Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Miguel Jorge acredita no
crescimentos dos jornais


Leia abaixo a seleção de terça-feira para a seção Entre Aspas.


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Folha de S. Paulo


Terça-feira, 19 de agosto de 2008


FUTURO DOS IMPRESSOS
Folha de S. Paulo


Ministro vê crescimento robusto de jornais


‘Os jornais impressos no Brasil e a indústria jornalística como um todo devem crescer de forma robusta nos próximos anos, acompanhando de perto as atuais perspectivas promissoras da economia brasileira.


Nesse trajeto, são as grandes empresas da área já constituídas que devem tirar maior proveito das novas mídias que forem surgindo, como vem ocorrendo com a internet.


A previsão otimista sobre o mercado de jornais impressos no Brasil foi apresentada ontem pelo ministro Miguel Jorge (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) e outros participantes no 7º Congresso Brasileiro de Jornais, promovido pela ANJ (Associação Nacional de Jornais).


Com recorde de 773 inscritos, a atual edição do CBJ, que terá mais um dia de discussões hoje em São Paulo, tem como tema central ‘O Brasil e a Indústria Jornalística em 2020’.


Miguel Jorge, que trabalhou por duas décadas como jornalista, utilizou dados demográficos e de investimentos previstos em várias áreas para sustentar uma previsão de forte aumento na circulação de jornais no Brasil nos próximos anos -a exemplo do que já vem ocorrendo desde 2004.


De acordo com ele, o mercado de mídia impressa no Brasil apresenta um cenário totalmente distinto do que ocorre nos Estados Unidos, país onde a circulação de jornais vem caindo sistematicamente há vários anos.


No Brasil, a circulação de jornais cresceu 0,8% em 2004, 4,1% em 2005, 6,5% em 2006 e 11,8% em 2007. No primeiro semestre deste ano, o aumento foi superior a 8%.


Classe C


‘Em 2020, seremos aproximadamente 210 milhões de brasileiros. Isso significa 23 milhões de pessoas a mais. Metade da população terá mais de 32 anos. A renda per capita média será de cerca de R$ 21 mil, bem maior que os cerca de R$ 13,5 mil atuais’, disse.


O ministro também projeta um crescente aumento da chamada classe C no Brasil (ela já corresponde a 51,8%), a continuidade do crescimento do emprego formal e uma elevação no índice de escolaridade.


Todos esses fatores carregam perspectivas positivas, segundo ele, em relação ao aumento da circulação de jornais.


Do ponto de vista do faturamento das empresas jornalísticas, Miguel Jorge afirmou que uma série de investimentos do setor privado e a expansão do crédito, especialmente nos mercados imobiliário e automotivo, devem contribuir para ampliar o tamanho do negócio dos jornais.


O ministro também previu que as novas mídias eletrônicas continuarão convergindo para as grandes empresas jornalísticas. ‘Os grandes títulos na internet hoje são os mesmos dos grandes títulos impressos no Brasil’, disse ele.


‘Há uma conclusão óbvia: a indústria jornalística em 2020 refletirá o Brasil de 2020. Será mais forte, melhor, mais competitiva e, como tem feito até aqui, se apropriará de maneira efetiva das novas mídias.’


Momento


Ex-presidente da ANJ, Nelson Sirotsky (ele deixou o cargo ontem) também ressaltou ‘o momento positivo’ da indústria jornalística, mas lamentou o fato de ser ‘pequeno’ o número de jornais no país hoje filiados ao IVC (Instituto Verificador de Circulação).


Sirotsky afirmou que o Brasil tem atualmente 3.000 jornais, sendo 500 títulos diários. E que a ANJ representa 137 empresas, que detêm juntas 90% da circulação diária.


Sirotsky ressaltou que, no ano passado, os jornais conquistaram uma fatia de 16,4% do bolo publicitário no país, um crescimento de 15% em relação a 2006.


Em seminário paralelo, Rosenthal Calmon Alves, diretor do Knight Center for Journalism in the Americas, da Universidade do Texas (EUA), ponderou que a internet continua se colocando como um desafio para os jornais impressos.


Segundo ele, os jornais impressos estão diante de uma grande revolução.


Mas, afirma, podem se sair bem se souberem se adaptar aos novos tempos.


‘Os jornais e as suas grandes marcas devem tomar de assalto a internet e construir um ‘mix’ inseparável entre suas edições em papel e suas plataformas digitais’, disse.’


 


 


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Imprensa livre é tema de posse na ANJ


‘A nova diretoria da ANJ para o biênio 2008-2010 tomou posse ontem, em São Paulo, em meio a debate sobre a liberdade de imprensa e homenagens.


A ANJ será comandada nos próximos dois anos pela diretora-superintendente do Grupo Folha, Judith Brito, em substituição a Nelson Sirotsky, diretor-presidente do Grupo RBS. É a primeira mulher a assumir a presidência da entidade.


Antes da posse de Judith Brito, foi concedido ao ministro do STF Carlos Ayres Britto o 1º Prêmio ANJ de Liberdade de Imprensa, entregue por Elvira Lobato, repórter especial da Folha. Ayres Britto determinou, em fevereiro, a suspensão em caráter liminar de grande parte da Lei de Imprensa, que impõe restrições à atividade jornalística e que foi adotada durante o regime militar.


