No dia 26/11, Boris Casoy, no Jornal da Record, noticiou algo bizarro, uma notícia desdobrada em dois tempos: 1) um político petista, sacudindo diante dos repórteres um relatório de espionagem do governo paulista, acusou o governador de São Paulo de mandar espionar a CUT e outras entidades paulistas ligadas ao PT; 2) o governador de São Paulo, rebatendo a acusação, mostrou à reportagem carta do governo federal (Ministério da Justiça) pedindo ao governo de São Paulo para realizar a tal espionagem.
Agora, sim, vem o mais bizarro. No dia seguinte, a mídia calou-se sobre o bate-boca. Os jornais que consultei ou nada deram ou publicaram apenas uma curta nota (evidente press release do Ministério da Justiça) sem referência às acusações do petista ou ao fato de o governador abanar uma carta do ministério nas fuças da reportagem. A operação-abafa ficou evidente, e toda a mídia, inclusive este Observatório, passou ao largo e ignorou o episódio.
O motivo desse embaraçoso silêncio pode residir em alguma particularidade legal que desconheço, mas confesso que, pela primeira vez em 20 anos, tive a sensação desconfortável de estar num ambiente soviético, ou cubano, ou chinês. Tipo, melhor não fazer perguntas, conselho que ora desobedeço.
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Engenheiro, Brasília