A internet viabilizou uma proximidade quase que instantânea entre a informação e a resposta a ela. Uma das formas de se auferir essa resposta é a seção de comentários disponibilizada aos leitores, logo abaixo de cada notícia veiculada na mídia online.
Ocorre que o que se tem visto é que nem sempre os comentários se referem à própria notícia e, muitas vezes, descambam para troca de ‘elogios’ indecorosos, em linguagem chula e desrespeitosa, mas nada é feito pelo gerenciador da seção. Por outro lado, comentários que trazem informações relevantes, que remetem a um link sério, são retirados de pronto.
Ora, se os próprios meios de comunicação alertam para a possibilidade de retirada do comentário do site, caso viole algumas regras, como, por exemplo, a de que se mantenha uma linguagem respeitosa nos comentários, qual a razão pela qual esses comentários jocosos e de baixo nível não são retirados da seção pela mídia?
Será que se quer transformar um canal sério e importante para leitores interessados e conhecedores do assunto em mais um show de baixarias, visando à desinformação e à chamada de leitores descontrolados, que agridem os outros leitores com suas participações tipo ‘boca do lixo’?
A filtragem dos comentários deve, em nosso entendimento, ser feita com mais zelo e responsabilidade, por pessoas devidamente capacitadas para tal.
E que não se venha a utilizar de maneira descontextualizada a sempre pronta expressão ‘isto é censura’.
Não é censura, mas respeito ao leitor.
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Esta semana, a Folha de S.Paulo, que gosta de ser vista como uma feroz defensora da liberdade de imprensa, de consciência e de expressão, protagonizou um escandaloso caso de censura disfarçada através de uma suposta defesa de sua marca.
Ninguém pode impedir a Folha de S.Paulo de circular ou um cidadão de fazer campanha contra a assinatura do jornal. Ao jornal, a Constituição Federal garante a liberdade de imprensa; ao cidadão que não gosta do jornal, a Constituição Federal assegura a liberdade de consciência e de expressão. Não há conflito entre estas duas regras constitucionais. Os dois princípios (liberdade de imprensa e liberdade de consciência e de expressão) devem coexistir; um não pode se sobrepor ao outro.
A intenção censória da Folha de S.Paulo é evidente. Este não é um caso de uso indevido da marca, porque o blogueiro não visou qualquer benefício econômico ao divulgar o link com o logo da Folha de S.Paulo. Ele apenas queria facilitar a vida dos interessados em cancelar a assinatura do jornal.
Ninguém é obrigado a assinar a Folha ou a manter a assinatura da Folha, pois a todos os brasileiros (assinantes ou não da Folha) é garantida a liberdade para fazer aquilo que quiserem. A Folha de S.Paulo, por sua vez, deve respeitar os direitos dos assinantes interessados em revogar suas assinaturas. Se está perdendo leitores, a única coisa que um jornal pode fazer para manter ou ampliar seu público é reavaliar sua política editorial.
Ao tentar calar seus críticos ou censurar a liberdade daqueles que não gostam do jornal, a Folha deu uma uma clara demonstração de intolerância e de decadência moral. (Fábio de Oliveira Ribeiro, advogado, Osasco, SP)
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A enquete na Urna OI (‘É correto um jornal publicar, sem verificação, acusações sobre a vida íntima do presidente da República?’) é uma beleza de plágio. Faz o mesmo que a Folha. Atira sem verificar o alvo. Por certo hão de dizer que talvez a questão seja relacionada ao ex, o FHC, e filhos. Mas a questão posta de tal forma matreira…vida íntima, que se susurrada até surdo entende. Esta enquete é digna da Folha. Publiquem. Observatório da Imprensa seria o fim da picada, mas do jeito que vai não estaria na hora de pensar em ‘onbudsmann OI‘ [sic]? (Lau Mendes, SST, Porto Alegre, RS)
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Sou um admirador deste programa. É necessário alguém de fora para chutar de vez em quando este pessoal, e lembrá-los de que o chefe é o leitor – aquele que compra e paga. Como formadores de opinião devem sempre defender a verdade, o que nunca acontece, ou nem sempre. Mesmo porque o jornal (empresa) depende muitas vezes de verba governamental, e não sobrevive sem ela – o que é uma pena. Além do mais, o nosso povinho não tem cultura para separar o que é documentario, notícia ou propaganda enrustida. (Antonio Ambrosio do Nascimento, ambulante, São Paulo, SP)
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Homens armados tentaram invadir na tarde de quinta-feira (3/12), a sede do Portal CT, que fica na Quadra 110 Sul, em Palmas. De acordo com relatos de funcionários feitos à polícia, por volta de 16h30, um homem tocou o interfone, perguntou se ‘é do Cleber’ e disse ser de uma empresa especializada em materiais gráficos. Após ter permitida a entrada na sede da empresa, um funcionário do CT observou que, em seguida, dois homens entraram usando capacete e um deles armado com um revólver. Uma pessoa que estava no prédio observou a arma e gritou. Imediatamente, os bandidos deixaram o local e fugiram numa motocicleta de cor preta. Nada foi roubado. (Cleber Toledo, jornalista, diretor-executivo do Portal CT, Palmas, TO)
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Como ouvinte habitual do Observatório, não pude deixar de registrar aqui minha indignação com a cobertura da Operação Caixa de Pandora pelo Correio Braziliense – não o do Hipólito José da Costa, mas o que pertence ao vice-governador do DF, Paulo Octávio. Nas edições ao longo da semana, o jornal evidenciou sua estratégia de mascarar os fatos da investigação, transformando o escândalo em um mero detalhe local – as revelações de impacto nacional foram relegadas ao caderno Cidades como se fossem apenas bagatelas de cunho local. E as manchetes, não só suavizadas, também distorcem a condução das investigações tentando convencer os leitores de que as denúncias são apenas maquinações dos inimigos políticos de Arruda, i.e. o clã de Joaquim Roriz. O Observatório da Imprensa não tem dado a devida atenção às manipulações do Correio Braziliense. (Nelson Maravalhas Junior, professor, Brasília, DF)
Nota do OI: Ver, na edição anterior (nº 566), ‘Cobertura do CB tem sujeito oculto‘ ‘Novo mensalão, velha imprensa’, ‘CB e o silêncio dos culpados‘, ‘Escândalo expõe censura à imprensa‘, ‘A mídia de joelhos no DF‘, ‘A imprensa em choque‘, ‘A pandemia da corrupção‘, ‘A corrupção e a impunidade‘.
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Auditor Fiscal do Conselho Municipal de Tributos de São Paulo