Júlio César Mesquita, vice-presidente da ANJ e membro do conselho de administração do Grupo Estado, lembrou que o STF poderá decidir, ainda neste ano e de forma definitiva, a manutenção da decisão de Ayres Britto. ‘A lei em vigor é um símbolo de um Brasil que deve ficar no passado’, disse.


Em seu discurso de posse, a nova presidente da ANJ disse que uma das prioridades da associação nos próximos anos será lutar para que a atividade de imprensa no Brasil permaneça livre de controles externos. ‘A todo momento surgem projetos do Legislativo ou do Executivo que podem conter aspectos perigosamente autoritários’, disse Judith Brito.


A posse foi acompanhada por jornalistas, publishers e profissionais da área, além de representantes do Grupo Folha, entre eles seu presidente, Luís Frias, e o diretor editorial, Otavio Frias Filho.


Sirotsky, que deixou o comando da ANJ ontem, também fez uma defesa enfática da liberdade de imprensa. ‘Não precisamos e não queremos uma nova Lei de Imprensa, mas uma normatização que não impeça um direito maior, o da liberdade de imprensa.’


Presente ao evento como representante do Congresso, o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, no entanto, defendeu que os parlamentares tenham a ‘liberdade e o direito’ de apresentar projetos relativos a uma nova lei para a atividade de imprensa. ‘Acho difícil imaginar um setor da sociedade que não seja subordinado ao ordenamento jurídico da própria sociedade’, afirmou ele.


Para Chinaglia, chegar a consenso em relação ao tema será um ‘desafio’ para a sociedade.


Já o representante do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no evento, o ministro Franklin Martins (Secretaria de Comunicação Social), afirmou que ‘o governo Lula garantiu a liberdade de imprensa’ sem restrições. ‘Não como uma benesse. O Brasil não admite mais viver sem liberdade de imprensa, da mesma forma que não admite mais viver sem democracia.’


O tema também recebeu os comentários do governador interino de São Paulo, Alberto Goldman, e do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. Também participou do evento o ex-presidente da ANJ Pedro Pinciroli Júnior.


Além da posse da nova diretoria da ANJ e da entrega do prêmio, o vice-presidente das Organizações Globo e vice-presidente da ANJ, João Roberto Marinho, prestou homenagem póstuma ao jornalista, e um dos fundadores da ANJ, Demócrito Dummar, morto há quatro meses e que comandava ‘O Povo’, do Ceará. A filha de Dummar, Luciana, representou a família.’


 


 


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Nova Lei de Imprensa divide debatedores


‘A ameaça à liberdade de expressão, representada pela atual Lei de Imprensa -mas também pela legislação eleitoral em vigor-, foi tema de debate no primeiro dia do 7º Congresso Brasileiro de Jornais, promovido pela ANJ (Associação Nacional de Jornais).


Unânimes sobre o obsoletismo da atual legislação para a imprensa, feita em 1967, no regime militar, advogados, políticos, jornalistas e representantes de veículos de comunicação divergiram na hora de oferecer caminhos. Alguns sustentam que há necessidade de uma nova lei para regular o trabalho da imprensa; outros defendem que a ausência de legislação específica é a melhor solução.


O deputado Miro Teixeira (PDT-RJ), autor da ação que levou o STF (Supremo Tribunal Federal) a congelar 20 artigos da Lei de Imprensa neste ano, defende a ausência total de uma legislação específica para a área. Ele fez um histórico das constituições brasileiras desde o século 19, comparando liberdades e cerceamentos à imprensa. ‘Estamos enfrentando uma cultura. Qualquer lei que saia do Congresso Nacional ou com origem na Presidência da República será como as anteriores, não virá em favor da população, não virá em favor do direito à informação’, disse.


Em fevereiro, a atual Lei de Imprensa, sancionada em 1967, foi suspensa em parte pelo STF (Supremo Tribunal Federal) sob o argumento preliminar de que ela contém dispositivos claramente antidemocráticos.


O debate, mediado por Paulo Tonet Camargo, diretor-geral do Grupo RBS em Brasília e diretor do Comitê de Relações Governamentais da ANJ, teve a participação de Ricardo Gandour, diretor de Conteúdo do jornal ‘O Estado de S. Paulo’ e diretor do Comitê de Relações Internacionais da ANJ. Ele ressaltou a importância da decisão do STF de cancelar parte da atual Lei de Imprensa. Gandour também defendeu uma regulamentação mínima para a imprensa. ‘É um atalho tentador achar que tudo se resolve com mais controle.’


Em discurso, Nelson Sirotsky, presidente da ANJ nos últimos quatro anos e diretor-presidente do Grupo RBS, afirmou que a liberdade de imprensa ‘tem sido constantemente violada por decisões judiciais, fruto de interpretações equivocadas da legislação ou até mesmo pela falta dela’. Ele defendeu que a situação atual ‘exige’ uma legislação na área.


O advogado Manuel Alceu Affonso Ferreira disse que a legislação eleitoral é ‘a maior restrição que a imprensa enfrenta na atualidade’. Ele criticou a interpretação de que jornais e revistas não podem opinar, na internet, sobre candidatos. ‘É um retrocesso. O período eleitoral é aquele de maior expressão democrática, e essa legislação traz aos jornais restrições severas e graves.’


