Em junho de 2006, o Ministério das Comunicações publicou a Portaria 310, que tornou obrigatória a transmissão dos recursos do closed caption e da audiodescrição nos programas das emissoras de televisão aberta. O closed caption corresponde às legendas destinadas às pessoas surdas e a audiodescrição corresponde a uma locução destinada a descrever as cenas que não poderiam ser compreendidas sem o uso da visão por pessoas cegas. Ambos os recursos podem ser ativados apenas pelos espectadores que precisem dos mesmos. A Portaria 310 estabeleceu dois anos de carência para que as emissoras pudessem se preparar e ainda o escalonamento da quantidade de horas diárias para a veiculação de programas acessíveis, iniciando com duas horas diárias e chegando a 100% da programação somente 10 anos após. Sem que fosse feita qualquer consulta às pessoas com deficiência e a suas entidades representativas ou de defesa de direitos, exatamente no dia em que a obrigatoriedade de pelo menos duas horas diárias entraria em vigor, o ministro das Comunicações, Hélio Costa, editou outra Portaria suspendendo a obrigatoriedade da audiodescrição. Este fato ocorreu na mesma semana em que o Congresso Nacional aprovou a Convenção Sobre Direitos das Pessoas com Deficiência da ONU que, em um de seus artigos, trata justamente da acessibilidade na televisão. Senhor ministro, queremos e merecemos uma explicação! (Paulo Romeu, analista de sistemas, São Paulo, SP)
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Sem êxito, pois sequer me publicam ou aceitam o que escrevo, mesmo nos blogs do Ancelmo [Góis] e do [Ricardo] Noblat, venho reclamando contra a mania alarmante dos jornalistas de O Globo publicar nos noticiários palavras do mais baixo calão. Recentemente, o nosso lamentável técnico da seleção de futebol se declarava nas páginas do jornal ‘p*** com as críticas’. Nestes últimos dias, uma jornalista noticiava que a presidenta argentina mandara seu marido ‘ao c***’, o que é inadmissível duas vezes, tanto pela grosseria do calão quanto pela tradução falsamente literal de uma expressão que nos países hispano-americanos não significa o pênis! Carajo é uma expressão bastante ingênua hoje integrada ao cotidiano e que se usa familiarmente. Várias outras palavras em castelhano querem dizer c***, exceto ‘carajo‘. [Alberto] Dines se lembrará do tempo em que Ibrahim Sued foi suspenso do Jornal Nacional por ter, certa noite, em direto, dito ‘essas moscas estão me aporrinhando’. Estou longe de me considerar um puritano, mas apenas me pergunto se acabaram, de fato, todos os limites quanto a palavras de calão, sejam elas de alto ou de baixo. (Carlos Eduardo Alves de Souza, diplomata aposentado, Rio de Janeiro, RJ)
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Hoje (9/7), assistindo ao Jornal Nacional sobre o caso Daniel Dantas, pensei se o Brasil não estaria de cabeça para baixo e afastando-se, cada vez mais, da democracia. Advogados de presos reclamavam porque ainda não tiveram acesso aos processos para defender seus clientes. Enquanto isso, William Bonner apresentava a íntegra das acusações com vídeos e tudo o mais. O delegado que recusou a oferta de Daniel Dantas não recusou a oferta da TV para ferir a lei, repassando o processo. Certamente, há um preço. Não sabemos qual nem quem paga. A TV? O editor em busca de poder? Ver a imprensa fazendo o mesmo jogo de um investigado por crimes é desestimulante. O editor de um telejornal como o JN, com as informações privilegiadas que consegue e, portanto, podendo defender, acusar e julgar investigados antes de advogados e juízes (nem o presidente do STF tinha as informações para julgar o habeas-corpus), torna-se o homem mais poderoso do Brasil. Ou alguém tem dúvida disso? É ótimo ter todas as informações na telinha. Mas a que preço? O total descaso pelas leis e regras mínimas de convivência democrática? (Martha Malard, aposentada, Rio de Janeiro, RJ)
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Gente, ninguém vai falar nada sobre a matéria cretina que o Fantástico exibiu no ultimo domingo e continuará no próximo sobre a família que se deixou ser filmada durante um tempo mostrando as dificuldades que enfrentam com o filho adolescente que fuma maconha o tempo todo? Segundo a reportagem, o garoto tem comportamento agressivo por causa da droga! Que absurdo, como se as drogas fossem as culpadas pelas crises familiares. Todo mundo com um mínimo de senso crítico sabe que o problema não está nas drogas e sim na própria família. Esse garoto se comporta dessa maneira porque talvez não saiba o que é ter limites. Conheço vários jovens que experimentaram maconha e outras drogas e não se deixaram levar, porque tinham uma estrutura familiar sólida. A droga começa a tomar conta da vida das pessoas (principalmente os jovens) quando falta algo, então muitas vezes se tornam dependentes por uma tentativa desesperada de preencher o que falta, ou somente fugir da vida real. Essa reportagem é uma grande farsa, mostra só o lado das drogas sem tocar num assunto essencial que é o convívio familiar e a maneira que os entes se relacionam em casa. Deve ser muito fácil mesmo colocar a culpa nas drogas enquanto os pais se fazem de coitadinhos. E, além do mais, todo mundo sabe que a maconha é uma droga que não deixa ninguém agressivo, pelo contrario, os efeitos são uma enorme sonolência e muita fome… (Gabriela Almeida, jornalista, Palmas, TO)