e no mundo, do uso de força militar contra patrocinadores estatais e não-estatais do terrorismo, assim como as liberdades civis, detenções, interrogatórios e tratamento dos capturados nos campos de batalha ou dos presos por suspeita de terrorismo’ (veja no quadro ao lado exemplos de ‘cenas paradidáticas’).


Não há mais vagas


Já não há mais vagas -e circula lista de espera- para a disciplina. As aulas começam em janeiro, coincidindo com o início da sétima temporada da série na Fox americana (no Brasil, a Fox exibiu na semana passado o fim do sexto ano, e a Globo passou o quinto em janeiro). Os encontros acontecerão às terças, para aproveitar os ‘ganchos’ fornecidos pelo episódio mostrado na noite anterior.


Segundo Sharp, ser fã da série não é pré-requisito para freqüentar as aulas. ‘Vou estruturar o curso de forma que aqueles que não são fãs não apenas aproveitem e participem ativamente [das discussões] como também virem aficionados só para identificar [no programa] o próximo assunto ligado ao direito’, brinca.


O currículo de Sharp traz passagens pelo Departamento de Estado, pela Biblioteca do Congresso e pela Promotoria do Corpo de Fuzileiros Navais. Atualmente, é conselheiro do Departamento de Defesa para assuntos internacionais. À reportagem, ele pede que frise a independência (em relação aos cargos públicos) do trabalho como professor. ‘Todos os textos e discussões serão baseados somente em informações de domínio público.’


Entretanto, sai pela tangente ao ser indagado sobre o que pensa das respostas do governo Bush às ameaças terroristas -e se elas estão de fato distantes da cartilha linha-dura de ‘24 Horas’. ‘Vou pedir [aos alunos] uma análise estruturada e metódica das leis norte-americanas e internacionais. No entanto, também solicitarei que mantenhamos um espectro de trabalho bipartidário, deixando comparações e julgamentos para outro fórum’, afirma.


Pesado fardo


A reportagem insiste para que ele comente a abordagem política do terrorismo na série, vista pela crítica como conservadora, inclinada à direita. ‘Repetindo: meu curso não envolverá julgamentos políticos, apenas análise legal. O que sei é que a maior parte dos críticos e analistas não carrega o pesado fardo e a responsabilidade de um serviço governamental do qual se pede ação efetiva para proteger seu povo de assassinos em massa sem juízo’, diz.


‘Você acha que um programa como ‘24 Horas’ seria popular se mostrasse um agente interrogando um terrorista -que está inclinado a cometer suicídio e detonar uma arma nuclear ou liberar um agente biológico no centro de Los Angeles- com uma conversa polida, circundado por uma taça de chá e bolinhos?’, emenda Sharp.


Observadores estrangeiros costumam citar o seriado como uma das vitrines da paranóia antiterrorista que se disseminou na América pós-11/9. O professor questiona esse status. ‘A televisão é uma mídia poderosa, que pode moldar, corretamente ou não, a opinião internacional. Não julgo meus maravilhosos amigos europeus e brasileiros por seus game shows, comédias ou novelas.’’


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Nova temporada do seriado terá primeira mulher na Casa Branca


‘O sétimo dia fatídico de Jack Bauer já tem hora para começar (no fuso norte-americano, pelo menos): 20h de 13 de janeiro de 2008. No Brasil, a previsão é de que a nova safra chegue a partir de março.


Três anos terão se passado desde o fim da sexta temporada. Com o fechamento da célula da Unidade Contraterrorista (UCT) da CIA em Los Angeles, a ação se transferirá para Washington, onde o protagonista será julgado por ‘suas ações na busca da justiça’, segundo o texto de apresentação liberado pela Fox americana.


A sétima jornada também encontrará uma mulher na presidência. Allison Taylor será interpretada por Cherry Jones (do filme ‘Sinais’). Ela que se cuide, pois, em ‘24 Horas’, o histórico dos ocupantes do Salão Oval não é dos melhores: dois renunciaram, um foi envenenado e outro foi incapacitado pela explosão de uma bomba. Para completar, dois ex-presidentes foram mortos.


Mas a grande ‘virada’ do ano 7 deve ser a volta do agente Tony Almeida (Carlos Bernard), parceiro de Bauer que se presumia estar morto desde o fim da quinta temporada, quando foi largado na enfermaria da UCT. ‘Como o relógio silencioso não surgiu no canto da tela na última aparição de Almeida -o ‘tributo’ que a série normalmente presta a seus mortos-, sempre mantivemos o retorno do personagem como uma possibilidade’, disse recentemente à imprensa americana o produtor-executivo da série, Howard Gordon.


Quem também reforça o elenco é Janeane Garofalo, mais conhecida por seus papéis em comédias despretensiosas do circuito independente. Ela será a analista de sistemas do FBI Janis Gold, que integrará a equipe responsável pela investigação da crise que culminou com a desativação da Unidade Contraterrorista.


Para atormentar (e seduzir) Bauer, os produtores alistaram a ruiva Annie Wersching, que encarnará uma agente do FBI.


Além dos novos rostos no elenco, mudanças de última hora no cronograma de gravações andam agitando os bastidores da série. Uma trama que previa filmagens na África foi descartada por razões de logística e custo. Com os roteiristas de volta à estaca zero, as primeiras cenas do ano 7 foram realizadas 15 dias depois do previsto.’


Sérgio Dávila


‘Se Jack Bauer pode, por que não nós?’


‘Separar a obra de arte do ‘zeitgeist’ político em que ela foi concebida e está inserida é como dizer que a cineasta nazista Leni Riefenstahl (1902-2003) era uma documentarista com queda pela película em preto-e-branco.


‘24 Horas’ é, sim, o reflexo mais bem-feito, bem-acabado e de maior repercussão em formato de seriado de TV das liberdades jurídicas que o governo Bush vem tomando em relação a conceitos como habeas corpus e direito a julgamento justo desde o ataque de 11 de Setembro.


Seu sucesso e os dilemas éticos que propõe podem ser medidos tanto pelo curso que agora é oferecido na faculdade de Washington quanto por declarações recentes que vão do ex-presidente Bill Clinton (que gosta de ‘24 Horas’) ao professor de Harvard Alan Dershowitz (que defende que, se na vida real a tortura é inevitável, que pelo menos sua aplicação seja supervisionada por um juiz, como em Israel).


Mas é o aspecto ‘vida imita arte que imita vida’ -primeiro narrado por uma jornalista da revista ‘New Yorker’- que mais impressiona. Há alguns meses, o militar que comanda a principal escola de formação de oficiais dos EUA pediu uma reunião com o produtor-executivo da série, Joel Surnow, um estranho no ninho de Hollywood, por suas convicções conservadoras.


Queria pedir que os roteiristas ‘maneirassem’ nas cenas de tortura entre Jack Bauer e os suspeitos de terrorismo, pois começavam a ouvir dos recrutas algo como ‘Se ele pode, por que não nós?’. De fato, ampliada, é a pergunta que se impõe a milhões no mundo ao ouvir falar de Guantánamo, das comissões militares especiais, dos ‘vôos secretos’ da CIA, do tratamento ‘não-convencional’ a prisioneiros: se os americanos podem, por que não o resto?’


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