Manuel Alceu leu uma carta enviada pelo ex-ministro da Justiça Saulo Ramos, que foi convidado para participar do debate, mas não compareceu por motivos de saúde. No texto, Saulo defendeu uma nova Lei de Imprensa que não acolhesse sanções criminais para delitos de opinião. ‘Jornalistas não constituem ameaça à convivência social’, escreveu o ex-ministro, defendendo apenas punições civis, não criminais. Segundo ele, indenizações milionárias e indevidas são algumas das ‘inconveniências de não haver Lei de Imprensa’.


Em editorial de 30 de março, a Folha defendeu uma nova Lei de Imprensa, ampla e atualizada, que avalie a atividade jornalística de maneira mais específica do que fazem os códigos Civil e Penal.’ 


 


 


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


De saída


‘Na manchete da Reuters Brasil, ontem no início da noite, ‘Inflação recua ao menor nível em 13 meses’. A FGV aponta ‘desaceleração generalizada de preços capitaneada pelos alimentos’.


Naquele momento, na Folha Online, ‘Bovespa fecha em queda’. Também no ‘Financial Times’, ‘Preços baixos das commodities atingem fundos dos emergentes’. Os investidores ‘estão saindo’ das ações de Brasil e Rússia, mais ‘significativamente’, também pela alta nos juros. Mas no ‘longo prazo’ a perspectiva dos emergentes ‘é boa’.


Enquanto isso, por ‘Wall Street Journal’ e ‘Valor’, ‘os especuladores são peça maior do que se pensava do mercado de petróleo’, com metade do setor na bolsa mercantil de Nova York.


NÃO DESISTE NUNCA


O presidente do Banco Mundial, via Reuters, ‘acrescentou sua voz aos que clamam pela retomada’ de Doha, ‘notadamente a superpotência agrícola Brasil’. Para Robert Zoellick, o ‘sub do sub do sub’ de Lula, desistir ‘seria um erro para a economia global e atingiria os países em desenvolvimento’.


A GENEBRA, DE NOVO


E o presidente da Organização Mundial do Comércio segue em cruzada. O indiano ‘Economic Times’, por onde passou Pascal Lamy, deu que ‘membros-chaves’ se reunirão ‘no início de setembro’. Em entrevista, Lamy chamou Índia, China e Brasil de novos ‘big brothers’ do comércio. ‘O mundo mudou.’


‘AVANÇANDO’


Os paraguaios ‘ABC Color’ e ‘La Nación’ destacavam ontem, em papel e depois nos sites, que Brasil e Paraguai ‘chegaram a acordo sobre Itaipu’. Por enquanto é só para ‘dar transparência’, mas ‘estamos avançando’, disse o diretor paraguaio da binacional.


Por outro lado, em entrevista no Uruguai, com eco nos sites paraguaios e outros, o chanceler Celso Amorim afirmou que o Brasil deve priorizar a ‘união aduaneira’ no Mercosul, mas sem descuidar de Doha, ‘temos o dever de continuar buscando’.


SOB REFORMA


O ‘FT’ deu como os ‘novos amigos ajudam a Cuba de Raul’ na ‘reforma da revolução’. A saber, ‘China, Venezuela, Brasil e outros países emergentes’


FORA DE CENA


‘Dez dias de Jogos e o governo não permitiu um só protesto’, deu o ‘NYT’, citando Gao Chunancai, que pediu autorização para ato em local permitido, foi preso e sumiu


EUA VS. BRASIL


O ‘JN’ fez festa para a seleção feminina, que goleou ‘e vai embalada para a final’.


Nos EUA, com fotos no alto das páginas iniciais de ‘Washington Post’ e de jornais mais exaltados como ‘USA Today’, não foi diferente a atenção com a seleção americana, que venceu o Japão de virada, por 4 a 2 e vai para ‘a revanche com o Brasil’.


SEDUÇÃO


Na Veja.com, Lauro Jardim postou à noite que o delegado Protógenes Queiroz ‘aceita a acareação com Daniel Dantas’ sugerida pela CPI.


Na Folha Online, Kennedy Alencar postou que ‘deu vergonha acompanhar o depoimento de Dantas na CPI’, um ‘vexame da CPI’, com ‘deputados seduzidos pela inegável inteligência do banqueiro’.’ 


 


OLIMPÍADAS DE PEQUIM
Sérgio Dávila


American Superfish


‘ASSISTI À VITÓRIA de uma das milhares de medalhas de ouro de Michael Phelps num bar de esportes, essa famigerada instituição norte-americana em que homens e (poucas) mulheres se unem para tomar cerveja (mais ou menos) quente, comer amendoim (mais ou menos) borrachudo e gritar alto com as telas de dezenas de televisões de tela plana espalhadas entre as prateleiras de bebidas.


Sem som, apenas com ‘closed caption’, as legendas com transcrição simultânea do que as pessoas estão falando. Primeira impressão: o gigante com orelhas de abano, que lembra um pouco o ator-dançarino de ‘Billy Elliot’, é o único capaz de desviar a atenção dos beberrões dos resultados da rodada do fim de semana de beisebol.


