A tuitosfera brasileira convulsionou na noite da sexta-feira (24/9). O gatilho foi a publicação da notícia sobre a morte do senador Romeu Tuma pelos principais portais da internet. Em minutos, soube-se que não passava de um erro e que o senador – internado por doença – tentava se recuperar. Em minutos também, o tema entrou para os Trending Topics no país, o que equivale a dizer que era dos mais comentados no Twitter.
É claro que o equívoco não é o primeiro da internet nacional. Infelizmente, não será o último. Tudo por uma simples razão: embora o jornalismo ganhe com novas possibilidades tecnológicas, ainda carece de mecanismos de controle de qualidade da informação. Quer dizer, contas no Twitter auxiliam na propagação rápida das notícias funcionando como alertas informativos, mas ficam restritas a isso; não impedem que erros sejam cometidos. Podem até tentar atenuar as consequências de algum deslize, mas é como tentar segurar um punhado de areia com os dedos…
Foi o caso da Folha.com, de onde teria partido a informação falsa da morte de Tuma. O anúncio foi publicado no portal às 19h29, e em seguida, retirado. A editora do caderno ‘Poder’, Vera Magalhães, apressou-se em pedir desculpas pelo Twitter:
CORREÇÃO A Folha.com errou: o senador Romeu Tuma não morreu e permanece internado http://is.gd/frnjg
Entretanto, a tentativa de correção veio quase duas horas depois do alarde, o que é uma eternidade na internet.
Velocidade e fidedignidade
O que está em jogo aqui? Diversas coisas, inclusive algumas muito caras ao jornalismo, como a sua credibilidade. A internet em geral e as redes sociais em particular trouxeram grandes possibilidades para o setor jornalístico, e não se pode retroagir. No entanto, a mesma pressa para difundir informações tem que acompanhar a preocupação com retificações e retratações. Está aí embutido um compromisso ético entre o jornalista, seu veículo e o público.
O leitor delega ao profissional e ao meio as funções de apurar informações e abastecê-lo com notícias. O erro faz parte da atividade humana, e ninguém está livre dele. A pressa apenas amplia a sua ocorrência. Os portais noticiosos devem se manter ágeis na difusão das notícias, mas isso implica assumir riscos maiores. Não basta assumir os riscos, é preciso ter mecanismos de controle de qualidade que primeiro, reduzam a margem do erro e, segundo, diminuam os danos de eventuais erros.
É esperar muito? Não. Não é. É apenas esperar que um veículo informe com correção e precisão, nada além do que já se esperava do jornalismo antes da internet. Se os veículos da web não podem oferecer isso, não merecem a atenção do público, não contam com a credibilidade mínima para se manterem no negócio.
É preciso sacrificar a velocidade para se ter informações mais corretas e precisas? Talvez, talvez.
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Professor da Universidade Federal de Santa Catarina, pesquisador do Observatório da Ética Jornalística – objETHOS