Gosto de assuntos voltados à educação brasileira. Reportagens sobre o tema me fazem parar e prestar atenção. E mais que isso. Quando deparo com uma, sou obrigado, ainda, a recortá-la e guardá-la para posterior consulta e uso.
Falo isso, pois tenho mais uma reportagem recortada do Diário Catarinense deitada sobre a mesa. Esta fala do Programa Internacional de Avaliação Comparada (Pisa). Este programa avalia estudantes de 15 anos de países desenvolvidos. Segundo a matéria, o Brasil ocupa a 53a posição em matemática (entre 57 países) e a 48a em leitura (entre 56). Estas posições são horrorosas e inaceitáveis.
O que me chamou a atenção não foram estes dados nefastos, mas foi, isso sim, o depoimento do responsável pelo Pisa, o físico alemão Andreas Schleicher, 45. Ele disse uma frase que traz consigo a verdade sobre a qualidade da educação no país.
Falou o físico alemão que no Brasil há muita ênfase em reprodução de conteúdo. Os alunos têm uma imensa quantidade de conhecimento, mas não se dá a eles as ferramentas de como aplicar esses conhecimentos na prática. Falou mais: ‘As coisas fáceis não tornarão o cidadão competitivo. O Brasil deve ser mais audacioso. Precisa mudar o foco do conteúdo para competência.’
‘Sozinho e sem suporte’
Disse pouco, mas disse tudo. No país, e você pode passar na maioria das escolas estaduais e municipais para confirmar isso, os alunos não são ensinados, mas sim ‘forçados’ a decorar conteúdos. ‘Decoreba’ não ensina, apenas disfarça a falta de conhecimento, anestesia.
Li dia destes no caderno de vestibular do mesmo periódico, que o único jeito de se aprender, mas aprender para valer, é prestar muita atenção na aula e, depois dela, estudar em casa mais umas três horas, no mínimo. Que estudante faz isso no Brasil? Poucos, raros. E quantos professores incentivam os alunos a terem o hábito do estudo em casa? Poucos, raros.
Sou obrigado a concordar com o que disse Schleicher – e não só ele, mas muitos outros especialistas, jornalistas e interessados no assunto: ‘Os professores tendem a ensinar como foram ensinados […] Às vezes o professor está sozinho na sala, com problema e sem suporte.’ Precisamos de uma solução, quando o assunto é ensino.
******
Acadêmico de Jornalismo e locutor de rádio, Presidente Getúlio, SC