Segunda impressão: o uso do inglês pelos torcedores chineses dá uma nova dimensão à língua. Phelps foi apelidado pelos locais de ‘American superfish’, superpeixe americano, que lembra o título da série trash que o SBT exibia nos anos 80, ‘Super-Herói Americano’ (The Greatest American Hero), aquela da trilha ‘Believe it or not, i’m walking on air’.


A empolgação da torcida chinesa é o tema do Raul, aqui do lado. Estou mais interessado na atualização interessante que os chineses dão ao inglês. No fim de semana passado, eu havia comprado um livro, ‘Chinglish’, que compila traduções encontradas por americanos em placas, avisos e sinais em viagens pelo país. Pouco depois, uma colega de Washington mandou e-mail com outras.


São hilariantes, traduções literais de expressões ou confusão com palavras de duplo sentido. Uma delas: ‘Morrer aqui é estritamente proibido’ (morrer – die; tingir – dye; imagina-se que a intenção original era dizer ‘É proibido pichar’).


Mas são mais que hilariantes. Quando 1,3 bilhão de pessoas falam inglês de certa maneira, é mais fácil que elas afetem a língua do que o contrário. O American Superfish veio para ficar.’


 


 


Raul Juste Lores


E a China chorou


‘FOI O MOMENTO mais espontâneo da torcida chinesa nesta Olimpíada. Após a desistência do ídolo nacional Liu Xiang, nos 110 metros com barreiras, centenas de torcedores deram as costas para os demais barreiristas que ainda disputariam a eliminatória e deixaram o estádio.


A multidão derramava lágrimas por todos os lados. Não há campanha de moral e cívica que faça uma torcida dissimular o sofrimento e fazer de conta que a vida continua. Nem 37 medalhas de ouro compensam a contusão do adorado Liu.


Até então, estava tudo muito ensaiado, obedecendo aos scripts estipulados pelo governo chinês. Há pelo menos 70 mil ‘torcedores’ recrutados pelo regime para preencher lugares vazios em estádios e ginásios. Estranhamente, todos os ingressos dessas competições estavam vendidos.


Mas as línguas bem-informadas de Pequim dizem que o Partido Comunista ficou com milhares de ingressos para aqueles com bom trânsito palaciano. Justamente os mesmos lugares vips que deixam clarões percebidos pela TV.


Os fãs ensaiados também torcem fervorosamente com bandeiras de países que nunca ouviram falar – sempre com o gestual que a propaganda governamental ensinou.


O comportamento comedido se repete com chineses que compraram seu ingresso. Pelo menos, eles não ficarão conhecidos mundo afora pelo espírito nada esportivo apresentado por torcedores no Pan do Rio. Em nenhum caso, nem contra o histórico rival Japão, há vaias ou ataques da arquibancada a atletas estrangeiros.


Nada que se pareça à gritaria liderada pelo ex-jogador de basquete Oscar – ‘Vai cair, vai cair’ -, que ele puxou contra ginastas estrangeiros no Pan, bem no momento em que eles mais precisavam de concentração. Para os atletas em campo, mesmo os que jogam contra a China, os aplausos discretos são um alívio.’


 


 


TELEVISÃO
Daniel Castro


Silvio de Abreu faz críticas a ‘A Favorita’


‘Responsável pelo lançamento de João Emanuel Carneiro como teledramaturgo, Silvio de Abreu considera bem amarrada a trama principal de ‘A Favorita’, mas acha que as histórias paralelas são ‘estanques’ e ‘não convergem para o eixo central’, o que a enfraquece.


Abreu, autor de clássicos como ‘A Próxima Vítima’ e ‘Guerra dos Sexos’, também lamenta o personagem de José Mayer, Augusto César, um ex-roqueiro que vive a falar sozinho. Para ele, Carneiro tenta fazer humor, mas Augusto César, na realidade, é triste.


Silvio de Abreu fez essas afirmações em uma conversa discreta com Maria Adelaide Amaral, também autora de novelas da Globo, na espera pelo show de João Gilberto, na última sexta-feira, em São Paulo.


Abreu não tem nenhuma ingerência sobre ‘A Favorita’, mas foi ele quem supervisionou Carneiro em sua estréia, em 2004, com a bem-sucedida ‘Da Cor do Pecado’.


Na conversa com a colega de ofício, Abreu revelou que não perde um capítulo de ‘A Favorita’, mas seu interesse cai quando a luta de Donatela (Claudia Raia) e Flora (Patrícia Pillar) não está no ar. Ele lembrou que a novela do pupilo Carneiro cresceu no Ibope e que ‘Os Mutantes’, da Record, que qualificou como ‘de péssima qualidade’, caiu.


Procurado via e-mail, Carneiro não se manifestou até a conclusão desta edição.


CHACRINHA 1


De Luciano do Valle, ontem de manhã na Band, após narrar o quarto gol da seleção brasileira feminina de futebol contra a Alemanha: ‘Tá’ aqui o nosso Pedro Bial pulando de um lado para o outro. É melhor do que apresentar aquele seu programa [‘Big Brother Brasil’]’.


CHACRINHA 2


Na véspera, Pedro Bial apareceu no ‘Fantástico’ encenando, para jogadoras brasileiras, uma de suas tradicionais falas para anunciar a eliminação de algum participante de ‘BBB’. Uma atleta filmava tudo.


