Diz a notícia, na página Ciclovivo, e que pipocou na mídia de tecnologia mundial, que o menino norte-americano Aidan Dwyer, de 13 anos, revolucionou o aproveitamento da energia solar. O garoto se baseou na famosa sequência de Fibonacci (na qual um número equivale à soma dos dois números anteriores : 0-1-1-2-3-5-8-13…) e criou um aparato parecido com uma árvore para gerar mais eletricidade. Ele teria se inspirado no processo fotossintético. No mesmo dia em que a boa nova saiu, o físico Sebastian Buettrich, professor do Departamento de Tecnologia da Informação da Universidade de Copenhague, rebateu. Segundo ele não houve nenhum ganho na captação de energia ao se utilizarem placas solares dispostas como folhas em uma árvore, maneira como foi construído o modelo de Dywer.
Para Buettrich a notícia se espalhou rapidamente por conta da avidez da mídia em distribuir boas novas. O acadêmico questiona: “O que houve com a nossa mídia?” Ele aponta um punhado de sites suspeitos de apenas replicar a notícia, sem qualquer investigação, como o Popular Science, Slashdot, Gizmodo, The Atlantic Wire e Earth Tecling. Ao que parece, este último é o responsável pela matéria original, intitulada “He´s A Solar Pioneer, And Barely A Teen” (algo como: Pré-adolescente e já pioneiro da tecnologia solar).
De acordo com a notícia do Ciclovivo, o invento do menino aumentou de 20% a 50% a eficiência do sistema somente com a reorganização dos painéis solares. A ideia foi apresentada em uma feira de ciência na escola e rendeu ao estudante o prêmio “Jovem Naturalista 2011”, concedido pelo Museu Americano de História Natural.
Já existe um modelo
Mas ainda há muita controvérsia, reforçada pelas observações do físico da Universidade de Copenhague. “Não há nenhum avanço no modelo do menino. Ele pensa que obteve mais eletricidade em comparação com os conjuntos de placas solares convencionais. As plantas otimizam muitos fatores graças à sequência de Fibonacci, não apenas a exposição ao sol”, afirmou o acadêmico que provou, por A mais B, em seu blogue write.less.dk (cheio de gráficos e cálculos), que tudo é um exagero da mídia.
O estudante estadunidense ganhou uma patente provisória, do governo, além do interesse de diversas entidades aparentemente ansiosas em comercializar sua a “inovação”.
Pelo que parece, foi exatamente por não ter certeza de que o modelo de Dwyer é uma revolução que o governo americano não concedeu uma patente permanente. Em verdade, já existe um modelo de captação da energia do sol desenvolvido pelo Massachusetts Institute of Technology que faz as placas se movimentarem em direção à estrela ao longo do dia, tal qual o girassol.
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[Fabio Riesemberg é jornalista, Curitiba, PR]