LIÇÃO DE CASA


Edir Macedo pediu a diretores da Record que prestem muita atenção na transmissão da Olimpíada de Pequim pela Globo. Quer que a sua emissora faça o mesmo em 2012.


FASHION


Silvio Santos já recebeu as fitas com os testes para escolha dos apresentadores do reality show ‘Esquadrão da Moda’. Concorrem as modelos Daniella Sarahyba e Isabella Fiorentino e os stylists Giovanni Frasson e Matheus Massafera.


MALABARISMO


A Record está se contorcendo para tentar melhorar o ibope do ‘Domingo Espetacular’. Anteontem, o programa começou e terminou mais cedo (17h50/21h14), mas perdeu para o SBT. E exibiu uma encenação de um crime sem avisar que era uma reconstituição.


MACUMBA


A nomeação de um novo diretor e mudanças no formato não alavancaram o programa de Daniella Cicarelli na Band. Continua dando dois pontos.’


 


 


Flávio Júnior


Record estréia seu ‘American Idol’


‘O que aconteceu com Leandro Lopes, o Pica-Pau, vencedor do primeiro ‘Ídolos’, no SBT? E com Thaeme Mariôto, que ganhou a segunda edição do programa? Pois é, nada. Ou quase nada. Hoje, às 23h, ‘Ídolos’ reestréia para revelar mais um postulante ao anonimato. Adaptação do reality show ‘American Idol’, ‘Ídolos’ agora é da Record, que comprou os direitos de produção e exibição da empresa Freemantle Media. Na Record, a bancada que avaliará os candidatos será formada pela cantora Paula Lima, o produtor Marco Camargo (que já trabalhou com Roberto Carlos) e o polivalente empresário Luiz Calainho. Nas chamadas divulgadas pela emissora, nenhum parece ter o carisma de Carlos Eduardo Miranda nem a graça do ranzinza Arnaldo Saccomani, talvez os principais responsáveis pelo sucesso do programa no SBT. A fase inicial mostra as audições realizadas em quatro capitais em maio e é a mais engraçada, pois os ‘talentos’ se misturam a candidatos bizarros, com problemas de dicção ou falta de coordenação para dançar. Nenhum desses desengonçados chegará a ser vocalista do grupo de axé Rapazolla, posto ocupado atualmente pelo vencedor do primeiro ‘Ídolos’. Pensando bem, melhor ser eliminado logo de cara.


ÍDOLOS


Quando: hoje, às 23h


Onde: na Record


Classificação indicativa: livre’


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O Estado de S. Paulo


Terça-feira, 19 de agosto de 2008


FUTURO DOS IMPRESSOS
Marili Ribeiro


Congresso traça cenário positivo para a indústria de jornais


‘Há uma certeza entre os empresários da indústria jornalística reunidos em São Paulo para o 7º Congresso Brasileiro de Jornais, promovido pela Associação Nacional dos Jornais (ANJ): o cenário do negócio no País, para os próximos 12 anos, é promissor. Por mais que pairem dúvidas sobre o futuro das edições impressas dos jornais no mercado americano, onde a circulação caiu nos últimos anos, no Brasil as perspectivas econômicas e sociais puxam esse mercado para cima.


A proposta do congresso, que termina hoje, é debater ‘O Brasil e a indústria jornalística em 2020’. E o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge – que por mais de 20 anos trabalhou em redações – foi bastante otimista no recado que deu na abertura do congresso, na manhã de ontem.


O ministro reuniu em seu discurso dados que exibem um Brasil em rota de crescimento até 2020: ‘Apenas no primeiro semestre, 480 empresas anunciaram investimentos que somam R$ 400 bilhões’.


Segundo seus cálculos, a renda per capita deve saltar dos atuais R$ 13,5 mil para R$ 21 mil no período. Metade da população terá mais de 32 anos, enquanto hoje esse contingente tem menos de 27 anos. A escolaridade também deve avançar, e os universitários deverão somar 7,5 milhões, ou 50% a mais do que hoje.


O reflexo desses indicadores é uma população com mais renda para se educar e maior capacidade de consumo, o que, para os jornais, representa mais e melhores leitores. Como enfatiza Miguel Jorge, o cenário é ótimo e a indústria jornalística será ‘mais forte, melhor e mais competitiva em 2020’.


‘A edição da revista The Economist do final de julho informa que, embora talvez não seja consolo para os estressados jornalistas do mundo rico, em muitos países emergentes a indústria jornalística vem crescendo’, destacou o ministro. Os dados que a revista inglesa usa para explicar o sucesso da indústria jornalística nos países emergentes, como citou o ministro, são os da World Association of Newspaper (WAN), e apontam um crescimento da venda de jornais no Brasil de 12% no ano passado e um aumento acumulado de circulação de mais de 22% nos últimos cinco anos.


Nem mesmo a ameaça da volta da inflação, que andou assustando o mercado, como questionou o presidente da Infoglobo, João Roberto Marinho, parece incomodar o ministro. ‘Já está sob controle’, garantiu. Jorge destacou um único aspecto preocupante que pode comprometer suas previsões otimistas para o Brasil. ‘O único gargalo com o qual devemos nos preocupar nos próximos anos é com a formação de profissionais qualificados’, disse ele.’Estradas podem ser construídas em três anos, mas não formamos engenheiros em três anos.’


Nelson Sirotsky, presidente da ANJ, lembrou que, em recente jantar com investidores estrangeiros, perguntou se as empresas deveriam fazer investimentos para bancar a continuidade dos jornais impressos. Recebeu como resposta um vigoroso não. Sirotsky perguntou ao ministro como interpretava essa negativa. ‘Disseram que a chegada a internet iria acabar com os jornais, mas o que vejo são os sites independentes de notícias sem força para superar os sites do jornais tradicionais. O que acontece é que os jornais se apropriam da área digital’, argumentou Jorge.


A marca comum dos debates e das conversas de corredor no primeiro dia de congresso é que não há dramas para o futuro desse negócio, ainda que seus padrões de funcionamento passem por grandes mudanças. Afinal, dizem os executivos, as mídias digitais dependem de conteúdo, e isso é o que a indústria jornalística faz de melhor.


Durante a palestra, outro tema de interesse da indústria jornalística foi a dependência do setor de um único fabricante do tipo de papel usado pelos jornais no Brasil. O ministro Miguel Jorge se colocou à disposição para debater medidas com os empresários, como incentivos à produção de papel-imprensa no País.’


 


 


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Consultor defende mais espaço para blogs em jornais


‘A convergência multimídia, ponto prioritário no negócio do jornalismo nos últimos anos, esteve presente em vários painéis do primeiro dia do 7.º Congresso Brasileiro de Jornais.


A ANJ trouxe o consultor americano John Wilpers. Prático e direto na sua interpretação do que se pode esperar do novo leitor, ele não hesitou em sugerir que os jornais criem páginas específicas para os blogueiros.


Pode parecer contraditório: afinal, algo que nasceu no mundo digital, pode parecer inadequado ao mundo físico. Mas ele mostrou depoimentos que comprovam o que chamou de resistência mágica dos meios impressos.


Wilpers acredita que os jornais no Brasil poderiam se apropriar das microaudiências dos blogueiros, como alguns jornais regionais fizeram com sucesso nos EUA, e, com isso, gerar bom volume de trânsito e audiência para seus sites.


O que mais chama a atenção nas sugestões do consultor poderia ser interpretado como a simples troca da tradicional seção de cartas por um espaço para manifestação do mundo blogueiro.


‘Os futuros consumidores de notícia querem ser criadores’, diz o consultor. ‘Por isso ocorre a expansão absurda dos sites de relacionamento e da blogosfera.’


As últimas pesquisas, segundo Wilpers, mostram que jovens entre 15 e 34 anos não lêem jornal. ‘Eles não identificam seus interesses em veículos impressos. Eles gostam de notícias locais e de compartilhar assuntos, e essa possibilidade não é contemplada nos jornais.’


Por isso, ele acha que os blogs crescem em relevância e, com eles, cresce a necessidade da participação. Wilpers recomenda sem temor que os jornais devem criar blogs e videoblogs em seus sites para que os leitores possam colaborar.’


 


 


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Em debate, a necessidade de uma lei específica para a imprensa no Brasil


‘Na pauta dos temas em debate no 7º Congresso Brasileiro de Jornais, a questão da liberdade de imprensa mereceu destaque. O deputado federal Miro Texeira (PDT-RJ), que defende a não existência de lei específica para a imprensa, apresentou seu ponto de vista ao lado do jurista Manuel Alceu Affonso Ferreira, que vê necessidade de uma lei especial para as empresas jornalísticas se protegerem, entre outros excessos, da ‘indústria do dano moral’.


Mediado pelo diretor do Comitê de Relações Governamentais da Associação Nacional de Jornais (ANJ) e diretor do Grupo RBS, Paulo Tonet Camargo, e tendo como debatedor o diretor do Comitê de Relações Internacionais da ANJ e diretor de conteúdo do Grupo Estado, Ricardo Gandour, a questão sobre qual a melhor alternativa para os jornais – ter ou não ter um lei específica – ficou em aberto.


Os participantes do painel, entretanto, concordam que foi benéfico o fim da atual Lei de Imprensa, herdada do período militar, que está suspensa em seus principais artigos por decisão do Supremo Tribunal Federal. Aliás, o ministro que tomou a iniciativa, Carlos Ayres Britto, foi homenageado durante o evento (veja reportagem nessa página).


O jurista Affonso Ferreira leu uma carta aberta de Saulo Ramos, amigo que deveria estar no painel e por problemas médicos não pôde comparecer, na qual também defende a necessidade de uma lei especial.


‘Sou favorável a uma lei específica porque temo que a tradição brasileira seja rompida através de lei genérica, com base nos códigos civil e penal, e, justamente por sua generalidade, não atenda às especificidades da imprensa’, escreveu Ramos.


Miro Teixeira considera que sempre houve excesso de controles sobre a atividade jornalística. No momento, por exemplo, ele acredita existir uma escalada da intimidação da imprensa no Brasil.


‘O Brasil é o país do grampo e da conversa ao pé do ouvido. Querem silenciar a imprensa para ampliar o poder deles’, disse. ‘Prefiro defender a ausência de lei, porque se vier mais uma vai seguir a linha de todas as anteriores, e nenhuma delas veio a favor da liberdade de imprensa e de o cidadão ter o direito à informação.’’


 


 


Ana Paula Lacerda


Ministro Ayres Britto é premiado pela ANJ


‘O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Carlos Ayres Britto, recebeu ontem o 1º prêmio ANJ de Liberdade de Imprensa, por ter determinado, no início deste ano, a suspensão liminar de parte da Lei de Imprensa, criada durante o governo militar. O prêmio recém-criado pretende agraciar anualmente as pessoas ou entidades que mais defenderam ou divulgaram a liberdade de imprensa no País.


‘A liberdade de expressão é a maior expressão de liberdade’, disse o ministro, ‘e a imprensa é a instância da sociedade civil que mais favorece a elevação da qualidade da vida política e ética nacional.’ Ele diz ser necessário que as pessoas tenham liberdade de pensamento e de expressão nessa ‘que não é uma Idade Média, e sim uma idade mídia’.


O prêmio foi anunciado por Júlio César Mesquita, vice-presidente da ANJ e um dos diretores do jornal O Estado de S. Paulo. ‘A liberdade é essencial não apenas para nossa atividade, mas, acima de tudo, porque é um direito fundamental dos cidadãos’, disse. Ele lembrou que ainda há tentativas de calar a imprensa no País. ‘Há atualmente 79 projetos de lei em tramitação no Congresso que podem restringir a liberdade de expressão’, afirmou Mesquita. ‘Um quadro preocupante, dado que a liberdade de imprensa é um dos pressupostos para a democracia.’ Mesquita reforçou que este ano já houve sentenças que exigiam o recolhimento de jornais das bancas ou impondo censura à publicação de conteúdo. ‘Isso deixa claro que a conquista da liberdade de imprensa é um processo contínuo, permanente.’


O prêmio foi entregue pela repórter Elvira Lobato, da Folha de S. Paulo, que teve cerca de 50 processos judiciais abertos contra si após publicar uma reportagem citando que uma das empresas pertencentes a bispos ligados à Igreja Universal teria dinheiro em paraísos fiscais.


NOVA DIREÇÃO


Ontem ocorreu também a posse da nova diretoria da ANJ. No lugar de Nelson Sirotsky, do grupo RBS, assumiu Judith Brito, diretora-superintendente da Folha de São Paulo. É a primeira vez, desde a fundação da associação, em 1979, que uma mulher assume o comando da entidade. ‘Estamos vivendo um momento especial de crescimento na imprensa brasileira’, afirmou.’


 


 


TELEVISÃO
Keila Jimenez


A novela de Ratinho


‘Subiu no telhado a possibilidade de Ratinho voltar ao ar no SBT este ano.


Corre nos bastidores da emissora que o departamento Comercial ainda não teria viabilizado a nova atração do apresentador. Resumindo: não conseguiu um número considerável de anunciantes e patrocinadores.


Essa era uma das condições de Silvio Santos para trazer Carlos Massa de volta ao ar, uma vez que o programa, se vingar, será bancado em parceria de SS com Ratinho, com divisão de faturamento com anunciantes entre as duas partes.


Procuradas, tanto a assessoria de Ratinho como a do SBT não confirmam nem desmentem o cancelamento do programa, que já tinha estréia certa para setembro.


A atração, que iria ao ar nas tardes de sábado sob supervisão de Walter Scaramuzzi, já estava sendo orçada e teria pilotos gravados este mês.


Outro agravante é que, assim como Adriane Galisteu e Hebe, Ratinho ainda não renovou seu contrato com o SBT, que vence em dezembro. A proposta de renovação, por sua vez, está totalmente atrelada ao novo programa.


Talismã


Queridinha do autor Carlos Lombardi, Luana Piovani fará participação na série Guerra e Paz, escrita por ele. Vítima de um marido opressor, vivido por Ando Camargo, ela será Laura, ex de Pedro (Marcos Pasquim). No ar sexta-feira, às 23 h, na Globo.


Entre-linhas


A atriz Glória Pires está reservada para a próxima novela do autor Gilberto Braga, na Globo, prevista para entrar no ar somente em 2010.


Semana de revelações em Beleza Pura: Mateus (Mônica Martelli) e Tânia (Rodrigo Veronese) serão desmascarados na trama.


Já em A Favorita, Cassiano (Thiago Rodrigues) vai virar cantor famoso. O personagem acabará gravando um disco e sendo convidado para cantar no Domingão do Faustão.


Depois de mudar o nariz na ficção para viver as duas fases de Marconi Ferraço, em Duas Caras, o ator Dalton Vigh resolveu mexer de verdade no seu.


A Telefonica anda atravessando a TVA, sua parceira no mercado de TV por assinatura. O telemarketing da Telefonica está entrando em contato com assinantes da TVA para propor a troca de operadora. A proposta da empresa espanhola inclui pacote com TV paga via satélite e linha telefônica mais barata.


Na parceria, a Telefonica negocia transmissões de TV via satélite e parte do MMDS. Já a TVA cuida das transmissões via cabo e também MMDS. As duas empresas oferecem canais diferentes em suas grades.


A ESPN e a ESPN Brasil começam a exibir este mês as temporadas dos campeonatos de futebol italiano, espanhol, inglês e alemão. Para esse pacote, já fechou cinco das seis cotas de patrocínio.’


 


 


Roberta Pennafort


Humor das 7 volta com Três Irmãs


‘‘Cadê a Hebe Camargo?’, berra Dennis Carvalho, dando início a mais um dia de gravações da próxima novela das 19 horas da TV Globo, Três Irmãs. É a senha para a primeira de muitas risadas de Vera Holtz que vão pontuar a tarde no estúdio A do Projac. Vera, que na trama de Antonio Calmon é Violeta Áquila, uma vilã muito da engraçada, está, de fato, a cara da apresentadora do SBT.


A atriz pintou o cabelo de branco para o filme Família Vende Tudo, de Alain Fresnot, e agora as madeixas estão meio brancas, meio blonde. E dá-lhe laquê! ‘Desde o primeiro dia, adorei!’, conta Vera, tida como a mais bem-humorada do pedaço. ‘O cabelo branco dá leveza ao rosto. Com o tempo, as pessoas começam a achar bonito.’


Na história, que vai ao ar a partir de setembro, em substituição a Beleza Pura, a atriz é a sogra da personagem de Claudia Abreu, Dora, uma das três irmãs. ‘É uma Darth Vader, fora da realidade, operística’, explica. As outras irmãs são Suzana (Carolina Dieckmann) e Alma (Giovana Antonelli).


A ambientação é praiana e as externas começaram em junho. No mesmo mês, Maitê Proença (Walquíria), Paulo Vilhena (Eros) e Rodrigo Hilbert (Gregg) – esses dois são alguns dos surfistas da novela – voaram para Bali e aportaram em suas praias mais-que-perfeitas, que serviram de locação.


Já no estúdio, as gravações começaram na semana retrasada. Na quinta-feira, ele foi aberto ao Estado. Além das gargalhadas de Vera Holtz, chamavam a atenção ali as piadas entre Dennis, o elenco e os técnicos. ‘Você pelado na cama, agora!’, ordena a Marcos Caruso, que faz o marido de Violeta (não, ele não aparecerá nu, era só galhofa). ‘Te cuida, Gianecchini!’, retruca o ator, que depois comenta que sua intenção é distanciar-se do padre Inácio de Desejo Proibido, seu último trabalho na TV. ‘Venho de um padre histriônico. Quero que este personagem seja absolutamente interior .’


Caruso e Vera fizeram juntos a peça Intimidade Indecente. Grande parte da equipe já esteve lado-a-lado em outros carnavais. ‘Isso cria um clima de cumplicidade grande. Eu me divirto durante as gravações!’, conta Dennis, que diz gostar do horário das 19 horas, por poder ‘investir um pouco mais no humor.’


Descontraído, mas bem objetivo, o diretor dispõe de uma cadeira em cujo encosto se lê ‘directeur’ – mas raramente se senta nela.


Metida num figurino meio Mary Poppings (coletinho, chapéu e sombrinha), Regina Duarte é outra que parecia contente da vida na quinta-feira. ‘Waldete com W!’, ela grita – é esse o nome de sua misteriosa personagem.


O sotaque é parecido com o da Viúva Porcina de Roque Santeiro. ‘Ela é bem brechó’, brinca a atriz, que desta vez está na posição de coadjuvante. ‘O conceito de protagonismo mudou muito nos últimos anos. Não existe mais um protagonista único.’


Regina foi convidada para ser Virgínia, a mãe das três irmãs, mas preferiu interpretar Waldete. ‘Senti que eu já tinha feito aquele personagem. Queria transitar mais pelo humor, pelo inusitado.’


Apesar de ser viúva e de viver às turras com a sogra, que a acusa da morte do filho, a Dora de Claudia Abreu, que fará par com o Bento de seu amigo Marcos Palmeira, faz o tipo ‘pra cima’. ‘Dora é solar, gosta de vida. A viuvez quer encarcerá-la, mas ela quer viver.’ A atriz, que em breve estará nos cinemas em Os Desafinados, divide-se entre os últimos créditos da faculdade de Filosofia e as filhas Felipa, de 1 ano, e Maria, de 7. Ainda assim, sobra gás para começar a maratona de uma novela. ‘Quando você entra, já sabe que esse gás vai ter de durar a maratona toda’, esclarece Claudia.


Na novela, ela é mãe de Marquinho, o fofo Vitor Novello. O núcleo jovem tem também Kayky Brito – que, na quinta-feira, gravava sob os olhares da namorada, Bárbara Evans (filha de Monique Evans).


Do mesmo autor de Um Anjo Caiu do Céu, Vamp e Corpo Dourado, Três Irmãs é uma comédia romântica. A história se passa em Caramirim, uma cidade parecida com Paraty, no litoral do Sul Fluminense. A vida das irmãs – Alma, uma médica, Suzana, professora, e Dora, que vive à toa mesmo – é sacudida com a chegada de um trio de surfistas e tanto: Bento (Palmeira), Gregg e Eros.


O clima é leve, como vem sendo mostrado no teaser da novela: os atores carregando uma prancha gigante e fazendo graça ao som de Don?t Worry, Be Happy, de Bobby McFerrin.’


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